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Competências e atribuições básicas do professor no ensino superior

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.5 O processo de ensino-aprendizagem e a docência no ensino superior – fundamentos teórico-epistemológicos da pesquisa

2.5.2 Competências e atribuições básicas do professor no ensino superior

No sentido etimológico, a docência tem suas raízes no latim - docere - que tem o significado de ensinar, instruir, mostrar e indicar. No sentido formal, docência

é o trabalho dos professores que desempenham várias funções que ultrapassam as tarefas de ministrar aulas. As funções formativas convencionais, como ter um bom conhecimento sobre a disciplina ou como explicá-la, foram se tornando mais complexas com o tempo e com o surgimento de novas condições de trabalho (SLOMSKI; MARTINS, 2008). Assim, atualmente, são exigidas do professor novas competências para a docência no ensino superior.

No cotidiano do professor, vão surgindo exigências e necessidades que podem levá-lo a novas aprendizagens com relação ao exercício da docência. As demandas que se originam das situações do cotidiano da sala de aula e de ações sociais, econômicas e políticas, dentro do contexto da educação, exigem do professor a mobilização de novas competências. Com base nessa perspectiva, o docente que apenas transmite o conteúdo está tendencioso a desaparecer, uma vez que o importante na educação não é apenas adquirir o conhecimento, e sim entender o significado dele. Com base nesse contexto, é necessário que ocorram mudanças referentes às competências que esses profissionais devem possuir para ensinar.

No mesmo sentido, Masetto (2003, p. 25) afirma que as competências docentes “[...] sempre têm a ver com uma série de aspectos que se apresentam e se desenvolvem conjuntamente: saberes, conhecimentos, valores, atitudes, habilidades”. A esse respeito, Pimenta (2005) conceitua competência como a teoria e prática para realizar algo. Afirma ainda que ter competência é diferente de ter informação e conhecimento sobre o que se realiza. Para a autora, o conceito de competência vem substituindo o conceito de saberes. Ela explica que as competências são coletivamente consideradas e contextualizadas como objeto de análise, enquanto que os saberes são mais amplos e aceitam críticas, avaliações e superam as competências.

Além disso, Charlier (2001) afirma que as competências profissionais do professor, em união com projetos e atos, formam um tripé na sua área de atuação profissional. Os projetos são os objetivos que o docente define para sua ação. Os atos são as atitudes que o docente apresenta. E as competências são os saberes, as teorias e as formas de ações para serem utilizadas em sala de aula. Vale ressaltar que não há uma lista de competências que abrange a complexidade da formação e da prática do docente, uma vez que estas são constituídas no agir, ou

seja, a sua formação acontece à medida da necessidade de orientar sua ação de um modo construtivo.

Nessa perspectiva, Libâneo (2009a) afirma que no ensino há dois processos que precisam ser compreendidos como articulados: a aquisição de conteúdos e as capacidades de pensar. E o autor assevera que:

Nesse sentido, a metodologia de ensino, mais do que recorrer a técnicas de ensino, consiste em saber como ajudamos o aluno a pensar com os instrumentos conceituais e os processos de investigação da ciência ensinada. A questão não é apenas a de “passar” conteúdo, mas de ajudar os alunos a pensar como o modo próprio de pensar, de raciocinar e de atuar da ciência ensinada (LIBÂNEO, 2009a, p.10).

Esse autor ainda defende a didática como disciplina pedagógica indispensável para a formação de professores, pois ela “investiga os marcos teóricos e conceituais que fundamentam, a partir das práticas reais de ensino-aprendizagem, os saberes profissionais a serem mobilizados na ação docente de modo a articular teoria e prática” (LIBÂNEO, 2015, p. 633). Ele aponta como seu objeto de estudo o processo de ensino-aprendizagem ligado à apropriação de conhecimentos, em determinados contextos, visando à formação do aluno.

Ao se fazer uma análise dos estudos de Masetto (2000), pode-se destacar uma tipologia própria das competências pedagógicas necessárias para a docência no ensino superior. Segundo o autor, são necessárias três competências específicas para a docência no 3º grau. Sendo elas:

1) competência em uma área específica do conhecimento;

2) competência na área pedagógica, relacionada com o conhecimento do próprio conceito do processo de ensino-aprendizagem; e,

3) competência na área política, ligada a atuação do professor como cidadão atuante na comunidade.

A formação pedagógica é entendida como o processo de apropriação de recursos didático-pedagógicos que auxiliam e dão consistência à atuação do professor em sala de aula. Essa formação tem como principal objetivo desenvolver a competência pedagógica do professor.

Zabalza (2006) define competência como um conjunto de conhecimentos e habilidades que o professor necessita para desenvolver a atividade docente. Tendo como ponto de partida diferentes definições sobre competências, o autor analisa a

função dos docentes universitários a partir da classificação e da tipologia composta por dez competências diferentes, a saber:

1) planejar o processo de ensino-aprendizagem; 2) selecionar e preparar os conteúdos disciplinares;

3) oferecer informações e explicações compreensíveis e bem organizadas, ter competência comunicativa;

4) manejo das novas tecnologias;

5) conceber a metodologia e organizar as atividades, aliadas à organização dos espaços de aprendizagem;

6) comunicar-se e relacionar-se com os alunos, ter habilidade para trabalhar com classes numerosas;

7) tutoria, vinculado aos diversos tipos de tutorias;

8) Avaliar, associada à necessidade de saber avaliar para o professor assumir seu papel facilitador e guia do aluno em seu processo de aprendizagem;

9) refletir e pesquisar sobre o ensino;

10) identificar-se com a instituição e trabalhar em equipe.

Assim, as competências e atribuições dos docentes exercem influência tanto na forma em que atuam como no modo como são vistos pelos alunos, pelas instituições de ensino e, também, pelo aprendizado dos discentes. Portanto, existem outras posições teóricas a respeito de competências, que são mais promissoras e trariam contribuições maiores para a formação do farmacêutico, pois ela não esta alinhada, somente, a uma visão de competência atrelada à necessidade de mercado. Essa outra visão busca ampliar a formação na perspectiva de desenvolvimento integral do aluno, que é a perspectiva do ensino desenvolvimental que será abordada adiante.

2.5.3 A Formação do professor universitário e a relação entre conhecimento

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