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Trabalho de Conclusão

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Academic year: 2021

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Mestrado Profissional em

Biodiversidade em Unidades de Conservação

Trabalho de Conclusão

Como pesquisas científicas se relacionam com a gestão das

unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro?

Alex Silva de Carvalho

Rio de Janeiro

2014

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Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Escola Nacional de Botânica Tropical

Mestrado Profissional em

Biodiversidade em Unidades de Conservação

Como pesquisas científicas se relacionam com a gestão das

unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro?

Alex Silva de Carvalho

Trabalho de Conclusão apresentado ao Programa de Mestrado Profissional em Biodiversidade em Unidades de Conservação da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Biodiversidade em Unidades de Conservação.

Orientadora: Dra. Katia Torres

Ribeiro

Rio de Janeiro

2014

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Como pesquisas científicas se relacionam com a gestão das

unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro?

Alex Silva de Carvalho

Trabalho de Conclusão apresentado ao Programa de Mestrado

Profissional em Biodiversidade em Unidades de Conservação da Escola

Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de

Mestre em Biodiversidade em Unidades de Conservação.

Aprovado por:

Prof. Dra. Katia Torres Ribeiro (Orientador) Prof. Dr. Bruno Coutinho Kurtz (Titular) Prof. Dr. Carlos Augusto Fiqueiredo (externo) Prof Dr. Luiz Fernando Duarte de Morais (Suplente)

Em __/__/ 20__

Rio de Janeiro

2014

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Carvalho, Alex Silva de.

C331c Como pesquisas científicas se relacionam com a gestão das unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro? / Alex Silva de Carvalho. – Rio de Janeiro, 2014.

xiii, 70f. : il. 28cm.

Trabalho de conclusão (Mestrado Profissional em Biodiversidade em Unidades de Conservação) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro / Escola Nacional de Botânica Tropical, 2014.

Orientadora: Katia Torres Ribeiro. Bibliografia.

1. Unidade d Conservação. 2. Gestão da Biodiversidade. 3. Gestão do Conhecimento. 4. Manejo adaptativo. I. Título II. Escola Nacional de Botânica Tropical.

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Dedico este trabalho a minha família, a quem devo grande parte das minhas vitórias...

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A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”

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Agradecimentos

Agradeço a professora Katia Torres pela orientação, sempre muito solícita e compreensiva com relação às dificuldades e aflições enfrentadas ao longo do curso, principalmente na elaboração da dissertação.

A Escola Nacional de Botânica Neotropical, ao Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e ao Programa de Mestrado Profissional.

A coordenação de planejamento e pesquisa do IENA em especial a Fabiana e a todos os gestores das unidades de conservação estaduais e federais, pelas colaborações com os questionários de implantação.

Aos amigos Leonardo Dias e Adeilson Barboza pela confecção de mapas e formatação do texto, tabelas e figuras e pelos momentos de descontração.

Aos amigos do trabalho pela companhia diária na ralação com muito bom humor, tornando meus dias mais fáceis. “A gente ganha pouco mais se diverte”.

A minha queria esposa Ellen pela paciência e compreensão despendida nos últimos dois anos. Pelas contribuições na confecção de gráficos e figuras, e por sempre provocar o que há de melhor em mim. Não teria conseguido superar esta etapa sem a sua participação. “Juntos somos fortes! rs”

A meus pais, irmã, amigos e demais familiares por sempre me incentivarem.

Aos colegas mestres e mestrandos do Programa de Mestrado Profissional em especial a turma 2012 que compartilharam os bons momentos de convivência e aprendizado acadêmico e pessoal.

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Resumo

É predominante o entendimento de que unidades de conservação representam a forma mais efetiva de conservar a biodiversidade em longo prazo. No entanto, a gestão destas áreas é conduzida num ambiente de mudanças frequentes sob grande incerteza, em parte devido à falta de informações científicas direcionadas à necessidade de gestão. Chama atenção a precariedade em informações úteis ao manejo em unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro, pela proximidade de centros de pesquisa e o alto número de unidades em relação a outras regiões do país, pelo que se esperaria um quadro mais favorável à gestão e manejo integrados à gestão do conhecimento. O cenário de transformações ambientais, sociais e econômicas, grandes desafios de conservação da biodiversidade, e elevado endemismo na região, trazem a necessidade do manejo adaptativo, onde o melhor conhecimento existente baseia o entendimento do sistema manejado, subsidia a tomada de decisão, e a execução das ações é cercada de monitoramentos e testes visando aprimoramento, ou avanço... nos conhecimentos sobre o sistema e sobre as intervenções propostas. Este estudo faz uma análise de como os desafios de gestão são expostos no processo de planejamento das UC do estado do Rio de Janeiro, analisando a relação destes desafios com as pesquisas científicas e o nível de implantação das unidades. A região Metropolitana possui maiores registros de pesquisa (710 em 18 UC estaduais e federais), seguida da região da Costa Verde (439 em 9 UC estaduais e federais) e a região do Médio Paraíba (437 em 4 UC estaduais e federais). Das 43 UC avaliadas, 18 estão em situação precária, 19 estão minimamente implantadas e 6 razoavelmente implantadas. A região Metropolitana apresenta o maior potencial de entrosamento entre gestão e conhecimento científico. No entanto, percebe-se que o potencial é realizado de fato onde há maior interesse por parte da gestão da unidade, implementando as ferramentas que promovem esta articulação.

Palavras chave: Pesquisa; Unidade de Conservação; Gestão da Biodiversidade;

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Abstract

Is the predominant understanding that the creation of protected areas is the most effective tool to conserve biodiversity in the long term. However, the management of these areas is conducted in an environment of frequent changes under great uncertainty, in part due to the lack of scientific information showing the need for management. The lack of information that could be used for protected areas management in the state of Rio de Janeiro is surprising. Due to the proximity to research centers and the high number of areas in comparison to other regions of the country, one would expect a more favorable situation for management integrated with scientific knowledge. The scenario of environmental, social and economic transformations, challenges for the conservation of biodiversity, as well as endemism in the region, prove the need for adaptive management. This kind of management uses the existing knowledge to base the delineation of the managed system, subsidize decision-making, and where the implementation of the actions is surrounded by monitoring and tests aiming to generate better knowledge about the system and about the proposed interventions. This study analyzes how the management challenges are exposed in the planning process of protected areas in the state of Rio de Janeiro, analyzing the relationship between these challenges, scientific research and the level of deployment of the areas. The Metropolitan region of Rio de Janeiro has a higher number of research records (710 in 18 state and federal Conservation Areas), followed by the Costa Verde region (439 in 9 state and federal Conservation Areas) and the Médio Paraiba region (437 in 4 state and federal Conservation Areas). Of the 43 evaluated Protected Areas, 18 are in a precarious situation, 19 are minimally deployed and 6 are reasonably deployed. The Metropolitan region has the greatest potential for collaboration between management and scientific knowledge. However, the potential for collaboration exists where there is greater interest in such an integration on the part of the staff of the protected area.

Key words: Adaptive Management; Conservation Unit; Research; Management of

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S U M Á R I O

Lista de Tabelas viii

Lista de Figuras iv

Lista de Mapas x

Lista de Anexos xi

Siglas e Abreviaturas xii

1. Introdução 1

2. Metodologia 12

2.1. Área de Estudo 12

2.2. Coleta e análise de dados 14

3. Resultados e Discussão 20

3.1. Inserção do estado do Rio de Janeiro no fomento à pesquisa no

país 20

3.2. Pesquisas científicas em unidades de conservação no estado do

Rio de Janeiro 22

3.3. Grau de implantação das unidades de conservação 33

3.4. Análise dos Planos de Manejo 55

4. Conclusões e recomendações 63

5. Referências bibliográficas 65

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.2-1.

Unidades de conservação federais distribuídas entre as diferentes divisões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

15

Tabela 2.2-2.

Unidades de conservação estaduais distribuídas entre as diferentes divisões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

16

Tabela 3.2-1.

Lista de unidades de conservação federais no estado do Rio de Janeiro, consideradas neste estudo com suas respectivas informações.

25

Tabela 3.2-2. Unidades de conservação estaduais do estado do Rio de Janeiro

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1. Esquema ilustrando aspecto cíclico do manejo adaptativo. 5

Figura 1-2. Modelo conceitual de uma situação hipotética, baseado em

Salafsky et al. (2001). 7

Figura 2.1-1. Divisão político-administrativa do estado do Rio de Janeiro. 13

Figura 3.1-1.

Ilustração do contraste na capacidade de realização de pesquisa. (A) Entre as regiões do país; (B) Entre os estados da região Sudeste. Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em janeiro 2014.

21

Figura 3.3-1.

Resultado dos questionários de avaliação da implantação das UCs no estado do Rio de Janeiro, onde: A) Dados sobre a situação fundiária das UC; B) Dados sobre a demarcação física das UC; e C) Dados sobre tipos de Uso da UC.

36

Figura 3.3-2.

Resultado dos questionários de avaliação da implantação das UCs do estado do Rio de Janeiro, onde: A) Dados sobre instrumentos de manejo existentes; e B) Dados sobre relação entre recursos financeiros aplicados e os necessários.

38

Figura 3.3-3.

Resultado dos questionários de avaliação da implantação das UCs do estado do Rio de Janeiro, onde: A) Dados sobre número de funcionários necessários para as atividades planejadas nos próximos 3 anos; e B) Dados sobre infraestrutura; e C) Dados sobre equipamentos e materiais.

40

Figura 3.3-4.

Distribuição do nível de implantação das UC federais e estaduais nas diferentes regiões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

43

Figura 3.3-5. Distribuição das pesquisas versus nível de implantação das

unidades de conservação no estado do Rio de Janeiro. 52

Figura 3.3-6. Análise de dispersão considerando grau de implantação e

número de pesquisas. 53

Figura 3.3-7.

Gráficos do teste one way ANOVA para avaliar a diferença entre UC estaduais e federais, onde A) variável “número de pesquisas; e B) variável “grau de implantação”.

55

Figura 3.4-1. Universo da análise dos planos de manejo das unidades de

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LISTA DE MAPAS

Mapa 3.2-1.

Distribuição do somatório de pesquisas nas unidades de conservação federais e estaduais ao longo das diferentes divisões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

29

Mapa 3.2-2.

Distribuição do número de pesquisas nas unidades de

conservação federais ao longo das diferentes divisões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

30

Mapa 3.2-3.

Distribuição do número de pesquisas nas unidades de conservação estaduais ao longo das diferentes divisões político administrativas do estado do Rio de Janeiro.

31

Mapa 3.3-1. Grau de implantação das unidades de conservação federais e

estaduais classificadas para a região Metropolitana. 45

Mapa 3.3-2. Grau de Implantação das unidades de conservação federais e

estaduais classificadas para a região do Médio Paraíba. 46

Mapa 3.3-3. Grau de Implantação das unidades de conservação federais e

estaduais classificadas para a região das Baixadas Litorâneas. 47

Mapa 3.3-4. Grau de Implantação das unidades de conservação federais e

estaduais classificadas para a região Serrana. 48

Mapa 3.3-5. Grau de implantação das unidades de conservação federais e

estaduais classificadas para a região da Costa Verde. 49

Mapa 3.3-6. Grau de implantação das unidades de conservação federais e

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LISTA DE ANEXOS

Anexo 6-1. Questionário aplicado ao gestor da Unidade de Conservação. Anexo 6-2. Critério de pontuação do questionário.

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SIGLAS E ABREVIATURAS

APA - Área de Proteção Ambiental

ARIE - Área de Relevante Interesse Ecológico

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ESEC - Estação Ecológica

FBCN - Fundação Brasileira para Conservação da Natureza FLONA - Floresta Nacional

GTZ - Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Agência de Cooperação Técnica Alemã)

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

IEF/RJ - Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro INEA - Instituto Estadual do Ambiente

IUCN - International Union for Conservation of Nature (União Internacional para Conservação da Natureza)

MONA - Monumento Natural PAE - Plano de Ações Emergencial PARNA - Parque Nacional

PE - Parque Estadual

PIB - Produto Interno Bruto REBIO - Reserva Biológica RESEX - Reserva Extrativista

(17)

SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente

SISBIO - Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

SWOT - Strenghts, Weaknesses, Opportunities and Threats (pontos fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças)

TCU - Tribunal de Contas da União UC - Unidade de Conservação

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1. Introdução

É predominante, entre ambientalistas do mundo, o entendimento de que as Áreas Protegidas, no Brasil instituídas principalmente pelas unidades de conservação (UC)1, são a forma mais efetiva de conservar a biodiversidade ao longo prazo (Milano, 2001). Desde o começo deste século foram feitos esforços significativos no Brasil para expandir o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, formalmente instituído pela Lei 9985/2000), incluindo a criação de novas unidades tanto de proteção integral como de uso sustentável de recursos naturais nas diversas esferas de poder (Federal, Estadual e Municipal), com destaque para o estado do Rio de Janeiro (http://www.inea.rj.gov.br). Pavese et al. (2007) afirmam que a criação de novas unidades representa um avanço significativo na conservação in situ. Essa informação é corroborada pelo recém-publicado relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre o grau de implementação de unidades de conservação na Amazônia, que evidenciou que as UC preservam mesmo no arco do desmatamento (TCU, 2012). Entretanto, contar com as unidades de conservação como estratégia de conservação da biodiversidade só faz sentido se houver uma probabilidade razoável de que tais áreas possam ser protegidas em um futuro não apenas próximo, mas longevo, perpassando diversas gerações.

A efetividade de uma unidade de conservação muitas vezes está atrelada ao atendimento dos seus objetivos de criação. Os objetivos são explicitados nos documentos de criação das unidades ou são ampliados e/ou propostos nos planos de manejo, que deveriam ser elaborados num prazo máximo de cinco anos a partir da criação da unidade e deveriam avaliar periodicamente o papel das UC frente a novos contextos e novas informações, sendo revisado sempre que necessário. A elaboração dos planos de manejo seguem, no geral, as orientações contidas nos roteiros metodológicos elaborados pelas instituições gestoras das unidades e têm a função de uniformizar os princípios e procedimentos de planejamento. Cada UC possui as suas peculiaridades locais e regionais e apresentam situações de implantação heterogêneas.

Além disso, o manejo de uma unidade de conservação envolve a tomada de uma ampla gama de decisões nos âmbitos operacionais, táticos e estratégicos, sobre quais ações

1 Áreas Protegidas segundo a Política Nacional de Áreas Protegidas são definidas como espaços territoriais

especialmente protegidos: áreas terrestres e marinhas do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, as terras indígenas e territórios quilombolas. As outras áreas protegidas, como as áreas de preservação permanente e as reservas legais, são tratadas no planejamento da paisagem, no âmbito da abordagem ecossistêmica, com uma função estratégica de conectividade entre fragmentos naturais e as próprias áreas protegidas (Pereira e Scardua 2008).

(19)

devem ser executadas para se alcançar um determinado objetivo. A maioria destas ações vai envolver certo nível de incerteza em relação ao resultado. Em alguns casos, a incerteza é pequena e o conhecimento individual do gestor da unidade é suficiente para tomar uma decisão no âmbito operacional e tático. No entanto, em casos que envolvem questões estratégicas a respeito de qualidade de habitat, viabilidade de populações ou sobre a função de um ecossistema, como os gestores podem comparar a efetividade entre as possibilidades de decisão?

Pullin & Knight (2001) afirmam que para se obter efetividade na prática de conservação, o gestor ou tomador de decisão deve saber qual ação funciona ou não, e quão efetiva esta ação será para se alcançar um determinado objetivo. Ou seja, as decisões estratégicas deveriam ser tomadas com base em informações científicas direcionadas à necessidade da gestão. No entanto, estas informações nem sempre estão disponíveis, ou simplesmente são inexistentes. Vale destacar que a existência de informações não elimina a incerteza, apenas a diminui e contextualiza. Chama atenção a ocorrência dessa situação, de precariedade em informações úteis ao manejo, principalmente para as unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro, devido à proximidade de grandes centros de pesquisa e o alto número de unidades de conservação em relação a outras regiões do país, onde se esperaria um quadro mais favorável à gestão e manejo integrados à gestão do conhecimento.

Neste cenário de lacuna de informação, diversidade e complexidade dos fatores ambientais e grande número de fatores concorrentes, é mais indicada a realização do manejo pela vertente no manejo adaptativo, em que se parte do conhecimento existente, mas com consciência do grau de incompletude e incerteza, e se tomam decisões, mas buscando cercá-las de monitoramentos e testes, para que possa ser avaliada com o tempo. (United Kingdom House of Parliament, 2011; Salafsky et al.2001; Salafsky et al.2002).

Manejo Adaptativo

Os profissionais que atuam com conservação ambiental lidam com uma ampla gama de fatores e circunstâncias no processo de planejamento e execução de um determinado projeto ou tomada de decisão. Independentemente do local, é possível listar dezenas de fatores que influenciam na conservação da biodiversidade, como: fatores físicos (p. ex.: clima, água, vento, solo), fatores ecológicos (p. ex.: espécies exóticas, doenças, taxas de regeneração e interações presa/predador), fatores sociais e econômicos (p. ex.: cultura,

(20)

religião, emprego, estrutura demográfica), fatores políticos (p. ex.: agenda dos governos em resolver problemas locais, regionais, transnacionais) e ainda fatores de difícil modelagem e baixa previsibilidade como doenças, crises econômicas e desastres naturais que podem acabar completamente com qualquer projeto (Salafsky et al. 2001). Neste sentido, não é exagero afirmar que projetos de conservação ambiental, pela quantidade de fatores envolvidos, assumem a posição como um dos sistemas mais complexos que a humanidade já precisou lidar.

Considerando este sistema complexo e suas mudanças frequentes e em boa parte imprevisíveis, o manejo dos recursos naturais é muitas vezes conduzido sob grande incerteza em relação às condições futuras, as relações entre os componentes envolvidos, a resposta do usuário ao gestor do recurso natural, os objetivos do manejo, e até mesmo a própria abundância do recurso natural manejado (Johnson, 1999). No entanto, sabemos que tanto o uso humano dos recursos e a necessidade de manejo vão continuar, apesar desta incerteza. Assim, se queremos melhorar o manejo dos recursos naturais, a mudança de paradigma proposta pelos defensores do manejo adaptativo é aprender à medida que vamos executando as ações. Tal prática pode ser observada com frequência na área da saúde, uma vez que em casos de epidemias decisões são tomadas mesmo que num cenário de grande incerteza e divergência de opiniões entre os profissionais. São estabelecidos protocolos de procedimentos, que por sua vez são periodicamente revistos e ajustados com base nos resultados obtidos.

Johnson (1999) sugere que a maneira mais eficaz de conquistar este aprendizado é enxergar as ações de manejo como experimentos e projetá-las de modo a produzir informações críticas sobre o recuso que está sendo manejado. Esta ação ajuda a reduzir a incerteza e, mais importante, fornece uma base ampla de conhecimento e experiência que nos ajuda a conhecer o sistema e a gerir de forma mais eficaz em face à incerteza e das condições em constante mudança. Este "aprender fazendo" (Walters & Holling, 1990) é a essência do manejo adaptativo, mas com um conjunto de técnicas e procedimentos que potencializam o aprendizado.

O manejo adaptativo ainda é pouco conhecido no Brasil, mas é bastante utilizado em países da América do Norte e Europa, geralmente na orientação de políticas ambientais. O fundamento do manejo adaptativo vem do campo da teoria de operação industrial dos anos 50 (Everett & Ebert, 1986), mas a sua utilização como técnica para gestão de recursos naturais começou em 1970 (Holling, 1978). Existem várias definições para o manejo adaptativo disponíveis na literatura (e.g., Walters 1986, Parma et al. 1998, Shea et al. 1998,

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Callicott et al. 1999), mas o conceito básico é simples. O manejo adaptativo tenta considerar e na medida do possível incorporar os pontos de vista e conhecimento de todos os interessados. Neste método é indicado que o executor do projeto deve agir mesmo que não tenha todas as informações que necessita ou gostaria de ter, ou não tem certeza sobre os efeitos, mas avaliando o risco da ação e o risco da falta de ação - a decisão de não agir também é vista como um experimento que deve ser acompanhado e ter seus resultados avaliados. Esta técnica vê a gestão não apenas como uma forma de alcançar os objetivos, mas também como um processo de sondagem para saber mais sobre o recurso ou sistema que está sendo gerenciado/manejado. Assim, a aprendizagem é um objetivo inerente do manejo adaptativo. Na medida em que se aprende mais, pode-se adaptar as políticas ou práticas dentro de um projeto para melhorar o sucesso da gestão e ser mais sensível às condições futuras, bem como influenciar de modo embasado revisões destas mesmas políticas.

Salafsky et al. (2001) afirmam que o manejo adaptativo é um processo sistemático de diferentes ações para se alcançar o resultado desejado. Não é, no entanto, um processo de tentativa e erro. Em vez disso, o manejo adaptativo envolve várias etapas específicas, descritas a seguir e ilustradas na Figura 1-1.

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Como pode-se observar na Figura 1-1, o projeto de manejo adaptativo é cíclico e este aspecto é fundamental para o desenvolvimento e sucesso do projeto. De modo a esclarecer como o método leva potencialmente à ampliação do conhecimento, os passos são detalhados abaixo.

O ponto inicial do ciclo, início, envolve determinar quem vai participar de seu projeto e qual a sua missão ou objetivo geral. Uma vez claro o propósito do projeto, alinhado junto aos participantes, a Etapa A envolve avaliar as condições e determinar as principais ameaças. Nesta etapa, é então elaborado coletivamente um modelo conceitual explícito do sistema com indicação do alvo de conservação, as ameaças sobre o alvo e os fatores que geram estas ameaças (Figura 1-2). A partir do modelo conceitual, a equipe do projeto define as condições e as relações entre os fatores chave no local do projeto. A Etapa B consiste em desenvolver um plano de execução do projeto. Este plano deve ser elaborado de forma a maximizar os resultados e o aprendizado. Assim, o planejamento pode ser pensado nos resultados que a equipe gostaria de obter e as ações específicas necessárias para alcançá-los, relacionando-os claramente. Desta forma o planejamento pode revelar os conhecimentos críticos que estejam faltando.

A Etapa C envolve o desenvolvimento de um plano de monitoramento para avaliar o progresso na implementação do projeto, testando suas premissas e hipóteses. Na Etapa D é onde ocorre a implementação das ações do projeto em conjunto com o plano de monitoramento. A Etapa E envolve a análise dos dados obtidos e a comunicação dos resultados para um público apropriado que pode ser composto de pessoas influenciadas pelos resultados ou profissionais do mesmo segmento. Finalmente na última etapa do ciclo, deve-se utilizar os resultados obtidos para adaptar as técnicas empregadas, fazer alterações necessárias e voltar ao início repetindo todas as etapas. Dependendo das informações que obtiver com os resultados, as modificações podem ser feitas no modelo conceitual, no plano de monitoramento ou no plano de execução das ações.

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Figura 1-2. Modelo conceitual de uma situação hipotética, baseado em Salafsky et al. (2001).

Planos de Manejo

Desde a sua fundação em 1948, a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) orienta o manejo e planejamento de áreas protegidas no mundo (http://www.iucn.org). No início dos anos 70 a IUCN divulgou um guia sobre procedimentos para elaboração de planos de manejo (Mello, 2008). De acordo com este guia, o plano de manejo deveria ser dividido em três capítulos. No capítulo I se dava a caracterização dos recursos naturais e culturais da área; no capítulo II o diagnóstico das realidades dos fatores sócio biofísicos e institucionais; e no capítulo III as ações de manejo recomendadas, os objetivos específicos e o zoneamento da área, além dos programas de manejo e locais de desenvolvimento.

A partir de 1976, passou-se a utilizar a metodologia da IUCN na formulação de Planos de Manejo no Brasil. Esta ação era executada pelo Instituto de Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), órgão responsável pela gestão de Parques Nacionais e Reservas Biológicas2, antes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

2 As unidades de conservação federais eram geridas por duas instituições - o IBDF e a SEMA - Secretaria

Especial de Meio Ambiente, vinculada à presidência da república, e que era responsável pelas Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.

(25)

Naturais Renováveis (IBAMA). Foi nesta época que, graças a um convênio firmado com a Fundação Brasileira para Conservação da Natureza (FBCN), a gestão das unidades de conservação como um sistema teve início. Em 1979 o IBDF elaborou o Plano do Sistema de Unidades de Conservação que apresentava estudos sobre as áreas prioritárias para conservação na Amazônia e revisava as categorias de manejo existentes na época (Horowitz, 2003). Segundo Pádua (1997), foi nesta época que se deu início a elaboração dos Planos de Manejo de unidades de conservação e a criação de áreas protegidas com critérios técnicos-científicos no Brasil. Resultado do convênio com a FBCN, são publicados os planos de manejo do Parque Nacional da Tijuca, Parque Nacional do Caparaó e Reserva Biológica do Poço das Antas em 1980, Parque Nacional da Serra dos Órgãos em 1981 e Parque Nacional do Itatiaia em 1982. Com relação às Áreas de Proteção Ambiental (APA), criadas a partir da década de 80 e administradas pela Secretaria Especial de Meio Ambiente – SEMA, o instrumento de planejamento era chamado de Plano de Gestão.

Por exigência da Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ), no empréstimo fornecido pelo Governo Alemão durante o convênio com a FBCN, ao longo da década de 90 diversas unidades de conservação elaboraram os Planos de Ações Emergenciais (PAE) (Mello, 2008). Mais simples que os planos de manejo, os PAE visavam planejar ações prioritárias para as UC sem a necessidade de um trabalho muito extenso. Na época os PAE foram bastante criticados, pois não tinham um zoneamento ou apresentavam zoneamentos desatualizados. Apesar disso, como o planejamento dos PAE envolviam a participação da sociedade, foi uma boa oportunidade de se ter um maior envolvimento com a sociedade e instituições de pesquisas, procedimento ainda em seus primórdios à época.

O Decreto 84017/79, que aprovou o regulamento de Parques Nacionais, estabeleceu a definição de Plano de Manejo e a necessidade de elaborá-lo e atualizá-lo de 5 em 5 anos. De acordo com este decreto, Plano de Manejo é um projeto dinâmico que, utilizando técnicas de planejamento ecológico, determina o zoneamento de um Parque Nacional, caracterizando cada uma das suas zonas e propondo seu desenvolvimento físico, de acordo com suas finalidades. Com isso, é possível afirmar que a popularização dos planos de manejo no Brasil se deu no final da década de 70.

Até o final da década de 90, existiam vários tipos de instrumentos de planejamento e gestão de unidades de conservação. Para APA, por exemplo, foram utilizados os termos “Plano de Gestão” e em alguns casos “Plano Diretor”. Além de Planos de Ação Emergencial (PAE), alguns Parques Nacionais elaboraram os Planos de Uso Público, que

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deveriam ser uma parte integrante do plano de manejo, mas muitas vezes foi elaborado também de forma emergencial sem ter o plano de manejo ou com o mesmo desatualizado.

Neste contexto, percebe-se que a Lei nº 9.985/2000, que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), unificou as categorias de unidades de conservação no âmbito do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) e as terminologias para planejamento de unidades de conservação, definindo plano de manejo como um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de

uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais”.

Esta definição é bastante genérica e na prática a elaboração dos planos de manejo vai de acordo com as orientações contidas nos roteiros orientativos elaborados ou adotados pelo órgão gestor pertinente. A elaboração dos planos de manejo das unidades de conservação federais seguem roteiros específicos que diferem para cada categoria de UC prevista no SNUC. No geral, os planos de manejo de UC federais de proteção integral (roteiro para parques nacionais, estações ecológicas e reservas biológicas) são elaborados em 10 etapas, consolidadas nos seguintes encartes: Encarte 1 – Contextualização da UC, Encarte 2 - Análise Regional, Encarte 3 – Análise da Unidade de Conservação e Encarte 4 – Planejamento. Para as UC estaduais do Rio de Janeiro, a elaboração do plano de manejo considera os diferentes níveis de implantação em que a UC se encontra, dividindo o processo de elaboração do plano de manejo em 3 fases: Fase 1 Implementação básica; Fase 2 Implementação estruturada e Fase 3 Implementação consolidada.

Independentemente do órgão gestor responsável, as unidades de conservação seguem as diretrizes estipuladas no SNUC, que por sua vez servem de arcabouço para o desenvolvimento dos roteiros orientativos ou metodológicos. Desta forma se observa que alguns princípios de planejamento estão implícitos, embora com nuances, nos planos de manejo de todas as categorias de UC, a saber: Princípio Participativo, que prevê a participação direta das populações residentes, em unidades onde é permitido este tipo de ocupação, na elaboração e revisão dos Planos de Manejo (e participação em diversos momentos de elaboração nas unidades de todas as outras categorias, grau este de participação estabelecido conforme a unidade e o modus operandi de cada órgão gestor e gestão de cada unidade); Princípio da Continuidade, que está relacionado com a visão de que o planejamento é um processo contínuo que envolve a busca constante de conhecimentos para manter sempre atualizadas as propostas de manejo; Princípio da Gradatividade, onde o grau de intervenção no manejo de uma UC deve estar diretamente

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relacionado com a profundidade e a amplitude dos conhecimentos disponíveis (desta forma, de acordo com o aumento do conhecimento da unidade, podem-se prever ações de manejo mais adequadas e intensivas); e o Princípio da Flexibilidade, que prevê a possibilidade de no plano de manejo serem inseridas ou revisadas informações, sempre que se dispuser de novos dados, sem a necessidade de proceder toda a revisão do documento (IBAMA, 2002).

Estes princípios se assemelham muito aos conceitos apresentados anteriormente para a técnica do manejo adaptativo e são previstas principalmente para as UC federais, uma vez que a origem dos roteiros orientativos se deu nesta esfera, com possibilidade de uso pelos estados e municípios, ou ainda de elaboração de documentos próprios muitas vezes baseados nestes federais.

Independentemente das diferentes formas de concepção deste produto, a elaboração de planos de manejo não se resume à produção de um documento técnico, portanto não terminando com sua publicação. Trata-se de um processo de planejamento, e o produto “Plano de Manejo” são ferramentas reconhecidas internacionalmente como fundamentais para a gestão da unidade de conservação. O processo de elaboração de planos de manejo deve ser um ciclo contínuo de consulta e tomada de decisão com base no entendimento das questões ambientais, socioeconômicas, históricas e culturais que caracterizam uma unidade de conservação e a região onde esta se insere, considerando suas mudanças com o tempo e o aumento do conhecimento científico (maiores informações consultar: Pullin & Knight 2001; Salafsky et al. 2001; Salafsky et al. 2002).

A proposição do tema de estudo e do recorte para unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro considera que muitos dos investimentos em ciência, bem como as decorrentes produções científicas, se concentram no Estado (vide informações apresentadas nos resultados). Além disso, o Rio de Janeiro experimenta nos últimos anos forte crescimento econômico, demográfico e na expansão e consolidação urbana e industrial, que se interioriza, com forte pressão sobre as unidades de conservação, o que deveria ser acompanhado por investigação dos efeitos antrópicos diretos ou contextos de crescente complexidade, incluindo sua relação com os objetivos de criação das UC, e por ações de manejo mais concatenadas para evitá-los ou mitigá-los.

Desta forma, este estudo tem como objetivo fazer uma análise de como os desafios de gestão são expostos no processo de planejamento das UC, analisando a relação destes desafios com as pesquisas científicas. Para tanto os seguintes objetivos específicos foram propostos:

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 Analisar a distribuição das pesquisas científicas no estado do Rio de Janeiro, identificando as regiões com maiores números de pesquisas em UC e consequentemente com maior potencial de entrosamento entre pesquisa e gestão, além de identificar regiões que requerem ações mais efetivas de estímulo a pesquisa;

 Caracterizar o nível de implantação das unidades de conservação no estado a fim de relacioná-lo com a viabilização de pesquisas científicas nas unidades, bem como ao manejo da UC;

 Diagnosticar como o conhecimento científico existente é incorporado no processo de planejamento, bem como no cotidiano das unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro.

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2. Metodologia

2.1. Área de Estudo

O estado do Rio de Janeiro é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está localizado na porção leste da Região Sudeste, tendo como limites os estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, sendo banhado pelo Oceano Atlântico na porção Leste e Sul. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2013) ocupa uma área de 43.780,2 km², o que corresponde a 0,51% da área do Brasil e 4,73% da região Sudeste. Os 92 municípios do estado do Rio de janeiro são agrupados em oito regiões administrativas, a saber: Costa Verde, Médio Paraíba, Centro Sul Fluminense, Metropolitana, Serrana, Baixada Litorânea, Norte Fluminense e Noroeste Fluminense (Figura 2.1-1).

O estado do Rio de Janeiro está inserido integralmente no domínio morfoclimático da Mata Atlântica (Ab’Saber, 2011) e a sua localização coincide com uma das áreas de maior diversidade deste bioma (Rambaldi et al., 2003). Já possuiu 98% do seu território coberto por florestas, mas atualmente, menos de 17% desta região ainda é ocupada por fitofisionomias florestais (Fundação SOS Mata Atlântica, 2012), em grande parte fragmentadas.

Dados recentemente publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica, obtidos a partir da análise de imagens de satélite entre os anos 2005-2010, mostram que as taxas de desflorestamento no estado do Rio de Janeiro caíram significativamente. O estado, que já liderou a lista dos maiores devastadores em análises anteriores, registrou nos últimos anos ocorrências muito menores de desflorestamento, sendo o de 2010-2011 equivalente a 92 ha (http://www.sosma.org.br/5697/sos-mata-atlantica-e-inpe-divulgam-dados-do-atlas-dos-remanescentes-florestais-da-mata-atlantica-no-periodo-de-2010-a-2011/ Consultado em: abril/2014). Esta redução nos índices de supressão de vegetação nativa é em grande parte atribuída à criação de novas unidades de conservação, incluindo o envolvimento direto da sociedade, já que diversos proprietários de terras vêm criando novas Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) no Rio, outros fatores podem ser citados: incremento na fiscalização e melhoria nos processos de licenciamento ambiental no bioma.

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2.2. Coleta e análise de dados

As informações presentes neste estudo contemplam as diversas tipologias de unidades de conservação previstas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), com exceção das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) e as unidades criadas na esfera municipal. A RPPN é uma UC privada criada por iniciativa do proprietário das terras. Apesar de serem reconhecidas pelo poder público e desempenharem papel importante na conservação de áreas, sua gestão e manejo cabe ao proprietário sem uma participação efetiva do Estado, devido ao seu caráter privado. Já as unidades municipais não foram consideradas pela dificuldade de acessar seus gestores e dados consolidados de forma comparável entre elas.

O estudo se deu em três etapas principais. A primeira constou de uma caracterização das pesquisas científicas nas unidades de conservação do estado do Rio de Janeiro. Na segunda etapa foi realizado um diagnóstico do grau de implementação das unidades de conservação no estado. E na terceira etapa foi feita uma análise dos planos de manejo para identificar se os desafios de gestão estão claros, bem como a presença de métodos que favoreça a incorporação da informação científica.

Etapa I - Caracterização das pesquisas científicas no estado do Rio de Janeiro.

Fez-se inicialmente uma caracterização do contraste entre os estados da federação no que se refere ao fomento e estímulo à pesquisa, com base nos dados disponíveis no portal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (sem considerar portanto os aportes das fundações estaduais), de modo a posicionar o estado do Rio de Janeiro em relação à oportunidade de desenvolver pesquisas.

Ainda na caracterização, buscou-se uma contextualização do processo de autorização de pesquisas em unidades de conservação federais e estaduais do estado do Rio de Janeiro nos últimos 10 anos.

Para identificar as unidades de conservação com maiores números de pesquisas, foi feito um levantamento do número de autorizações emitidas pelos órgãos responsáveis. Os dados de pesquisa no âmbito federal foram obtidos junto ao Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO/ ICMBio), sendo compilados desde a implantação do SISBio em 2007 até 2013, e no âmbito estadual junto ao Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Apesar da disponibilidade de registro de pesquisas pelo INEA desde 2004,

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optou-se, para fins de comparação, utilizar o mesmo período dos dados do SISBio. Desta forma os dados de pesquisa estaduais, também foram compilados de 2007 a 2013. Em seguida estes mesmos dados foram consolidados para as diferentes regiões político administrativas do estado, de modo a verificar a distribuição espacial nesta escala e relacionar com grau de desenvolvimento destas regiões. Adicionalmente foi aplicado o coeficiente de correlação de Pearson (r), para avaliar se o número de pesquisas tem variação relacionada com a variação do número de unidades de conservação nas diferentes divisões político administrativas.

Como algumas unidades de conservação englobam mais de uma região administrativa em seu território, para as análises apresentadas neste estudo, as UC tiveram sua classificação quanto à região político administrativa considerando o local de melhor acesso à unidade ou pelo maior número de municípios em uma determinada região (Tabela 2.2-1 e 2.2-2).

Tabela 2.2-1. Unidades de conservação federais distribuídas entre as diferentes divisões político

administrativas do estado do Rio de Janeiro.

DIVISÕES POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC FEDERAIS

Metropolitana

APA Guapi-Mirim APA Petrópolis* EE Guanabara FLONA Mário Xavier MONA Ilhas Cagarras PARNA Tijuca REBIO Tinguá*

Médio Paraíba

APA Serra da Mantiqueira ARIE Floresta da Cicuta PARNA Itatiaia

Baixadas Litorâneas

APA Bacia do Rio São João - mico leão* REBIO Poço das Antas

REBIO União*

RESEX Marinha Arraial do Cabo

Costa Verde

APA Cairuçu EE Tamoios PARNA Bocaina

Norte Fluminense PARNA Jurubatiba

Serrana PARNA Serra dos Órgãos*

Centro-Sul Fluminense Sem UC

Noroeste Fluminense Sem UC

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Tabela 2.2-2. Unidades de conservação estaduais distribuídas entre as diferentes divisões político

administrativas do estado do Rio de Janeiro.

DIVISÕES POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC ESTADUAIS

Metropolitana

APA Bacia do Rio Macacu APA Gericinó/Mendanha APA Maricá

APA Sepetiba ii APA Alto Iguaçu APA Rio Guandu* EE Paraíso PE Pedra Branca PE Serra da Tiririca

REBIO e arqueológica de Guaratiba PE Três Picos*

Médio Paraíba PE Serra da Concórdia

Baixadas Litorâneas

APA Serra de Sapiatiba APA Massambaba APA Pau Brasil

Costa Verde APA Mangaratiba* APA Tamoios PE Cunhambebe* PE Ilha Grande PE Marinho do Aventureiro REBIO Praia do Sul Norte Fluminense

EE Estadual de Guaxindiba PE Desengano*

Serrana

APA Bacia do Rio dos Frades APA Floresta do Jacarandá APA Macaé de Cima* REBIO Araras*

Centro-Sul Fluminense Sem UC**

Noroeste Fluminense Sem UC

* Unidades de conservação que abrangem mais de uma região político administrativa e foram classificadas em uma única região. ** APA do Rio Guandu e REBIO de Araras faziam parte desta região, mas neste estudo foram classificadas para a região Metropolitana e a Serrana respectivamente.

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Etapa II - Avaliação do grau de implantação das unidades de conservação no estado

do Rio de Janeiro.

Partindo do pressuposto que unidades de conservação mais bem estruturadas e de fácil acesso são mais procuradas pelos pesquisadores (Hortal et al., 2008) e favorecem uma melhor execução das atividades diárias, entre fevereiro 2013 e março de 2014 foram levantados dados para avaliar o grau de implantação das unidades de conservação federais e estaduais presentes no estado do Rio de Janeiro. Foram consideradas apenas as UC presentes no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação - CNUC (http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/cadastro-nacional-de-ucs/consulta-por-uc), que é considerada pelo Ministério do Meio Ambiente como a lista oficial.

A busca de informações foi feita em páginas oficiais dos órgãos gestores (federal - ICMBio, estadual - INEA) onde se procurou obter informações sobre: nome, categoria de manejo, localização, extensão e instrumento de criação. Por meio de questionário (Anexo 6-1) (baseado em: Sá & Ferreira, 1999) aplicado ao gestor de cada unidade foram levantadas as seguintes informações: situação fundiária da unidade; instrumentos de planejamento existentes; tipos de uso da unidade; relação entre os recursos financeiros aplicados e os necessários; demarcação física; número de funcionários necessários para execução das ações programadas para os próximos 3 anos; equipamentos e materiais; e infraestrutura da unidade.

A pontuação de cada resposta do questionário variou de 0 a 4, considerando-se o conjunto de critérios apresentado no Anexo 6-2. Com base na pontuação do questionário foi estabelecido o grau de implantação da unidade de conservação da seguinte forma: (i) UC em situação precária (pontuação entre 0 e 10); (ii) UC minimamente implementadas (pontuação entre 11 e 21); e (iii) UC razoavelmente implementadas (pontuação entre 22 e 32). A não indicação de uma classificação de “bem implementada” para UC na aplicação dos questionários, se deu pela premissa que não seriam encontradas unidades com tal classificação para o estado (Sá & Ferreira, 1999). Esta informação é corroborada com os resultados. A comparação das informações levantadas foi feita utilizando o gráfico de radar, também conhecido como diagrama de aranha, no programa Excel®.

De forma complementar foram levantados dados de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e Produto Interno Bruto (PIB) para os municípios do Estado. Com esses dados, foi feita a média desses índices (IDH e PIB) para cada UC considerando apenas os municípios abrangidos por elas. A partir daí, para avaliar a relação entre o número de

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pesquisas autorizadas nas unidades de conservação e o contexto regional da gestão, fez-se uma regressão múltipla linear tendo o número de pesquisas como variável dependente e grau de implantação, PIB e IDH médios dos municípios abrangidos por cada UC, como variáveis independentes, bem como o fato da unidade “ser estadual ou federal”, como variável dummy.

Para avaliar se há diferença significativa entre UC estaduais e federais, foi feita uma análise de variância (one way ANOVA) tendo como base o grau de implantação das UC, número de pesquisas, a média do IDH e a média do PIB dos municípios em que se insere cada UC.

Etapa III - Análise dos Planos de Manejo

O Plano de Manejo é o produto do processo de planejamento no qual são documentados os preceitos que permeiam a gestão e a tomada de decisão dentro de uma unidade de conservação. Desta forma, com intuito de analisar como os desafios de gestão são incorporado no processo de planejamento bem como sua relação com o conhecimento científico disponível, entre julho e dezembro de 2013 foram obtidos e analisados os planos de manejo de todas as UC do Estado que dispunham deste documento na época desta análise.

Visando uma otimização deste processo, a análise dos planos de manejo considerou as seguintes questões:

Os problemas ou carências da UC são assumidos e/ou evidenciados? Existem objetivos claros a serem alcançados?

Está descrito como serão alcançados estes objetivos?

Estes objetivos são relacionados à preservação ou recuperação de alvos de conservação?

Qual o perfil de quem está envolvido ou previsto no planejamento (tipo de profissional, entidades, funcionários da UC)?

Existem maneiras de avaliar o progresso ou andamento?

Existe algum modelo do sistema (que considere fatores ecológicos e sociais) onde se vai trabalhar?

Tem algum tipo de diagrama mostrando este modelo?

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São previstos ajustes durante a execução do planejamento? Os resultados são divulgados?

 Onde e pra quem?

Estas perguntas correspondem a pontos chave do processo de manejo adaptativo, que este trabalho considera como abordagem que potencializa a relação entre pesquisa e manejo. São eles - explicitação dos problemas, explicitação das dúvidas, compartilhamento de modelo conceitual sobre o sistema estudado, monitoria do desenvolvimento do projeto (de planejamento) e avaliação dos resultados.

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3. Resultados e Discussão

Devido à quantidade e variedade de informações abordadas, os resultados serão apresentados em sub tópicos respeitando as etapas estabelecidas no item de “coleta e análise dos dados”.

3.1. Inserção do estado do Rio de Janeiro no fomento à pesquisa no país

De acordo com Gil (2002), uma pesquisa científica é requerida para a gestão e para a tomada de decisão quando não se dispõe de informação suficiente para responder a um problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequado ao problema. No entanto, o que se observa é que a pesquisa tem caráter fortemente espontâneo, relacionado à área de interesse do pesquisador e seu grupo de pesquisa. Recebe forte influência também das estratégias de fomento à pesquisa, estabelecidas pelas grandes agências e editais de financiamento. Na Figura 3.1-1 é possível observar o contraste encontrado no país com relação à capacidade de realização de pesquisa científica. O gráfico (Figura 3.1-1A) mostra uma maior concentração de investimentos federais na região Sudeste o que reflete a uma maior concentração de profissionais e instituições de pesquisas em relação às demais regiões como a megadiversa Amazônia e o interior do país. O estado do Rio de Janeiro ganha uma posição de destaque (Figura 3.1-1B), ainda maior caso se fizesse uma ponderação por extensão territorial de cada unidade da federação e se incluíssem os investimentos estaduais.

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Figura 3.1-1. Ilustração do contraste na capacidade de realização de pesquisa. (A) Entre as regiões do país;

(B) Entre os estados da região Sudeste. Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em janeiro 2014.

A

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Parte expressiva das pesquisas em biodiversidade no Brasil se concentra dentro de unidades de conservação (Guimarães et al. 2013), entre outras razões, porque apresentam remanescentes vegetais originais (Drummond de Castro, 2004) e porque se tem a expectativa de preservação das áreas por mais tempo. Visando que a pesquisa científica seja efetiva, ou seja, para que as informações obtidas pelas atividades científicas sejam utilizadas no planejamento das UC, a União, juntamente com alguns órgãos estaduais e municipais, buscam gerencia-las nas UC a fim de que sejam instrumentos de aperfeiçoamento do manejo, gestão e preservação, evitando que acorram de forma desorganizada e com prejuízo ao meio ambiente (Aguiar et al. 2012). A seguir serão apresentados maiores informação acerca de pesquisas científicas em unidades de conservação no estado do Rio de Janeiro.

3.2. Pesquisas científicas em unidades de conservação no estado do Rio de Janeiro

O processo autorizativo

Em 2007, com intuito de aperfeiçoar a gestão de pesquisas em unidades de conservação federais, foi publicada a Instrução Normativa Federal n° 154 instituindo o Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) e fixando normas sobre a realização de atividades, com finalidade científica ou didática no território nacional. Este sistema foi criado no IBAMA e em seguida repassado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), quando de sua criação (no mesmo ano). Além de ter uma normativa, o SISBIO consiste em um sistema, que opera de forma descentralizada, dando celeridade a tramitação das solicitações de autorização de pesquisa em unidades de conservação federais. Uma consolidação dos dados das solicitações submetidas via Sisbio de 2007 até 15 de junho de 2013 feita por Guimarães et al. 2013 indicou que 15.023 documentos foram liberados, sendo 11.374 (76%) autorizações para atividades com finalidade científica/didática, 1.207 (8%) licenças permanentes para coleta de material biológico e 2.442 (16%) comprovantes de registro para coleta de material botânico, fúngico e microbiológico. Destas autorizações/licenças, 4.116 envolvem invertebrados, equivalendo a 28% de todas as autorizações/licenças emitidas, sendo o grupo com maior quantidade de autorizações, seguido de mamíferos (2.638; 18%), plantas (2.271; 15%), peixes (1.428; 10%), anfíbios (1.252; 9%), répteis (1.222; 8%), aves (1.071; 7%) e microorganismos e fungos (597; 4%).

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Antes do Sisbio as solicitações de autorização eram feitas em processos em papel, com fluxos entre as unidades e a sede em Brasília, sem sistematização das informações e sem estatísticas confiáveis.

No estado do Rio de Janeiro, o Instituto Estadual de Florestas – IEF/RJ foi o responsável pela execução das políticas florestais e conservação dos recursos naturais do Estado até 2008. Verificando a necessidade de cumprir as determinações relacionadas à pesquisa, em 2003 foi criado um banco de dados para cadastrar pesquisadores e seus projetos, permitindo um maior controle quanto à entrega de relatórios. Neste mesmo ano foi elaborada a portaria de pesquisa (Portaria n° 154 do Instituto Estadual de Florestas do Rio de Janeiro) para regulamentar as atividades de pesquisa científica em unidades de conservação, sendo esta publicada em dezembro de 2004. Após três anos, com intuito de melhorar a gestão e a comunicação com os pesquisadores e dinamizar alguns procedimentos, foi publicada nova portaria (IEF/RJ/PR n° 227 de dezembro de 2007).

Em 2008, o governo do estado do Rio de Janeiro unificou o IEF/RJ e outras duas secretarias ligadas à Secretaria do Ambiente (SEA) para criar o Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Desta forma, os assuntos referentes à pesquisa científica em UC passaram a ser função do setor de Planejamento e Pesquisas deste novo órgão (Mendes & Abrahão, 2009). Apesar de existir portaria específica do INEA (Portaria 227/2007) indicando o processo de licenciamento de pesquisa nas UC estaduais, os processos de solicitação de pesquisa ainda é feito por encaminhamento de documentos físicos via correio ou entregues pessoalmente na sede do órgão. A falta de sistematização das informações, além de tornar o processo de licenciamento de pesquisas mais demorado, facilita a perda de dados e dificulta as análises dos dados de pesquisa. Vide exemplo do SISBio que após a sistematização dos dados, houve um incremento no número de pesquisas e uma maior confiabilidade nas análises dos dados de pesquisa.

Análise das pesquisas nas unidades de conservação

Este estudo identificou, para o estado do Rio de Janeiro, 46 unidades de conservação, sendo 19 federais e 27 estaduais, sem contar as RPPNs. Tais unidades abrangem uma área total de 14.448 km² o que corresponde a 33% do território do estado do Rio de Janeiro.

Com relação ao número de pesquisas científicas autorizadas nas unidades de conservação no estado, foram identificadas 2.446 pesquisas, sendo 1.896 para federais e 550 para estaduais (Tabela 3.2-1 e 3.2-2). As unidades de conservação federais detêm

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77,5% das pesquisas científicas realizadas no estado, distribuídas nas 19 UC. As unidades de conservação estaduais detêm 22,5% do total de pesquisas distribuídas em 22 das 27 unidades avaliadas.

Todas as unidades de conservação federais no estado do Rio de Janeiro têm pesquisas autorizadas. A unidade de conservação federal com maior número de pesquisas é o Parque Nacional da Serra dos Órgão, com 307, seguido do Parque Nacional do Itatiaia, com 304, e do Parque Nacional da Tijuca, com 176 pesquisas (Tabela 3.2-1).

Com relação às UC estaduais, o Parque Estadual da Ilha Grande domina o ranking, registrando 99 pesquisas, seguido do Parque Estadual dos Três Picos, com 70, e Parque Estadual da Pedra Branca, com 65 (Tabela 3.2-2). Chama a atenção a quantidade de unidades de conservação estaduais sem registros de pesquisa (5 unidades), o que pode ser explicado pelo fato de algumas se sobreporem a outras unidades, como é o caso da APA da Bacia do Rio dos Frades e APA da Floresta do Jacarandá que se sobrepõe com o Parque Estadual do Três Picos, e APA do Alto Iguaçu que faz divisa com a Reserva Biológica do Tinguá. Já para a APA Sepetiba II e APA Tamoios, apesar da variedade ecossistêmica e considerável diversidade, não foram registradas pesquisas para região. Vale destacar que apesar de a APA da Floresta do Jacarandá e a Estação Ecológica do Paraíso terem sido recentemente incorporadas ao Parque Estadual dos Três Picos, elas foram analisadas individualmente neste estudo.

O fato de não haver obrigatoriedade de solicitação de autorização para pesquisas em APAs pode levar a um sub registro para esta categoria de UC (pesquisas com fauna requerem autorização, mas estas não necessariamente ficam registradas para a APA). Apesar disso, o que parece é que tanto o INEA como o ICMBio seguem os procedimentos de licenciamento de pesquisa independente da categoria da UC.

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Tabela 3.2-1. Lista de unidades de conservação federais no estado do Rio de Janeiro, consideradas neste estudo com suas respectivas informações. DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC FEDERAIS PESQUISAS AUTORIZADAS de 2007-2013 Grau de

implantação Nível de implantação

IDH (Média para UC)

PIB R$ (Média para UC)

Metropolitana

APA Guapi-Mirim 61 22 Razoavelmente implementada 0,75 3.979.133,00

APA Petrópolis 48 16 Minimamente implementada 0,77 5.484.934,00

EE Guanabara 28 20 Minimamente implementada 0,75 4.567.961,00

FLONA Mário Xavier 26 16 Minimamente implementada 0,84 163.768.906,00

MONA Ilhas Cagarras 26 16 Minimamente implementada 0,84 163.768.906,00

PARNA Tijuca 176 13 Minimamente implementada 0,84 163.768.906,00

REBIO Tinguá 89 25 Razoavelmente implementada 0,77 10.328.318,00

Médio Paraíba

APA Serra da Mantiqueira 101 9 Precária 0,71 573.916,00

ARIE Floresta da Cicuta 19 21 Minimamente implementada 0,81 10.503.330,00

PARNA Itatiaia 304 17 Minimamente implementada 0,73 1.723.350,00

Baixadas Litorâneas

APA Bacia do Rio São João

- mico leão 39 19 Minimamente implementada 0,78 3.302.743,00

REBIO Poço das Antas 22 22 Razoavelmente implementada 0,76 1.392.075,00

REBIO União 119 16 Minimamente implementada 0,78 7.579.509,00

RESEX Marinha Arraial do

Cabo 62 16 Minimamente implementada 0,78 860.176,00

Costa Verde

APA Cairuçu 43 8 Precária 0,78 1.112.176,00

EE Tamoios 55 Não avaliado* Não avaliado* 0,78 5.377.104,00

PARNA Bocaina 171 9 Precária 0,78 1711679

Norte Fluminense PARNA Jurubatiba 111 11 Minimamente implementada 0,75 2.255.938,00

Serrana PARNA Serra dos Órgãos 307 20 Minimamente implementada 0,77 3.472.714,00

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Tabela 3.2-2. Unidades de conservação estaduais do estado do Rio de Janeiro distribuídas entre as diferentes divisões político administrativas. (continua) DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC ESTADUAIS PESQUISAS AUTORIZADAS de 2007-2013 Grau de

implantação Nível de implantação

IDH (Média para UC)

PIB R$ (Média para UC)

Metropolitana

APA Bacia do Rio Macacu 2 4 Precária 0,74 1.218.357,00

APA Gericinó/ Mendanha 8 4 Precária 0,77 58.184.672,00

APA Maricá 12 8 Precária 0,79 2.610.181,00

APA Sepetiba ii 0 3 Precária 0,84 163.768.906,00

APA Alto Iguaçu 0 7 Precária 0,75 12.432.276,00

APA Rio Guandu 6 7 Precária 0,76 1.704.555,00

EE Paraíso 22 2 Precária 0,75 619.504,00

PE Pedra Branca 65 15 Minimamente implementada 0,84 163.768.906,00

PE Serra da Tiririca 50 14 Minimamente implementada 0,84 7.634.639,00

REBIO e arqueológica de

Guaratiba 15 Não avaliado* Não avaliado* 0,84 163.768.906,00

PE Três Picos 70 19 Minimamente implementada 0,76 1.418.480,00

Costa Verde

APA Mangaratiba 5 5 Precária 0,77 3.270.540,00

APA Tamoios 0 11 Minimamente implementada 0,77 9.642.030,00

PE Cunhambebe 19 5 Precária 0,77 3.270.540,00

PE Ilha Grande 99 22 Razoavelmente implementada 0,77 9.642.030,00

PE Marinho do Aventureiro 11 16 Minimamente implementada 0,77 9.642.030,00

REBIO Praia do Sul 36 Não avaliado* Não avaliado* 0,77 9.642.030,00

Baixadas Litorâneas

APA Serra de Sapiatiba 4 8 Precária 0,79 616.180,00

APA Massambaba 14 8 Precária 0,77 886.669,00

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Tabela 3.2-2. Unidades de conservação estaduais do estado do Rio de Janeiro distribuídas entre as diferentes divisões político administrativas. (continuação) DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA UC ESTADUAIS PESQUISAS AUTORIZADAS de 2007-2013 Grau de

implantação Nível de implantação

IDH (Média para UC)

PIB R$ (Média para UC)

Norte Fluminense EE Estadual de Guaxindiba 18 20 Minimamente implementada 0,69 677.029,00

PE Desengano 42 19 Minimamente implementada 0,74 12.305.662,00

Serrana

APA Bacia do Rio dos

Frades 0 0 Precária 0,78 2.138.248,00

APA Floresta do Jacarandá 0 4 Precária 0,76 1.380.963,00

APA Macaé de Cima 9 8 Precária 0,76 2.561.079,00

REBIO Araras 17 30 Razoavelmente implementada 0,79 4.302.447,00

Médio Paraíba PE Serra da Concórdia 13 22 Razoavelmente implementada 0,78 972.467,00

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Com relação à distribuição das pesquisas ao longo do estado, somando os dados das UC federais e estaduais, observa-se uma maior concentração das pesquisas científicas na região Metropolitana (710 pesquisas e 18 UC, média de 39 pesquisas por UC), seguidas pela região da Costa Verde (439 pesquisa e 9 UC, média de 48 pesquisas por UC) (Mapa 3.2-1). Em terceiro aparece a região do Médio Paraíba (437 pesquisa e 4 UC, média de 109 pesquisas por UC), seguida pela região das baixadas litorâneas (356 pesquisas e 7 UC, média de 51 pesquisas por UC) e região Serrana (333 pesquisa e 3 UC, média de 111 pesquisas por UC). Em último aparece a região Norte Fluminense (171 pesquisa e 3 UC, média de 57 pesquisas por UC). Vale destacar as regiões Centro Sul Fluminense e Noroeste Fluminense que não apresentaram nenhuma UC, logo nenhum registro de pesquisa é apresentado para essas regiões (Mapa 3.2-1).

A falta de unidade de conservação nestas regiões (tendo em vista que a APA do Rio Guandu e REBIO Tinguá foram classificadas para a região Metropolitana e a Serrana respectivamente neste estudo) pode ser justificada pelo fato de abrigarem áreas de menor interesse conservacionista, muito alteradas pelas monoculturas dos séculos XIX e XX (Mittermeier, 1997; Myers, 1997; Tanizaki-Fonseca & Moulton, 2000).

Existem pesquisas em biodiversidade na região, mas não foram detectadas neste estudo porque buscamos apenas aquelas realizadas em unidades de conservação (mesmo no Sisbio, que traz registros também fora de UC).

Considerando que a maioria das pesquisas em UC está relacionada a componentes do meio biótico (Guimarães et al. 2013) somado ao fato de que a região Centro Sul Fluminense ainda possui 29% de seu território coberto por florestas variando entre estágio inicial, médio e avançado de sucessão (INEA, 2010) revela-se um potencial de pesquisas para a região principalmente as que subsidiem a criação de novas áreas protegidas ou indicação de outras ferramentas de conservação. Este potencial fica ainda mais evidente, quando comparamos a porcentagem de florestas na região Metropolitana que com 35% do seu território coberto por florestas, abriga os maiores registros de pesquisa e unidades de conservação.

O Mapa 3.2-2 ilustra a distribuição das pesquisas realizadas em unidades de conservação federais ao longo das regiões administrativas no estado do Rio de Janeiro. A região Metropolitana aparece com os maiores registros (460 pesquisas e 7 UC). No entanto, chama atenção a região Serrana que com apenas uma unidade registra 307 pesquisas. Para as UC estaduais a região Metropolitana também registra os maiores números de pesquisa (250 pesquisas e 11 UC) (Mapa 3.2-3).

Referências

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