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No decorrer da pesquisa discutimos pontos chave que foram importantes para os resultados que encontramos na apresentação e análise dos dados descritos no capítulo anterior. A fim de discutir sobre formação de professores, nos foi necessário compreender qual o cenário atual da música na escola.

À luz de autores da área de educação musical e de educação compreendemos que, sem um olhar atento para a formação de educadores musicais e para as experiências que podem ser vivenciadas durante a formação inicial, não há como garantir que tenhamos práticas sociais em música de qualidade nas escolas brasileiras.

Queremos educadores sensibilizados, humanizados e fazendo música com seus alunos numa relação criativa, respeitosa, autônoma e extremamente prazerosa.

Para tanto, compreendemos que, uma educação musical de qualidade necessariamente requer que os saberes musicais não sejam separados da prática humanizadora.

Explanamos, então, o conceito de Educação Musical Humanizadora defendendo uma concepção de educação que priorize o humano e suas relações fundamentado no diálogo, na curiosidade, na autonomia, na alteridade, na amorosidade para que seja libertadora por meio da conscientização de educadores e educandos(as) sobre suas potencialidades e poder de transformação da sociedade.

A música, sendo arte criadora de cultura, que potencializa a expressão dos gestos e da fala através do som, deve se constituir inseparável dessas relações.

Se é necessário então, apostar na qualidade de formação de educadores musicais que poderão proporcionar relações humanizadoras no processo de ensino e aprendizagem da música, precisamos saber deles mesmos, o que aprendem e o que ensinam durante sua formação inicial e se esse aprendizado auxilia efetivamente em sua atuação profissional.

Consideramos os processos educativos. As pessoas estão a todo momento aprendendo e ensinando uns aos outros, porém nem todos os processos são educativos. Para que eles ocorram é preciso, primeiramente, lembrar que estamos defendendo uma educação que, sendo libertadora, não pode se basear nas relações de poder do conhecimento.

Falamos de processos que permitem que todos aprendam e ensinem algo independente de sua cultura, classe social ou idade. De processos naturais, construídos cotidianamente através do diálogo, do respeito ao saber advindo da experiência.

Assim, acreditamos que licenciandos aprendem não só com os professores das universidades, mas em todas as relações humanas que estabelecem durante essa experiência de formação.

Escolhemos então, o programa PIBID como foco de nossa pesquisa por proporcionar práticas e estudos teóricos entre universidade e escola durante a formação inicial dos educadores.

O foco da pesquisa permitiu que questionássemos: Quais aprendizagens podem ser proporcionadas pelo PIBID? Como a universidade pode contribuir para a identidade profissional ou atuação nesse sentido?

Três educadores musicais, que participaram do programa, foram os sujeitos da pesquisa de maneira muito singular e especial, pois aceitaram compartilhar conosco suas experiências registradas em portfólios quando ainda participavam como bolsistas do programa e em conversa, na qual pudemos dialogar sobre memórias que ficaram gravadas das experiências na escola, com os colegas de grupo de bolsistas, na universidade e por fim, a escolha profissional e as implicações do PIBID na construção da identidade profissional de cada um.

Os momentos das primeiras análises da pesquisa já apontavam algumas contribuições significativas dialogando com o referencial que trouxemos na pesquisa.

O aprendizados da docência, a criação de estratégias na escola que, com o passar do tempo transformaram-se em metodologias utilizadas pelos bolsistas do Programa e a elaboração dessas vivências para cada educador, possibilitou, de maneira mais clara, encontrar elementos que apontam para a colaboração da construção da identidade profissional de cada um.

Encontradas essas aprendizagens, dividimos em categorias que foram investigadas no capítulo de apresentação e análise de dados.

O que queremos registrar nas considerações finais desta pesquisa, é que, sejamos educadores musicais, pedagogos, ou especialistas de outras áreas, precisamos pensar a

formação de professores de maneira especial. Destaco dois objetivos que devem ser praticados:

 Valorizar e criar programas, projetos e ações na universidade que aproximem e ou insiram os licenciandos na rotina da escola.

Pudemos ver na pesquisa, que, a inserção na escola antecipou a prática de uma possível atuação dos educadores após sua formação inicial, porém, mais que isso, a parceria entre universidade e escola proporcionaram aprendizagens mais completas.

Por exemplo, pudemos ver que as experiências vivenciadas trouxeram o exercício da escrita e o estudo teórico para embasar a mesma. Desse exercício, os sujeitos puderam discutir com a comunidade acadêmica e profissional sobre as experiências em eventos diversos.

Este exemplo aponta um processo educativo que se deu de maneira dialética, humanizadora, pois a maioria dos dados indicaram construções de relações entre alunos e bolsistas, bolsistas e bolsistas e da prática com a teoria de maneira natural, durante as práticas musicais, planejamentos, reuniões, etc.

Eles partiram das experiências que aconteceram e, a cada passo (escrita, compartilhamento em congressos, apresentações artísticas), a aprendizagem docente e social se fortaleceram, por isso, compreendemos claramente o amadurecimento de cada sujeito em relação à sua identidade profissional.

 Valorizar as aprendizagens dos próprios licenciandos como parte igualmente importante às avaliações disciplinares que ocorrem na universidade.

No decorrer da pesquisa foi possível notar que ainda temos poucas pesquisas em ciências humanas, e mais especificamente em educação musical, que partem das aprendizagens dos próprios sujeitos para apontar, de maneira acadêmica, contribuições em educação.

Acredito que esta pesquisa nos fez pensar que, se queremos modificar ou apontar melhoras para a educação no Brasil, precisamos prestar mais atenção nas relações que ocorrem no cotidiano e ainda, quais as aprendizagens que nossos licenciandos estão levando consigo da universidade para a sua atuação profissional.

Para saber tudo isso, é necessário perguntar, dialogar e nos despir dos conceitos da educação bancária que ainda vivenciamos nos dias de hoje.

Essa pesquisa não tem a mínima pretensão de finalizar considerações a respeito das aprendizagens que ocorreram, mas reafirmar que a formação de professores precisa ainda oportunizar a todos os licenciandos práticas como as do PIBID.

Mesmo que o educador não atue na educação básica como profissional, as aprendizagens geradas na escola, como pudemos ver, contribuirão para atuações em outros campos.

Acreditando, como Freire, que somos seres inacabados, não deixamos aqui uma conclusão fechada e definitiva, pois, se estamos em um processo educativo, aprenderemos durante a vida toda. Mas, a partir do recorte que foi feito nesta pesquisa, no qual muitas aprendizagens foram detalhadas e ditas pelos sujeitos, temos certeza de que poderão emergir outras discussões e aprofundamentos teóricos.

O que fica é a sensação de que, no contato com os sujeitos, tivemos a satisfação de vê-los realizados como educadores musicais, cada um em uma atuação profissional distinta, porém, valorizando as relações humanizadoras que envolvem o fazer e aprender música.