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3 METODOLOGIA

3.3 Coleta e Tratamento dos Dados

Ao escolher o “caso” o investigador estabelece o referencial lógico que orientará todo o processo de recolha de dados. Essa coleta pode ser complexa se não for bem planejada e conduzida. O planejamento da pesquisa “assegura a direção, rumo às informações que o problema requer e, ao mesmo tempo, preserva a ética” (ZANELLI, 2002, p. 82).

O planejamento de uma pesquisa está ligado à utilização de uma técnica básica para a coleta de dados. Assim, com foco no estudo de caso percebe-se que eles requerem a utilização de múltiplas técnicas de coleta de dados. Isto garante o aprofundamento necessário ao estudo e a inclusão do caso em seu contexto e também confere maior credibilidade aos resultados. Para Zanelli (2002, p. 83), a “credibilidade de uma pesquisa consiste na articulação da base conceitual e de adotar critérios rigorosos no uso da metodologia, além de transmitir confiança às pessoas e à organização estudada, de modo que o pesquisador certifique-se e garanta que não trará nenhum transtorno na condução do estudo” (ZANELLI, 2002, p. 83).

Yin (2005) afirma que para garantir a confiabilidade à pesquisa e servir de orientação na coleta de dados faz-se necessário à utilização de um protocolo. Segundo Luna (1998, p. 736), o protocolo para a pesquisa é um ponto chave e “deverá, em amplas linhas, contemplar os seguintes pontos: importância do tema - revisão da literatura; a questão do estudo; seleção da amostra; desenho do estudo; estratégia de condução do estudo; análise dos dados; considerações éticas; responsabilidades administrativas”.

O procedimento de coleta de dados realizado para essa pesquisa utilizou, principalmente, documentos, registros em arquivos, entrevistas e questionário. Para Duarte e Barros (2006, p. 229) o estudo de caso utiliza para coleta de dados, principalmente, seis fontes distintas de informação: “documentos, registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos” (DUARTE e BARROS, 2006, p. 229).

A informação documental tem um papel relevante para todos os pontos do estudo de caso, pois são informações que podem tomar várias formas e devem ser objeto de planos explícitos de coleta de dados. Para a coleta do estudo aqui proposto foram considerados

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documentos tais como: leis, regulamentos, decretos, estudos formais, relatórios e outros registros internos. Para o estudo de caso, o uso de documentos serve para validar e aumentar a evidência de outras fontes, fornecer detalhes e fazer deduções a partir da análise desses documentos.

Os registros em arquivos também são muito importantes para esse tipo de estudo. Aqui se pode citar aqueles que foram utilizados: acervo histórico, gráficos de levantamentos e registros organizacionais.

Segundo Duarte e Barros (2006) a entrevista é considerada como uma das mais importantes fontes de informação para um estudo de caso. O seu uso, especialmente a entrevista em profundidade, possibilita identificar as diferentes maneiras de perceber e descrever os fenômenos. Yin (2005), completa que a realização de entrevistas em profundidade permite perguntar aos respondentes-chave sobre os fatos de um assunto, assim como suas opiniões sobre os eventos.

O roteiro elaborado para a entrevista da pesquisa foi baseado na fundamentação teórica, de acordo com os objetivos propostos, buscando coletar as percepções dos entrevistados, que teve início com os três funcionários mais antigos da instituição. E para dar continuidade a esse trabalho foi utilizada a técnica da bola de neve. Foi utilizado o mesmo roteiro para os entrevistados, a fim de obter diferentes percepções sobre os pontos abordados. O roteiro utilizado para as entrevistas pode ser visto no Anexo I.

A execução da amostragem em bola de neve se constrói da seguinte maneira: para iniciar, busca-se em documentos informantes-chaves, nomeados como sementes, com o perfil necessário para a pesquisa, dentro da população geral. Em seguida, solicita-se que as pessoas indicadas pelas sementes indiquem novos contatos com as características desejadas e assim sucessivamente. Dessa forma, o quadro de amostragem pode crescer a cada entrevista ou tornar-se saturado quando há a repetição dos mesmos nomes. Segundo Bernard (2005), essa técnica é um método de amostragem útil para se estudar populações difíceis de serem acessadas ou estudadas e que não haja precisão sobre sua quantidade.

Uma das técnicas de coleta de dados é o questionário, que segundo Gil (1999, p.128), pode ser definido “como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc.” (GIL ,1999, p.128).

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O questionário é uma técnica que servirá para coletar as informações da realidade da instituição e que serão basilares na construção desse estudo. Para Gil (1999) uma das vantagens desse tipo de coleta é que não expõe os pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. O questionário dessa pesquisa encontra-se no Anexo.

O estudo aqui exposto oportunizou a averiguação da realidade do ponto de vista de alguém “interno” à investigação. Esse cenário é valioso na produção de um “retrato” preciso do fenômeno do estudo de caso. A figura 3 apresenta uma visão geral dos procedimentos adotados nessa pesquisa.

Objetivos Específicos Fase da Pesquisa Ações Técnicas e Procedimentos Metodológicos

OE-1 Avaliar o contexto histórico da criação do IF Sudeste MG. Fase 1 - Levantamento Coletar Dados Documentos em Arquivos OE-2 Identificar os fatores do contexto interno e externo que influenciaram na evolução das mudanças no IF Sudeste MG nos últimos dez anos.

Fase 2- Diagnóstico

Coletar Dados Entrevistas Questionário semiestruturado

OE-3 Apontar como as práticas organizacionais são implementadas e as que realmente são consolidadas. Fase 3- Tratamento Tabulação de Dados Registro das Entrevistas e Questionários

Fonte: Elaborado pela autora (2019).

A análise dos dados segundo Yin (2001), consiste em examinar, categorizar, classificar ou mesmo recombinar as evidências conforme proposições iniciais do estudo. Para Gil (2011) é difícil definir uma sequência de etapas a serem seguidas no processo de análise e interpretação de dados, devido à variação dos enfoques a serem adotados nos estudos de caso.

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No entanto é visível a presença de algumas etapas seguidas na maioria dos estudos de caso, mesmo que não seja de forma sequencial. São elas: codificação dos dados, estabelecimento de categorias analíticas, exibição dos dados, busca de significados e da credibilidade.

O estudo aqui apresentado passou por três grandes etapas: a organização, a pesquisa documental, a exploração do material através de entrevistas e questionário, e por fim o tratamento dos resultados e interpretação. A classificação desses elementos é realizada segundo suas semelhanças e distinções (BAUER et al, 2004).

Para o desenvolvimento desse trabalho foram utilizadas técnicas como observação direta, entrevistas e pesquisa bibliográfica e documental, com foco no portal do MEC, do IF Sudeste MG, bem como nos gestores, professores e técnicos administrativos do IF Sudeste MG. Para analisar os dados foi feita a análise de conteúdo para apurar o discurso usado.

O primeiro passo tomado para atingir os objetivos propostos foi fazer uma pesquisa bibliográfica e documental, onde foram levantados dados históricos e documentais de criação da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica. Uma linha do tempo surgiu evidenciando uma política pública onde a educação tecnológica ganha um lugar de destaque nas políticas do governo.

O segundo passo foi analisar as instituições de formação do IF Sudeste MG, bem como suas políticas de formação.

Figura 4 – Instituições Formadoras do IF Sudeste MG

Instituição Data de Criação

Escola Agrotécnica Federal de Barbacena 09/11/1910 Centro Federal de Educação Tecnológica de Rio Pomba 29/12/1956 Colégio Técnico Universitário da UFJF 02/02/1957 Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Após esses dois passos partiu-se para entrevistas, sendo que o ponto de partida foram os 03 funcionários mais antigos do IF Sudeste MG. E para finalizar foi utilizado um questionário desenvolvido e aplicado através do Google forms, onde os funcionários do IF Sudeste MG foram convidados a responder questões para o mapeamento do clima organizacional, deste modo, procede-se com uma investigação de caráter historiográfico (passado) e também se lança um olhar para as atuais condições e configurações organizacionais (presente).

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A análise exploratória da pesquisa é desenvolvida e a estrutura organizacional da instituição fica em evidência. De acordo com Hall (2004), a estrutura de uma instituição está ligada a diversos níveis de complexidade entre os quais a interação entre as pessoas, que pode definir a organização. Pettigrew (1985) demonstra também que o presente da instituição está ligado ao seu passado.

Diante dessas observações o foco da pesquisa foi direcionado para um modelo de coletas de dados, que permitisse refletir desde o contexto histórico da criação, a fatores que influenciaram na evolução das mudanças no IF Sudeste MG nos últimos dez anos. Para esse propósito em um primeiro momento foi utilizada a técnica do DSC – Discurso do Sujeito Coletivo, que consiste na organização e tabulação de dados qualitativos de natureza verbal, obtidos através de entrevistas abertas. Com o DSC o contexto histórico-social é visto como uma construção coletiva e não individual (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005). Por meio da análise do DSC foi possível alcançar os dois primeiros objetivos específicos do estudo.

Em um segundo momento foi utilizado à ferramenta do questionário estruturado, técnica de coleta de dados comuns a esse tipo de pesquisa (GIL, 2008). O questionário foi desenvolvido e aplicado através do Google Forms, onde perguntas foram elaboradas visando à coleta de dados sobre o clima da organização. Com isso foi exequível atingir o terceiro objetivo específico do trabalho.

Este capítulo teve, portanto, como objetivo apresentar os procedimentos metodológicos utilizados para a realização do presente estudo. No capítulo seguinte será feita a análise da solução do problema.

41 4- DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA

As ações, necessidades e interesses das pessoas estão ligados à motivação. Normalmente esses conceitos vêm agregados a outros como satisfação/insatisfação, interesse, expectativa, aspiração. Para Murray (1967) há sempre um motivo forte que guia as ações das pessoas, determinando seu comportamento.

Mesmo que se constate que a motivação é um processo interno ao indivíduo, sabe- se que o ambiente é um grande influenciador, pois é a partir dele que o homem constrói a sua realidade. McClelland (1972) demonstrou que as necessidades humanas são adquiridas através da cultura.

Quando se trata de uma organização percebe-se que os seus colaboradores atuam de acordo com valores e crenças compartilhados, constituindo assim sua cultura organizacional (Freitas, 1997) e para Davel e Vergara (2001), os indivíduos não podem ser separados de suas emoções e experiências.

Ao se identificar que os traços culturais são inseparáveis das experiências e emoções das pessoas, Kolb, Rubin e McIntyre (1988) sugerem aos administradores de uma organização a criação de um clima realizador como fator de motivação. Os mesmos autores afirmam que o clima é considerado como “a variável mais maleável e que pode servir como instrumento administrativo efetivo para integrar a motivação individual com os objetivos e tarefas da organização” (KOLB, RUBIN E MCINTYRE, 1988, p. 76).

Percebe-se com isso que o clima organizacional pode afetar direta ou indiretamente, a organização na sua globalidade. O crescimento e a sobrevivência de qualquer organização são diretamente proporcionais ao clima favorável da mesma. Ao se familiarizarem com os rituais e as políticas internas, os colaboradores da instituição aumentam os níveis de satisfação, bem como a sensação de pertença, o que ajuda ao crescimento da mesma. Dessa forma o clima da organização é de suma importância nas relações humanas e tem uma grande influência na motivação e satisfação no trabalho, bem como no reflexo da produtividade (ZHANG, 2010).

Segundo Stoner e Freeman (1995), vivemos em uma sociedade de organizações, onde passamos grande parte da vida trabalhando e, assim, de algum modo, acabamos pertencendo a alguma associação. As organizações hoje vivem em um constante processo de mudanças buscando assim, a cada dia sobreviver sem se comprometer.

E em meio a essas transformações aceleradas e a necessidade de adaptações nos esbarramos com uma instituição – o Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. O

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crescimento gradativo do IF Sudeste MG estudado aqui, pode deparar com vários problemas relacionados à cultura e ao clima organizacional, como satisfação/insatisfação, dificuldades na comunicação, relacionamento interpessoal, liderança, conflitos, entre outros, que podem levar a instituição a um clima organizacional desfavorável ou não desejado (RIZZATI, 2002).

O estudo da cultura e do clima organizacional pode trazer à luz pontos desfavoráveis ao ambiente de trabalho, sendo que esses muitas vezes podem passar despercebidos. E se não aconteceu um diagnóstico dessa questão a tendência é que o clima da organização venha a se tornar cada vez mais comprometido. Morgan (1996) afirma que, conforme se desenvolve um processo de diagnóstico, desenvolvem-se habilidades e competências que conduzem a uma forma de reflexão a respeito do objeto de estudo e o processo acaba tornando-se parte do processo intuitivo, através do qual se julga a natureza do caráter da vida organizacional.

O IF Sudeste MG é uma entidade dinâmica dentro de um universo social maior, possuidor de personalidade e comportamentos, que interfere em seu clima organizacional. Para Blake e Mouton (1982, p.7), “a cultura é tão legítima e necessária à operação e à saúde de uma empresa quanto o seu objetivo. A cultura proporciona uma base inteligível para a ordem e para a regularidade, para o trabalhar e agir na condução da empresa”.

O seu clima organizacional é, portanto, um dos indicadores que podem ser utilizados para entender melhor o comportamento de seus colaboradores. O seu estudo pode fornecer dados sobre a evolução de sua cultura, favorecendo formas participativas e estratégicas de planejamento e gestão. Para Coda (1997, p. 99), é um estudo “sobre a situação atual da organização, tendo como base as opiniões de seus integrantes, visando levantar as disfunções ou problemas que mereçam correção”.

O fator humano dentro de uma instituição é basilar, pois são as pessoas que impulsionam seu crescimento ou a levam ao fracasso. Atualmente conhecer o colaborador como o seu nível de satisfação e motivação é algo primordial (VIEIRA & VIEIRA, 2004).

Partindo dessa premissa, ao observar a criação do IF Sudeste MG, percebe-se que é uma instituição nova, criada em 2008, mas com a junção de três fundações antigas, haja vista que a mais velha tem 109 anos de criação. Essa análise passa então a ganhar uma conotação de grandes proporções, pois o futuro da organização está atrelado a realidade organizacional, ao comportamento, às atitudes e sentimentos que caracterizam a vida na instituição (EKVALL, 1987); bem como aos valores, tradições, rituais e história da organização (DENISON, 1996).

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Assim, buscou-se pensar em uma pesquisa focada em questões referentes à base mais profunda da instituição, que são as percepções dos valores, muitas vezes enraizados e subconscientes (SCHEIN, 2004). E também conhecer a construção da percepção coletiva e como isso reflete nas interações e comportamentos (SCHNEIDER, 2000).

Esse entendimento levou ao estudo específico da cultura e clima organizacional do IF Sudeste MG, pois percebeu-se que seu ambiente era influenciado por diversos fatores que afetavam os processos organizacionais, a produtividade e o bem-estar. (KUENZI e SCHNINKE, 2009).

É importante investigar o fazer humano e passar tecnicamente essas informações à comunidade, com o propósito científico de colaborar com a evolução da sociedade como um todo. O resultado dessa pesquisa pode servir como fonte de informações estratégicas aos componentes do IF Sudeste MG, bem como de um instrumento de referência aos seus dirigentes.

44 5- APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados e as análises das informações geradas pela pesquisa qualitativa e quantitativa feita para este trabalho. Encontra-se organizado em três grandes tópicos que guardam estreita relação com os objetivos específicos elaborados para essa produção. No tópico 5.1 será explorado a construção histórica do IF Sudeste MG como fruto de uma política pública do Governo Federal, no 5.2 será examinado os dados coletados através de entrevistas e no 5.3 será analisado o clima organizacional através de uma pesquisa estruturada.

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