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Coleta e análise de dados

No documento Trabalho de Conclusão (páginas 31-37)

As informações presentes neste estudo contemplam as diversas tipologias de unidades de conservação previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), com exceção das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e as unidades criadas na esfera municipal. A RPPN é uma UC privada criada por iniciativa do proprietário das terras. Apesar de serem reconhecidas pelo poder público e desempenharem papel importante na conservação de áreas, sua gestão e manejo cabe ao proprietário sem uma participação efetiva do Estado, devido ao seu caráter privado. Já as unidades municipais não foram consideradas pela dificuldade de acessar seus gestores e dados consolidados de forma comparável entre elas.

O estudo se deu em três etapas principais. A primeira constou de uma caracterização das pesquisas científicas nas unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro. Na segunda etapa foi realizado um diagnóstico do grau de implementação das unidades de conservação no estado. E na terceira etapa foi feita uma análise dos planos de manejo para identificar se os desafios de gestão estão claros, bem como a presença de métodos que favoreça a incorporação da informação científica.

Etapa I - Caracterização das pesquisas científicas no estado do Rio de Janeiro.

Fez-se inicialmente uma caracterização do contraste entre os estados da federação no que se refere ao fomento e estímulo à pesquisa, com base nos dados disponíveis no portal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (sem considerar portanto os aportes das fundações estaduais), de modo a posicionar o estado do Rio de Janeiro em relação à oportunidade de desenvolver pesquisas.

Ainda na caracterização, buscou-se uma contextualização do processo de autorização de pesquisas em unidades de conservação federais e estaduais do estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos.

Para identificar as unidades de conservação com maiores números de pesquisas, foi feito um levantamento do número de autorizações emitidas pelos órgãos responsáveis. Os dados de pesquisa no âmbito federal foram obtidos junto ao Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO/ ICMBio), sendo compilados desde a implantação do SISBio em 2007 até 2013, e no âmbito estadual junto ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Apesar da disponibilidade de registro de pesquisas pelo INEA desde 2004,

optou-se, para fins de comparação, utilizar o mesmo período dos dados do SISBio. Desta forma os dados de pesquisa estaduais, também foram compilados de 2007 a 2013. Em seguida estes mesmos dados foram consolidados para as diferentes regiões político administrativas do estado, de modo a verificar a distribuição espacial nesta escala e relacionar com grau de desenvolvimento destas regiões. Adicionalmente foi aplicado o coeficiente de correlação de Pearson (r), para avaliar se o número de pesquisas tem variação relacionada com a variação do número de unidades de conservação nas diferentes divisões político administrativas.

Como algumas unidades de conservação englobam mais de uma região administrativa em seu território, para as análises apresentadas neste estudo, as UC tiveram sua classificação quanto à região político administrativa considerando o local de melhor acesso à unidade ou pelo maior número de municípios em uma determinada região (Tabela 2.2-1 e 2.2-2).

Tabela 2.2-1. Unidades de conservação federais distribuídas entre as diferentes divisões político

administrativas do estado do Rio de Janeiro.

DIVISÕES POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC FEDERAIS

Metropolitana

APA Guapi-Mirim APA Petrópolis* EE Guanabara FLONA Mário Xavier MONA Ilhas Cagarras PARNA Tijuca REBIO Tinguá*

Médio Paraíba

APA Serra da Mantiqueira ARIE Floresta da Cicuta PARNA Itatiaia

Baixadas Litorâneas

APA Bacia do Rio São João - mico leão* REBIO Poço das Antas

REBIO União*

RESEX Marinha Arraial do Cabo

Costa Verde

APA Cairuçu EE Tamoios PARNA Bocaina

Norte Fluminense PARNA Jurubatiba

Serrana PARNA Serra dos Órgãos*

Centro-Sul Fluminense Sem UC

Noroeste Fluminense Sem UC

Tabela 2.2-2. Unidades de conservação estaduais distribuídas entre as diferentes divisões político

administrativas do estado do Rio de Janeiro.

DIVISÕES POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC ESTADUAIS

Metropolitana

APA Bacia do Rio Macacu APA Gericinó/Mendanha APA Maricá

APA Sepetiba ii APA Alto Iguaçu APA Rio Guandu* EE Paraíso PE Pedra Branca PE Serra da Tiririca

REBIO e arqueológica de Guaratiba PE Três Picos*

Médio Paraíba PE Serra da Concórdia

Baixadas Litorâneas

APA Serra de Sapiatiba APA Massambaba APA Pau Brasil

Costa Verde APA Mangaratiba* APA Tamoios PE Cunhambebe* PE Ilha Grande PE Marinho do Aventureiro REBIO Praia do Sul Norte Fluminense

EE Estadual de Guaxindiba PE Desengano*

Serrana

APA Bacia do Rio dos Frades APA Floresta do Jacarandá APA Macaé de Cima* REBIO Araras*

Centro-Sul Fluminense Sem UC**

Noroeste Fluminense Sem UC

* Unidades de conservação que abrangem mais de uma região político administrativa e foram classificadas em uma única região. ** APA do Rio Guandu e REBIO de Araras faziam parte desta região, mas neste estudo foram classificadas para a região Metropolitana e a Serrana respectivamente.

Etapa II - Avaliação do grau de implantação das unidades de conservação no estado

do Rio de Janeiro.

Partindo do pressuposto que unidades de conservação mais bem estruturadas e de fácil acesso são mais procuradas pelos pesquisadores (Hortal et al., 2008) e favorecem uma melhor execução das atividades diárias, entre fevereiro 2013 e março de 2014 foram levantados dados para avaliar o grau de implantação das unidades de conservação federais e estaduais presentes no estado do Rio de Janeiro. Foram consideradas apenas as UC presentes no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação - CNUC (http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-por-uc), que é considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como a lista oficial.

A busca de informações foi feita em páginas oficiais dos órgãos gestores (federal - ICMBio, estadual - INEA) onde se procurou obter informações sobre: nome, categoria de manejo, localização, extensão e instrumento de criação. Por meio de questionário (Anexo 6-1) (baseado em: Sá & Ferreira, 1999) aplicado ao gestor de cada unidade foram levantadas as seguintes informações: situação fundiária da unidade; instrumentos de planejamento existentes; tipos de uso da unidade; relação entre os recursos financeiros aplicados e os necessários; demarcação física; número de funcionários necessários para execução das ações programadas para os próximos 3 anos; equipamentos e materiais; e infraestrutura da unidade.

A pontuação de cada resposta do questionário variou de 0 a 4, considerando-se o conjunto de critérios apresentado no Anexo 6-2. Com base na pontuação do questionário foi estabelecido o grau de implantação da unidade de conservação da seguinte forma: (i) UC em situação precária (pontuação entre 0 e 10); (ii) UC minimamente implementadas (pontuação entre 11 e 21); e (iii) UC razoavelmente implementadas (pontuação entre 22 e 32). A não indicação de uma classificação de “bem implementada” para UC na aplicação dos questionários, se deu pela premissa que não seriam encontradas unidades com tal classificação para o estado (Sá & Ferreira, 1999). Esta informação é corroborada com os resultados. A comparação das informações levantadas foi feita utilizando o gráfico de radar, também conhecido como diagrama de aranha, no programa Excel®.

De forma complementar foram levantados dados de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB) para os municípios do Estado. Com esses dados, foi feita a média desses índices (IDH e PIB) para cada UC considerando apenas os municípios abrangidos por elas. A partir daí, para avaliar a relação entre o número de

pesquisas autorizadas nas unidades de conservação e o contexto regional da gestão, fez-se uma regressão múltipla linear tendo o número de pesquisas como variável dependente e grau de implantação, PIB e IDH médios dos municípios abrangidos por cada UC, como variáveis independentes, bem como o fato da unidade “ser estadual ou federal”, como variável dummy.

Para avaliar se há diferença significativa entre UC estaduais e federais, foi feita uma análise de variância (one way ANOVA) tendo como base o grau de implantação das UC, número de pesquisas, a média do IDH e a média do PIB dos municípios em que se insere cada UC.

Etapa III - Análise dos Planos de Manejo

O Plano de Manejo é o produto do processo de planejamento no qual são documentados os preceitos que permeiam a gestão e a tomada de decisão dentro de uma unidade de conservação. Desta forma, com intuito de analisar como os desafios de gestão são incorporado no processo de planejamento bem como sua relação com o conhecimento científico disponível, entre julho e dezembro de 2013 foram obtidos e analisados os planos de manejo de todas as UC do Estado que dispunham deste documento na época desta análise.

Visando uma otimização deste processo, a análise dos planos de manejo considerou as seguintes questões:

Os problemas ou carências da UC são assumidos e/ou evidenciados? Existem objetivos claros a serem alcançados?

Está descrito como serão alcançados estes objetivos?

Estes objetivos são relacionados à preservação ou recuperação de alvos de conservação?

Qual o perfil de quem está envolvido ou previsto no planejamento (tipo de profissional, entidades, funcionários da UC)?

Existem maneiras de avaliar o progresso ou andamento?

Existe algum modelo do sistema (que considere fatores ecológicos e sociais) onde se vai trabalhar?

Tem algum tipo de diagrama mostrando este modelo?

São previstos ajustes durante a execução do planejamento? Os resultados são divulgados?

 Onde e pra quem?

Estas perguntas correspondem a pontos chave do processo de manejo adaptativo, que este trabalho considera como abordagem que potencializa a relação entre pesquisa e manejo. São eles - explicitação dos problemas, explicitação das dúvidas, compartilhamento de modelo conceitual sobre o sistema estudado, monitoria do desenvolvimento do projeto (de planejamento) e avaliação dos resultados.

No documento Trabalho de Conclusão (páginas 31-37)

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