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4. ATITUDES LINGUÍSTICAS DOS ESTUDANTES DE LETRAS: DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 ATITUDES EM RELAÇÃO À PESSOA QUE FALA PACIENÇA/POLIÇA

4.1.1 Componente cognitivo

O componente cognitivo da atitude corresponde a crenças, ideias, opiniões, pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou menos do objeto da atitude. Os resultados referem-se à questão 8 do questionário aplicado.

4.1.1.1 Calouros

Tabela 1: Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre pessoas que falam

paciença/poliça.

Posicionamento Nota Total

1 2 3 4

P1. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça costumam não

ver erros onde há.

41 29 24 6 100

P2. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não discernem

o certo do errado.

76 24 0 0 100

P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o

próprio idioma.

P4. Só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça.

71 18 11 0 100

P5. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras.

35 41 24 0 100

P6. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não gostam de

estudar.

59 35 6 0 100

P7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

71 29 0 0 100

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014. 1- Discorda totalmente; 2- Discorda em grande parte; 3 - Concorda em grande parte e 4 – Concorda totalmente.

Dos calouros entrevistados, 41% discordam totalmente que as pessoas que falam

paciença/poliça costumam não ver erros onde há, 29% discordam em grande parte, 24%

concordam em grande parte com essa afirmativa e 6% concordam totalmente. Quanto a não discernirem o certo do errado, 76% dos entrevistados discordam totalmente que as pessoas que falam desse modo não discernem o certo do errado, 24% discordam em grande parte e nenhum dos entrevistados concordou com a afirmativa.

Em relação à falta de conhecimento do próprio idioma, 82% discordam totalmente que as pessoas que falam paciença/poliça desconhecem o próprio idioma, 6% discordam em grande parte e 12% concordam em grande parte. No que se refere ao convívio acadêmico, 71% discordam totalmente que as pessoas que pronunciam

paciença/poliça não tiveram convívio acadêmico, 18% discordam em grande parte e

11% concordam em grande parte.

Quando questionados sobre essas pessoas estarem tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras, 35% discordam totalmente, 41% discordam em grande parte e 24% concordam em grande parte. No julgamento sobre não gostar de estudar, 59% discordam totalmente que pessoas que falam desse modo não gostam de estudar, enquanto 35% discordam em grande parte e 6% concordam em grande parte. Por fim, 71% discordam totalmente que pessoas que falam desse modo vivam no nordeste e 29% discordam em grande parte.

Tabela 2: Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no posicionamento dos calouros

sobre as pessoas que falam paciença/poliça.

Posicionamento Média

Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

P1. Pessoas que pronunciam

paciença costumam não ver erros

onde há.

1,94 0,97 1 4

0,000 P2. Pessoas que pronunciam

paciença não discernem o certo do

errado.

1,24 0,44 1 2

P3. Pessoas que pronunciam

paciença desconhecem o próprio

idioma.

1,29 0,69 1 3

P4. Só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam

paciença.

1,44 0,73 1 3

P5. Pessoas que pronunciam

paciença estão tão acostumadas a

falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras.

1,88 0,78 1 3

P6.Pessoas que pronunciam

paciença não gostam de estudar. 1,47 0,62 1

3 P7. A maioria das pessoas que

pronuncia paciença vive no nordeste.

1,31 0,48 1 2

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p3 observado no teste de Friedman, há diferença significativa, ao nível de confiança de 95%, no julgamento dos posicionamentos sobre as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça, ou seja, existe diferença no modo como os entrevistados julgam essas pessoas.

Tabela 3: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos sobre as pessoas que falam

paciença/poliça. Posicionamento Valor-p P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P1 - 0,00 0,00 0,03 0,35 0,02 0,00 P2 - 0,35 0,09 0,00 0,05 0,16 P3 - 0,29 0,00 0,18 0,50 P4 - 0,02 0,37 0,21 P5 - 0,02 0,00 P6 - 0,09 P7 -

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

3

Para que o valor-p seja significativo, é necessário que seja menor que 0,05. Encontrado esse resultado, é aplicado o teste de Wilcoxon, que objetiva identificar entre quais variáveis dependentes houve diferença.

O teste de Wilcoxon, na tabela 3, mostrou diferença entre o modo como as pessoas julgam o posicionamento P1 versus os posicionamentos P2, P3, P4, P5 e P6; assim como no julgamento do posicionamento P2 versus os posicionamentos P5 e P6. Foi possível observar que também existe diferença significativa entre o posicionamento P3 versus o posicionamento P5. Além de diferenças no P4 versus P5; P5 versus P6; P5 com P7 e, por fim, P6 e P7.

Esses dados mostraram resultados interessantes: os calouros têm pouquíssimas crenças negativas em relação à pessoa que fala paciença/poliça. A avaliação do componente cognitivo foi mais positiva em todas as afirmativas, embora estatisticamente diversificada conforme apontam os testes de Friedman e Wilcoxon. Essas diferenças estatísticas se deram dentro das opções positivas de cada posicionamento.

4.1.1.2 Concluintes

Tabela 4: Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes sobre pessoas que falam

paciença/poliça.

Posicionamento 1 2 3 4 Total

P1. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça costumam não ver

erros onde há.

6 38 38 19 100

P2. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não discernem o certo

do errado.

44 31 19 6 100

P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

63 19 19 0 100

P4. Só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam

paciença/poliça.

44 44 13 0 100

P5. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras.

31 19 44 6 100

P6. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não gostam de estudar.

P7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

63,0 37,0 0,0 0,0 100,0

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

Dos concluintes entrevistados, 6% discordaram totalmente, 38% discordaram em grande parte, 38% concordaram em grande parte e 19% concordaram totalmente que pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há. 44% discordaram totalmente que pessoas que pronunciam paciença/poliça não discernem o certo do errado, enquanto 31% discordaram em grande parte, 19% concordaram em grande parte e 6% concordaram totalmente.

Sobre o posicionamento que afirma que pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma, 63% disseram discordar totalmente,

19% discordaram em grande parte, 19% concordaram em grande parte e ninguém concordou totalmente. Já para o posicionamento de que só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça, 44% discordaram totalmente, 44% discordam em grande parte e 13% concordaram em grande parte.

Para o posicionamento de que pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras, 31% discordaram totalmente, 19% discordaram em grande parte, 44% concordaram em grande parte com essa afirmação e 6% concordaram totalmente. Já no posicionamento que afirma que pessoas que pronunciam paciença/poliça não gostam de estudar, 50% discordam totalmente desta colocação, 31% discordaram em grande parte, 13% concordaram em grande parte e 6% concordaram totalmente. Por fim, 63% discordam totalmente que a maioria das pessoas que falam desse modo vive no nordeste e 37% concordam em grande parte.

Tabela 5: Teste de Friedman na comparação do posicionamento dos concluintes sobre as pessoas que

falam paciença/poliça.

Posicionamento Média

Desvio

Padrão Mínimo Maximo Valor-p

P1. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça costumam não ver

erros onde há.

2,69 0,87 1 4

0,00 P2. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não discernem o

certo do errado.

P3. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma.

1,56 0,81 1 3

P4. Só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam

paciença/poliça.

1,69 0,70 1 3

P5. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras.

2,25 1,00 1 4

P6. Pessoas que pronunciam

paciença/poliça não gostam de

estudar.

1,75 0,93 1 4

P7. A maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste.

1,33 0,49 1 2

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com o valor-p observado no teste de Friedman, há diferença significativa, ao nível de confiança de 95%, nos posicionamentos sobre as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça, ou seja, existe diferença em relação às crenças sobre essas pessoas.

Tabela 6: Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos dos concluintes sobre as

pessoas que falam paciença/poliça.

Posicionamento Valor-p P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P1 - 0,01 0,00 0,00 0,06 0,01 0,00 P2 - 0,18 0,28 0,05 0,36 0,5 P3 - 0,29 0,01 0,28 0,17 P4 - 0,03 0,45 0,04 P5 - 0,08 0,01 P6 - 0,05 P7 -

Fonte dos dados: Levantamento de dados primários, 2014.

De acordo com a tabela 6, conforme o teste de Wilcoxon, existe diferença entre o modo como as pessoas julgam o posicionamento P1 versus os posicionamentos P2, P3, P4, P6 e P7; assim como no julgamento do posicionamento P2 versus o posicionamento P5. Foi possível observar que também existe diferença significativa entre o

posicionamento P3 versus o posicionamento P5. Além de diferenças no P4 versus P5; P4 versus P7; P5 com P7 e, por fim, P6 e P7.

Os dados relativos ao componente cognitivo da atitude dos concluintes indicaram uma postura mais positiva, embora tenhamos encontrado um posicionamento negativo – pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há. Também percebemos um posicionamento dividido – pessoas que pronunciam

paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a

forma como pronunciam as palavras. Esses dois posicionamentos estão relacionados à noção de erro.

Ao analisarmos o componente cognitivo da atitude, ou seja, as crenças, ideias, opiniões, pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou menos sobre a pessoa que fala paciença/poliça, dos dois grupos entrevistados – calouros e concluintes – constatamos alguns dados interessantes. Alguns posicionamentos julgados negativamente estavam mais relacionados às crenças dos concluintes, contrariando nossas expectativas.

No caso de P1, apenas 30% dos calouros concordaram que pessoas que pronunciam paciença/poliça costumam não ver erros onde há, diferentemente dos 57% dos concluintes que concordaram. Esperávamos resultado inverso em todos os posicionamentos. P2 também chamou nossa atenção, embora a maioria de calouros e concluintes tenha discordado da afirmativa de que pessoas que pronunciam

paciença/poliça não discernem o certo do errado. Nesse caso, observamos que nenhum

dos calouros concordou com a afirmativa, porém 25% dos concluintes concordaram. Essa diferença é significativa. No caso da afirmativa P3 de que pessoas que pronunciam

paciença/poliça desconhecem o próprio idioma, a quantidade de concluintes que

concordou também foi maior que a dos calouros – 19% e 12%, respectivamente. Com P4 – só as pessoas que não tiveram convívio acadêmico pronunciam paciença/poliça, calouros e concluintes tiveram julgamentos próximos: 12% e 13% de concordância respectivamente. A avaliação de P5 – pessoas que pronunciam paciença/poliça estão tão acostumadas a falar errado que nem se preocupam com a forma como pronunciam as palavras – também foi inesperada. Mais uma vez os calouros concordaram menos que os concluintes: 24% e 50%. O posicionamento P6 – pessoas que pronunciam

paciença/poliça não gostam de estudar – também teve discordância entre os

entrevistados: 6% dos calouros concordaram contra 19% dos concluintes. Por fim, P7, que diz que a maioria das pessoas que pronuncia paciença/poliça vive no nordeste,

apresentou resultados iguais para calouros e concluintes: todos discordaram da afirmativa. P1 e P5 se destacaram de forma negativa para os concluintes, mostrando que estes creem que pessoas que falam paciença/poliça falam errado. Os calouros não compartilharam da mesma crença.

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