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Grafico 3 Produção de mamona no Brasil/ Território de Irecê entre 1990 e 2005

2.2 COMPETITIVIDADE E DIRECIONADORES DE COMPETITIVIDADE

2.2.2 Direcionadores de competitividade

Batalha e Silva (1999) e Henry et. al. (2006) definiram como: direcionadores de competitividade, elementos ou quesitos que funcionam como mecanismos de avaliação e medição quanto ao nível de coordenação e eficiência internas de cadeias produtivas.

Os eixos direcionadores de competitividade têm a função de compilar de forma efetiva uma variada gama de dados primários e secundários, selecionados na literatura bibliográfica e na fase de pesquisa de campo, separando-os por eixos temáticos que facilitam o tratamento e a obtenção de resultados.

A utilização da metodologia dos direcionadores de competitividade aplicados a toda a cadeia produtiva de oleaginosas de cunho familiar fornece uma ferramenta valiosa para analisar o processo de verticalização agroindustrial familiar.

Isso quer dizer que o sucesso ou o fracasso do processo de beneficiamento de oleaginosas pela agricultura familiar está intrinsecamente ligado as formas de coordenação e desempenho de todas as etapas da cadeia produtiva, desde as áreas de produção agrícola até ao mercado consumidor industrial final.

45 Os direcionadores de competitividade foram escolhidos, tomando por base, o modelo original de Henry et. al. (2006). Eles são: a Macroeconomia, as Políticas internacionais de comércio, as Políticas industriais e setoriais, a tributação doméstica, a segurança alimentar, o nível de tecnologia, a estrutura de mercado, a estrutura de governança, a gestão

empresarial, os insumos, o armazenamento e o transporte (Figura 2).

Figura 2 - Proposta de modelo de análise: avaliação dos eixos ou vetores de competitividade do processo de Verticalização inserido na cadeia produtiva de oleaginosas de cunho familiar no semiárido baiano. Fonte: elaborado a partir de Batalha e Silva (1999), Ipardes (2002), Pettan (2005) e Henry et.al. (2006).

A análise de cada um desses direcionadores, oito no total, representados graficamente no modelo proposto pelas setas, servirão de elementos basilares para analisar toda a cadeia produtiva, bem como, a estratégia de verticalização da produção agrícola em direção a etapa de esmagamento dos grãos.

Cada um dos direcionadores possui características intrínsecas a serem julgadas descritas sucintamente a seguir:

Macroeconomia: é composta, entre outras, pelas taxas de juros, o câmbio e a inflação. Seu comportamento pode determinar o crescimento econômico de um segmento de mercado. Mudanças nas taxas de juros e variações cambiais podem causar mudanças nos preços dos insumos, causando um impacto negativo direto nos custos das empresas e nas suas receitas. A macroeconomia pode promover um aumento expressivo do mercado interno, permitindo o alcance de economias de escala em determinados sistemas agroindustriais.

46 As políticas internacionais de comércio: As variáveis do comércio internacional incidem na competitividade da maioria dos produtos de uma cadeia agroindustrial. Nesse sentido, existem tarifas e barreiras alfandegárias que podem inviabilizar o acesso a mercados importantes. Ainda que uma dada cadeia agroindustrial seja altamente competitiva internamente, em termos de custos de produção, qualidade, diversificação de produtos, ela pode ser impossibilitada nos mercados externos pelas políticas internacionais de comércio.

Políticas industriais e setoriais: condições especiais de crédito, assistência técnica, suprimento de insumos e diferenciação tributária oferecidas pelo Estado, por meio de políticas setoriais, têm a capacidade de reduzir, por exemplo, oscilações e fechamento de mercados ou mesmo atenuar o impacto das variáveis negativas do ambiente macroeconômico. Programas ou políticas públicas destinadas a grupos específicos têm a condição de viabilizar inovações nos arranjos produtivos, o desenvolvimento de novos produtos, acessar novas fatias de mercado e viabilizar o aumento da produtividade com acesso ao patamar de economias de escala.

Tributação interna: o sistema tributário de um País é fundamental na determinação da competitividade de um sistema agroindustrial. Nesse sentido, o alto nível de tributação normalmente tende a diminuir a competitividade de determinados setores da economia. A tributação acumulada, por exemplo, entre os estágios intermediários das cadeias produtivas tem um impacto significativo nos custos de produção e normalmente provoca mudanças nos preços, restringindo a competitividade de sistemas agroindustriais. As políticas setoriais podem permitir regimes especiais de isenção de impostos para determinados segmentos de produtos como o caso do beneficiamento agroindustrial familiar.

Segurança alimentar: Para Henry et. al. (2006) o conceito de segurança alimentar foi adotado como o conjunto de normas de produção, transporte e armazenamento de alimentos e o respectivo desempenho de uma firma ou setor quanto ao atendimento de normas sanitárias que poderiam influenciar sua competitividade. Entretanto, o conceito de segurança alimentar reveste-se atualmente, de forma paralela, da capacidade de produzir alimentos atendendo critérios socioeconômicos e tem sido determinante na percepção e na aceitação do mercado. Dessa forma, o não cumprimento de normas estabelecidas em acordos comerciais internacionais, como por exemplo, produções baseadas em áreas degradadas pela monocultura tendem a reduzir sua participação tanto no mercado internacional como no interno, especialmente, quando enquadrados como modelos de produção ambientalmente impactantes ou que ameaçam a segurança alimentar. Nesse

47 sentido, certificações obtidas podem aumentar a participação no mercado (market share) e portanto, a alavancar a competitividade.

Tecnologia: é um dos principais eixos direcionadores de competitividade. A capacidade de um sistema agroindustrial demonstrar-se capaz de desenvolver e adotar novos padrões tecnológicos torna-se elemento-chave para possibilitar a redução de custos, aumentar a produtividade, melhorar a qualidade e agregar valor aos produtos ampliando o alcance a novos consumidores.

Batalha e Siva (1999) e Henry et.al. (2006) dividem a tecnologia pela capacidade de inovação tanto na indústria de transformação quanto nas fases de produção, além do apoio público e privado, na Pesquisa e Desenvolvimento por órgãos e universidades atuantes na difusão de tecnologias-chave.

Estrutura do mercado e estrutura de governança: a estrutura do mercado e a estrutura de governança são elementos determinantes de competitividade nos sistemas agroindustriais. A Competição e/ou cooperação entre as empresas ou etapas de uma mesma cadeia produtiva disposta, tanto vertical como horizontalmente, afeta diretamente os preços, o abastecimento, a eficiência da produção, o atingimento de economias de escala e a difusão de inovações tecnológicas. Diferentes mecanismos de coordenação e de estruturas de governança, como por exemplo, adoção da integração vertical podem dinamizar o gerenciamento da rede de fornecedores, reduzindo custos de transação e criar condições que aumentem a competitividade sistêmica.

Gestão empresarial: diz respeito a capacidade de uma empresa responder eficientemente às mudanças do mercado. Na avaliação da competitividade de empresas em sistemas agroindustriais as ferramentas de gestão tem forte impacto nos resultados obtidos. Empresas que fazem planejamento estratégicos, treinam seu corpo administrativo e industrial, participando de cursos e obtendo certificações, geralmente apresentam um melhor desempenho no controle de seus processos de produção e gastos. Pela eficiência na gestão é possível identificar com rapidez os gargalos operacionais, tomar decisões e construir estratégias.

Insumos: Os custos e a oferta das principais matérias-primas afetam diretamente o nível de competitividade. Esse eixo direcionador é analisado pela soma de elementos que variam desde o nível de dependência dos produtores em relação aos fornecedores, até os preços dos principais insumos (terra, trabalho e maquinário). Dessa forma, a quantidade, qualidade e valor dos insumos, dependem de fatores externos que variam de acordo com o sistema agroindustrial ou cadeia produtiva agrícola analisada.

48 Armazenamento e transporte: Aspectos correlacionados a eficiência na infra- estrutura de transporte e de armazenamento (insumos e produtos) representam importantes elementos na análise da competitividade. O aumento de custos de pós-colheita, com a incorrência de fretes altos e despesas extras com silagem e armazenamento industrial podem inviabilizar sistemas agroindustriais reduzindo substancialmente seu poder de negociação e competitividade.

2.3 METODOLOGIA DE TRATAMENTO DOS DADOS PRIMÁRIOS E

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