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6. METODOLOGIA

7.3. Segmento de Pecuária

7.3.2. Comparação da carga tributária da alimentação

Nos custos variáveis de produção de suínos divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2015), no ano de 2011 a alimentação representou 85,31% dos custos de produção. Esse alto custo é refletido na carga tributária dos insumos destinados à alimentação dos suínos. De acordo com a Embrapa (2011) esse valor pode ser alterado de acordo com a conversão alimentar de rebanho, além disso, o preço do suíno deve ser 4,4 vezes superior ao preço da ração, para que o produtor equilibre os custos de produção com o preço de venda dos animais.

Em cada fase do crescimento do suíno, a alimentação precisa ser diferenciada de maneira que deve existir um balanceamento das rações para atender estritamente as exigências nutricionais nas diferentes fases de produção (CARVALHO; VIANA, 2011). Pensando nesta etapa foi realizada pesquisa mais aprofundada para entender, em qual dessas fases existe a maior carga tributária considerando do diferimento do ICMS. Para tanto, foram realizadas entrevistas mais aprofundadas com produtores nas etapas de produção do leitão e terminação. Logicamente a formulação completa da ração não é o mais importante neste tipo de análise, e nem poderá ser completamente divulgada, porém os principais componentes da fórmula garantem a análise.

Na Tabela 32 tem-se a carga tributária da ração destinada às matrizes e aos leitões. O objetivo ao alimentar matrizes em gestação é gerar leitões com maior peso e preparar a fêmea para lactação, fornecendo quantidades de leite adequadas ao leitão evitando a perda de peso. Já a nutrição de leitões, é uma etapa mais complexa, dado que os leitões não possuem aparelho digestivo totalmente maduro de forma que os ingredientes devem possuir alta digestibilidade (EMBRAPA, 2011).

A ração da etapa de gestação é utilizada em todas as leitoas (futuras matrizes do plantel) cerca de 20 a 30 dias ao anteceder a primeira cobrição e até 30 dias antes do parto. O ítem que mais pesa, em termos de carga tributária, na composição desta ração é o milho (30,04%), e a carga tributária total da ração nesta fase é de 12,26%. Outra fase da nutrição das matrizes é a que antecipa o parto, na entrada da maternidade a fêmea recebe cerca de 3,5 kg de ração, e após o parto cerca de 6,5 kg de ração por dia. Durante a fase chamada de pré-parto, assim como na lactação as cargas tributárias são 12,21% e 12,46% respectivamente.

Tabela 32- Carga tributária da ração suína, na unidade de produção de leitões, em Mato Grosso, 2010.

CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL

Matriz Leitões

Gestação Pré parto Lactação Maternidade Pré inicial Inicial 1 Inicial 2

12,26% 12,21% 12,46% 16,78% 16,25% 15,68% 13,11% INSUMO Participação dos insumos na carga tributária total (%)

Milho 30,04 26,72 16,70 1,04 2,16 3,83 12,88 Farelo de soja 16,00 20,42 33,42 1,75 5,45 9,44 31,79 Farinha de carne 0,81 3,84 4,18 Casca Soja 10,36 7,43 Sal 0,29 0,08 0,19 Açúcar 12,37 0,70 1,64 3,03 9,96 Fosfato 6,83 1,85 Calcário 1,19 0,04 0,13 Resíduo Gordura 5,79 8,32 0,99 1,72 1,95 4,47 Outros 35,29 33,83 24,69 95,52 89,03 81,75 40,90 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 Fonte: elaborada pela autora

Já as rações formuladas para leitões podem ser classificadas, de maneira geral como maternidade, pré-inicial e inicial que são diferentes em composição de acordo com a idade dos animais. A carga tributária média da ração formulada para os leitões é de 15,46%, 3,15% maior que a média da ração direcionada às matrizes. O que torna a ração dos leitões com a carga tributária mais elevada são produtos como aminoácidos e proteínas (como soro do leite em pó ou outra fonte animal), premix e núcleo, que na composição apresentada aparece como “outros”. As quantidades utilizadas desses

insumos dependem de cada fase de vida do animal, mas observa-se que os alimentos ricos em proteína, de maneira geral, são mais onerosos que os energéticos.

Como não existe na natureza alimento ideal que isoladamente sirva para nutrição balanceada para os suínos, a combinação de ingredientes e a formulação de rações são fundamentais para ganho de qualidade da carne produzida nas granjas. E para reduzir o custo da alimentação essas fórmulas devem ser trabalhadas para obtenção do custo mínimo (LUDKE et al, 1997).

O grau de tecnificação, o tipo e o sistema de produção da granja podem determinar o número e a complexidade das rações, que variam em função da fase de criação dos animais. A Tabela 33 mostra a carga tributária das rações nas fases de terminação, onde os suínos são preparados para abate. São três tipos: 1) crescimento - para suínos desde o alojamento até os 105 dias de idade; 2) terminação - para suínos do fim da ração crescimento até os 135 dias de idade; e 3) retirada- para suínos do fim da ração terminação até o abate (DIAS et al, 2011).

As cargas tributárias nestas fases são 10,7% na de crescimento, 10,17% na terminação e 10,12% na retirada. De maneira geral estas formulações não apresentam grandes variações, com relação aos tipos de insumos, e o principal ingrediente da ração para suínos é o milho, que representa cerca de dois terços do volume, e por isso é responsável por grande parte dos impostos devidos. Com a cotação do milho aumentando nos últimos anos, tanto para indústria de alimentos ou outra qualquer, significa perspectiva de elevação de custos (BISPO; FERREIRA; ABRANTES, 2008).

Tabela 33- Carga tributária da ração suína, na unidade de terminação, nas granjas de suínos no estado de Mato Grosso, 2010.

CARGA TRIBUTÁRIA TOTAL

Crescimento Terminação Retirada

10,70% 10,17% 10,12%

INSUMO Participação dos insumos na carga tributária total (%)

Milho 18,43 25,71 29,51 Sorgo 8,51 10,49 11,22 Farelo de soja 31,95 28,63 23,73 Sal 0,23 0,29 0,31 Farinha de carne 3,28 3,42 2,83 Calcário 0,32 0,42 0,46 Resíduo Gordura 5,88 5,32 4,66 Outros 34,68 25,72 27,28 Total 100,00% 100,00% 100,00%

Fonte: elaborada pela autora

A ração de retirada é a última formulação antes do abate do animal. E deve ser ministrada com no máximo de 10 a 12 dias antes do embarque para o abate. No manejo pré-abate dos suínos a prática do jejum é fundamental, tendo um impacto

positivo no bem-estar dos animais e na qualidade da carne (COSTA et al, 2012). De acordo com pesquisadores como Bispo, Ferreira e Abrantes (2008), bem como Embrapa (2011) a possibilidade de auferir lucros com a produção de suínos depende de um adequado planejamento da alimentação dos animais.