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CAPÍTULO 8 ANÁLISES, DISCUSSÕES E COMENTÁRIOS

8.2. Compilação das análises

As análises realizadas na seção anterior apontam para cinco situações distintas:

1. Melhores práticas previstas pela bibliografia, observadas nas adaptações realizadas na MEPCP e classificadas na mesma dimensão (Processos, Organização do Trabalho e Ferramentas). Adaptação na mesma dimensão . 2. Melhores práticas previstas pela bibliografia, observadas nas adaptações

realizadas na MEPCP, mas classificadas em uma dimensão distinta. Adaptação em outra dimensão .

3. Melhores práticas previstas pela bibliografia, não observadas nas adaptações e nem pela MEPCP. Não observada .

4. Melhores práticas previstas pela bibliografia, e previstas pela MEPCP. Observada na MEPCP .

5. Adaptações não observadas nas melhores práticas previstas pela bibliografia nem na MEPCP. Novas .

Das 13 adaptações identificadas no estudo de caso, 10 foram sugeridas pela bibliografia e 3 foram novas. Das adaptações sugeridas pela bibliografia, houve correspondência na classificação da dimensão. Porém, algumas adaptações tiveram abrangência além da sua dimensão de classificação em três situações. Todas estas três situações estão relacionadas ao maior envolvimento das pessoas no processo de planejamento e acompanhamento. Por exemplo: a literatura prevê que a visão do produto deve ser compartilhada e esta melhor prática foi atribuída ao processo de iniciação. No entanto, as adaptações da MEPCP nesse sentido foram observadas em outras dimensões: Processo de Planejamento e Organização do Trabalho.

As 3 adaptações novas possuem características distintas: A utilização de planos de projetos distintos por tipo de projeto é prevista na MEPCP. Porém a utilização de planos de projetos por pesquisador é uma novidade. Ela pode ser encarada como uma evolução interessante, pois tende a tornar a ferramenta mais amigável. No entanto, deve-se tomar cuidado em sua utilização, pois esta adaptação pode ferir o princípio de utilização de critérios únicos de avaliação de desempenho.

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A segunda novidade foi a instituição de comitês técnicos. Esta adaptação não foi prevista por nenhuma abordagem em termos de melhores práticas e merece destaque. Tudo indica que ela foi motivada pelo caráter técnico inerente de projetos de desenvolvimento. Em linha com a inclusão de aspectos do produto na documentação, esta modificação corrobora a necessidade do gerenciamento do trabalho e do produto estarem mais integrados em projetos de desenvolvimento de produtos.

O terceiro fato novo foi a avaliação de causa e efeito no processo de avaliação de riscos. Esta adaptação é bastante específica. Não é prevista na MEPCP nem na bibliografia de referência. Pode sinalizar uma maior preocupação com a gestão de riscos. Se for este o caso, pode ter alguma correlação com o que sugere a APM, que prevê maior foco na contingência (prevenção) do que na mitigação (correção).

Algumas das melhores práticas sugeridas pela bibliografia estão presentes na MEPCP não adaptada . Esta constatação é muito relevante. Como a MEPCP é uma metodologia clássica de GP e observa alguma das melhores práticas sugeridas para projetos de desenvolvimento de novos produtos, é possível afirmar que: gerenciamento de projetos pode ser utilizado como uma ferramenta útil na organização do trabalho em projetos de desenvolvimento de produtos. Contudo, há adaptações que também estão em linha com as melhores práticas. Assim, o pressuposto 1 é reforçado: as metodologias clássicas devem ser adaptadas.

Por fim, há melhores práticas que não foram observadas através das adaptações efetuadas na MEPCP ao longo dos quatro anos que compreendem as observações. As mais relevantes são: Utilização de conceitos de engenharia simultânea; balanceamento dos recursos humanos nos projetos; carga de trabalho balanceada e acompanhada; uso de ferramentas de colaboração; uso de ferramentas de gestão da qualidade do produto. Como estas melhores práticas aparecem em destaque na literatura, há a percepção de que sua incorporação deve ser estudada em detalhes pelo CPqD e por pesquisas subseqüentes. Este assunto será abordado em profundidade adiante. As análises estão compiladas no quadro 38.

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Quadro 38 Compilação das análises. Análise

Dimensão

Resumo das contribuições da teoria Adaptações observadas em campo Situação

Processos

. A visão do produto deve ser compartilhada.

Adaptação em outra dimensão . As metas devem ser claramente

estabelecidas.

Observada na MEPCP . Dedicação especial aos estégios iniciais. 1. Priorização de acordo com critérios pré-

determinados.

Adaptação na mesma dimensão . O planejamento deve ser ágil. 2. Simplificação do plano de projeto. Adaptação na

mesma dimensão . Envolvimento das pessoas no

planejamento.

Adaptação em outra dimensão . As funções críticas do produto devem

ser incluídas no plano.

4. Tópico: características técnicas básicas . Adaptação na mesma dimensão . Utilização de marcos padronizados. 5. Utilização de "loops" dentro dos

cronogramas e planejamento em ondas sucessivas.

Adaptação na mesma dimensão . A fase de planejamento é importante e

não deve ser negligenciada.

Observada na MEPCP 3. Processos de planejamento diferenciados de acordo com o tipo de projeto /

pesquisador.

Nova

. Utilização de conceitos de engenharia simultânea.

Não observada . Redução de durações no caminho

crítico.

Observada na MEPCP . Balanceamento dos recursos humanos

nos projetos. Não observada . Existência de um processo de desenvolvimento. Observada na MEPCP Controle . Mudanças no projeto devem ser

registradas.

Observada na MEPCP . Utilização de pontos de checagem /

revisão de fases.

8. Uso de "gates" ou pontos de checagem. Adaptação na mesma dimensão . Acompanhamento dos critérios de

qualidade do produto.

6. Farol Qualidade: Desempenho atual da solução .

Adaptação na mesma dimensão 7. O acompanhamento é feito por núcleo. Adaptação em

outra dimensão 9. Avaliação de riscos avalia a causa e o

efeito do risco.

Nova

Encerramento . Consolidação do aprendizado e melhoria contínua.

Observada na MEPCP . Equipes multifuncionais e flutuantes.

. Grande envolvimento de clientes e fornecedores.

. Papéis e responsabilidades claros. Observada na MEPCP . Líder único e bem estabelecido, como

integrador e líder técnico.

12. O líder pode ser externo ao CPqD. Adaptação na mesma dimensão . Carga de trabalho balanceada e

acompanhada.

Não observada . Fluxo de informação e comunicação

claros e amplos.

Observada na MEPCP . Processos estruturados. Observada na

MEPCP 11. Comitê técnico. Nova

. Simplificação da documentação. 13. Simplificação da documentação. Adaptação na mesma dimensão

. Reuniões eficientes. Observada na

MEPCP

. Padronização. Observada na

MEPCP

. Uso de métrica comum. Observada na

MEPCP . Adapação às pessoas e simplicidade. Adaptação na

mesma dimensão . Inserção de atributos técnicos do

produto.

Adaptação na mesma dimensão . Uso de ferramentas de colaboração. Não observada . Uso de ferramentas de gestão da

qualidade do produto.

Não observada 10. Planejamento e controle com

participação da equipe, do cliente e do fornecedor. Adaptação na mesma dimensão Ferramentas Organização do Trabalho Iniciação Planejamento Execução

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8.3. A necessidade de adaptação de uma metodologia clássica de