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4 METODOLOGIA

4.3 A coleta e a análise dos dados

Os vinte jornalistas selecionados receberam um questionário com catorze questões que possibilitasse traçar um perfil desses profissionais no que tange à concepção de gramática, aos conhecimentos que apresentam sobre a gramática tradicional e se o estudo que tiveram sobre a gramática normativa foi eficiente e suficiente para escreverem na variedade padrão. Segue-se o questionário com as devidas instruções:

QUESTIONÁRIO AOS JORNALISTAS

OBSERVAÇÃO – Este questionário obedecerá às regras éticas de uma pesquisa em nível de Mestrado, sem a identificação dos nomes de nenhum jornalista que participarão deste trabalho tão fundamental aos estudos lingüísticos, especificamente na área destinada ao ensino de Língua Portuguesa.

Prezado(a) Jornalista

As instruções a seguir servirão de auxílio para responder ao questionário sobre a concepção que você apresenta sobre gramática e como é a prática da escrita para o jornal Estado

de Minas. Para atingir os objetivos da pesquisa, já explicitados na carta que recebeu, responda às questões propostas apenas com base no conhecimento adquirido com a vida escolar e profissional. Não consulte gramáticas tradicionais ou professores para que se possam atingir os objetivos desta pesquisa.

Para o desenvolvimento da pesquisa, o questionário necessita ser respondido até o dia 21/06/05. A devolução do questionário ocorrerá na Redação do Estado de Minas e será entregue à pesquisadora ou ao Gustavo Werneck.

Caso haja dúvida em alguma pergunta ou sobre qualquer assunto referente à pesquisa, favor comunicar por meio dos seguintes telefones: (31) 3641-3935 ou (31) 91167379. O e-mail é: ftmendes@veloxmail.com.br

Com os agradecimentos,

Fernanda Teixeira da Costa Mendes Mestranda da Faculdade de Letras da UFMG Orientador: Prof. Luiz Carlos de Assis Rocha.

QUESTIONÁRIO

1) Sexo: ( ) masculino ( ) feminino 2) Idade: ____________________

3) Tempo de atuação como jornalista: ____________________ 4) Formação escolar:

a) Ensino Fundamental (1ª à 4ª série): ( ) público ( ) privado

Nome da escola _________________________________________________ b) Ensino Fundamental (5ª à 8ª série): ( ) público ( ) privado

Nome da escola _________________________________________________ c) Ensino Médio (1º ao 3º ano): ( ) público ( ) privado

d) Curso Superior: ( ) público ( ) privado

Nome da escola _________________________________________________ e) Cursos para aprimorar a escrita: ______________________________________

5) O que é gramática normativa, para você?

6) Como você aprendeu gramática quando cursou os Ensinos Fundamental e Médio?

7) Você acha que o ensino da gramática lhe ofereceu os elementos lingüísticos para escrever na chamada língua padrão escrita ou norma culta? Explique.

8) a) Você considera que a gramática tradicional serviu, eficientemente, para que pudesse escrever “bem”?

b) O que você acha que foi importante para aprimorar sua escrita, durante o exercício da profissão?

9) Você acha que saber identificar termos na frase e classificá-los com nomenclaturas como sujeito, predicado, substantivo, adjetivo, oração subordinada substantiva objetiva direta, oração coordenada sindética aditiva, etc ajuda a melhorar a escrita? Por quê?

10) Para você, há diferença entre saber reconhecer a nomenclatura gramatical e escrever na modalidade padrão (culta) da língua?

11) No curso superior, você teve contato com ensino de gramática tradicional? Comente. 12) O que é saber português para você?

13) a) Para saber português é necessário estudar gramática normativa? Por quê?

b) Você conhece outros métodos para se aprender a escrever em língua padrão que não seja por meio da gramática tradicional?

Variação: 13 b) Você acha que exercícios de sentenças possibilitam conhecer a língua padrão escrita?

14) Os textos que você escreve para serem publicados no Estado de Minas passam por algum tipo de revisão?

Os jornalistas receberam os questionários e tiveram um prazo de vinte dias para devolvê- los. Pouquíssimos entregaram no tempo estipulado, pois alegaram falta de tempo, viagens para o jornal e esquecimento. Novos prazos para devolução foram delimitados e, no final da coleta dos dados, obtive dezesseis questionários para análise.

Com relação às quatro primeiras perguntas do questionário, o objetivo de terem sido elaboradas foi para encontrar alguns elementos que pudessem contribuir para a caracterização dos jornalistas, pois nada se sabia sobre eles. Os fatores sexo, faixa etária, tempo de atuação profissional, formação escolar e cursos para aperfeiçoamento da escrita servirão apenas para traçar o perfil dos jornalistas. Não serão considerados como fatores que influenciarão diretamente no desempenho dos exercícios gramaticais, conforme são os estudos sobre a variação feitos à luz dos pressupostos teóricos da Sociolingüística.

Dos jornalistas participantes, doze são do sexo feminino e quatro do sexo masculino. A faixa etária das mulheres varia entre vinte e quatro a trinta anos. Três dos homens têm entre vinte e quatro a vinte e seis anos; o mais velho de todos os participantes tem quarenta e nove anos. O tempo de atuação como profissionais da escrita jornalística varia entre dois a vinte e cinco anos. Sobre a formação escolar desde os ensinos fundamental, médio e superior, a maioria estudou em escolas privadas. Esse último fator sugere que grande parte dos jornalistas pertence a classes sociais média ou média alta, que assistiu, a partir da década de sessenta, à deterioração do ensino público e à ascensão do ensino privado. Além disso, viu a escola abrir espaço para as classes desfavorecidas da sociedade. A maioria dos jornalistas pertence ao caderno Gerais do Estado de Minas; alguns são dos cadernos Economia, Política, Turismo e Esportes. Essa variação foi sugerida por mim, porque acredito que a heterogeneidade de participantes poderia fundamentar uma pesquisa cujo objetivo é perceber até que ponto os conhecimentos sobre a gramática tradicional influenciam na escrita dos jornalistas.

No período em que os jornalistas fizeram os cursos fundamental e médio – décadas de sessenta a oitenta – imperava o ensino gramatical normativo tradicional através de exercícios estruturalistas, da “decoreba” das regras e de gramáticas de textos que acabavam se resumindo a identificar, nos textos, expressões lingüísticas para o emprego da nomenclatura prevista nos

compêndios gramaticais. São os próprios jornalistas que relatam: “Decorando conjugação de verbos e fazendo exercícios de análise sintática apresentados na gramática”; “da forma tradicional, ou seja, com muita ‘decoreba’ ”; “através de consultas a gramáticas tradicionais (sob orientação dos professores de português) e com exercícios escritos”. Alguns acreditam que essas atividades foram importantes para o aprendizado das regras e, conseqüentemente, contribuíram para escrever “corretamente”. Por outro lado, outros crêem que esses métodos não foram suficientes nem eficientes. Portanto, há declarações como: “O que valeu foi ler muito, autores diferentes, que atualizam a forma de escrever”; “Sei que escrevo corretamente, mas não faço uso das “regras” o tempo todo. Muitas já foram incorporadas no ato de escrever”. A análise das outras questões propostas aos jornalistas, posteriormente, poderá fornecer indícios para se compreender como vêem a gramática, como a “aprenderam” e as relações mantidas com a escrita.

Na pergunta referente aos cursos para aprimorar a escrita, a maioria dos jornalistas fez o curso do professor Helinho organizado pelo Estado de Minas. Apenas uma colaboradora fez o curso Técnicas de redação e texto – Máster de Jornalismo, em São Paulo; outra participante fez o preparatório Orvile Carneiro e um dos jornalistas fez alguns períodos de Letras na UFMG. Nas respostas a essa questão, não houve explicação sobre como foram os cursos.

Após a coleta dos questionários e dos exercícios, selecionei dezesseis textos escritos pelos dezesseis jornalistas e publicados no Estado de Minas em datas diferentes (26/01/05, 06/02/05, 07/02/05, 10/02/05, 12/02/05 e 15/02/05), conforme anexos. Os textos servirão de base para investigar se estão de acordo com as regras da escrita padrão. Apenas quatro textos serão analisados com relação aos princípios da textualidade, às meta-regras e aos princípios reguladores que constituem fatores fundamentais na escrita dos jornalistas. Centrei a escolha dos

textos nos gêneros notícia e reportagem por serem mais freqüentes nos jornais, de um modo geral, e por serem caracterizados como típicos modelos da escrita padrão contemporânea.