• Nenhum resultado encontrado

Para a coleta inicial de dados foram escolhidas as técnicas de entrevista estruturada coletiva e individual onde através de Reunião com Professores e alunos deficientes visuais das seguintes instituições: Em Natal IERC-RN e UFRN, Em Salvador, ICB, FRB por meio do projeto Internet Comunitária e em Curitiba IPC e UNIFAE.

Com relação aos alunos foram entrevistados 72 e cerca de 10 professores de graduação, ensino especial, ensino fundamental e médio que tinham alunos com deficiência visual em suas classes.

Inicialmente em Natal foram disponibilizados formulários no formato texto no Dosvox e em papel, no entanto o número de respostas foi muito baixo. Foi marcado então um encontro com os alunos e professores.

Com os professores do Instituto de Cegos de Natal, foi realizada uma entrevista coletiva estruturada conforme Anexo A, foram levantados os principais problemas relativos. A entrevista teve o propósito de obter informações relevantes ao processo de inclusão.

Especificamente no caso daqueles profissionais, todos tiveram formação para atuar na educação especial, notadamente de alunos com deficiência visual. Suas principais metas são a autonomia do aluno e preparação para inserção no mercado profissional. No entanto a dificuldade de acesso a cursos técnicos e o ingresso no vestibular, dificultam essa meta. Isso ocorre principalmente devido a carência de materiais didáticos específicos para esses alunos, limitando assim seu potencial. Para eles é muito claro que comparando com um aluno vidente de uma escola particular, o aluno cego ainda tem uma formação abaixo do necessário para competir igualitariamente no mercado profissional. O IERCN dá a formação

básica, porém a continuidade dela ainda não está no nível desejado, com as dificuldades do processo de inclusão, muitos alunos quando deixam o IERC/RN não concluem seus estudos.

Em relação aos alunos foi apresentado o questionário conforme o Anexo B, onde eram perguntadas oralmente as questões, anotadas as respostas e aproveitávamos para fazer comentários. Apesar de o formulário apresentar respostas limitadas, essas eram complementadas, com observações feitas pelos alunos.

Além dos formulários e entrevistas, alunos e professores participaram ativamente do processo de seleção dos conteúdos e verificação da acessibilidade nos primeiros protótipos. Uma das vantagens da participação ativa desses alunos foi uma maior familiaridade com a informática, que junto com os cursos de computação oferecidos em parceria com a UFRN, deu novas perspectivas a esses alunos. Dois desses alunos, hoje, são instrutores do IERC/RN, outro aluno administra a associação de cegos e muitos utilizam os conhecimentos adquiridos através do laboratório de informática do instituto.

Em relação à UFRN a entrevista foi realizada com alguns professores que estavam ministrando disciplinas, onde em suas classes, existiam alunos com deficiência visual. Ficou evidente, nos resultados a insegurança ao lidar a primeira vez com esses alunos. A maior parte dos professores se mostrou abertos a realizarem adaptações, porém necessitavam de ajuda, somente um foi bem duro em suas colocações:

―Se o aluno passou no vestibular, ele tem condições de acompanhar minha disciplina como os outros. Não vou

fazer nenhuma adaptação, nem ficar com pena de ninguém, ele que se vire‖....‖

1.3.1.2.. Em Salvador BA

Em Salvador, repetiu-se a aplicação do questionário, no entanto no momento não existiam nenhum aluno com deficiência visual grave na Universidade, o questionário foi aplicado no ICB e nos alunos que participavam do projeto Internet Comunitária da Faculdade Ruy Barbosa.

1.3.1.3. Em Curitiba PR

O questionário do Anexo B foi aplicado no IPC e nos três alunos deficientes visuais da UNIFAE e o do Anexo A, aos professores da universidade que ministravam disciplinas a esses alunos.

Em Curitiba um fato interessante, todos os alunos que tivemos a oportunidade de conversar no laboratório de informática, eram alunos vindos de Angola, para estudar e se aperfeiçoar no Brasil e voltar como professores de Cegos em seu país de origem. Todos tinham conhecimentos de informática devido a uma parceria com o governo estadual, que alocou um de seus funcionários (cego), para ministrar os cursos e acompanhamento desses alunos o do laboratório. No entanto para os alunos, de origem muito humilde, estar longe de seu país, seus familiares em uma cidade fria, com costumes muito distintos, é uma tarefa muito difícil. Muitos durante a reunião quando lembravam casa, choraram e contaram suas dificuldades para sobreviver à fome e as doenças, a alfabetização se deu somente no Brasil para alguns.

Na UNIFAE, ao contrário, os alunos eram de classe média alta, estudaram nos melhores colégios, tinham apoio de professores particulares e apesar das dificuldades sempre tiveram o apoio da família. Na instituição temos um funcionário responsável pela adaptação os materiais e aplicação de provas. Os três que fazem a gradação no momento, não são cegos, possuem visão subnormal.

Uma grande vantagem verificada no uso pesquisa-ação foi à capacidade de aprendizagem é associada ao processo de investigação. Neste processo houve um compartilhamento de informações entre especialistas na educação de deficientes visuais e docentes do ensino superior especialistas em um determinado campo de atuação. As experiências mesmo não científicas têm seu valor, muitas delas realizadas nos institutos de cegos ou por professores da educação fundamental e ensino médio com larga experiência no processo de inclusão de deficientes visuais, são de estimado valor e precisam ser compartilhadas com os demais profissionais envolvidos no processo de ensino aprendizagem.

Como parte dos objetivos da construção do Virtual CAP, pretende-se divulgar essas informações aos setores pesquisados. O retorno é importante para estender o conhecimento e fortalecer a convicção que no processo de coleta de dados e observação, os elementos envolvidos e não serem vistos apenas como um experimento, mais como uma parte fundamental para o início do trabalho e ainda mais importante para a continuidade.

Como hipótese, supõe-se que o centro virtual de apoio ao deficiente visual pode contribuir para que de forma cooperativa em médio prazo possam ser disponibilizados materiais acessíveis ao deficiente visual. A meta pode ser ousada, mais pretende-se formar uma rede de informações rede sobre inclusão do deficiente visual.