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Com o objetivo de comparar as análises geoquímicas das amostras de minério hematítico compacto das minas dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com dados encontrados na literatura são apresentados dados geoquímicos referentes às amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras que também é localizada no Quadrilátero Ferrífero (Spier et al. 2007), em que as amostras são representadas por MAC e da Mina de Meghatuburu pertencente ao Grupo Noamundi na Índia (Beukes et al. 2008), em que as amostras são representadas por MM.

Segundo Spier et al. (2007), os minérios compactos da Mina de Águas Claras são constituídos, principalmente, por hematita que podem se apresentar como martita, hematita tabular e especularita, e possuem concentrações baixas de elementos-traços. Segundo esses autores, os minérios hematítico compactos dessa mina possuem origem que envolve, no mínimo, dois processos de mineralização, sendo eles: processos hipogênicos e supergênicos.

A composição química (%) média dos elementos maiores e a média do PPC das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são apresentados na Tabela 5.28, assim como a composição química (%) média das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.

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Tabela 5.28: Composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras dos complexos

Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).

Compostos Complexo Itabirito

Hem Itab Complexo Fazendão Hem Itab Complexo Itabira Hem Itab MAC Hem Hem MM

Fe2O3 99,15 51,32 94,31 53,21 99,0 49,21 97,66 97,80 FeO 0,34 0,27 0,10 0,13 0,13 0,14 0,82 - P2O5 0,11 0,22 0,18 0,32 <LQ 0,046 0,13 <0,01 Al2O3 0,20 0,13 1,23 0,12 0,19 0,33 0,24 0,27 SiO2 <LQ 48,07 3,37 45,79 <LQ 48,69 0,66 0,50 MnO2 0,02 0,014 0,13 0,063 0,047 0,08 0,03 0,012 CaO 0,03 <LQ <LQ 0,27 0,06 0,03 0,33 0,01 MgO 0,008 0,013 0,01 0,03 0,06 0,18 0,22 <0,01 TiO2 0,016 0,014 0,04 0,02 0,02 0,02 0,018 0,01 LOI 0,25 0,26 1,00 0,32 0,16 0,22 0,52 1,40 Ʃ 100,12 100,30 101,37 100,27 99,67 99,95 100,63 100,02

Hem = hematita compacta; Itab = itabirito.

Conforme pode ser observado na Tabela 5.28, a principal diferença entre as amostras de hematita compacta e as amostras de itabirito dos complexos estudados são os teores de Fe2O3 e SiO2,

sendo inversamente proporcionais. Analisando-se apenas as amostras de hematita compacta pode-se observar que tanto as amostras analisadas nesse trabalho quanto as amostras da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu apresentam composição química simples, sendo constituídos essencialmente por Fe2O3. Os teores médios das concentrações de Fe2O3 são superiores a 94,0% para

as minas dos complexos estudados e para as minas utilizadas como comparação. Todas as amostras apresentam teores de FeO menores do que 1,0%, indicando que essas amostras apresentam baixa concentração em magnetita. Os teores de P2O5 são inferiores a 0,18% e os teres de Al2O3 são inferiores

a 0,27%, exceto para as amostras hematita compacta do Complexo Fazendão que apresentam cerca de 1,23% de Al2O3. As concentrações de SiO2 são menores do que 0,66%, exceto para as amostras de

hematita compacta do Complexo Fazendão que apresentam cerca de 4,37% em SiO2. Os teores de

MnO2 são menores do que 0,012%, exceto para as amostras do Complexo Fazendão que apresentam

cerca de 0,13% em MnO2. Os teores de CaO das amostras de hematita compacta apresentam

concentrações menores do que 0,06%, enquanto que as amostras da Mina de Águas Claras apresentam concentração média de CaO igual a 0,33% e as amostras da Mina de Meghatuburu apresentam cerca de 0,01% de CaO. É observado, na Tabela 5.28, que as minas apresentam concentrações inferiores a 0,013% em MgO, exceto a Mina de Águas Claras que apresentam cerca de 0,22% em MgO. Todas as minas apresentam teores inferiores a 0,04% de TiO2. Tanto as amostras analisadas nesse trabalho

quanto as amostras utilizadas para comparação apresentam valores de PPC inferiores a 1,40%, indicando que no minério há pouca quantidade de material volátil. Com o objetivo de comparar a composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com a composição química (%) média da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu é apresentado o gráfico da Figura 5.43.

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Figura 5.43: Comparação da composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras de

hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com a composição química (%) média das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.

A composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são apresentados na Tabela 5.29, assim como a composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.

Tabela 5.29: Composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras dos complexos Itabirito,

Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).

Traços Complexo Itabirito

Hem itab Complexo Fazendão Hem itab Complexo Itabira Hem itab MAC Hem Hem MM Sc 0,49 0,16 0,86 0,43 0,37 0,26 <3,0 - V 30,90 3,80 14,61 6,88 19,01 11,19 35,6 7,0 Cr 6,96 4,51 12,07 8,19 7,50 8,07 65,3 - Ni 7,21 4,22 1,59 0,82 2,83 2,55 <20 1,9 Ga 0,65 0,18 0,85 0,34 0,34 0,28 <1,0 - Rb 0,26 0,35 <LQ <LQ <LQ <LQ <1,0 0,93 Zr 2,43 1,08 4,46 1,71 2,95 2,35 5,8 2,59 Nb 0,25 0,05 0,39 0,23 0,24 <LQ 0,4 - Mo 1,92 0,45 0,48 0,34 0,77 0,35 <2,0 0,7 Sb 0,71 0,27 0,09 0,04 0,08 0,02 4,0 0,1 Cs 0,06 0,04 0,03 <LQ <LQ <LQ <0,1 0,43 Ba 17,61 15,13 8,96 3,77 9,19 13,43 13,1 25,7 Hf 0,05 0,02 0,12 0,04 0,06 0,06 <0,1 0,06 Pb 1,66 0,72 3,39 0,90 0,43 0,50 <5,0 0,5 Th 0,24 0,06 0,31 0,19 0,27 0,19 0,2 0,1 U 3,43 2,67 1,20 0,65 0,67 0,36 4,5 0,5 Ʃ 74,83 33,71 49,41 24,53 44,71 39,61 161,1 41,61

Hem = hematita compacta; Itab = itabirito.

Observa-se que o somatório médio dos elementos-traços das amostras de hematita compacta são iguais a: 74,83, 49,41 e 44,71 ppm para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira,

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respectivamente. Já o somatório médio dos elementos-traços analisados das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu são iguais a 161,10 e 41,61 ppm, respectivamente. A elevada concentração dos elementos-traços das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras, em relação às outras áreas de estudo, é devido aos elevados teores de Cr e V, conforme pode ser observado na Tabela 5.29. Na Figura 5.44 são apresentadas as diferentes composições dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito das minas estudadas, não foram relacionados os dados da Mina de Águas Claras nem da Mina Meghatuburu, visto que não foram determinados os mesmos elementos-traços.

Figura 5. 44: Composição química média, em ppm, dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e

das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira.

A composição química média, em ppm, dos ETR + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são apresentados na Tabela 5.30, assim como a composição química média, em ppm, dos ETR + Y das amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.

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Tabela 5.30: Composição química média, em ppm, dos ETR’s + Y das amostras dos Complexos Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).

ETR’s + Y Complexo Itabirito Hem itab Complexo Fazendão Hem itab Complexo Itabira Hem itab MAC Hem Hem MM

La 1,78 0,34 2,91 0,56 1,04 0,83 1,06 0,53 Ce 3,46 0,59 5,60 1,05 1,70 1,38 1,88 0,66 Pr 0,47 0,07 0,57 0,32 0,14 0,27 0,28 0,08 Nd 2,22 0,36 2,67 0,64 1,00 0,88 1,34 0,34 Sm 0,46 0,08 0,53 0,15 0,17 0,20 0,36 0,10 Eu 0,15 0,03 0,16 0,06 0,07 0,07 0,14 0,08 Gd 0,53 0,12 0,47 0,18 0,19 0,22 0,53 0,19 Tb 0,08 0,02 0,06 0,03 0,03 0,03 0,09 0,03 Dy 0,53 0,15 0,30 0,18 0,17 0,24 0,55 0,22 Ho 0,11 0,04 0,06 0,04 0,04 0,06 0,12 0,05 Y 3,41 1,22 1,52 1,75 1,18 1,85 4,99 2,13 Er 0,34 0,12 0,15 0,15 0,12 0,18 0,34 0,16 Tm 0,05 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,05 0,03 Yb 0,33 0,14 0,14 0,17 0,13 0,19 0,28 0,18 Lu 0,06 0,03 0,02 0,03 0,02 0,03 0,04 0,03

Ʃ

13,99 3,33 15,19 5,34 6,03 6,47 12,05 4,81

Hem = hematita compacta, Itab = itabirito.

Conforme pode ser observado na Tabela 5.30, o somatório médio dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta é superior ao somatório médio dos ETR’s + Y para as amostras de itabirito do Complexo Itabirito e Complexo Fazendão. Já no Complexo Itabira o somatório médio dos ETR’s + Y é um pouco superior nas amostras de itabirito quando comparado com as amostras de hematita compacta desse mesmo complexo, conforme pode ser observado na Tabela 5.30. Com o objetivo de se comparar as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira é apresentada a Figura 5.45.

Figura 5.45: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).

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Pode-se observar que tanto as amostras de hematita compacta quanto as amostras de itabirito apresentam anomalias positivas de Eu, indicando uma contribuição hidrotermal na formação desses minérios. É observado também que há, preferencialmente, um enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL e que há presença de anomalias positivas leves de Y. As amostras de hematita compacta apresentam-se mais enriquecidas em ETR’s + Y quando comparadas com as amostras de itabirito do mesmo complexo. Esse fato está diretamente relacionado com a imobilidade dos elementos terras raras frente a processos supergênicos, em que há lixiviação da sílica.

Pode-se observar, Tabela 5.30, que o somatório médio dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta são iguais a 13,99, 15,19 e 6,03 ppm para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Já o somatório médio dos ETR’s + Y analisados nas amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu são iguais a 12,05 e 4,81 ppm, respectivamente. Esses valores são bem semelhantes quando comparado com as amostras de hematita compacta das minas estudadas, podendo indicar que essas amostras podem ter sido formadas por processos de mineralização similares. Com o objetivo de se comparar as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu é apresentado a Figura 5.46. Em todas as amostras de hematita compacta são evidenciados anomalias positivas de Eu, têm-se, preferencialmente, um enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL e também há anomalias positivas de Y. Esses fatores reforçam ainda mais uma origem similar pra esses minérios hematíticos de diferentes regiões.

Figura 5.46: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).

CONCLUSÃO

As amostras de hematita compacta de todas as minas estudadas apresentam composição mineralógica bastante simples, em que se predomina a presença de hematita, sendo encontrado também magnetita e martita, em pequena proporção. Já as amostras de itabirito são formadas, essencialmente, por camadas alternadas de ferro e sílica, em que se tem a hematita como óxido predominante, observou-se também a presença de magnetita e martita, em pequenas proporções, em algumas amostras. Na parte silicosa dos itabiritos têm-se, principalmente, o quartzo e também, foi observada a presença de mica branca em muitas amostras.

Nos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira foram observados que há predominância de grãos lamelar de hematita e em algumas amostras também foi evidenciada a presença de grãos granular. As amostras de hematita compacta e as amostras de itabirito dos Complexos Fazendão e Itabira possuem maiores quantidades de magnetita e martita quando comparado com as amostras do Complexo Itabirito. Na parte silicosa das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito e Fazendão têm-se essencialmente quartzo e alguns grãos pontuais de mica branca. No Complexo Itabira foi evidenciado, além do quartzo e da mica branca, a presença de clorita que também é comumente encontrada na parte silicosa desse tipo de minério.

Observou-se que todas as amostras de hematita compacta dos complexos estudados possuem grande semelhança geoquímica entre si, assim como as amostras de itabirito, quando se analisam os elementos maiores e menores. Obviamente, a principal diferença entre as amostras de hematita compacta e as amostras de itabirito está nos teores de ferro e sílica, em que a hematita compacta apresenta um valor mínimo ou isento de SiO2. Já as amostras de itabirito apresentam um teor

considerável de SiO2. Nas amostras de itabirito pode-se perceber que quanto maior o teor em sílica

menor o seu teor em ferro, ou seja, esses elementos são inversamente proporcionais, evidenciando a importância do processo de enriquecimento supergênico presente no minério. Os teores de Fe2O3 para

as amostras de hematita compacta variam entre 98,51-99,84%, 87,45-98,51% e 98,59-99,74% para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Já os teores de Fe2O3 para as amostras de

itabirito variam entre 45,0-62,0%, 33,42-69,25% e 44,68-60,30% para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Todas as amostras apresentaram valores de FeO menores do que 1,0%, esse fato pode ser justificado pelos baixos teores de magnetita encontrados nas amostras.

Em relação aos elementos maiores e menores as amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito apresentaram, em média, um somatório de: 0,11% de P2O5, 0,20% de Al2O3, 0,02% de MnO2,

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0,03% de CaO, 0,01% de MgO e 0,02% de TiO2. As amostras de hematita compacta do Complexo

Fazendão apresentaram, em média, um somatório de: 0,18% de P2O5, 1,23% de Al2O3, 0,13% de

MnO2,<LQ de CaO, 0,01% de MgO e 0,04% de TiO2. Já as amostras de hematita compacta do

Complexo Itabira apresentaram, em média, um somatório de: <LQ de P2O5, 0,19% de Al2O3, 0,05% de

MnO2, 0,06% de CaO, 0,06% de MgO e 0,02% de TiO2. Em relação ao teor de sílica, as amostras de

hematita compacta do Complexo Fazendão apresentam um valor médio de 4,37% de SiO2 e as

amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito e Itabira apresentam valor menor que o limite de quantificação do equipamento para esse elemento. Em relação ao PPC, os valores médios encontrados foram: 0,25, 1,0 e 0,16% para as amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente.

Em média, os somatórios dos elementos-traços nas amostras de hematita compacta foram iguais a: 74,83, 49,41 e 44,71 ppm e nas amostras de itabirito esses somatórios foram iguais a: 33,71, 24,53 e 39,61 ppm para as amostras dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Tanto as amostras de hematita compacta quanto as amostras de itabirito mostram baixas concentrações nos elementos-traços Sc, Hf e Th que são elementos que podem indicar contaminação clástica. Esse resultado está de acordo com a mineralogia das amostras que são bastante homogêneas, em que as amostras de hematita compacta são constituídas essencialmente por hematita e as amostras de itabirito são constituídas, principalmente, por hematita e quartzo.

Observou-se que as amostras de hematita compacta apresentam concentrações superiores de ETR’s + Y quando comparado com as amostras de itabirito da mesma mina. No caso da Mina Periquito (Complexo Itabira) tem-se que as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita e de itabirito são similares. Esse fato está de acordo com os estudos de McLennan & Taylor (1991) e Murray et al. (1991) que dizem que os elementos terras raras podem apresentar pouca mobilidade durante processos pós-deposicionais.

Em média, o somatório dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito foram iguais a 17,91 e 5,53 ppm para as amostras da Mina Galinheiro e da Mina do Pico, respectivamente. Já a Mina Sapecado apresentou uma amostra de hematita compacta, MP-18, com concentração de 10,91 ppm e uma outra, MP-17, com concentração de 48,19 ppm. Todas as amostras de itabirito analisadas, desse complexo, apresentaram somatório de ETR’s + Y inferiores a 5,0 ppm. As amostras de hematita compacta do Complexo Fazendão possuem somatório médio de ETR’s + Y igual a 8,40 ppm para as amostras da Mina São Luiz, 7,12 e 41,70 ppm para as amostras MCF-06 e MCF-05 da Mina Tamanduá, respectivamente. Já a amostras de hematita compacta da Mina Almas apresentaram somatório de ETR’s + Y igual a 15,71 ppm. Para todas as amostras de itabirito analisadas desse complexo têm-se um somatório de ETR’s + Y inferior a 7,0 ppm. As amostras de hematita compacta do Complexo Itabira possuem somatório do ETR’s + Y igual a 7,91 ppm para a

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amostra MC-01 e 5,98 ppm para a amostra de itabirito, MC-02, ambas as amostras pertencentes a Mina Conceição. Já as amostras da Mina Periquito possuem um somatório médio de ETR’s + Y igual a 6,08 e 6,50 ppm para as amostras de hematita compacta e para as amostras de itabirito, respectivamente.

Os ETR’s + Y foram normalizados pelo PAAS (McLennan 1989). Todas as amostras analisadas, tanto as amostras de hematita compacta quanto as de itabirito, possuem anomalias positivas de Eu. Esse fato pode estar diretamente relacionado com a hipótese de que esses minérios foram formados por soluções hidrotermais.

A maioria das amostras de hematita compacta e todas as amostras de itabirito do Complexo Itabirito e do Complexo Fazendão apresentaram anomalias positivas de Ce (Bolhar et al. 2004). As amostras que possuem anomalias negativas de Ce são as amostras de hematita compacta MP-08 (Mina do Pico) e MP-17 (Mina Sapecado) ambas pertencentes ao Complexo Itabirito e as amostras de hematita compacta MCF-03 e MCF-04 (Mina São Luiz) ambas pertencentes ao Complexo Fazendão. Já as amostras de hematita compacta MC-06 e MC-10 e as amostras de itabirito MC-05 e MC-07 da Mina Periquito, pertencentes ao Complexo Itabira, apresentaram anomalias positivas de Ce. Já as amostras de hematita compacta, do mesmo complexo, MC-01, MC-04 e MC-08 e as amostras de itabirito MC-03 e MC-09 possuem anomalias negativas de Ce. De acordo com Bau & Dulski (1996), anomalias negativas em Ce podem estar relacionadas com um ambiente de deposição oxidante e anomalias positivas de Ce é sugerido um ambiente deposicional redutor.

Segundo Bolhar et al. (2004), as razões Y/Ho maiores do que 26 podem indicar anomalias positivas de Y e as razões menores do que 26 podem indicar anomalias negativas nesse elemento. Rios

et al. (2012), em seus estudos, sugerem que as amostras com razões Y/Ho <30 podem indicar uma possível influência de águas continentais no período de deposição dessas rochas. As amostras que possuem razões Y/Ho <30 são: i) a amostra de itabirito MP-03 (Mina Galinheiro), as amostras de hematita compacta MP-09 e MP-16 (Mina do Pico) e a amostra de hematita compacta MP-17 (Mina Sapecado) pertencentes ao Complexo Itabirito; ii) as amostras de hematita compacta MCF-01 (Mina São Luiz), a amostra MCF-05 (Mina Tamanduá) e a amostra MCF-09 (Mina Almas) pertencentes ao Complexo Fazendão e iii) apenas a amostra de hematita compacta MC-08 (Mina Periquito) pertencente ao Complexo Itabira. As médias das razões Y/Ho para as amostras de hematita compacta foram iguais a 31,15, 27,00 e 32,46 para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Já para as amostras de itabirito as médias das razões Y/Ho foram iguais a 34,00, 38,59 e 33,40 para esses mesmos complexos.

Bau & Moller (1993), sugerem que as razões (Eu/Sm) >1 e (Sm/Yb) <1 podem indicar que as amostras não possuem contaminação clástica. Todas as amostras estudadas possuem a razão

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(Eu/Sm) >1. Em relação ao segundo critério, (Sm/Yb) <1, existem algumas exceções, tais como as amostras de hematita compacta: MP-08 (Mina do Pico) e MP-18 (Mina Sapecado) pertencentes ao Complexo Itabirito, as amostras de hematita compacta: MCF-01, MCF-04, MCF-05 e MCF-09 pertencentes ao Complexo Fazendão e as amostras MC-01 e MC-08 (amostras de hematita compacta) e MC-03 (amostra de itabirito) que possuem a razão (Sm/Yb) >1.

A razão dos elementos terras raras (Pr/Yb)PAAS >1 (Bolhar et al. 2004), podem indicar,

preferencialmente, um enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP. As amostras que apresentaram (Pr/Yb)PAAS >1 foram: i) as amostras de hematita compacta MP-08 (Mina do Pico) e

MP-17 (Mina Sapecado) pertencentes ao Complexo Itabirito; ii) as amostras de hematita compacta MCF-01 (Mina São Luiz), MCF-05 (Mina Tamanduá) e MCF-09 (Mina Almas) pertencentes ao Complexo Fazendão e iii) as amostras de hematita compacta MC-01 (Mina Conceição), MC-04 e MC-08 (Mina Periquito) e a amostra de itabirito MC-03 (Mina Periquito) sugerindo portanto, que há um enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP. Já a maioria das amostras possuem (Pr/Yb)PAAS <1, podendo indicar que há, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos

ETRL.

As amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito foram as que apresentaram os maiores teores médio de Fe total e os maiores teores médio de elementos-traços analisados, quando comparado com os outros complexos estudados. A variação na concentração de elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y, podem indicar heterogeneidade na concentração original dos fluidos mineralizantes ou nos processos envolvidos na gênese desse tipo minério. Apesar das variações de concentração, observou-se, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL.

As amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira foram comparadas com as amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras (Spier et al. 2007) e com as amostras de hematita compacta da Mina Meghatuburu (Beukes et al. 2008). Observou-se que todas as amostras possuem composição bastante simples, em que se tem a hematita como óxido predominante. Todas as amostras, tanto as dos complexos estudados quanto as das minas usadas para comparação possuem anomalias positivas de Eu. A Mina de Águas Claras e a Mina Meghatuburu também apresentaram, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. Logo, esses minérios são geoquímicamente semelhantes, o que nos permite concluir que eles podem ter sido formados pelo mesmo processo de mineralização.

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