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N o capítulo anterior, apresentamos o referencial teórico que embasa esta pesquisa

2.5. Técnica: Método de coleta de dados

2.5.3. Coleta de dados: Entrevista livre ou aberta

Em um segundo momento, após a leitura de todos os documentos, agendamos conversas entre sujeitos e pesquisadora, individualmente para que pudéssemos ouvir dos próprios educadores, suas aprendizagens em relação ao PIBID e delas para com sua atuação profissional.

A entrevista livre ou aberta é aquela em que o pesquisador apresenta uma questão ou um tema inicial e o entrevistado caminha por onde preferir, podendo sua fala abranger vários âmbitos (experiências pessoais, elementos históricos, sociais e outros).

Segundo Duarte (2004), elas “podem ser um recurso que “encurta o caminho” do pesquisador, sobretudo quando se trata de pesquisadores iniciantes” (DUARTE, 2004, p. 222). A autora faz esta afirmação, pois acredita que, utilizando a entrevista aberta, as informações podem ser recolhidas mais facilmente e organizadas, geralmente, em grandes eixos temáticos articulados aos objetivos centrais da pesquisa (como fizemos no método de análise de dados “2.8. Portfólios e Conversas: ressignificando os temas encontrados” – ver página 79).

Nosso foco maior com as entrevistas abertas, denominadas aqui de conversas, foi explorar o diálogo entre participante e pesquisadora de maneira que estabelecêssemos uma interação natural sobre o assunto proposto.

Desse modo, utilizamos princípios metodológicos do método de roda de conversa, que prioriza um diálogo aberto e pautado no respeito às opiniões dos sujeitos participantes.

Iervolino e Pelicioni afirmam que as conversas imersas nesta metodologia não tratam de um processo fechado e direto de perguntas e respostas, trata de diálogo com enfoque em tópicos ou temas específicos na qual os participantes falam livremente suas opiniões. (IERVOLINO; PELICIONI, 2001)

Essa metodologia é utilizada para grupos, então, o formato de nossas conversas, que se deram individualmente, não priorizaram as rodas. Assim, caracterizamos melhor como metodologia de entrevistas abertas, ainda que pautada nos princípios das rodas de conversa, pois nosso foco é o diálogo estabelecido de maneira natural, respeitosa e com enfoque em um tema específico.

Paulo Freire (1970) traz a definição de que, nos diálogos, nas comunicações entre os homens é que estabelecemos a verdadeira libertação e humanização. Essas intercomunicações necessitam de autenticidade mediadas pela realidade vivida. Trata, portanto, de um diálogo real, interativo e respeitoso – sobre histórias vividas, recordações, reflexões e posicionamentos.

[...] uma metodologia que não pode contradizer a dialogicidade da educação libertadora. Daí que seja igualmente dialógica. Daí que, conscientizadora também, proporcione, ao mesmo tempo, a apreensão dos “temas geradores” e a tomada de consciência dos indivíduos em torno dos mesmos. (FREIRE, 1993, p. 87)

Definida nossa intenção, as conversas priorizaram as falas dos sujeitos em relação à significação que deram às suas vivências na escola enquanto participantes do PIBID a fim de compreendermos melhor a diversidade de posturas, lembranças e posicionamentos nas descrições e até mesmo, evidenciar comparações e contradições nas falas dos sujeitos bem como as funções emitidas nas falas.

Também privilegiamos nas conversas, a construção de significados que os sujeitos trouxeram associada a atividade profissional e a identidade profissional somando esses elementos aos das vivências apontadas durante a participação como bolsistas na escola.

A seguir apresentamos com mais detalhes os procedimentos para as conversas. 2.5.4. Coleta de dados - Conversas

A segunda coleta de dados se desenvolveu através de conversas individuais entre pesquisadora e sujeito.

Essas conversas foram realizadas individualmente com os sujeitos em espaços escolhidos por eles e tiveram durações diferentes a fim de respeitar o desenrolar dos assuntos abordados entre as partes.

O objetivo das mesmas foi o de saber deles quais os processos educativos vivenciados no PIBID e qual a influência do mesmo em suas atividades profissionais como educadores musicais.

O papel da pesquisadora foi neutro no sentido de permitir que os sujeitos se sentissem à vontade para contar suas experiências, porém, ao mesmo tempo, como ela também atuou e trabalhou com eles no PIBID (como colega, bolsista ou orientadora), pode perceber alguns aspectos subjetivos que para um leitor/pesquisador totalmente neutro, passaria despercebido.

De acordo com Minayo (1999), esse instrumento de coleta de dados não significa que a conversa será realizada sem objetivos, de maneira neutra “[...] uma vez que se insere como meio de coleta de dados os fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada” (MINAYO, p. 57).

Assim, o objetivo é que as conversas se deem com a intenção de resgatar memórias de aprendizados significativos para os educadores musicais enquanto participantes do programa e também aprendizados enquanto educadores musicais principiantes relacionando a influência do PIBID na atuação profissional dos mesmos.

Apenas uma das três conversas foi realizada por meio de internet, utilizando o programa de áudio e vídeo “Skype”. A pesquisadora optou por utilizar uma tecnologia que gravasse além do áudio, a imagem da conversa para diferenciá-la de uma entrevista. Portanto, a pesquisadora propôs esse tipo de gravação para o sujeito a fim de que estabelecêssemos uma relação mais próxima. As outras conversas foram realizadas em encontros marcados com os

sujeitos. Duas delas foram realizadas na Universidade e outra em residência particular. Os próprios sujeitos escolheram o lugar na qual se sentissem mais à vontade para o diálogo.

Cada sujeito participou de uma conversa sem duração estipulada para que ficassem mais à vontade.

Essas conversas foram gravadas em áudio.

A primeira conversa serviu de “conversa piloto” para que refletíssemos sobre quais questões poderiam ser desenvolvidas durante o diálogo. A partir dela, percebemos que o sujeito enviou o portfólio que julgou ser mais significativo de suas memórias durante o programa e então, decidimos que seria mais interessante que recolhêssemos apenas os documentos que fossem mais significativos para os sujeitos da pesquisa a fim de valorizar suas experiências e memórias de aprendizado.