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Como o cidadão brasileiro usa a tecnologia?

Segundo estimativa da Fundação Getulio Vargas - FGV (MEIRELLES, 2015), o Brasil possui três dispositivos (computadores, tablets ou telefones inteligentes) para cada dois habitantes. São 152 milhões de computadores e tablets “em uso”, que representam três computadores para cada quatro habitantes. Desse total, 24 milhões são tablets.

Segundo a mesma pesquisa (MEIRELLES, 2015), são 306 milhões de dispositivos conectados à Internet, a maioria (154 milhões) telefones inteligentes. Pela primeira vez em 2013, mais de 50% dos brasileiros tiveram acesso à rede (IBGE, 2013).

A pesquisa do Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil, a TIC Domicílios 2014, revela que a proporção de domicílios com acesso à Internet em 2014 era de 50%, o que corresponde a 32,3 milhões de domicílios em números absolutos. Desigualdades por classe social e área persistem ao longo dos anos, as classes A e B, e as regiões Sul e Sudeste (Figura 14) concentram os

Figura 13 - Proporção de domicílios com computador, por classe social.

Fonte: CGI, 2015

Figura 14 - Proporção de domicílios com computador, por região do Brasil.

Fonte: CGI, 2015

maiores índices de domicílios com computador. Na classe A, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 99%; na classe B, 85%; na classe C, 49%; e entre as classes D e E, 12%, sendo que essas classes representam 26% da população do Brasil (IBGE). Nas áreas urbanas, a proporção de domicílios com acesso à Internet é de 54%, enquanto nas áreas rurais é de 22%.

A pesquisa mostra ainda um crescimento significativo do uso da Internet pelo celular. O percentual de brasileiros com dez anos ou mais que acessou a rede por meio do aparelho mais do que triplicou nos últimos três anos: em 2011, essa proporção era de 15%, chegando a 47% em 2014. Em relação aos dispositivos utilizados pelos indivíduos para acessar a Internet, constatou-se a preferência pelo telefone celular (76%), que é mais citado do que o computador de mesa (54%), notebook (46%) e tablet (22%). Além disso, 84% dos usuários de Internet pelo celular afirmaram acessá-la todos os dias ou quase todos os dias.

Os números referentes à adoção de tecnologia no Brasil são interessantes. O país é, ao mesmo tempo, dotado de altas taxas de adoção de Internet pelo celular, mas há desigualdades no acesso domiciliar e nas atividades mais realizadas pelos brasileiros na Internet. Essas informações fizeram com que o governo brasileiro e de outros países latino-americanos, desde o fim do século XX, percebessem a necessidade de promover, por meio de políticas públicas, a inclusão digital (VAZ, 2003).

O Ministério das Comunicações tem como sua missão contribuir para a inovação tecnológica e a inclusão social no Brasil, promovendo políticas públicas nacionais com esse fim. Para o órgão, ao valorizar a cidadania, a busca do saber e da informação é que se promove a real inclusão digital. Para isso, há projetos do Ministério que vão desde investimento em infraestrutura à promoção de espaços

2 BRASIL: SMART CITY PARA SUPERAÇÃO DE ANTIGOS E NOVOS DESAFIOS

públicos com acesso irrestrito à conexão de Internet, além da capacitação de gestores municipais e de cidadãos, principalmente em municípios na área rural - onde a inclusão digital ainda é baixa - e em locais com população vulnerável (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES, 2015).

Nesse sentido, o governo federal tem buscado promover a inclusão digital em pequenos municípios com pouca infraestrutura de conexão e em regiões vulneráveis. Como exemplos disso há o Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), o Gesac (Governo Eletrônico - Serviço de Atendimento ao Cidadão), o projeto Cidades Digitais, os Telecentros e as Redes Digitais de Cidadania. De modo geral, essas iniciativas objetivam fomentar a capacitação de funcionários públicos e de cidadãos no uso das tecnologias. Assim, a administração pública local oferece serviços públicos online e os cidadãos podem ter à disposição ferramentas para usufruir desses serviços. Ações dessa natureza não se restringem ao ente federal, pois iniciativas similares são encontradas nos estados e municípios.

O Brasil lidera, na América Latina, o número de dispositivos em uso, seja o número de telefones celulares ou o de smartphones. Uma parcela da população vive conectada, com acesso à Internet no trabalho, no domicílio e em movimento. Quem tem acesso à Internet é, em geral, heavy user ou usuário habitual. Para essas pessoas, as possibilidades do que chamamos de economia colaborativa já são concretas, tal como se morassem em países com amplo acesso à Internet, como a Espanha ou os EUA.

Mas a erupção da economia colaborativa veio acompanhada de polêmica: o Uber, já citado, tem obrigado as cidades a legislarem sobre sua utilização. Há questionamentos e, recentemente, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro ocorreram episódios de conflito e manifestações que chegaram a interromper os serviços de transporte. A oferta de compartilhamento de acomodações, o Airbnb, também vem sendo veementemente questionada pela rede hoteleira, com ênfase nas cidades de potencial turístico. Manifesta-se um conflito entre uma preocupação social e de regulação, e uma situação nova, provocada pelo uso de tecnologia, que não se encaixa nos padrões tradicionais.

A ideia subjacente ao conceito de economia colaborativa é a de uma utilização mais eficiente de recursos para aproveitar o excedente de capacidade quando tais recursos estão ociosos. Há um sentido econômico aparente, satisfaz uma demanda da população e parece trazer resultados positivos em relação a impacto ambiental. É uma tendência com possibilidades econômicas, mas que trouxe consigo exigências por mudanças, e elas são polêmicas.

Algumas empresas tradicionais, em outros países, estão começando a adaptar seus serviços para cobrir a procura por modelos que priorizem o uso e ofereçam novas formas de cobrança baseadas na utilização real dos serviços. Por já se encontrarem no mercado, ao adaptarem seus serviços para a nova forma, essas empresas têm como vantagem as garantias legais e a experiência em prestação de serviços no setor. Um exemplo espanhol é o seguro “Pago como conduzo”, lançado por uma parceria entre Telefônica e Generalli. Trata-se de um dispositivo instalado no veículo que monitora a forma de dirigir do motorista, atribuindo-lhe uma pontuação que é utilizada pela seguradora para calcular o valor do seguro.