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2. CAPITULO

5.5 Coleta de Dados – Fases do Estudo

Os dados foram coletados por meio de observação, análise documental e entrevista.

5.5.1 Fase 1 – Construção dos instrumentos de coleta de dados e validação do instrumento de entrevista semiestruturada

5.5.1.1 Roteiro de Entrevista

O roteiro de entrevista foi construído com base nos objetivos da pesquisa e na revisão da literatura e legislação sobre o tema. Foi estabelecido de modo a

43 O Conselho Regional de Psicologia em Minas Gerais desaconselhava tais internações e não havia

favorecer a coleta de informações que deve servir como meio para o pesquisador construir o processo de interação com o entrevistado (MAZINI, 2003).

Além disso, a entrevista foi escolhida como principal ferramenta de pesquisa, tendo em vista que o trabalho visou dar protagonismo a uma classe vulnerável, representada pelos usuários de drogas. Neste sentido, as entrevistas deram voz a parcela fragilizada da sociedade, uma vez que tal ferramenta viabiliza a expressão e percepção do entrevistado sobre a própria vida e de tudo que o cerca (LANG, 2000)

A validação do conteúdo desta ferramenta se deu por meio de um Comitê de Especialistas.

5.1.1.2 Comitê de especialistas em Direito, Criminologia e Saúde Mental

O roteiro de entrevista foi analisado por um comitê composto por 3 (três) profissionais com doutorado e experiência nas áreas de Saúde Mental, o Direito e a Criminologia. Ademais, a escolha de tais profissionais se deu pela transdisciplinaridade de suas áreas de atuação. Os especialistas assinaram o Termo de Consentimento previsto no apêndice C.

Além disso, os membros enviaram sugestões em relação à pesquisa e também ao instrumento de coleta de dados que foram discutidas pelo pesquisador e professor orientador e incorporadas ao texto.

5.1.1.3 Entrevista piloto

Antes da coleta definitiva de dados, foi ainda realizada uma entrevista piloto, especialmente considerando que a participação dos próprios sujeitos do estudo na construção de instrumentos acaba por valorizar sua capacidade e subjetividade, auxiliando em sua autodeterminação, patrocinando sua autopromoção, além de aprimorar o instrumento de pesquisa para a realidade fática da Clínica Terapêutica (DEMO, 2002).

Foi neste primeiro momento que as técnicas e instrumentos de levantamento e registro de dados foram devidamente testados e adequados, como o local da entrevista, posição do entrevistador e perguntas.

5.5.2 Fase 2 – Observação

A observação foi realizada nas dependências da Clínica Terapêutica. O pesquisador se fez presente no local, em quatro dias alternados e realizou anotações em um caderno de campo. Utilizou também de um roteiro de observação (Apêndice D). A observação enfocou: condições de infraestrutura da CT; relações hierárquicas no contexto da CT; rotina do trabalho e do cuidado aos usuários de drogas internados; comunicação verbal e não verbal entre usuários internados e profissionais do serviço. Cada observação durou 24 horas distribuídas pelos quatro dias de visita que antecederam às entrevistas.

Observar se traduz no instrumento principal para a pesquisa qualitativa, pois ao observar o pesquisador deve justapor todos seus sentidos visando alcançar informações que auxiliem na construção da realidade observada (RUDIO,1986.)

5.5.3 Fase 3 - Entrevista semiestruturada

Tal entrevista ocorreu com pacientes (usuários de drogas) que participaram do processo de internação involuntária, conforme roteiro descrito no Apêndice E.

As entrevistas foram realizadas no período de maio e junho de 2016, foram gravadas e posteriormente transcritas para análise.

As entrevistas devem existir para que o pesquisador aprofunde seu estudo e efetive sua observação sobre o grupo estudado (CAPRARA; LANDIM, 2008).

Quanto ao número de entrevistas que foram realizadas, buscou-se obter material que permitiu uma análise das relações estabelecidas naquele meio e a compreensão da percepção dos usuários internados na clínica sobre a vivência de seus direitos humanos, com foco em situações de exclusão favorecidas pela evolução legislativa, políticas públicas e práticas dos serviços de saúde para usuários de drogas frente a um engrenagem celular que promove a segregação.

As entrevistas ocorreram nas dependências da Clínica Terapêutica, em sala autorizada pelos responsáveis locais, em condições adequadas para garantir a

privacidade e confidencialidade das informações. O tempo de cada entrevista variou de 30 minutos a 2 horas.

Ressalta-se que para cada participante, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE (Apêndice B) para leitura, e posterior autorização e assinatura em duas vias (uma para o entrevistador e outra para o entrevistado). Tal documento aclara quanto ao anonimato e liberdade em interromper a participação na pesquisa quando houver necessidade, sem que isso lhe acarrete dano pessoal e/ou profissional.

Foi exposto, também o objetivo do estudo e o pesquisador esclareceu aos entrevistados que suas identidades seriam preservadas, sendo identificados apenas como ENTREVISTADO 1, ENTREVISTADO 2 e assim sucessivamente. Foi necessário frisar que as identidades seriam preservadas inclusive frente aos administradores da clínica.

Por fim, o pesquisador ainda lembrou que as gravações em áudio seriam apagadas logo após a transcrição das entrevistas, atendendo ao pedido não justificado da própria clínica terapêutica.

5.5.4 Fase 4 – Análise Documental

Foram coletados dados dos prontuários dos pacientes da Clínica Terapêutica, de acordo com o roteiro indicado no Apêndice F. A análise documental pode ser definida como um procedimento que visa examinar, verificar e analisar documentos com o objetivo de identificar situações, ou obter respostas como fonte indireta, paralela e simultânea de informação que possam auxiliar na contextualização da pesquisa (SOUSA, KANTORSKI, LUIS, 2014).

Desta forma, podemos sintetizar as etapas de coleta de dados da seguinte forma:

Quadro 2. Síntese das Etapas da Coleta de Dados

Etapa Levantamento

Fase 1

CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Comitê de especialistas em Direito e Saúde Mental.

Fase 2

OBSERVAÇÃO

Realizada nas dependências da Clínica Terapêutica, com base no roteiro descrito no Apêndice D.

Fase 3

ENTREVISTA PILOTO - ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Dados de identificação secundária: relações com a

religiosidade; relações familiares, relações com o uso abusivo de drogas, experiências de tratamento e relação com atividades delituosas.

Entrevista semiestruturada: relato dirigido do paciente internado involuntariamente na CT sobre os temas elencados. Fase 4

ANALISE DOCUMENTAL

Dados de identificação primária: nome, idade, estado civil, gênero, cor, escolaridade, cidade de domicílio, profissão, e tempo de internação.

Fonte: Próprio autor