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1. ASPECTOS GERAIS DA ÁREA DE ESTUDO, JUSTIFICATIVAS, PROBLEMAS E

2.2 Procedimentos Metodológicos

2.2.2. Coleta de dados e materiais utilizados

Caldas Novas é uma área incipiente no que se refere aos estudos climáticos urbanos, principalmente na produção do material (dados de valores de temperatura e umidade relativa do ar) em nível micro e topoclimático, os dados existentes (local e regional) são de fontes particulares e de difícil acesso. Portanto, o acervo de dados coletados na área intra- urbana em diferentes pontos da cidade são fontes primárias, subsídio para outros trabalhos.

A coleta de dados e instalação de uma série de postos fixos envolveu a construção de mini-abrigos meteorológicos e a aquisição de aparelhos, necessários à realização das medidas de temperatura e umidade do ar. Estes aparelhos passaram por uma prévia avaliação e calibração com intuito de verificar a sua adequação a este tipo de pesquisa.

Em princípio pode-se contar com um modelo adaptado de psicrômetro de aspiração (psicrômetro de Assmann), um aparelho relativamente preciso e de rápida mensuração, destinado à tomadas de temperatura do ar seco e úmido. O psicrômetro15 utilizado na pesquisa é constituído de dois termômetros de mercúrio, um de bulbo seco e outro de bulbo úmido (este, envolto em gaze e mantido constantemente umedecido). Os dois termômetros foram fixados dentro de um cano pvc de 50 mm de diâmetro, sendo que em uma das partes foi cortada em forma de um retângulo, coberta com um plástico resistente e transparente para visualizar os termômetros. Na parte superior há uma ventoinha e na parede

15 Este aparelho foi construído pelo Professor Dr. Carlos Henrique Jardim, sendo um dos aparelhos utilizados

durante a pesquisa na sua tese (JARDIM, 2007), ao redor de uma proposta de síntese climática, considerando o comportamento térmico e higrométrico do ar em áreas urbanas.

do aparelho é fixado uma bateria de 9V. A diferença entre as temperaturas dos termômetros indica indiretamente, através da tabela adequada (depressão psicrométrica), a umidade relativa do ar (Figura 11).

Este instrumento foi utilizado apenas na primeira etapa do trabalho em conjunto com o termohigrômetro digital portátil, cuja finalidade foi medir a capacidade de cada um quanto à eficácia e rapidez de sua estabilização (nível de teste) e ainda num posto fixo devido à falta de instrumentos para cobrir todos os postos escolhidos, que em seguida foi substituído por um termo-higrômetro com vista à homogeneização.

Figura 11 – Psicrômetro de aspiração para tomadas de temperatura do ar seco e úmido. Foto: Carlos Henrique Jardim

No transecto móvel, na primeira etapa do trabalho (21 a 30 de julho de 2008), utilizou-se o termo-anemômetro digital para medida da velocidade do vento, aparelho cedido pelo Laboratório de Climatologia e Recursos Hídricos, do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), aliado à bússola para a determinação da sua direção. Visando medidas mais precisas, segurou-se o aparelho de maneira que o fluxo de ar passasse através da ventoinha de trás para frente mantendo seu eixo dentro de 20º da direção do vento; o termo-higrômetro para tomadas de temperatura e umidade, aparelho cedido pelo Laboratório de Conforto Ambiental da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFU, e os termômetros bimetálicos com haste para penetração em superfícies, utilizada tanto no

transecto móvel quanto nos postos fixos, cedido pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) Unidade de Morrinhos (Figura 12).

Figura 12 - Anemômetro digital para medir a velocidade do vento (à esquerda). termohigrômetro digital (à direita). Em detalhe as ventoinhas. Abaixo, termômetros bimetálico com hastes, bússola e altímetro. Foto: Marilene R. S. Pimentel- 10/2008

A coleta de dados nos postos fixos (dias 6 e 7 de setembro de 2008) contou com o apoio de uma unidade data logger - Estação Meteorológica sem fio de 433MHz (Figuras 13 e 14) e do termo-higrômetro digital instalados dentro do mini-abrigo meteorológico (Figura 15), cuja base ficou a 1,40 metros do solo.

Figura 13 – Data logger utilizado na pesquisa.

Foto: Marilene R. S. Pimentel - 04/2008

Figura 14 - Mini-abrigo utilizado para a instalação do data logger Foto: Marilene R. S Pimentel - 09/2008

A importância desse tipo de instrumento (data logger) reside na sua imensa capacidade de armazenamento de dados (mais de 10 mil mensurações) de forma contínua e sem necessidade da presença do observador e, dessa forma, permitir um acompanhamento das variações horárias dos elementos climáticos, durante vários dias seguidos. Tal procedimento é importante, pois os fenômenos climáticos em pauta (ilhas de calor, ventos anabáticos e catabáticos, inversões térmicas, topoclimas urbanos associados a vertentes com diferentes exposições, microclimas etc.) manifestam-se num curto intervalo de tempo.

O modelo de abrigo meteorológico que comportou esse tipo de sensor (data logger) foi cedido e construído pelo prof. Dr. Carlos Henrique Jardim (UFMG), utilizado em pesquisas conduzidas na área urbana de São Paulo.

A construção dos mini-abrigos deu-se a partir da observação do modelo do abrigo meteorológico padrão: fundo aberto, laterais vazadas tipo janelas venezianas, teto com caimento para os lados em forma de duas águas, e abas mais largas que as paredes laterais, para permitir o escoamento do ar pelo vão. O conjunto todo mede 43 cm de altura: o corpo, sobre o qual repousa o telhado, mede 26 x 26 cm de lado e 28cm de altura, mais 15 cm de altura do telhado. A parte interna foi revestida com uma lâmina de 1,0 cm de isopor vazado (inclusive no teto), distante 1,0 cm das paredes laterais, também vazadas. A disposição das paredes de isopor dentro do abrigo se deu de maneira a não coincidir com os furos das paredes de madeira pois, sendo elas também vazadas, a entrada dos raios solares poderia interferir na leitura do aparelho. (JARDIM, 2002, p.25)

Figura 15 – Mini-abrigo meteorológico com termohigrômetro digital portátil instalado. Foto: Marilene R. S. Pimentel – 09/2008

Foram realizados vários testes e calibração de acordo com a estação meteorológica oficial utilizada para controle local das variáveis tomadas em campo, neste caso, a estação meteorológica do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) localizada em Morrinhos – GO, cidade mais próxima de Caldas Novas (Figura 16).

Por adotar duas formas de coleta de dados, transecto móvel e fixo, foi imprescindível formar uma equipe de trabalho, em sua maioria licenciandos do Curso de Geografia. Além dos critérios adotados para cada posto, esteve-se atento aos locais onde houvesse pessoas disponíveis a apoiar o colaborador da pesquisa em alguma necessidade humana. Para isso, o pesquisador solicitou a um morador de cada área escolhida a sua colaboração.

A coleta de dados do transecto móvel foi realizada pela própria pesquisadora e um auxiliar, utilizando por vezes uma motocicleta ou um automóvel, no intuito de agilizar o trabalho (gastar menos tempo). A segunda etapa do transecto foi realizada por duas equipes, devido ao aumento do número de postos, como já fora mencionado.

Figura 16 - Estação convencional, instalada em Morrinhos Goiás pelo INMET. Foto: Marilene R.S. Pimentel

A escolha dos pontos para a coleta de dados no transecto móvel e fixação dos mini-abrigos meteorológicos (postos fixos), baseou-se nas diferenças topográficas, altitudinais e uso da terra de forma que mostrasse a variabilidade dos elementos climáticos nas escalas topo e microclimáticas.

Durante as coletas, tomou-se o cuidado de afixar os mini-abrigos meteorológicos onde foram colocados os termo-higrômetros, com sua face lateral aberta orientada para o sul, impedindo a incidência direta dos raios solares sobre o aparelho. A confecção deste modelo de abrigo (utilizados nas coletas de dados dos postos fixos) segue o mesmo princípio descrito para o modelo anterior utilizado para o data logger. As diferenças recaem sobre sua dimensão (ligeiramente menores), a localização da face aberta (na lateral) e no tipo de material (totalmente em madeira).

A seleção dos pontos está atrelada à sua representatividade, ou seja, alcançar resultados que contemplem uma área maior com características semelhantes, para generalização de um espaço maior e não apenas ao espaço circunscrito ao ponto de observação. A designação dos horários para a coleta de dados do transecto móvel obedeceu ao horário padrão do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia (9, 15 e 21 horas) e o período de menor e maior fluxo de pessoas e automóveis (7, 9, 12 horas e 15, 18, 21 horas). Antes da realização da primeira medida, concedeu-se uma margem de tempo entre 15 a 20 minutos visando estabilização dos aparelhos. Após fixá-lo dentro do mini-abrigo só foi retirado após a última medida a fim de preservar a fidelidade dos dados. Apesar de todas as monitorias, ainda houve necessidade de descartar alguns dados pelos prováveis erros de leitura ou por falhas nos aparelhos.

Além dos valores de temperatura do ar e do solo e umidade relativa do ar foram avaliados, também, outros fatores como a direção do vento e sua intensidade, tendo como parâmetro a Escala da Força de Vento de Beaufort (FORSDYKE, 1975), que permite mensurá-la de forma indireta, através da observação dos movimentos das folhas e pequenos galhos de árvores sem o uso de aparelho específico para esta finalidade. Ressalta-se que os anemômetros foram utilizados, mas não em todos os postos, por falta de aparelhos suficientes. Visualmente, foi avaliado a nebulosidade e o grau de cobertura do céu (em oitavos) e classificação dos tipos de nuvens, tendo por finalidade uma análise dinâmica do sítio urbano no momento das leituras dos dados, informações básicas para definir o tipo de tempo. Aliando a densidade da vegetação, direção e orientação de vertentes.

digital portátil, termo-anemômetro digital, bússola e termômetro digital com haste de metal, para tomadas de temperatura em superfície) com exceção do termo-higrômetro digital fio quente substituído por outro mais moderno com eficácia e confiabilidade superior (Figura 17).