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4. Cor e Processo Produtivo em Televisão

4.2. TRATAMENTO DA IMAGEM

4.2.2. Color Grading

O Color Grading envolve a correcção de cor secundária39, bem como a

criação de ambientes.

O termo grading é muito utilizado pelos Coloristas, que o usam com conotação a um trabalho criativo, efectuado por artistas, que é o que se consideram. Este termo tem mais adeptos no Reino Unido e no resto da Europa, se bem que também é aceite e usado no resto do mundo.

38 Correcção de Primária Cor - É o processo de ajuste do contraste, do balanço de cor e do acerto global da

imagem (Hullfish, 2012).

39 Correcção Secundária de Cor - É o passo seguinte à correcção de cor primária, onde são efectuados ajustes

O Color Grading tem a sua origem no cinema digital e começou com o aparecimento dos telecinemas40 digitais. No cinema, anteriormente ao

aparecimento do cinema digital, existia a étalonnage41, termo francês que

corresponde aos acertos de cor em película de cinema.

Este termo étalonnage estava para a correcção de cor em película de cinema, bem como o color grading está agora para a correcção de cor no cinema e video digitais. Hoje em dia os franceses utilizam o termo étalonnage numérique tal como na língua inglesa é utilizado o termo digital color grading42.

Fig. 4.2 Color Grading com o software Color Finesse 3

O Color Grading é a última etapa do processo de Pós-produção antes da finalização do conteúdo. Na maioria dos processos de captação de imagem, o produto obtido, depois de visualizado, tem qualidade para ser editado e posteriormente emitido. No entanto, ao se efectuar ajustes para o tratamento da imagem, aquilo que visualmente já era bom, pode melhorar substancialmente, pelo que fica mais próximo das opções estéticas definidas.

40 Telecinema - Equipamento utilizado para a transposição de um filme em película para o formato de vídeo. É

composto por uma lâmpada de projecção, cuja luz atravessa a película e cuja imagem formada é captada por um sensor electrónico. Nos telecinemas avançados é possível corrigir a cor do filme através do ajuste das cores primárias do sistema aditivo, e do ajuste do nível de negro e do nível de branco.

41 Étalonnage - Détermination des conditions d'exposition et de traitement qui, au tirage d'une copie, restituent au

mieux les valeurs et les couleurs du sujet enregistré (photographie) ou permettent l'harmonisation des différents plans (film cinématographique). in Dictionaire Larousse

42 Digital Color Grading - Como o grading é sempre digital, ao contrário da étalonnage que também pode ser

4.2.2.1. Correcção Primária

A correcção primária é um ajuste de cor inicial que afecta a imagem no seu todo, utilizando para tal o ajuste das intensidades das cores primárias RGB, através dos brancos , gamma43 (tons médios), e negros (Balis, 2002).

Fig.4.3 Ajuste de cor: Negros, Gammas (Médios) e Brancos

O ajuste dos brancos vai essencialmente efectuar alterações nos valores de intensidade das altas luzes da imagem. Essas alterações situam-se ao nível do brilho do sujeito ou objecto, no detalhe existente nas altas luzes e no nível de cor e de pureza da mesma (matiz), que está presente nas altas luzes.

O ajuste dos negros vai essencialmente trabalhar na zona das baixas luzes ou zonas sombreadas da imagem. O ajuste do nível de negro de um objecto, o detalhe da imagem nas zonas de sombra e respectivo acerto de cor nestas áreas, é o acerto que se tem que efectuar quando se trabalha com o nível de negros em correcção de cor.

O ajuste do gamma ou dos tons médios, é o acerto que se efectua no espaço restante entre o ajuste de negros e o ajuste de brancos. É normalmente a área onde se situam os tons de pele e é o nível onde se encontra a maioria da imagem. É também a zona onde podemos encontrar a maior definição da imagem (Hullfish, 2012).

43 Gamma - A definição que é usada pelos coloristas para o termo Gamma é para descrever os tons médios ou a

4.2.2.2. Correcção Secundária

Tal como a correcção primária, a correcção secundária é também uma correcção, estando incluída na área da correcção a que os coloristas apelidam de “Grading”, ou “Color Grading”.

Estes termos referem-se a um tipo tipo de ajuste que é utilizado para realçar certos aspectos da imagem, ou modificar partes da mesma que utilizam a mesma dominante cromática, sendo por isso, e por ser consideravelmente mais demorado o seu ajuste, uma técnica que é usada apenas por coloristas séniores, os quais se consideram mais artistas e menos técnicos.

Este ajuste foca-se na luminância, na saturação e no matiz em seis cores principais, as primárias RGB e as secundárias CMY. Com estes ajustes secundários de cor pode-se alterar a cor do céu de uma paisagem, bem como modificar a intensidade do azul do mesmo, isto sem afectar qualquer das restantes cores presentes na imagem (Balis, 2002).

Com este ajuste é assim possível a modificação de qualquer parte da imagem, como alterar a cor de um vestido, de um chapéu ou de uns sapatos, sem que essa modificação interaja com as outras cores da imagem, mesmo que essas sejam de um tom bastante próximo (Hullfish, 2012).

4.2.3. Look

Este é um termo com origem no termo utilizado em cinema “film look”, que em color grading se refere ao cunho criativo do colorista, que dá à imagem uma aparência diferente da ambiência em que a mesma foi captada. O colorista pode querer que a cena a tratar fique mais luminosa, mais quente, ou até mais fria, tudo dependendo da ambiência que vai criar.

“O look no color grading é virtualmente inquantificável.” (Hullfish, 2012). A correcção de cor tem mais a ver com um ofício, e à medida que se evolui na função de color grading, está já a transitar-se para um modo criativo, atingindo-se o expoente máximo com o look. Um dos pedidos mais recorrentes feitos aos coloristas é o de dar a uma imagem um determinado look, característico de um filme que obteve muito êxito junto do público, ou de uma série de televisão de sucesso. Isto requer que o colorista tenha uma cultura geral fílmica bastante elevada, bem como uma memória cromática muito apurada (Hullfish, 2012).

Um novo conceito começa agora a aparecer nas grandes produtoras e que evidencia o cuidado aplicado nos filmes e séries. Esse conceito é a gestão de

looks. Depois dos ajustes efectuados numa imagem de uma cena, o colorista

guarda este ajuste como um perfil do look efectuado. Posteriormente aplica este perfil à totalidade do filme, podendo visualizar o efeito aplicado de modo não definitivo e sem alterar absolutamente nada nas imagens originais (correcção não destrutiva). O colorista pode assim testar este e outros looks que necessite criar, de forma a chegar à forma final do look desejado para a produção (Klein, 2004).