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O delineamento da pesquisa é um passo importante na condução de qualquer projeto de pesquisa, pois é por meio do planejamento do estudo, em sua dimensão mais ampla, que serão estabelecidos o conjunto de atividades sistemáticas e racionais para a obtenção dos resultados desejados. Além disso, o delineamento da pesquisa auxilia o pesquisador a eleger a estratégia mais adequada ao problema que deseja resolver, propondo o caminho a ser seguido, identificando possíveis inconsistências e auxiliando nas tomadas de decisões. Uma estratégia bem definida permite ao

pesquisador planejar o trabalho, coletar os dados e interpretar as informações obtidas garantindo o rigor, relevância e a replicabilidade do estudo citado anteriormente (MARCONI; LAKATOS, 2003; MIGUEL et al., 2012; YIN, 2001).

Partindo da premissa de que a pesquisa deve ser sistemática e formalizada para a geração de conhecimento, é necessário que seja conduzida por meio de procedimentos que venham a assegurar a fidelidade dos resultados obtidos demonstrando o rigor metodológico e permitindo o debate e a verificação (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). Neste trabalho foi empregada a estratégia para condução de pesquisas científicas sugerida por Dresch, Lacerda e Antunes Junior (2015), onde os autores, se utilizam da metáfora do pêndulo de Newton para demonstrar as relações de dependência e alinhamento entre cada etapa no processo de condução de uma pesquisa científica, a Figura 10 ilustra o modelo proposto.

Figura 10: Estratégia para condução de pesquisas científicas

Fonte: Dresch, Lacerda, Antunes Junior (2015).

Toda pesquisa tem início por meio de uma necessidade, podendo esta ser o desejo de compreender em profundidade um fenômeno, adquirir novos conhecimentos ou resolver um problema prático. Nesse sentido, este trabalho é classificado como pesquisa de natureza aplicada, pois o problema e os objetivos desenvolvidos têm origem em um contexto prático das organizações em que o pesquisador busca compreender em sua totalidade. Essa necessidade é a razão para se dar início a uma investigação, ou seja, é o ponto de partida da pesquisa (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). A pesquisa existe para gerar entendimento sobre determinado tema, possibilitando a construção de uma base sólida de conhecimentos para que o objeto de estudo possa ser amplamente entendido e explicado. Em geral, as pesquisas são motivadas pelas seguintes razões: i) o investigador deseja

compartilhar uma nova e interessante informação; ii) a busca pela resposta para uma questão importante; iii) a compreensão de um fenômeno em profundidade; iv) curiosidade humana; v) necessidade de prever o comportamento de alguma entidade ou fenômeno; e vi) necessidade de mudar o comportamento de alguma entidade ou fenômeno (BOOTH; COLOMB; WILLIAMS, 2003; MANSON, 2006).

A razão principal que motiva este trabalho tem origem na busca pela resposta a uma questão importante: os sistemas de manufatura tecnicamente eficientes são, economicamente eficientes? Após definir uma razão para realizar a pesquisa é necessário que sejam estabelecidos os objetivos que se deseja alcançar com sua investigação. Os objetivos podem estar associados a explorar, descrever, explicar ou predizer algum fenômeno (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). Esta pesquisa se caracteriza por ter caráter exploratório e explicativo, pois teve como objetivo explicar a razão do fenômeno da eficiência econômica em sistemas de manufatura, aprofundando o conhecimento no contexto da indústria calçadista (YIN, 2001).

Quanto à abordagem, são utilizados conhecimentos prévios sobre eficiência técnica e econômica em sistemas de manufatura identificados pela revisão sistemática da literatura para propor um método hipotético-dedutivo com o objetivo de identificar um problema ou lacuna, propor e testar hipóteses que poderão resultar em previsões ou explicações sobre o fenômeno da eficiência econômica em sistemas de manufatura (DRESCH; LACERDA; ANTUNES, 2015). Além disso, o método hipotético-dedutivo procura explicar relações causais entre as variáveis analisadas que serão testadas e aceitas, no todo ou em parte, ou rejeitadas, conduzindo a um maior desenvolvimento da teoria que, em seguida, pode ser testada por outras pesquisas (SAUNDERS; LEWIS; THORNHILL, 2008). A principal hipótese que norteia esta pesquisa é: sistemas de manufatura que tem elevada eficiência técnica, apresentam elevada eficiência econômica?

Cada tipo de abordagem possui características distintas, o que as tornam únicas. Dependendo da questão de pesquisa a ser respondida, uma abordagem, seja ela quantitativa ou qualitativa, poderá guiar o pesquisador na condução da pesquisa (EISENHARDT, 1989; MIGUEL et al., 2012). Quanto ao tipo de abordagem, este trabalho se caracteriza por ser de cunho quantitativo, pois são empregadas técnicas matemáticas e estatísticas para avaliar as variáveis do modelo de eficiência econômica utilizado na análise da unidade de contexto desta pesquisa e os resultados obtidos das eficiências técnica e econômica.

Quanto à estratégia de pesquisa, é realizado um estudo de caso único. O estudo de caso tem caráter empírico que investiga um fenômeno contemporâneo em um contexto da vida real em que os limites entre tal contexto e o fenômeno não são claros (MIGUEL et al., 2012; YIN, 2001). O estudo de caso também é empregado em situações em que o fenômeno não pode ser estudado fora do ambiente em que ocorre, onde é necessário uma análise em profundidade na pesquisa ou que a teoria existente se demonstra inadequada para explicar o fenômeno (DUBÉ; PARÉ, 2003; EISENHARDT, 1989). Nesse cenário, os estudos de caso possibilitam o desenvolvimento de novas teorias e auxiliam no entendimento dos fenômenos reais e contemporâneos (MIGUEL, 2007). Entretanto, a condução de um estudo de caso não é uma tarefa banal e requer disciplina na sua execução e, além disso, pode sofrer críticas em função de limitações metodológicas na escolha do caso ou dos casos, coleta e análise dos dados, apresentação dos resultados e geração de conclusões suportadas pelas evidências (MIGUEL et al., 2012).

Nesse sentido, o estudo de caso deve ser conduzido de modo estruturado, formalizado e sistemático onde devem ser definidas etapas objetivas e claras para o alcance dos objetivos da pesquisa. Essas etapas são: definir uma estrutura conceitual teórica, planejar os casos, conduzir teste piloto, coletar os dados, analisar os dados e gerar relatório (MIGUEL et al., 2012). Este trabalho faz uso das etapas propostas por Cauchick Miguel e Souza (2012) para conduzir este estudo de caso, a Figura 11 apresenta a proposta de conteúdo e sequência para a condução de um estudo de caso.

Figura 11: Condução do estudo de caso

Fonte: Adaptado de Cauchick et al. (2012, p. 134).

Cabe apontar que, além das limitações metodológicas que podem gerar críticas ao estudo, existem outros desafios na condução de estudos de caso como o elevado tempo para realização, a necessidade de pesquisadores qualificados, as conclusões do estudo não podem ser generalizadas, entre outros (MIGUEL et al., 2012). Mas,

apesar disso, os resultados dos estudos de casos podem, ainda, gerar impacto relevante e conduzir a ideias criativas e ao desenvolvimento de novas teorias, além de ter elevada relevância entre os profissionais, que são os últimos usuários da pesquisa (VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002).

Em relação ao horizonte de tempo, este trabalho apresenta uma pesquisa longitudinal. A pesquisa longitudinal ocorre em função de a análise dos dados ser realizada dentro de um período de tempo determinado demarcando marcos específicos de análise (semanas, meses ou anos). Os estudos longitudinais podem descrever os fenômenos ao longo do tempo (BARRATT; CHOI; LI, 2011; VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002). Apresentados o enquadramento e as principais características do método de pesquisa utilizado nesta dissertação, a classificação geral da pesquisa é exibida no Quadro 11, demonstrando a classificação em relação a natureza, abordagem, objetivos e procedimentos técnicos adotados.

Quadro 11: Classificação geral da pesquisa Classificação Tipo de pesquisa Descrição

Natureza Aplicada

• Objetiva gerar conhecimento para a aplicação prática dirigida à solução de problemas específicos.

• Analisar o fenômeno da eficiência econômica em sistemas de manufatura

Abordagem Quantitativa

• Pesquisa aplicada por meio de estudos estatísticos voltados à quantificação do objeto de estudo.

• Uso de técnicas matemáticas e estatísticas para avaliar quais as variáveis que influenciam na eficiência técnica em um sistema produtivo.

Objetivos

Explicativa

• Objetiva explicar a razão de um fenômeno, aprofundando o

conhecimento de uma determinada realidade.

• O fenômeno está associado com a eficiência econômica em sistemas de manufatura, a realidade é o contexto da empresa analisada.

Exploratória

• Visa identificar fatores que

determinam ou contribuem para a ocorrência de fenômenos.

• Identifica as variáveis que contribuem na eficiência econômica em sistemas de manufatura

Classificação Tipo de pesquisa Descrição

Procedimentos técnicos Estudo de caso

• Estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que seja possível o amplo e detalhado

conhecimento.

• Necessário o desenvolvimento de um estudo de caso em profundidade e não apenas baseado em percepções existentes.

Fonte: Elaborado pelo autor com base Cauchick (2007), Dresch et al. (2015) e Yin (2001).

Após considerações sobre o método de pesquisa, na próxima seção é apresentado o método de trabalho.