• Nenhum resultado encontrado

Grafico 3 Produção de mamona no Brasil/ Território de Irecê entre 1990 e 2005

2.2 COMPETITIVIDADE E DIRECIONADORES DE COMPETITIVIDADE

2.2.1 Competitividade

Segundo Saab et. al. (2009) existem muitas interpretações disponíveis na literatura econômica sobre o conceito de competitividade, o que torna complexa a utilização do termo sem uma pré-definição do universo em que será aplicado seu diagnóstico.

Van Duren et. al. (1991), afirmaram que a competitividade consiste na capacidade de firmas e empresas, mesmo em situações de concorrência aberta, manter suas margens de lucro e participação estável no mercado.

A competitividade seria medida pelo grau de competência na tomada de ações independentes pela firma e de sua resiliência frente a um conjunto de fatores não controláveis em um ambiente macroeconômico.

Ferraz et. al. (1996), por sua vez, afirmaram que a competitividade poderia ser analisada pelo desempenho de empresas, medidas em uma série de indicadores econômicos, mas, sobretudo, pelo nível de participação no mercado.

Esses autores afirmaram que a fatia ou quota de mercado era o que realmente demonstrava o grau de competitividade real ou revelada de um determinado empreendimento.

De maneira geral, percebe-se nessas diferentes vertentes, (Tabela 6), a avaliação da fatia do mercado como um indicador basilar quanto ao nível de competitividade real ou demonstrada.

42 Tabela 6 - Vertentes de competitividade e seus fatores determinantes.

Fonte: elaborado a partir de Saab et.al. (2009).

Entretanto, Harrison e Kennedy (1997), destacam a competência em criar e agregar novos valores a produção, expandir a participação no mercado sem incorrer em grandes modificações nos custos e no preço final para o consumidor.

Devido a essa observação, esses autores se destacam para o norteamento dessa pesquisa, pois consideram a combinação no uso de tecnologias apropriadas, controle dos custos de produção, racionalização de custos de transação entre as etapas ou elos das cadeias produtivas, especialmente a habilidade para agregar valor à produção, como fatores fundamentais na avaliação de competitividade.

Segundo esses autores, empresas ao incorporar composições verticalizadas ao seu arranjo produtivo, tendem a alcançar graus otimizados de coordenação e, portanto se diferenciariam sobre a cadeia produtiva na qual atuam, destacando-se mesmo em um ambiente concorrencial aberto.

Vale destacar que o conceito de competitividade passa a ter características ainda mais peculiares quando o ambiente de análise são os espaços agrícolas e as cadeias produtivas agroindustriais.

Nesses casos, o conceito de competitividade não é encarado apenas pela soma da capacidade competitividade individual ou isolada de uma firma, como acontecem nas análises anteriores, mas sim pelos ganhos de eficiência na coordenação entre os diversos elos articulados ao longo das fases dispostas antes e depois das atividades primárias (BATALHA E SILVA, 2007).

43 Dessa forma, autores como Saab et. al. (2009) e Batalha e Silva (2007) dão ênfase ao nível de coordenação e gerenciamento no interior de cadeias produtivas agroindustriais, destacando sua capacidade em:

a) reduzir a incerteza e o risco – concatenar ações, coordenar etapas, que visam entre outras medidas, a prevenção de mudanças bruscas na oferta e na demanda. b) economizar tempo – a produção e a gestão coordenadas tendem a minimizar prazos e atingir maiores patamares de lucratividade, racionalizando o tempo, que é um elemento fundamental nas economias de mercado aberto.

c) reduzir custos – a coordenação entre etapas permite aprimorar a eficiência agroindustrial especialmente, pela redução da assimetria de informações entre as etapas da cadeia. A utilização da logística na redução de estoques, aquisição dos insumos, aprimoramento da distribuição e eliminação de desperdícios são elementos básicos para atingir bons padrões de competitividade;

d) aumentar a efetividade – conhecer o perfil do mercado consumidor final e trabalhar em conjunto como os outros elos da cadeia produtiva pode ser o fator que diferencia os níveis de competitividade entre cadeias concorrentes.

e) adicionar valor – cadeias produtivas que buscam a agregação de valor pela incorporação de tecnologia, em geral pelo beneficiamento da produção primária, embora um processo oneroso e difícil, podem se destacar nas vantagens competitivas.

f) melhorar a qualidade – os padrões diferenciados de qualidade entre as cadeias produtivas agroindustriais consistem em um dos principais elementos de diferenciação e eficiência competitiva.

Nesse sentido, os empreendimentos que normalmente apresentam melhores e mais eficientes mecanismos de coordenação, costumam ser as firmas organizadas em conglomerados, as associações empresariais, firmas coligadas e as cooperativas de produção. Essas organizações quando promovem ações coordenadas conjuntas, em especial pela incorporação de Economias de Custos de Transação (ECT), (conceito que será explorado no capítulo III), atingem melhores condições de competitividade em cadeias produtivas agroindustriais (SAAB et. al. 2009).

Incorporando essa mesma perspectiva, Saab et. al. (2009) frisam estratégias voltadas ao alcance de ECT por empresas e cooperativas no ganho de eficiência de coordenação. Eles usam, para tanto, o processo de formação da Coopercentral Aurora, de Chapecó, Santa Catarina, que se formou por meio de uma fusão de oito cooperativas rurais

44 e 72 mil produtores familiares, que adotaram a estratégica de encampar novas etapas de suas cadeias produtivas com o objetivo de viabilizar projetos de beneficiamento agroindustrial e agregação de valor da produção primária.

De acordo com esses autores, a cooperativa organizou a produção na escala regional e obteve padrões de oferta em alta escala, que permitiu superar o patamar de simples fornecedores de matérias-primas para reestruturarem-se como importante agroindústria de alcance nacional. A Aurora atualmente possuiu uma linha de fabricação em torno de 700 produtos, entre embutidos, lácteos e massas distribuídos nacionalmente.

Dessa forma, os arranjos produtivos e contratuais, estabelecidos no interior das cadeias produtivas agroindustriais, podem elevar a eficiência organizacional e a efetividade mercadológica.

A Verticalização agroindustrial familiar, objeto de análise desse estudo, parte do pressuposto do alcance de uma competitividade, inserida dentro dessa lógica capitalista, mas sustentada em uma estrutura de base cooperativa.

A capacidade de empresas, indústrias, empreendimentos ou dessas cooperativas de adotar novas estratégias de produção e beneficiamento é que dependerão da consonância de elementos socioeconômicos, políticos e culturais que essa pesquisa denominará de direcionadores de competitividade.

Documentos relacionados