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5 METODOLOGIA

5.3 Coleta de dados

O estudo de multicasos permite a utilização de variadas técnicas de coleta de dados. No presente estudo, os dados foram coletados no local em que os eventos e fenômenos que estavam sendo estudados aconteciam, por meio de fontes primárias –questionários e entrevistas semi-estruturadas- e secundárias –pesquisa documental, atendendo assim ao critério de triangulação na coleta de dados. Dito de outro modo, as informações foram coletadas de várias fontes, tendo em vista a corroboração do mesmo fato (YIN, 2001).

5.3.1 Instrumentos para coleta de dados primários

De acordo com Thiollent (1987), questionários e entrevistas são técnicas complementares.

5.3.1.1 Questionário

Segundo Malhotra (2001, p.274), questionário "é uma técnica estruturada, para coleta de dados, que consiste em uma série de perguntas -escritas ou verbais- a que um entrevistado deve responder". Os questionários podem ter perguntas abertas, fechadas ou ambas. Dentre

as vantagens das perguntas fechadas, tem-se a uniformização, ou seja, os respondentes vêem as questões formuladas da mesma forma, na mesma ordem e acompanhadas da mesma opção de respostas, facilitando a compilação e compreensão das respostas assinaladas, além de permitir a utilização de ferramentas estatísticas na análise dos dados. Quanto às perguntas abertas, cuja formulação e ordem são uniformizadas sem, entretanto, apresentar opções de respostas, oferecem ao respondente espaço para emitir seu pensamento pessoal, de acordo com seu próprio sistema de referências (LAVILLE; DIONNE, 1999), de forma espontânea.

Tendo em vista a intenção de obter dados qualitativos e quantitativos, o questionário foi configurado com perguntas abertas e fechadas. No total foram elaboradas quarenta e quatro questões. Sua elaboração se efetivou pela definição de um roteiro (Apêndice B), baseado em três eixos temáticos que versaram sobre:

1) Dados pessoais e funcionais – dados que permitiram a construção de perfis dos respondentes.

2) Captação de recursos – verificação dos responsáveis/participantes pelo processo de elaboração de projetos, alocação de recursos, participação dos cidadãos/famílias beneficiárias na implementação dos projetos, parcerias firmadas e possíveis implicações no funcionamento da organização, utilização dos recursos e prestação de contas.

3) Gestão – funções gerenciais, participação do conselho, recursos humanos, divulgação dos trabalhos realizados.

O número de questionários respondidos deveria ser vinte e quatro, ou seja, idêntico ao número de pessoas entrevistadas que desempenham funções gerenciais nas organizações, mas pelo fato de seis pessoas não terem devolvido os questionários, o total foi de dezoito. Os dados pessoais desses indivíduos foram levantados junto aos Departamentos de Recursos Humanos das ONGs de origem. Os questionários foram entregues pessoalmente pela pesquisadora, ou enviados via e-mail. A aplicação desse instrumento de coleta de dados ocorreu durante o mês de outubro de 2002.

Com o objetivo de reforçar os dados qualitativos, após a aplicação de questionários foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturada, reapresentando algumas questões já enfocadas no questionário e incluindo outras.

5.3.1.2 Entrevistas semi-estruturadas

Segundo Minayo (2000:107), a entrevista “é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo”, e propicia ao pesquisador coletar dados primários –aqueles referentes ao indivíduo entrevistado, ou seja, suas atitudes, valores e opiniões- e secundários -que se referem a fatos que poderiam ser obtidos por meio de outras fontes como os censos e estatísticas.

Enquanto na entrevista estruturada o entrevistador segue o roteiro previamente estabelecido e não é livre para adaptar perguntas (MARCONI;LAKATOS, 1990), a entrevista semi- estruturada combina perguntas estruturadas, ou fechadas, e abertas, o que permite aos entrevistados a liberdade necessária para discorrer sobre o tema proposto da melhor forma possível, ou seja, a partir de seu próprio entendimento e utilizando seu próprio linguajar, sem respostas ou condições pré-fixadas pelo pesquisador. Esse tipo de entrevista possibilita também, conforme Laville e Dionne (1999), que o entrevistador acrescente perguntas de esclarecimento.

O mesmo roteiro de entrevista (Apêndice A) foi aplicado a todos os entrevistados. Foram realizadas vinte e quatro entrevistas, no próprio local de trabalho dos entrevistados, ou seja, nas cidades de Belo Horizonte – MG, Recife – PE, Maceió – AL, Três Rios – RJ e Paraíba do Sul - RJ. As entrevistas realizadas nos meses de novembro e dezembro de 2002 e fevereiro de 2003 foram todas gravadas com permissão dos entrevistados e, posteriormente, transcritas para análise. Cada entrevista durou em média uma hora. A transcrição integral das fitas, tamanho cassete, gerou 277 páginas de texto. Visando à preservação da identidade dos entrevistados, os mesmos não serão identificados quando da análise e apresentação dos dados. Os extratos de suas entrevistas foram numerados em ordem crescente, preservando-se a identificação do entrevistado, por meio de letras, conforme a instituição de origem, seguidas do número correspondente a cada entrevista. Adotou-se como critério para a escolha dos extratos transcritos sua maior riqueza de detalhes e capacidade para explicar recorrências registradas, quando da análise dos dados.

5.3.2 Instrumentos para coleta de dados secundários

Os dados secundários foram coletados por meio da análise de documentos das ONGs pesquisadas -relatórios anuais, convênios, estatutos, atas de reuniões, projetos, correspondências, balancetes, planejamento estratégico, publicações e documentos produzidos pela própria ONG, como regulamento de mutirão, processo de afiliação e convênio-, procurando-se compreender a evolução do processo de parcerias firmadas entre as ONGs pesquisadas, as organizações de cooperação internacional e o Estado, e suas implicações no momento atual.