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Para que o desenvolvimento desta investigação fosse viabilizado, o trabalho foi planejado tendo como um de seus objetivos específicos a geração de uma base de dados atual, ampla e consistente, capaz de viabilizar estudos científicos sobre a felicidade no âmbito do Distrito Federal. Nesse contexto, uma das etapas cumpridas ocupou-se da aplicação de questionários junto a 1.521 (um mil, quinhentas e vinte e uma) pessoas.

Os questionários foram aplicados no período compreendido entre os dias 31/08/2009 e 28/10/2009, ao longo de todo o dia, por entrevistadores treinados com o objetivo de coletar dados do modo mais discreto possível – de modo que as pessoas não sentissem constrangimento ao responder as perguntas formuladas. Esse detalhe pode parecer de menor importância, mas, pela natureza pessoal e subjetiva dos dados levantados, a discrição do pesquisador é elemento essencial para que os respondentes se sintam à vontade para “tornar públicos” alguns de seus dados pessoais e expressar, de modo sincero, o que pensam a respeito de algumas questões que implicam, de certo modo, a exposição do juízo de valor que fazem acerca de alguns temas.

O público alvo da pesquisa foi definido como indivíduos adultos de ambos os sexos, abordados em locais de grande circulação de pessoas no Distrito Federal. Como forma de assegurar uma amostra representativa da população do DF, foram escolhidos, para a aplicação dos questionários, locais como rodoviárias, paradas de ônibus, hospitais de referência, shopping centers, hipermercados, faculdades e universidades, tanto do Plano Piloto quanto de grandes cidades satélites.

O instrumento de coleta utilizado (ver maiores detalhes no item 3.2 deste documento) foi composto de 27 (vinte e sete) questões, de diversas naturezas, subdivididas em três blocos: a) dados profissionais – 6 (seis) itens; b) dados pessoais – 19 (dezenove) itens; e c) dados a serem preenchidos pelo próprio entrevistado – 2 (dois) itens.

Merece destaque, nessa oportunidade, o terceiro bloco de dados – a ser reenchido pelo próprio entrevistado. De início, causa estranheza o fato de apenas duas das questões não serem respondidas oralmente pelo respondente, mas se faz necessário destacar que essa decisão foi derivada das observações realizadas durante a etapa de pré-teste do questionário.

Ocorre que, pelo fato de essas duas perguntas (a primeira associada à frequência sexual semanal do indivíduo e a segunda ao número de parceiros que ele teve nos últimos doze meses) estarem diretamente associadas ao comportamento sexual do entrevistado, percebeu-se uma natural inibição imediatamente após a apresentação de cada uma das duas perguntas.

A esse respeito, é importante destacar que a maioria das pessoas, abordadas na etapa de testes, disseram, de imediato, que não responderiam esse tipo de pergunta, enquanto outras baixavam o tom de voz ao responder às indagações, chegando a posicionar-se bem próximo ao entrevistador para declarar sua resposta. Assim, como forma de evitar constranger os respondentes, aumentando, ao mesmo tempo, a probabilidade de obter respostas mais confiáveis, optou-se por criar um bloco específico para as duas questões, que passaram a ser assinalada ou apontada pelos próprios entrevistados na prancheta do entrevistador.

Tem-se, dessa forma, como objeto central de estudo desta investigação, o nível de felicidade declarado pelas pessoas pesquisadas, que foi avaliado sob a luz das diversas variáveis levantadas – possíveis determinantes desse grau informado.

É importante notar, nesse contexto, que a possibilidade de os relacionamentos pessoais de cada indivíduo e de seu número de relações e parceiros sexuais possuírem correlação importante com seu nível felicidade foi aqui avaliada com maior profundidade, assim como a possibilidade de poder haver significativa influência de choques positivos de renda sobre os mesmos elementos.

Com os resultados obtidos, espera-se não apenas conhecer mais profundamente os aspectos associados à felicidade dos indivíduos que moram na unidade da federação sob análise, mas principalmente disponibilizar uma base de conhecimentos sobre os quais possam ser assentadas políticas públicas capazes de ir ao encontro da necessidade de aumentar a felicidade das pessoas. Cumprido esse objetivo, ficarão apontados de modo indireto, também às instituições privadas, alguns caminhos passíveis de serem seguidos no esforço de conquistar e manter clientes.

Complementarmente, faz-se essencial destacar que o desenvolvimento desta pesquisa busca trazer à sociedade outro ganho de validade inquestionável, que, em um primeiro olhar, pode parecer, para os mais desatentos, um simples ganho marginal.

Trata-se de um produto potencialmente importante para toda a sociedade, pois, a partir da identificação dos principais fatores determinantes do grau de felicidade dos indivíduos que compõem a população sob análise, bem como das possíveis mudanças que podem vir a influenciar essa percepção, disponibiliza-se uma base de conhecimentos acerca dos fatores que realmente interferem no nível de felicidade das pessoas. A partir disso, as instituições públicas podem identificar um rol de políticas públicas que podem vir ao encontro da necessidade de tornar as pessoas mais felizes.

No que se refere à validade desse novo conjunto de conhecimentos para as instituições públicas, observa-se que os crescentes níveis de informação e conscientização apresentados pela sociedade, como um todo, já vem levando cada indivíduo a esperar e exigir – mesmo que ainda timidamente - políticas públicas que caminhem ao encontro da melhoria de seu bem-estar. No que se refere às expectativas da sociedade quanto à postura das instituições privadas, observa-se que já se espera desse tipo de entidade o oferecimento de produtos e serviços

capazes de ajudá-los na consecução do mesmo objetivo – o que assegura às conclusões do estudo uma potencial valorização por parte dessas.

Assim, conhecer a fundo a realidade observada por esta investigação torna- se a cada dia mais importante para que se possa contribuir, de modo efetivamente positivo, no equacionamento das variáveis envolvidas na busca de cenários onde a felicidade das pessoas seja o pano de fundo para a ação dos pesquisadores e da sociedade como um todo – em benefício do maior bem-estar da população humana. Acredita-se que isso possa ser assumido como um dos maiores desafios que este século pode impor a todos.