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Como julgas que poderia ser potencializado este tipo de trabalho na tua formação

Viagem a um terreno de ensino-aprendizagem

3. Como julgas que poderia ser potencializado este tipo de trabalho na tua formação

linguística? (O que teria sido necessário fazer para que este tipo de trabalho tivesse

mais e maiores efeitos na tua formação? Mais cedo? Maior frequência?)

4. (Apresentação do texto do Exercício de Compreensão) O que precisas fazer para

compreender este texto?

Como se pode observar, estas questões têm também pontos em comum com a Entrevista intermédia, quer porque procurávamos verificar a existência de alterações de opinião, quer porque continuávamos a reger-nos pelo mesmo conjunto de objectivos gerais desenhado para este tipo de instrumento de recolha de dados.

Antes de ser colocada a Questão 4, seriam apresentadas as questões específicas concebidas para algumas alunas, versando aspectos das respostas ao Questionário que tinham ficado menos claros, a saber:

- AP e M – Classifica de V ou F as afirmações seguintes e justifica a tua opção:

* Para compreender um texto numa LE é necessário traduzi-lo na íntegra.

* Para retirar informação de um texto numa LE é suficiente compreender algumas palavras-chave.

* Se não conseguir traduzir, ainda que aproximadamente, todo um texto, então não posso dizer que o compreendi.

- Contactar com uma língua, oralmente ou por escrito, permite adquirir conhecimentos sobre ela?

- I – Alguma vez contactaste, na escola ou fora dela, com línguas que nunca estudaste? (Quais e em que circunstâncias?)

- N – Disseste, em resposta ao último questionário que preencheram, que “não podemos

dizer que podemos compreender essa tal língua estrangeira conhecendo apenas algumas palavras que se relacionam com a nossa língua materna, desconhecendo completamente a sua gramática”. Ainda concordas com esta afirmação? Porquê?

- Contactar com uma língua, oralmente ou por escrito, permite adquirir conhecimentos sobre ela?

Tecendo alguns comentários breves à concretização desta Entrevista Final, cujo conteúdo será aprofundado nos capítulos de análise dos dados, temos que referir, em primeiro lugar, a assumpção clara que fizemos do nosso papel de professora/investigadora, que se reflectiu em:

- tentativas de reformulação e clarificação das ideias expressas pelas alunas,

(173) E portanto... digamos que o latim te obriga a aprofundar mais os teus conhecimentos ao nível do + / da maneira como + (SIL) eu acho que sei o que é que tu sentes mas... queria que fosses tu a dizer / para não ser eu porque pode não ser exactamente a mesma coisa // tu sabes que as línguas têm regras de funcionamento...

(174) CI hm

(175) E e que as próprias línguas traduzem muitas vezes... uma maneira de ver o mundo / a maneira de ver o mundo do povo que as fala / digamos que / para perceber o latim / tu tens que desenvolver ou aprofundar a tua capacidade de compreender a forma como as línguas funcionam

(176) CI hm hm

(177) E digamos que... tens que saber mais sobre o funcionamento das línguas / será isso... // olhando agora aqui rapidamente para este texto / supõe que encontravas este texto num livro e que... era importante e precisavas retirar dele informação // o que é que precisas fazer para compreender o texto? // o que é que começas por fazer? //

(Anexo V – 447);

- insistência na busca de uma ideia que desejávamos que alcançassem e retivessem (ex: recordação de que se tinham solicitado actividades de explicitação e reflexão sobre estratégias de acesso ao sentido, na maioria das entrevistas) e em longos enunciados de índole sobretudo informativa,

(35) E contudo... tu sabes que / sobretudo se pensares a nível curricular... isto é das disciplinas que vocês têm na escola / sabes que não é muito praticável que vocês possam ter mais disciplinas de línguas / que possam estudar mais línguas / eventualmente poderiam estudar outras que... se calhar não têm oportunidade de estudar porque a escola não oferece / mas mais do que aquelas que já estudam seria complicado em termos de currículo // então o que é que achas que poderia ser feito... / porque tens noção que hoje em dia uma pessoa... precisa de saber... desenvencilhar-se no mundo das línguas digamos assim / que a qualquer momento até se vai à internet... ou se faz uma viagem... ou até se está no seu mundo de trabalho e por qualquer motivo lhe aparece um texto ou... neste caso vamos falar de texto porque foi com texto escrito que trabalhámos / ou até na universidade... porque tem que ler uma bibliografia que está numa língua que eventualmente não estudou / e que precisa mesmo... e portanto tem mesmo que fazer um esforço para compreender // ahm... tendo em conta que isso exige determinado tipo de capacidades e tendo em conta que em termos de currículo é complicado estudar um maior número de línguas do que aquele que vocês têm oportunidade de estudar / o que é que achas que... com este tipo de trabalho... que é um trabalho que aparece inserido nas disciplinas que vocês já têm / ahm... o que é que poderia ser feito... tendo em conta os constrangimentos que já mencionámos... o que é que neste tipo de

trabalho poderia ter sido feito mais / para que a tua formação linguística / ainda que não contemplando o estudo completo de uma língua / te ajude a desenvolver a tua capacidade de

lidar com línguas... e de encontrar sentidos nas línguas? / portanto dentro deste âmbito // o que mais poderia ter sido feito? //

(Anexo V – 454).

No entanto, procurámos sempre que, em primeiro lugar, ficasse clara a opinião, ou falta dela, das alunas, e só depois avançávamos para este discurso de carácter mais reflexivo, que foi, em certas ocasiões, a motivação para que emitissemos, inconscientemente, na altura, alguns juízos de valor ou opiniões próprias.

A partir desta leitura longitudinal e cronológica da fase de implementação do PP muitos aspectos frágeis e criticáveis ressaltam, mas também uma nova consciência da riqueza, diversidade e complexidade dos dados recolhidos, que acreditamos serem válidos e passíveis de uma análise interessante e, sobretudo, importante para a compreensão do processo de aprendizagem das línguas no contexto escolar em que nos movemos e para a desocultação de potencialidades interessantes que uma abordagem didáctica do tipo da que presidiu à concepção do PP pode apresentar.

Em síntese (1):