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Comentários gerais sobre as propostas agrupadas sob o tema “Treinamento”

4.3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.3.3 Treinamento

4.3.3.1 Comentários gerais sobre as propostas agrupadas sob o tema “Treinamento”

As propostas 14 e 15 focam em treinamento, que pode ser considerado um subfator do sistema de gestão de segurança, segundo Frazier et al. (2013). Grote (2012) também menciona treinamento em segurança como um dos componentes que devem ser considerados em qualquer sistema de gestão de segurança, independentemente do tipo de indústria que necessite implantá- lo. Nos Estados Unidos, o Departamento de Energia, responsável pela regulamentação das atividades envolvendo materiais radioativos, incluindo o transporte, possui unidades que fornecem orientação e treinamento para aumentar a eficácia e a eficiência do processo de certificação de embalagens, além de vários cursos que estão disponíveis para a comunidade internacional. Segundo O’Connor e Mcneil (2013), estes treinamentos são altamente considerados, utilizados pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA e pela comunidade internacional e já resultaram na economia de milhões de dólares na última década.

Para a AIEA, a oferta de treinamento é parte integrante de qualquer sistema de proteção radiológica. O treinamento deve ser visto como um compromisso contínuo, envolvendo treinamento inicial e cursos de atualização em intervalos apropriados. A aplicação bem sucedida das normas de transporte de material radioativo depende em grande medida da compreensão, por parte de todos os envolvidos, dos riscos envolvidos e do conteúdo detalhado do Regulamento de Transporte. Isso só pode ser alcançado por meio de programas de treinamento inicial e periódicos devidamente planejados e mantidos para todos os indivíduos envolvidos no transporte de material radioativo (IAEA, 2012b).

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4.3.4 Recursos

Proposta 16 – Recomendação: Viabilizar a utilização de consultores ou serviços

especializados externos à CNEN, dentro e/ou fora do país.

Comentário: Especialistas externos, pessoas físicas ou jurídicas, poderiam ser utilizados para suprir parte da carência de recursos humanos e viabilizar a realização das atividades sob a responsabilidade do Grupo de Transporte (atividades do Círculo de Garantia da Conformidade). A AIEA oferece suporte de especialistas, tendo desenvolvido, inclusive, um Guia do Uso de Especialistas Externos pelo Órgão Regulador.

Proposta 17 – Sugestão: Implantar políticas de divulgação e incentivo à cooperação /

parceria, incluindo desenvolvimento de banco de talentos (yellowpages).

Comentário: Considerando as demandas existentes para a realização das atividades sob a responsabilidade do Grupo de Transporte e a carência de recursos humanos e financeiros, é de grande relevância a implantação de políticas de incentivo à cooperação e às parcerias. Muitas medidas podem ser tomadas nesta linha de ação, a criação de um banco de talentos pode ser uma delas. Esta prática pode contribuir para a gestão por competências, por meio de um banco de dados que identifique as competências e deficiências existentes na organização, possibilitando a criação de um banco de talentos internos. Estas medidas deveriam estar inseridas em um programa institucional de gestão do conhecimento. A CNEN conta com especialistas, mas estes muitas vezes não estão disponíveis. Por razões financeiras e culturais, os institutos da CNEN tendem a priorizar a demanda externa em detrimento da interna. Falta também disciplinar e formalizar o trabalho colaborativo entre especialistas.

Proposta 18 – Recomendação: Definir regras de utilização dos recursos humanos e

materiais dos institutos como Organizações de Suporte Técnico ao processo de licenciamento, considerando as restrições financeiras e de recursos humanos e ainda a necessária independência e imparcialidade quando do uso de uma mesma equipe técnica pela autoridade competente e pelo requerente em uma atividade ou projeto específico.

Comentário: A maior parte dos institutos da CNEN, onde estão situados laboratórios importantes para testes relativos à segurança no transporte de material radioativo e alocados muitos especialistas, pertence à Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da CNEN. Há casos em que empresas envolvidas com o transporte de material radioativo demandam os

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serviços destes laboratórios, que são também demandados pelo Grupo de Transporte para validação dos testes solicitados pelas empresas. Não há regras para a utilização destes recursos pela DRS e, com isto, muitas vezes atividades inerentes à autoridade competente deixam de ser realizadas. Segundo informou o Coordenador do Grupo, até 2016 foi possível contar com a colaboração informal de especialista, principalmente quanto a ações a serem realizadas visando a redução das doses recebidas pelos motoristas das empresas fiscalizadas. O Grupo também contou por algum tempo com especialista em proteção radiológica no IPEN, o que permitiu identificar casos potenciais de exposição à radiação. A Portaria nº 2 de 25/02/2015 nomeou o Grupo de Proteção Radiológica, formado por 16 especialistas, que elaboraram um regimento norteando suas atividades, mas este regimento ainda não foi aprovado. As regras poderiam cobrir a realização de estudos relativos à causa-raiz dos diversos arranjos especiais, do possível agrupamento de causas e da identificação e adoção de medidas mitigadoras e, ainda, a utilização de recursos humanos dos institutos localizados em diferentes pontos do país para a inspeção, não realizada até o momento, da etapa aeroporto de destino até destino final.

Proposta 19 – Recomendação: Assegurar a manutenção dos recursos humanos e

financeiros necessários ao pleno desenvolvimento das atividades voltadas à segurança das operações de transporte de materiais radioativos. Nesta linha de ação, promover a contratação de profissional dedicado, especialista em proteção radiológica.

Comentário: Há evidências de que o Grupo de Transporte está subdimensionado e de que faltam recursos humanos e financeiros necessários à realização de diversas atividades que devem ser desempenhadas pela autoridade competente. É preciso avaliar a dimensão desta lacuna, considerando a tendência de crescimento no volume de operações de transporte e as interferências políticas, as restrições orçamentárias e a evasão de recursos humanos. As empresas entrevistadas demandam reforço na fiscalização. A AIEA já havia identificado esta questão em 2002, no TranSAS, e recomendado providências no sentido de garantir a segurança financeira, além de sugerir avaliação quanto à suficiência do número de servidores para lidar com as diferentes tarefas atribuídas à autoridade competente.

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