3 MATERIAL E MÉTODOS
7.2 OS GRANDES COMPARTIMENTOS HIDROGEOLÓGICOS
7.2.2 Compartimento Hidrogeológico do Sinclinal Moeda
O Sinclinal Moeda, na porção setentrional, tem seu núcleo formado pelas Formações Cauê, Gandarela e aquelas pertencentes aos Grupos Piracicaba e Itacolomi, estando limitado, em seus flancos e em profundidade, pelos filitos de baixa permeabilidade da Formação Batatal, com estrutura em formato de quilha de navio. Esta conformação favorece a acumulação de água subterrânea cujos pontos de descarga estão condicionados às estruturas tectônicas (falhas e fraturamentos) e aos locais de interceptação do nível d’água pelo relevo, em cotas mais baixas (ECOLAB, 2002).
O mapa de superfície potenciométrica elaborado para os aqüíferos profundos na região adjacente à mina do Capão Xavier (ECOLAB, 2002) demonstrou não haver relação direta entre a distribuição de níveis de água e a topografia, evidenciando a não coincidência entre os divisores hidrográficos e hidrogeológicos. Adicionalmente, constatou-se a existência de variações abruptas no nível piezométrico que foram associadas à presença de diques máficos, fato não confirmado após o início do rebaixamento (MBR, 2007). Verificou-se que os efeitos da atividade de desaguamento no INA 01/93CPX, localizado a cerca de 1500 m a sudeste da cava, foram tão ou mais intensos que aqueles identificados na mina.
Tabela 7.1 - Aspectos hidrogeológicos considerados para o Bloco Homoclinal da Serra do Curral.
Premissas do Modelo
Mina Direção de fluxo Valores Hidrodinâmicos
Apresentados Unidades
Hidrogeológicas
Recarga
(mm/ano) Parâmetros Hidráulicos
Córrego do Feijão *1
Para a vertente norte da Serra
Aq. Cauê: T = 52 a 1.728 m2/dia; K = 0,08 a 8,6 m/dia; S = 10-3 a 0,1 Teste de aqüífero: T = 726 a 1.578 m2/dia; S = 9x10-3 a 0,408 (média de 0,12)
Aq. Cercadinho: T = 86 m2/dia e S = 0,05 Aquíferos: Cauê, Gandarela e Cercadinho; Aquitardos: Batatal e Fecho do Funil 288
Aq. Cauê: Kx, Ky, Kz=1 m/dia; Ss=10-5; Sy=0,05; Por.Total=0,07
Aq. Gandarela: KxKy=0,1;Kz=0,01 m/dia; Ss=10-5 Sy=0,01; Por.Total=0,05
Aq..Cercadinho:Kx, Ky=0,05 m/dia; Kz=0,005 m/dia; Ss=10-5; Sy=0,01; Por.Total=0,005 Jangada *2 Para sudoeste e nordeste a partir de dique básico Aqüífero: Cauê Aquicludes: Gandarela e Batatal 310 - para a área em geral 547 - para as cavas Aq. Cauê:
Itabiritos Indivisos - Kx,Ky,Kz=0,5 m/dia; Ss=10-5; Sy=0,05;
Hematitas - Kx,Ky,Kz=2,5 m/dia; Ss=10-5; Sy=0,08; Rocha básica - Kx,Ky,Kz=0,001 m/dia; Ss=10-5; Sy=0,005;
Águas Claras *3
Para sudoeste e vertente Sul do Homoclinal
Aq. Cauê: K = 0,3 a 3 m/dia; Por.Ef. = 0,2
Aq.Cercadinho: T = 90 m2/dia; S>0,1; Por.Ef. = 0,05
Aq. Moeda: Por. Ef. = 0,02
Aqüíferos Cauê e, Moeda Aquiclude: Batatal e
Gandarela
Aq. Cauê:
Itabirito macio: Kx = 7,0; Ky=Kz=1,4 m/dia; Ss=10-4; Sy=0,096
Hematita média: Kx = 10,0; Ky=Kz=2,0 m/dia; Ss=2x10-4; Sy=0,084
Itabirito dolomítico: Kx = 0,02; Ky=Kz=0,004 m/dia; Ss=10-4; Sy=0,036
Itabirito argiloso: Kx = 0,6; Ky=Kz=0,12 m/dia; Ss=10-4; Por. Efet 0,06
Itabirito: Kx = 0,4; Ky=Kz=0,08 m/dia; Ss=10-4; Sy=0,036 Itabirito transição: Kx = 0,45; Ky=Kz=0,09 m/dia; Ss=10-4; Sy=0,084
Itabirito zona oeste: Kx = 6,0; Ky=Kz=1,2 m/dia; Ss=10-4; Sy=0,084
Itabirito zona leste: Kx = 1,0; Ky=Kz=0,2 m/dia; Ss=10-4; Sy=. 0,072
O aqüífero Cauê apresenta continuidade desde o interior do Sinclinal Moeda até o Homoclinal da Serra do Curral não havendo evidências inequívocas de fluxo subterrâneo entre essas grandes estruturas. É representado no flanco leste por formações ferríferas bandadas argilosas e carbonáticas pouco permeáveis que gradam, em direção ao topo, para um pacote de itabiritos carbonáticos e silicosos, hospedeiros dos corpos de minério de altas permeabilidade e capacidade de armazenamento (ECOLAB, 2002). No flanco oeste, as zonas mineralizadas restringem-se à porção basal (no contato com a Fm. Batatal) da unidade (ÁGUA CONSULTORES, 1999). Identificam-se como pontos principais de descarga os mananciais de Fechos, Catarina, as nascentes da Tutaméia (cabeceira do Córrego Fundo) e do Condomínio Retiro do Chalé.
A Formação Batatal constitui a unidade de base do aqüífero Cauê no núcleo e flanco leste e de topo, no limbo oriental invertido. Constitui-se de filitos sericiticos e em menor proporção, de filitos dolomíticos e de camadas e lentes de arenitos de granulometria grossa. É considerada como um aquiclude em todos os modelos hidrogeológicos elaborados para diversos setores do Sinclinal que se apóiam na litologia predominante pouco permeável e são corroborados por dados de monitoramento piezométrico.
A Formação Gandarela sobrepõe o aqüífero Cauê em toda a extensão da calha do Sinclinal Moeda. Os afloramentos são escassos, mas podem ser encontradas exposições nas drenagens das captações de Fechos e Barreiro e em cortes de estrada (via usina Rio do Peixe) para a mina Capitão do Mato. Evidências de carstificação correspondem às pequenas dolinas no interior do Sinclinal e às surgências cársticas de Fechos e do condomínio do Miguelão. É formada por filitos dolomíticos, dolomitos puros, dolomitos com lâminas pelíticas e hematíticas, brechas dolomíticas e itabiritos dolomíticos. Foi considerado como um aqüífero em conexão hidráulica com o Cauê no modelo de fluxo elaborado para a mina Pau-Branco (ÁGUA CONSULTORES 1999, 2001b 2001c, 2002b) e no modelo da mina Capão Xavier (ECOLAB, 2002), como uma unidade predominantemente de baixa permeabilidade com porções restritas de elevada condutividade hidráulica. A TAB. 7.2 reúne os principais aspectos dos modelos hidrogeológicos criados para as minas Capão Xavier e Pau-Branco. O estudo efetuado por Lazarim (1999) na região do Bairro Jardim Canadá indicou a existência de conexão hidráulica entres as unidades hidroestratigráficas representadas pelas formações Cauê, Gandarela e Cercadinho configurando um aqüífero único de caráter local. A verificação, nos piezômetros existentes, de cargas hidráulicas mais elevadas nas câmaras
situadas em profundidades mais rasas do que naquelas mais profundas é atribuída ao comportamento característico de áreas de recarga onde o fluxo em sistema tridimensional processa-se de maneira predominantemente descendente.
Os depósitos lacustres localizados no núcleo do Sinclinal Moeda atuam, segundo ECOLAB (2002), como embasamento impermeável para as camadas sobrejacentes (depósitos de canga) e como camada semiconfinante para os aqüíferos subjacentes (itabiritos e dolomitos).