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O Complexo Itabirito, Figura 2.3, é formado pela Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado.

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A Mina Galinheiro, Figura 2.3, encontra-se a uma distância de, aproximadamente, 4,0 Km ao norte da Mina do Pico, apresentando uma área de lavra de 500 x 350 m. Essa mina é constituída por lentes de hematita compacta com espessura variando de centímetros e podendo chegar até 50 m. Apresenta dois sistemas de fraturas, geralmente preenchidos por minerais supergênicos, como: gibbsita, goethita e caulinita. (Junior 2010).

Segundo Fernandes (2003), na lavra de meia encosta predominam amostras de hematita e itabirito associados à canga e altos teores de fósforo e alumina. Secundariamente ocorrem lentes métricas de hematita média e macia gradacionais para itabirito rico. O itabirito friável possui variação de sílica entre 10 a 50%, em que se predomina, principalmente, quartzo livre (pouco associado à hematita), ocorrendo como partículas mistas no itabirito com consistência média. São comuns as intercalações de hematita compacta e itabirito rico.

A jazida de minério da Mina do Pico, Figura 2.3, abrange uma área de lavra de 1.400 x 1.300 m, englobando as litologias da Formação Moeda, composta por quartzitos de granulometria fina a média, gradacional para a Formação Batatal, composta por filitos sericíticos, filitos dolomíticos, filitos dolomíticos quartzosos com lentes centimétricas a métricas de meta-chert e filitos quartzosos (Castro 2002).

De acordo com James (1954), os itabiritos encontrados na Mina do Pico podem ser classificados como de fácies quartzo-óxido, sendo caracterizados pela intercalação de níveis de composição hematítica-magnetítica e níveis de quartzo, de espessura que variam de milímetros a decímetros, existindo entre eles, geralmente, um contato brusco observando-se, entretanto, localmente uma gradação entre faixas quartzosas e hematíticas, com o desenvolvimento de “microbandas” dando à rocha um aspecto laminado, semelhante a um varvito.

O Pico do Itabirito, propriamente dito, é um corpo maciço de minério de ferro compacto de alto teor que contém 80 m de altitude (Rosière et al. 2005). Esse pico é constituído, principalmente, por hematita e magnetita, que se apresentam verticalmente e com uma estrutura lenticular. De acordo com esses mesmos autores, os minérios compactos tem sua origem associada a processos mineralizadores hidrotermais, formados durante o evento termotectônico Transamazônico. A verticalização do corpo, juntamente com a de toda a sequência, que resultou em sua morfologia peculiar, ocorreu no final do Paleoproterozoico, paralelamente à formação do Sinclinal Moeda.

Segundo Rosière et al. (2005 in Costa 2009), as minas da borda leste da Serra da Moeda seriam núcleos de estruturas sinformais que concentraram o fluido mineralizador por processos de enriquecimento supergênico nas duas fases principais de dobramento F1 e F2, como visto na Figura 2.4. Essa ideia é ainda controversa, em termos da possível participação de fluidos hidrotermais na mineralização, principalmente, quanto aos corpos de minério hematítico compacto. Na Figura 2.4 também é mostrado a megaestrutura e os principais sítios mineralizados e suas respectivas minas.

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Figura 2.4: Modelo conceitual para concentração da mineralização desenvolvido para o Sinclinal Moeda

(Rosière 2005, in Costa 2009).

De acordo com estudos realizados por Ventura (2009), a litoestratigrafia das jazidas da Mina do Pico é representada por formações pertencentes ao Supergrupo Minas, dentre as quais: Formação Moeda e Formação Batatal (Grupo Caraça), Formação Cauê e Formação Gandarela (Grupo Itabira). Essas jazidas ainda apresentam diques e soleiras de rochas metabásicas intrusivas e coberturas cenozoicas dadas por depósitos argilosos alóctones laterizados, colúvios compostos por blocos rolados de hematita, argilas e cangas lateríticas.

Segundo Ventura (2009), o afloramento do Grupo Caraça, na porção sudeste da mina é constituído por quartzitos da Formação Moeda, e acima desses quartzitos encontram-se filitos sericíticos (coloração cinza, clara e filitos alterados amarelos) da Formação Batatal. As FFB’s estão associadas à Formação Cauê (parte inferior) e os dolomitos são representados pela Formação Gandarela (parte superior). De acordo com esse mesmo autor, as FFB’s da Formação Cauê são representadas pelas fáceis-óxido do tipo Lago Superior, metamorfizada em baixo grau. Um grande corpo intrusivo básico corta toda a sequência metassedimentar na face norte da Mina do Pico com direção NE/SW e mergulho subverticalizado para NW.

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Na Mina do Pico encontram-se, além dos itabiritos, minérios de alteração supergênica e o minério compacto e, subordinadamente, o minério brechado. As brechas se desenvolvem em falhas e zonas de cisalhamento, e são constituídas de fragmentos de hematita compacta ou itabirito em matriz de quartzo, carbonato ou hematita. Brechas ocorrem, geralmente, como bolsões descontínuos distribuídos irregularmente (Rosière & Chemale Jr. 2001).

Na porção leste da Mina do Pico estão situadas as litologias das Formações Moeda e Batatal. A Formação Cauê, hospedeira das mineralizações de ferro, é constituída por lentes métricas de hematita compacta, hematita média e macia e itabiritos friáveis, médios e compactos, com grande variação de consistência e de teores de sílica (Fernandes 2003).

A partir da atuação do intemperismo desenvolveu-se na jazida uma capa pouco espessa de minério de intemperismo supergênico, coberta superficialmente por uma capa de canga a qual pode ainda exibir a estrutura original dos itabiritos ou então formar-se uma massa de aspecto esponjoso envolvendo blocos de hematita cimentados por limonita que se acumulam especialmente no sopé do Pico (Castro 2002).

A hematita da Mina do Pico pode ser separada em dois grandes domínios de acordo com sua consistência: em lentes de hematita da área do Pico propriamente dito, em que se predomina hematita compacta fraturada, circundada por hematita média e macia e itabiritos ricos. Na porção norte e nordeste da mina, predominam as lentes de hematita média e macia de origem supergênica, situadas imediatamente ao sul do dique de rochas metamáficas/ultramáficas e em contato com o filito da Formação Batatal. São comuns as intercalações de itabirito friável, médio e compacto, com grande variação de teores de ferro. Na região de contato com o filito da Formação Batatal são encontradas lentes de hematita compacta, com espessuras que variam de 5 a 50 m (Fernandes 2003).

A Mina Sapecado, Figura 2.3, encontra-se ao sul da Mina do Pico, apresentando as mesmas litologias. Essa mina contém uma área de lavra de 2.000 x 500 m. Os minérios predominantes são lentes de hematita compacta, apresentando ainda hematita macia associada ao itabirito friável (Júnior 2010).

De acordo com Fernandes (2003), na Mina Sapecado encontram-se amostras de itabirito e hematita enriquecidos em manganês, com afinidade carbonática na porção mais a oeste da mina. Os teores médios de sílica e a consistência dos itabiritos são muito variáveis, em que os teores de sílica variam entre 10-55%. Próximo à superfície, aumentam os teores de P e de Al2O3. Na porção norte da

mina, ocorre uma bacia sedimentar à base de argilas, areias e brechas, com 40 m de espessura definida por sondagem e idade terciária a quaternária. Segundo esse mesmo autor, é comum encontrar diques e lentes de rochas metamáficas/ultramáficas, com espessura variando de centímetros a 20 m.

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2.3.2- Complexo Fazendão

O Complexo Fazendão, Figura 2.5, é constituído por três minas, são elas: São Luís, Tamanduá e Almas, sendo, a Mina de São Luís a maior delas com 184,61 ha., as minas de Tamanduá e Almas possuem 29 e 10 ha, respectivamente (Pereira 2010). As Minas do Complexo Fazendão estão situadas na porção leste do QFe em uma região formada principalmente por rochas Arqueanas e Proterozoicas do Supergrupo Rio das Velhas e Supergrupo Minas (Ribeiro et al. 2001)

Figura 2. 5: Mapa Geológico do Complexo Fazendão.

Os litotipos predominantes na área das minas estão associados à Formação Cauê, sendo que as rochas encaixantes variam ao longo do corpo do minério. Na Mina São Luís as encaixantes predominantes são os xistos do Grupo Quebra-Ossos, a oeste, e os filitos e quartzitos do Grupo

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Piracicaba a leste. Nas Minas Tamanduá e Almas as encaixantes do corpo do minério pertencem ao Grupo Caraça, composto por filitos e quartzitos. A Mina São Luís é delimitada a leste por gnaisses e a oeste pelos quartzitos do Grupo Caraça, que formam a Serra do Caraça. Ao longo da área há presença de coberturas de canga e de depósitos antrópicos, constituindo materiais rolados ou pilhas de estéril (Menezes 2012).

Segundo Ribeiro et al. (2001), nas minas do Complexo Fazendão são encontrados três tipos principais de minério rico em ferro: hematita, itabirito e coberturas (cangas e rolados). O minério hematítico de alto teor em ferro ocorre, principalmente, na forma de especularita e goethita na porção sul da jazida. O itabirito apresenta-se tanto friável quanto compacto, sendo constituídos principalmente por especularita e quartzo. A cobertura é constituída por blocos de hematita e itabirito, provenientes da erosão das FFB’s. De acordo com Pereira (2010), a Mina São Luís é formada, em sua maior parte, por itabirito friável, duro e pulverulento, e secundariamente por corpos de minério de alto teor, duro e xistoso.

Os itabiritos do Complexo Fazendão foram formados pelo processo de enriquecimento supergênico dos minerais ricos em ferro, sendo originados de itabiritos silicosos compactos. Nos itabiritos especularíticos o enriquecimento não está associado com hidratação porque a especularita metamórfica é muito resistente ao intemperismo. Desta forma, os itabiritos friáveis ricos do topo, tem a mesma mineralogia dos itabiritos compactos. Nos itabiritos da região sul de Fazendão o enriquecimento é acompanhado por intensa goethitização associado com altos teores de P e Al2O3,

provavelmente porque são provenientes de antigos itabiritos carbonáticos ou anfibolíticos (Ribeiro et al. 2001).