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Nesta seção são apresentados os procedimentos que serão utilizados para coleta de dados. Ao testar ou construir teorias a partir de estudos de caso, os pesquisadores devem ter foco claro para coletar dados específicos de maneira sistemática (EISENHARDT; GRAEBNER, 2007). Apesar de as questões de pesquisa evoluírem ao longo do trabalho, deve-se manter o foco e a coerência ao longo da coleta e análise de dados (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015; DYER; WILKINS, 1991; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002).

A etapa de coleta dos dados é fundamental para garantir a operacionalização dos métodos de pesquisa e do método de trabalho definido pelo pesquisador (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). Para viabilizar esta etapa será realizado um contato inicial com o diretor industrial para autorizar a condução da coleta de dados da pesquisa e sugerir quais os especialistas ou respondentes principais que devem ser entrevistados. A importância de contatar um executivo sênior é reforçada por Piran, Lacerda e Camargo (2018) para facilitar a interação entre às áreas envolvidas, a fim de permitir o acesso aos dados e resolver impasses, caso ocorram. Assim, o planejamento será realizado por meio de uma reunião com os especialistas no processo, com objetivo de definir: i) as fontes de coletas de dados; ii) o período de coleta dos dados, e; iii) as formas de mascaramento dos dados para preservar as informações da empresa em estudo.

A técnica de coleta de dados documental costuma ser o primeiro passo para operacionalizar uma pesquisa, pois permite coletar informações prévias sobre tópicos que serão pesquisados. As fontes documentais são significativamente numerosas, uma vez que qualquer elemento portador de dados pode ser considerado como documento (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). Nesta etapa serão verificados os documentos de trabalho da empresa que de alguma forma estejam associados ao processo de manufatura do calçado. Entre os documentos analisados, a eficiência técnica do sistema de manufatura será essencial para estabelecer comparativos entre os níveis de eficiência técnica medidos pela empresa e os níveis de eficiência econômica que serão calculados pela Análise Envoltória de Dados (DEA).

Após o levantamento das informações para compor as variáveis do modelo de Análise Envoltória de Dados (DEA), de acordo com as sugestões do grupo de especialistas, se iniciará a análise e interpretação dos dados. Esta etapa ocorrerá com base na pesquisa documental, que se vale principalmente de dados quantitativos, obtidos sob forma de registros, tabelas, gráficos ou banco de dados, o processo analítico envolve procedimentos estatísticos. Quanto aos documentos que se referem a textos, anotações de campo realizadas, comunicação não verbal, como gestos e posturas, o procedimento analítico mais utilizado é a análise de conteúdo (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). As técnicas, fontes de dados e informações que serão coletadas e utilizadas nesta pesquisa são apresentadas no Quadro 17.

Quadro 17: Técnicas, fontes e informações

Técnica Fonte Informações coletadas

Documental Sistema ERP utilizado pela Empresa

• Quantidade de produtos produzidos; • Quantidade de matéria-prima utilizada; • Preço dos insumos;

• Mão-de-obra direta e indireta; • Faturamento.

Documental Documentos da

Empresa • Número de funcionários; Resultado econômico das unidades produtivas.

Entrevistas Especialistas da

Empresa • Auxiliar na definição das variáveis do modelo DEA; • Auxiliar na definição da orientação do

modelo DEA;

• Auxiliar na definição das DMUs; • Definir as fontes de coleta de dados; • Definir o período de coleta de dados; • Definir a forma de mascarar os dados.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

Para as entrevistas, é importante o pesquisador desenvolver a capacidade de fazer questões adequadas aos objetivos do trabalho e interpretar as respostas; ser um bom ouvinte e não trazer nenhum tipo de preconceito; estar embasado teoricamente no tema; ser receptível e sensível a evidências contraditórias; ser adaptável e flexível à novas situações não previstas e vê-las como oportunidades e não como ameaças (YIN, 2001). As entrevistas serão realizadas em local e horário pré-definido. Quanto ao registro dos dados, existem várias formas de fazê-los. Para esta pesquisa, mediante autorização prévia do entrevistado, será priorizada a utilização de um gravador digital de áudio para melhoria na precisão da análise posterior. O uso do gravador pode ser considerado como “intrusivo” por alguns entrevistados e inibir a vontade de expressar suas opiniões e caberá ao pesquisador demonstrar a relevância do seu uso (MIGUEL et al., 2012). Outra forma de realizar os registros utilizada são as anotações de campo, onde o pesquisador toma notas dos registros no momento em que ocorreram ou se não for possível tão logo quando possível para evitar a perda de informações importantes.

Miguel et al. (2012) apontam que a coleta de dados deve ser dada como concluída quando se atingir a “saturação teórica”, ou seja, quando a coleta de dados adicionais não acrescenta nenhuma informação relevante e se considera que os dados são suficientes para a questão de pesquisa proposta. Inicialmente, foi realizada uma reunião com o diretor industrial para expor a proposta do projeto de pesquisa, o cronograma das atividades, autorizar a coleta dos dados e sugerir os especialistas que pudessem participar. Em seguida foi realizada uma reunião com os especialistas (apresentados no Quadro 11). Nesse encontro foi apresentada a proposta do projeto de pesquisa, o cronograma de trabalho, onde serão discutidas as orientações para a coleta de dados, o período de análise e a proposta a definição do modelo DEA apresentado na seção anterior. Na próxima seção serão apresentadas as etapas que serão utilizadas para a análise dos dados.