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A participação das agências multilaterais e dos bancos de fomento no financiamento dos projetos

Existe uma série de opções para financiar as iniciativas de smart city:

• O financiamento de agências multilaterais, que normalmente permitem financiar pilotos ou iniciativas inovadoras específicas, muitas vezes, com uma agenda definida.

• O recurso de orçamentos da administração pública. Essa fonte de financiamento é limitada pela capacidade de investimento e endividamento das cidades, agravada pela crise econômica. Mas tem a vantagem de permitir o avanço mais autônomo, incorporando pouco a pouco as peças necessárias para construir a smart city.

• As parcerias com as a iniciativa privada são uma opção para a falta de dinheiro público para grandes investimentos, principalmente em infraestrutura.

A participação das agências multilaterais e dos bancos de fomento no financiamento dos

projetos

A transformação de serviços urbanos pode ter um retorno econômico positivo. Entretanto, envolve um grande desembolso e investimento inicial para a implementação de soluções tecnológicas que nem todos os municípios conseguem arcar. As agências multilaterais nacionais e internacionais, como Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) proporcionam linhas de financiamento às cidades.

Atualmente, diversos projetos financiados por essas instituições visam ao desenvolvimento de inovação tecnológica na cidade ou nas administrações públicas. O investimento inicial serve como alavanca e é de grande ajuda para os municípios na implantação de projetos de smart city.

5 O ROTEIRO DA SMART CITY: DA ESTRATÉGIA À IMPLEMENTAÇÃO

As agências multilaterais apresentam políticas específicas para o oferecimento de linhas de crédito e de operações de assistência técnica, elegendo critérios próprios que devem ser seguidos pelos potenciais beneficiários desses instrumentos. Grande parte dessas organizações trabalha com recortes temáticos e oferece distintos tipos de serviço, como o financiamento de projetos, atividades de capacitação, consultoria, avaliação de projetos, financiamento de pesquisas, realização de assistência técnica, doações financeiras, promoção de eventos, concursos, entre outros.

De forma simplificada, duas modalidades se resumem à captação de recursos:

1. Recursos onerosos: recursos captados que devem ser reembolsados às instituições, seguindo certas condições. São operações de empréstimo.

2. Recursos não onerosos: recursos (financeiros ou não) que não devem ser reembolsados. São doações de serviços financeiros ou de assistência técnica.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é uma entidade financeira internacional e uma das principais fontes de financiamento para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe. Nos últimos cinco anos, os investimentos do BID no Brasil alcançaram US$ 19 bilhões para reforma e modernização do Estado, em ações destinadas a áreas como: transporte, energia, água e saneamento, entre outras.

O Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) fomenta ações de TIC para cobertura, qualidade e acessibilidade das infraestruturas de banda larga, como o apoio dos serviços de comunicação e informação por meio do desenvolvimento de redes troncais nacionais e inter-regionais, de cabos submarinos; pela implantação de redes e transição para televisão digital terrestre. Inclui ações para a inclusão digital, os serviços públicos e a criação de conhecimento (CAF, 2015).

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é outro instrumento de financiamento de longo prazo para a realização de investimentos em todos os segmentos da economia, em uma política que inclui as dimensões social, regional e ambiental. As cidades têm à disposição linhas de crédito como o BNDES PMAT (Modernização da Administração Tributária e da Gestão dos Setores Sociais Básicos). Busca-se apoiar projetos de melhoria da eficiência, qualidade e transparência da gestão pública municipal. Os projetos visam à modernização da administração tributária e à melhoria da qualidade do gasto público, proporcionando aos municípios uma gestão eficiente de recursos, em especial, por meio do aumento das receitas e da redução do custo unitário dos serviços com administração geral, saúde e educação (BNDES, 2015).

Num espaço mais restrito que o de smart cities, mas relevante, o Programa Cidades Digitais, do Governo Federal, destinado a pequenas cidades com até 50 mil habitantes, disponibiliza recursos para modernizar a gestão, ampliar o acesso aos serviços públicos e promover o desenvolvimento dos municípios brasileiros por meio da tecnologia. Para isso, atua nas seguintes frentes (MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕES, 2015):

• Construção de redes de fibra óptica que interligam os órgãos públicos locais. • Disponibilização de aplicativos de governo eletrônico para as prefeituras. • Capacitação de servidores municipais para uso e gestão da rede.

• Oferta de pontos de acesso à Internet para uso livre e gratuito em espaços públicos de grande circulação, como praças, parques e rodoviárias.

Entretanto, para acessar esses recursos de agências multilaterais, há vários requisitos exigidos. Por exemplo, a União Europeia coloca como pré-requisitos para se candidatar a fundos os seguintes itens:

• Definição de um plano estratégico, detalhando os objetivos a atingir no projeto e a situação, pontos fortes e fracos da cidade. • Definição de objetivos com base em indicadores que permitam controlar a execução do projeto.

• Ampliação do alcance dos projetos para além da cidade, abrangendo uma região que reúna diferentes cidades. • Formação de parcerias entre cidades, grandes e pequenas, empresas e universidades.

A União Europeia oferece diversos programas de apoio à inovação e ao desenvolvimento do uso de tecnologia para a melhoria da vida nas cidades. Um desses programas, o Horizonte 2020 (H2020), é de investigação e inovação na União Europeia para o período 2014-2020. Ele dispõe de um orçamento total de € 76.880 milhões destinados a iniciativas de fundos e projetos de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, demonstração e inovação com claro valor agregado. No ano de 2015, o programa teve foco na cooperação com o Brasil e destinou cerca de €15 milhões para os cinco projetos selecionados entre os 67 submetidos (REDE NACIONAL DE ENSINO E PESQUISA, 2015).

Financiamento da administração pública e