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O conceito de smart city pressupõe evolução e melhoria contínua. Cada cidade tem a sua problemática específica e parte de situações e demandas de seus cidadãos com diferentes visões, por isso seu plano estratégico e seu ritmo de desenvolvimento serão diferentes.

Ilkka Lakaniemi, professor da Aalto University Business School e vice-presidente de Digitalization & Renewal e consultor sênior de

Internet economy na Câmara de Comércio de Finlândia, em entrevista ao Centro de Inovação do Setor Público de PwC e IE Business School (Madri, Espanha) comenta que “o objetivo de ser smart city não é ter aplicações móveis atraentes, mas gerir a cidade de

maneira diferente, de modo mais eficiente”.

Apesar de o caminho ser único e particular a cada cidade, é possível desenhar um modelo com estágios de evolução em comum. A ilustração a seguir mostra a visão de especialistas internacionais que representa em quatro estágios o avanço das cidades rumo a uma gestão inteligente(Figura 48).

5 O ROTEIRO DA SMART CITY: DA ESTRATÉGIA À IMPLEMENTAÇÃO E fi ci ên ci a e m cu st o e i n ve st im en to

Sustentabilidade e experiência do cidadão

CONECTADA

• Plataformas interoperáveis

• Dotação de insfraestruturas comuns e interconectadas

• Aplicativos específicos avançados para cidadãos

• Surgimento de serviços transversais e serviços verticais

INTELIGENTE

• Ecossistema de inovação • Ambientes de Machine learning • Análise preditiva

• Atuação em tempo real

VERTICAL

• Infraestrutura tecnológica para os verticais • Publicação de informações públicas. Lei de

Acesso à Informação n. 12.527/2011 HORIZONTAL

• Plataforma horizontal de gestão • Compartilhamento de informação para

prestar serviços públicos de forma mais eficiente

• Economias de escala e aumento da capacidade de negociação

Figura 48 - Modelo de evolução da smart city.

A partir da visão dos especialistas internacionais, as quatro fases da evolução da smart city são:

• Vertical: envolve a introdução da tecnologia nos diferentes serviços urbanos (gestão da iluminação pública, resíduos sólidos, mobilidade etc.). Cada uma das áreas de gestão do município impulsiona tais mudanças, em geral de forma independente. Como exemplo no Brasil, o projeto de iluminação pública inteligente da cidade de São Paulo que, concebido como uma PPP, pretende otimizar e controlar em tempo real a infraestrutura da rede municipal de iluminação pública.

• Horizontal: prevê a gestão da prestação de serviços de forma intersetorial, portanto, horizontal. O desenvolvimento de uma plataforma tecnológica inteligente já se manifesta nas centrais 156, utilizadas em várias cidades brasileiras, e que são o embrião de uma gestão mais integrada. No entanto, os projetos no Brasil ainda estão em fase de estruturação.

• Conectada: nessa terceira fase, o objetivo é ter a cidade interconectada. Uma vez que a cidade tenha digitalizado os serviços e tenha implementado uma solução tecnológica horizontal, poderá interconectar cidadãos, serviços urbanos, universidades e redes urbanas. Isso facilitará a captura adicional de sinergias entre os serviços verticais e também a melhoria e/ou o desenvolvimento de novos serviços de valor agregado para o cidadão e para empresas, tendo como base informação compartilhada. Do cruzamento e da análise dos diferentes dados da cidade (serviços e cidadãos), é possível, por um lado, tomar decisões estratégicas e aperfeiçoar a gestão da cidade e, por outro, fornecer informações em tempo real aos cidadãos para que tomem suas decisões pessoais, com base no que está acontecendo ao seu redor. Para Rodrigo José Firmino, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) “a cidade do futuro será uma cidade extremamente conectada entre pessoas, entre grupos, entre pessoas e objetos e entre objetos e objetos (Internet das coisas)”.

• Inteligente: na qual, além da tomada de decisões de forma preditiva, antecipam-se as circunstâncias, os acontecimentos, com base em dados estatísticos, e usa-se um ecossistema de inovação “em escala”. Juan Ignacio Criado, professor da Universidad

Autónoma de Madrid, em entrevista ao IE Business School (Madri/Espanha) manifesta que um “governo inteligente é aquele

que a partir de dados heterogêneos toma decisões inteligentes, que impactam na melhor gestão da cidade”. O desafio fundamental para alcançar esse estágio é a implementação de uma tecnologia avançada em escala para toda a cidade, com o ecossistema de inovação como uma peça fundamental de sua construção e subsequente implantação. A inteligência compartilhada é importante para todos os atores, pois a plataforma da cidade comporta-se como um facilitador de soluções colaborativas e um habilitador de novos modelos de negócio.

Em virtude desses estágios ou níveis de desenvolvimento, Iñigo de la Serna, prefeito de Santander (Espanha), em entrevista ao Centro de Inovação do Setor Público de PwC e IE Business School (Madri/Espanha) diz que “estamos nos estágios iniciais de uma mudança estrutural que irá revolucionar a forma como entendemos as cidades”.

Desenvolve-se em paralelo, e acompanhando essas quatro fases, um conjunto de inter-relações, tanto de informações como de negócios, que dota a smart city de mais conectividade e inteligência, para melhorar a vida na cidade. Para Rodrigo José Firmino, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em entrevista à Fundação Getulio Vargas (São Paulo/SP), “a cidade do futuro é uma cidade extremamente conectada entre pessoas, entre grupos, entre pessoas e objetos e entre objetos e objetos (Internet das Coisas)”.

Os principais atores desse ecossistema são o cidadão, o terceiro setor, os governos, as universidades, as empresas privadas, as prestadoras de serviços (energia, comunicações, coleta de lixo, limpeza urbana etc.), os desenvolvedores de serviços e aplicações inovadoras. São esses atores que, a partir da plataforma (SCP) e dos dados da cidade, contribuem para que a cidade passe de uma fase a outra.

É nesse ecossistema que a cidade deve apoiar-se para poder melhorar e otimizar os serviços atuais, e para poder fomentar a criação e o desenho dos serviços do futuro. A função da cidade será facilitar o movimento do ecossistema mediante mecanismos de participação, e regulação, compras públicas e criação de desafios que fomentem a inovação e o investimento.

5 O ROTEIRO DA SMART CITY: DA ESTRATÉGIA À IMPLEMENTAÇÃO

A seguir, descreve-se com mais detalhes os problemas identificados pelos especialistas e gestores públicos das cidades brasileiras em cada um dos pontos-chave, assim como as percepções deles a respeito, e exemplos relevantes.

1. Liderança e modelo de governança 3. Marco legal e regulatório 2. Estratégia e visão de cidade 4. Modelo tecnológico 6. Modelos de negócio sustentáveis 5. Modelo de financiamento