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Atitudes linguísticas de graduandos em Letras em relação à redução do ditongo final [ja] em palavra paroxítona e às pessoas que a empregam

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM. ATITUDES LINGUÍSTICAS DE GRADUANDOS EM LETRAS EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO FINAL [] EM PALAVRA PAROXÍTONA E ÀS PESSOAS QUE A EMPREGAM. ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA. Natal, dezembro de 2017..

(2) ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, PPgEL, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutor em Linguística Aplicada.. ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Hozanete Alves de Lima. NATAL, dezembro de 2017..

(3)

(4) ELISABETH SILVA DE VIEIRA MOURA ATITUDES LINGUÍSTICAS DE GRADUANDOS EM LETRAS EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO FINAL [] EM PALAVRA PAROXÍTONA E ÀS PESSOAS QUE A EMPREGAM. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem, PPgEL, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Doutora em Linguística Aplicada. Tese defendida e aprovada em 7 de dezembro de 2017. BANCA EXAMINADORA. ______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Hozanete Alves de Lima (UFRN, orientadora). ______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Carla Maria Cunha (UFRN). ______________________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Alice Tavares (UFRN). ______________________________________________________________________ Prof. Dr. Aldir Santos de Paula (UFAL). ______________________________________________________________________ Profª. Drª. Maria Margarete Fernandes de Sousa (UFC).

(5) Aos meus filhos.

(6) AGRADECIMENTOS. Agradeço, primeiramente, a Deus, pela força e iluminação para a conclusão desta pesquisa. Aos meus pais, José Arnaud e Maria Marinete, que me deram as bases da educação, dos valores e convicções que carrego, incentivando-me a dar passos cada vez maiores no meu aperfeiçoamento profissional. Ao meu esposo Jorge e aos meus filhos Cassiel e Paloma, que tornam os meus dias mais felizes, trazendo-me a motivação necessária para a execução de minhas atividades diárias. A todos os familiares queridos que torceram pelo meu crescimento e me deram palavras de apoio e carinho a cada momento. À minha orientadora Prof.ª Drª Maria Hozanete Alves de Lima, por quem sinto um enorme carinho e que me acolheu, orientou e apoiou sempre com entusiasmo, alegria e energia. À Prof.ª Dr.ª Carla Maria Cunha, pela acolhida desde a época do mestrado e posteriormente no doutorado em meu Estágio à Docência no Ensino Superior, com quem tive a oportunidade de aprofundar meus conhecimentos sobre a língua portuguesa, em especial à fonética, e com quem aprendi muito. Sua orientação e acompanhamento foram essenciais para a conclusão desta tese. À Prof.ª Dr.ª Maria Alice Tavares, ao Prof. Dr. Aldir Santos de Paula e à Prof.ª Drª. Maria Margarete Fernandes pelas sugestões e orientações que tanto contribuíram com minha pesquisa. Aos docentes e coordenadores do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem (PPgEL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)..

(7) Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português. Oswald de Andrade.

(8) RESUMO. Com base em estudos sociolinguísticos sobre o problema empírico da avaliação e com o intuito de contribuir com as pesquisas sobre o valor social dos elementos variáveis, esta tese visa a verificar a atitude linguística de estudantes de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona. Nosso corpus é composto de testes aplicados aos estudantes calouros e concluintes, observando-se três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e comportamental – em relação à redução citada, como em paciença/poliça, e em relação à pessoa que usa essa variante. Sendo assim, esta pesquisa se justifica na medida em que se propõe a mostrar a importância da elaboração e validação de testes de atitude para a observação do valor social das variantes linguísticas. Diante disso, as questões fundadoras de nossa pesquisa são as seguintes: (i) que testes podem ser aplicados para verificar as atitudes linguísticas?; (ii) quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona? Diante dessas questões, nossos objetivos são os seguintes: (i) desenvolver e validar testes para avaliar atitudes linguísticas em função de seus três componentes – cognitivo, afetivo e comportamental; (ii) descrever e analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona. Como expectativa aos objetivos norteadores da pesquisa, apresentamos as seguintes hipóteses: (i) a escala de Likert, a escala de diferenciador semântico e a escala de distância social devem mostrar-se adequadas para avaliar as atitudes; (ii) alunos concluintes, por já terem uma formação teórica sobre os fenômenos de variação e mudança linguística, apresentariam uma postura diferente no que respeita ao fenômeno de mudança e variação. As escalas mostraram-se adequadas para a verificação das atitudes, porém os alunos concluintes não apresentaram atitudes melhores que os calouros. Pesquisas sobre atitudes linguísticas são significativas para discussões sobre preconceito e prestígio linguísticos e para auxiliar na compreensão de como se dão as mudanças na língua. A elaboração de testes significativos pode contribuir para um melhor esclarecimento das atitudes dos falantes e de sua influência na variação/mudança linguística, e, ao permitir a observação do valor social das variantes linguísticas, os testes de atitude podem subsidiar análises feitas por quem pesquisa o mesmo fenômeno variável, mas não faz testes de atitude. Além disso, trazer à tona a questão da atitude linguística nos cursos de Letras tem sido uma discussão pertinente para possibilitar aos futuros professores a reflexão sobre o tema e a transposição para a sala de aula desses conhecimentos que são importantes para a formação integral do educando.. PALAVRAS-CHAVE: Variação linguística. Atitudes linguísticas. Variação fonética. Monotongação..

(9) ABSTRACT. Based on sociolinguistic studies about empirical problems of evaluation, and attempting to contribute with variable elements’ social value, this thesis aims to verify the linguistic attitude of students of Portuguese Language and Literature Course from a public university in Natal, Rio Grande do Norte. Our corpus data is composed by applied tests for Portuguese Language and Literature students - freshmen and seniors -, by observing attitude’s three components - cognitive, affective and behavioral – relating to diphthong’s [ja] reduction in paroxytone unstressed words, as in paciença/poliça, according to who is using this variant. Based on our analysis, we support that freshmen and seniors judgments are different from the studied variant. Therefore, this research is justified when it proposes to show how it is important elaborating and validating these attitude tests by the observation of linguistic variant’s social value. Consequently, our research’s founding questions are the following: (i) which tests can be applied to verify linguistic attitudes? (ii) what are freshmen and seniors undergraduate students of Portuguese Language and Literature Course linguistic attitudes concerning stigmatized variable phonetic phenomena? While considering these issues, our goals are as follows: (i) developing and validating tests to assess linguistic attitudes according to their three components - cognitive, affective and behavioral; (ii) describing and analyzing undergraduate students attitudes in their first and last semester regarding stigmatized variable phonetic phenomena; (iii) defining and identifying the three components of judge listening attitudes; and, (iv) verifying the influence of linguistic studies on these students’ change of attitudes. As an expectation for the guiding objectives of this research, we present the following hypotheses: (i) because of previous theoretical backgrounds about variation and linguistic change phenomena, senior students present a different standpoint regarding change and variation phenomenon. The scales were adequate for the verification of the attitudes, but the seniors students did not present better attitudes than the freshmen. Researches on linguistic attitudes are significant for linguistic prejudice and prestige discussions, and to assist in understanding how language changes occur. The elaboration of significant tests will contribute to a better clarification of the speakers’ attitudes and their influence on linguistic variation / change, and by allowing the social value of language variants to be observed, attitude tests can support analyzes made by those who research the same variable phenomenon, but do not perform attitude tests. Additionally, bringing up the question of linguistic attitude in Literature courses has been a relevant discussion to enable future teachers to reflect about the subject and how these knowledges are important for classroom’s transposition in student’s complete formation. Key-Words: Linguistic Monophthongization. .. variation.. Linguistic. attitudes.. Phonetic. variation..

(10) RESUMEN Fundamentado en estudios sociolingüísticos sobre el problema empírico de la evaluación y con el propósito de contribuir con las investigaciones sobre el valor social de los elementos variables, esta tesis apunta la actitud lingüística de estudiantes de la graduación de Letras Portugués de la Universidad Federal del Rio Grande del Norte en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final en palabra paroxítona. Nuestro corpus se compone de pruebas aplicadas a los estudiantes ingresantes y concluyentes, considerando tres componentes de la actitud - cognitiva, afectiva y comportamental - en relación a la reducción mencionada, como en paciença/poliça, y en relación a la persona que utiliza esa variante. Por lo tanto, esta investigación se justifica en la medida en que se propone mostrar la importancia de la elaboración y validación de pruebas de actitud para la observación del valor social de las variantes lingüísticas. Por tanto, las cuestiones fundadoras de nuestra investigación son las siguientes: (i) qué pruebas pueden aplicarse para verificar las actitudes lingüísticas?; (ii) cuáles son las actitudes lingüísticas de universitarios de la graduación en Letras Portugués, en los períodos iniciales y finales del curso, en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final de la palabra paroxítona? Ante estés cuestionamientos, nuestros objetivos son los siguientes: (i) desarrollar y validar pruebas para evaluar actitudes lingüísticas en función de sus tres componentes - cognitivo, afectivo y comportamental; (ii) describir y analizar actitudes de universitarios de la graduación en Letras Portugués, en los períodos iniciales y finales del curso, en relación a la reducción del diptongo [ja] átono final de la palabra paroxítona. Como expectativa a los objetivos orientadores de la investigación, presentamos las siguientes hipótesis: (i) la escala de Likert, la escala de diferenciador semántico y la escala de distancia social deben mostrarse adecuadas para evaluar las actitudes; (ii) alumnos concluyentes, por tener una formación teórica sobre los fenómenos de variación y cambio lingüístico, presentarían una postura distinta en lo que se refiere al fenómeno de cambio y variación. Se mostraran adecuadas las escalas para la verificación de las actitudes, pero los alumnos concluyentes no presentaron actitudes mejores que los alumnos ingresantes. Las investigaciones sobre actitudes lingüísticas son significativas para discusiones sobre prejuicio y prestigio lingüísticos y para ayudar en la comprensión de cómo se dan los cambios en la lengua. La elaboración de pruebas significativas puede contribuir a una mejor aclaración de las actitudes de los hablantes y de su influencia en variación/cambio lingüístico, y, al permitir la observación del valor social de las variantes lingüísticas, las pruebas de actitud pueden subsidiar análisis realizados por quienes investigan el mismo fenómeno variable, pero no hacen pruebas de actitud. Además, traer la cuestión de la actitud lingüística en los cursos de graduación en Letras Portugués ha sido una discusión pertinente a la reflexión de los futuros profesores sobre el tema y la transposición en la clase de esos conocimientos que son importantes para la formación integral del alumno.. PALABRAS CLAVE: Variación lingüística. Actitudes lingüísticas. Variación fonética. Monotongación..

(11) LISTA DE FIGURAS, QUADROS, GRÁFICOS E TABELAS. Figura 1:. Estrutura da sílaba segundo a teoria autossegmental. 34. Figura 2:. Estrutura da sílaba segundo a teoria métrica. 34. Figura 3:. Representação da primeira sílaba da palavra perspectiva. 34. Figura 4:. Representação de uma sílaba pesada e de uma leve, respectivamente. 35. Figura 5:. Molde silábico do português. 36. Figura 6:. Sílabas de estrutura CCVCC. 36. Quadro 1:. Passos na construção de uma escala de Thurstone. 41. Quadro 2:. Passos na construção de uma escala de Likert. 42. Quadro 3:. Exemplo de escala tipo diferenciador semântico. 43. Quadro 4:. Exemplo de escala tipo Guttman. 44. Gráfico 1:. Distribuição percentual relativa ao sexo dos alunos entrevistados. 53. Gráfico 2:. Distribuição percentual relativa à idade dos alunos entrevistados. 54. Tabela 1:. Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre 54 pessoas que falam paciença/poliça. Tabela 2:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no 56 posicionamento sobre as pessoas que falam paciença/poliça. Tabela 3:. Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos 56 sobre as pessoas que falam paciença/poliça. Tabela 4:. Distribuição percentual do posicionamento dos concluintes sobre 57 pessoas que falam paciença/poliça. Tabela 5:. Teste. de Friedman. na comparação. do. posicionamento. do 58. concluintes sobre as pessoas que falam paciença/poliça Tabela 6:. Teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos posicionamentos 59 dos concluintes sobre as pessoas que falam paciença/poliça. Tabela 7:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 61 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à escolarização. Tabela 8:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 62 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à instrução. Tabela 9:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 62.

(12) relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à inteligência Tabela 10:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 62 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à atenção. Tabela 11:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 63 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à competência. Tabela 12:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 63 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto ao esforço. Tabela 13:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos 64 julgamentos dos calouros sobre as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. Tabela 14:. Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos 64 julgamentos dos calouros sobre pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. Tabela 15:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 65 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à escolarização. Tabela 16:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 65 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à instrução. Tabela 17:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 66 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à inteligência. Tabela 18:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 66 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça, quanto à atenção. Tabela 19:. Distribuição percentual das notas do julgamento em relação às 66 pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto à competência. Tabela 20:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 67 relação às pessoas que pronunciam paciença/poliça quanto ao.

(13) esforço Tabela 21:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos 67 julgamentos de impressões sobre as pessoas que pronunciam as palavras paciença/poliça. Tabela 22:. Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos 68 julgamentos dos concluintes. Tabela 23:. Distribuição percentual para o tipo de relação que calouros teriam 69 com pessoas que pronunciam paciença/poliça e valor-p para o teste de Fisher. Tabela 24:. Distribuição percentual para o tipo de relação que concluintes 70 teriam com pessoas que pronunciam paciença/poliça. Tabela 25:. Distribuição percentual do posicionamento dos calouros sobre a 72 pronúncia de paciença/poliça. Tabela 26:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação no 74 posicionamento sobre a pronúncia paciença/poliça. Tabela 27:. Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos 75 posicionamentos dos calouros sobre a pronúncia paciença/poliça. Tabela 28:. Distribuição. percentual. do. posicionamento. dos. concluintes 75. entrevistados sobre a pronúncia paciença/poliça Tabela 29:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos 77 posicionamentos dos concluintes sobre a pronúncia paciença/poliça. Tabela 30:. Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos 78 posicionamentos dos concluintes sobre a pronúncia paciença/poliça. Tabela 31:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 79 relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à beleza. Tabela 32:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 79 relação à pronúncia paciença/poliça quanto à correção. Tabela 33:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros. em 79. relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à adequação Tabela 34:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 80 relação à pronúncia paciença/poliça, quanto à agradabilidade. Tabela 35:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 80 relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser cuidada.

(14) Tabela 36:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos calouros em 81 relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser ou não engraçada. Tabela 37:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos 81 julgamentos dos calouros sobre a pronúncia paciença/poliça. Tabela 38:. Valor-p do teste de Wilcoxon na comparação dois a dois dos 82 julgamentos dos calouros. Tabela 39:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 82 relação à pronúncia paciença/poliça quanto à beleza. Tabela 40:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 83 relação à pronúncia paciença/poliça quanto à correção. Tabela 41:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 83 relação à pronúncia paciença/poliça quanto à adequabilidade. Tabela 42:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 83 relação à pronúncia paciença/poliça quanto à agradabilidade. Tabela 43:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 84 relação à pronúncia paciença/poliça quanto ao cuidado. Tabela 44:. Distribuição percentual das notas do julgamento dos concluintes em 84 relação à pronúncia paciença/poliça quanto a ser engraçada. Tabela 45:. Estatísticas descritivas e teste de Friedman na comparação dos 84 julgamentos. dos. concluintes. em. relação. às. variantes. paciença/poliça Tabela 46:. Distribuição percentual sobre quando os calouros entrevistados 85 falariam/escreveriam as palavras paciença/poliça. Tabela 47:. Distribuição percentual sobre quando os concluintes entrevistados 86 falariam/escreveriam as palavras paciença/poliça.

(15) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO. 16. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 19. 2.1 A SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA. 19. 2.2 ATITUDES LINGUÍSTICAS – CONCEITOS. 25. 2.3 A INTERPRETAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS DITONGOS, 31 HIATOS E MONOTONGOS 3 INTERFACE ENTRE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLOGIA SOCIAL 41 – POR UMA QUESTÃO METODOLÓGICA 3.1 MEDIÇÃO DE ATITUDES. 41. 3.2 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS. 49. 3.2.1. Teste de Friedman. 49. 3.2.2. Teste de Wilcoxon. 50. 3.2.3. Teste de Fisher. 51. 4 ATITUDES. LINGUÍSTICAS. DOS. ESTUDANTES. DE. LETRAS: 53. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 ATITUDES. EM. RELAÇÃO. À. PESSOA. QUE. FALA 54. PACIENÇA/POLIÇA 4.1.1. 4.1.2. 4.1.3. Componente cognitivo. 54. 4.1.1.1. Calouros. 54. 4.1.1.2. Concluintes. 57. Componente afetivo. 61. 4.1.2.1. Calouros. 61. 4.1.2.2. Concluintes. 65. Componente comportamental. 69. 4.1.3.1. Calouros. 69. 4.1.3.2. Concluintes. 70. 4.2 ATITUDE EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DO DITONGO [] ÁTONO 72 FINAL DE PALAVRA PAROXÍTONA 4.2.1. 4.2.2. Componente cognitivo. 72. 4.2.1.1. Calouros. 72. 4.2.1.2. Concluintes. 75. Componente afetivo. 79.

(16) 4.2.3. 4.2.2.1. Calouros. 79. 4.2.2.2. Concluintes. 82. Componente comportamental. 85. 4.2.3.1. Calouros. 85. 4.2.3.2. Concluintes. 86. 5 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS. 89 92.

(17) 16. 1 INTRODUÇÃO. Especialmente, a partir dos estudos de Weinreich, Labov e Herzog (WLH), na década de 60, a heterogeneidade linguística começou a ser descrita e analisada de forma mais sistemática, observando-se, também, a influência dos fatores sociais sobre a língua. Os postulados de Labov ([1972], 2008) apresentam uma percepção da língua como um sistema de caráter heterogêneo. Seus estudos no campo da sociolinguística trouxeram à tona diversas reflexões sobre a variação/mudança linguística. A Sociolinguística contribuiu muito nas reflexões sobre preconceito e prestígio linguísticos, que podem ser abordados à luz de um dos cinco problemas fundamentais contemplados na investigação sociolinguística. Conforme WLH (2006), estes problemas seriam: o problema dos condicionamentos ou restrições, o da transição, o do encaixamento, o da implementação e o da avaliação linguística, sendo este último o foco de nossa pesquisa. O problema da avaliação nos leva a observar o papel do falante em relação à própria língua e às mudanças que nela ocorrem. Para contribuir com as pesquisas sobre o valor social dos elementos variáveis e motivada a dar continuidade à pesquisa de Moura (2013), que verificou atitudes linguísticas de professores da Educação Básica de Natal/RN, esta tese visa a verificar a atitude linguística de estudantes de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Nosso corpus é composto de testes aplicados aos calouros e aos concluintes, observando-se os três componentes da atitude – cognitivo, afetivo e comportamental – em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona, como em paciença/poliça e em relação à pessoa que usa essa variante. Sendo assim, esta pesquisa se justifica na medida em que reforça a importância da elaboração e validação de testes de atitude, já que esses testes nos permitem a observação do valor social das variantes linguísticas e podem embasar outras análises do mesmo fenômeno linguístico feitas por quem não fez testes de atitude. Diante disso, as questões fundadoras de nossa pesquisa são as seguintes: (i) Que testes podem ser aplicados para verificar as atitudes linguísticas? (ii) Quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras da UFRN, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à pessoa que usa a redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona?.

(18) 17. (iii) Quais são as atitudes linguísticas de universitários do curso de Letras da UFRN, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona? Diante dessas questões, nossos objetivos são os seguintes: Objetivo geral: Desenvolver e validar testes para avaliar atitudes linguísticas em função de seus três componentes – cognitivo, afetivo e comportamental. São objetivos específicos nesta análise: (i) aplicar testes de escala de diferenciador semântico, de escala de distância social de Bogardus, de escala de Likert para verificar os três componentes da atitude. (ii) descrever e analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à pessoa que usa a redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona. (iii) descrever e analisar atitudes de universitários do curso de Letras, nos períodos iniciais e finais do curso, em relação à redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona. Como expectativa aos objetivos norteadores da pesquisa, apresentamos as seguintes hipóteses: (i) os testes de escala de diferenciador semântico, de escala de distância social de Bogardus e de escala de Likert seriam satisfatórios para a medição dos três componentes das atitudes linguísticas. (ii) alunos concluintes, por já terem uma formação teórica sobre os fenômenos de variação e mudança linguística (tema corrente no curso de Letras), apresentariam uma postura diferente no que respeita ao fenômeno analisado. Nesse sentido, eles apresentariam uma atitude mais positiva tanto em relação à pessoa que emprega a redução do ditongo [ja] átono final de palavra paroxítona quanto a essa variante. Por outro lado, os alunos calouros, embora já expostos à temática de variação e mudança, mas sem o amadurecimento de um aluno que já cursou oito períodos do Curso de Letras, apresentariam uma atitude negativa diante do fenômeno analisado. O fenômeno linguístico avaliado nos testes foi a redução do ditongo [ja] átono final de palavras paroxítonas, tais como polícia > poliça, paciência > paciença, bem como foi verificada a atitude em relação às pessoas que empregam a variante citada. Além de observarmos essa variante na fala de algumas pessoas, encontramo-la em algumas pesquisas linguísticas abaixo referidas:.

(19) 18. Muitas vez eles não obedece as poliça, porque uma vez mehmo aí que teve uma festa aí na Matinha mehmo, que chamaru a poliça e não obedeceru a poliça, obedecerunão. [Inf. 06 F III] (SANTANA E NASCIMENTO, 2011, p.15) Hoji, onzi do seti di dois mil e dozi, quarta-feira, nessi momento eu tô participanu di uma entrevista, ai eu quero contá um calso, algumas coisa que aconticeu cumigu, assim nuns tempo di mais novo, eu era disisperado, sem paciença. (MATIAS, 2012, p.42). A pesquisa de Santana e Nascimento (2011) analisa a variação linguística na estrutura de negação utilizada na fala da Matinha, comunidade rural da cidade de Feira de Santana (BA). A pesquisa de Matias (2012) investiga a variação linguística na fala dos baianos que residem na cidade de Jussara-GO. Sem dúvida, pesquisas sobre atitudes linguísticas são importantes devido a sua importância para discussões sobre preconceito e prestígio linguísticos e para auxiliar na compreensão de como se dão as mudanças na língua. A elaboração de testes significativos contribui para um melhor esclarecimento das atitudes dos falantes e de sua influência na variação/mudança linguística. Além disso, trazer à tona a questão da atitude linguística nos cursos de Letras tem sido uma discussão pertinente para possibilitar aos futuros professores a reflexão sobre o tema e a transposição para a sala de aula desses conhecimentos que são importantes para a formação integral do educando. Para o cumprimento dos objetivos propostos, esta tese foi dividida em cinco seções. Após a introdução, apresentamos nossa fundamentação teórica, divida em três partes: nossa base sociolinguística, a contribuição da Psicologia Social aos estudos das atitudes, bem como uma pequena revisão teórica sobre ditongos, hiatos e monotongos. Em seguida, apresentamos a metodologia com nossos testes de atitude e o tratamento estatístico utilizado. No quarto capítulo, descrevemos e analisamos os dados relativos às atitudes dos alunos de Letras em relação à pessoa que fala paciença/poliça e em relação às variantes paciença/poliça. Encerramos com nossas conclusões..

(20) 19. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. Neste capítulo, tratamos sobre a teoria Sociolinguística e sobre o que ela tem permitido pensar a respeito da variação linguística e outros conceitos fundamentais. Assim, explanamos sobre os princípios basilares da teoria variacionista laboviana e sobre os aspectos que motivam e direcionam as mudanças na língua. Expomos, também, os conceitos de atitude, em um sentido amplo, com base na Psicologia Social – teoria que complementa as discussões relativas ao tema da atitude linguística – e em alguns estudos sociolinguísticos. Por fim, apresentamos as principais discussões sobre os ditongos crescentes e sua monotongação. Embora os temas tratados neste capítulo sejam base para a análise de nossos dados, não objetivamos aprofundamento das discussões e conceitos teóricos aqui apresentados.. 2.1 A SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA. A Sociolinguística variacionista, também conhecida como teoria laboviana, teoria da variação e mudança linguística, sociolinguística quantitativa, entre outros, tem seu marco em meados do século XX, época em que conflitos sociais americanos entre grupos que disputavam seu lugar social eram recorrentes (a exemplo dos conflitos étnicos, nos quais os negros eram subestimados por terem uma linguagem considerada de má elaboração ou de baixo prestígio em relação à linguagem dos brancos). Tal teoria decorre de uma abertura no campo dos estudos linguísticos: a linguística passa a interagir com outras áreas de estudo, a exemplo da sociologia, da psicologia e da filosofia. Da junção entre a linguística e a sociologia surge, em termo cunhado por Haver C. Currier, em 1953 (CALVET, 2002), a Sociolinguística, cuja visão não é a do funcionamento da língua em sua imanência, mas em seu uso, algo que seria conflitante, por exemplo, à linguística estruturalista. Quando a linguística foi reconhecida como ciência, seu objeto de estudo era a langue. Saussure (1916), em seu Curso de Línguística Geral, estabeleceu a dicotomia langue/parole e determinou que o objeto da linguística fosse apenas a langue, deixando de fora (por questões metodológicas que não discutiremos aqui) a maioria dos.

(21) 20. fenômenos variáveis, colocando em evidência apenas um objeto, de certa forma, homogêneo. De acordo com Monteiro (2008), as primeiras tentativas de inaugurar uma linguística que levasse em consideração, nas suas análises, os aspectos sociais da linguagem – a sociolinguística – foram com Bright em 1966, e Fishman em 1972. Bright teria sido o primeiro a apontar a diversidade linguística como objeto de estudo da sociolinguística. Mas, é somente a partir dos estudos de Weinreich, Labov e Herzog (WLH), na década de 60, que se teve êxito nas tentativas de descrever a heterogeneidade linguística e de verificar a influência dos fatores sociais sobre a língua. Nesta perspectiva, a língua passa, então, a ser considerada heterogênea e em constante variação, sendo condicionada por fatores (extra)linguísticos e estilísticos. WLH, na comunicação apresentada em 1966 na Universidade do Texas (Empirical Foundations for a Theory of Language Change - EFTLC), chamam-nos a atenção para a identificação problemática entre estruturalidade e homogeneidade. Na perspectiva adotada pelos autores, estruturalidade não significa, necessariamente, homogeneidade, de modo que as línguas são naturalmente heterogêneas sem deixarem de ser sistemáticas, ordenadas, pois a variação linguística também está inserida na estrutura das línguas. WLH ([1968] 2006) defendem que a língua é sempre sistemática, mesmo em períodos. de. variação. ou. mudança. linguística.. Para. isso,. trazem o. seguinte. questionamento: “se uma língua tem de ser estruturada, a fim de funcionar eficientemente, como é que as pessoas continuam a falar enquanto a língua muda, isto é, enquanto passa por períodos de menor sistematicidade?” ([1968] 2006, p. 35). Seus estudos apontaram para a premissa de que a variação é parte de um processo social, e de que as mudanças sociais ocorridas em qualquer que seja a sociedade, em seus diversos estratos (raça, sexo, idade, classe econômica, etc.), se “encaixariam” no. funcionamento. companheiros de pesquisa,. da língua, modificando-a. Para Labov e seus. Weinreich e. Herzog,. antes de a mudança estar. completamente inserida na língua, se realizaria o fenômeno da variação, de modo que seria possível ao. falante certas escolhas: lexicais, sintáticas, morfológicas e/ou. fonéticas. O termo sociolinguística é considerado por Labov (2008) redundante, já que não consegue conceber uma linguística divorciada do social. Seguindo o modelo laboviano, o pesquisador sociolinguista obterá seus dados de pesquisa de uma comunidade de fala,.

(22) 21. termo que, segundo Labov (2008), refere-se a grupos que possuem normas e atitudes comuns relativas ao uso da língua, distinguindo-se de outros grupos. Sendo assim, por exemplo, Brasil e Portugal são diferentes comunidades de fala, apesar de ambas se utilizarem do português, e cada uma delas é constituída por uma grande quantidade de outras comunidades de fala. Nessa perspectiva, a variável linguística é constituída de variantes linguísticas. Para definir uma variável linguística, Labov (2008) afirma que é necessário: (a) estabelecer o espectro total de contextos linguísticos em que ela ocorre; (b) definir tantas variedades fonéticas quanto for possível distinguir; (c) estabelecer um índice quantitativo para medir valores das variáveis.” (LABOV, [1972] 2008, p.92).. Em relação ao item (b), o autor se refere, especificamente, às formas fonéticas possíveis de variar entre si, mas, salvo as devidas proporções, podemos dizer que o conteúdo do item pode ser aplicado também a outros tipos de variantes associados a outros níveis da estrutura linguística. Entende-se por variável linguística duas ou mais variantes da língua que se intercambiam. (cf. WLH, [1968] 2006). No entendimento de Pagotto Para a sociolinguística quantitativa o conceito de variável linguística é central porque, de um lado permite conceber o sistema linguístico como intrinsecamente heterogêneo, e de outro torna possível dar conta da íntima interseção entre o sistema linguístico propriamente e a estrutura social da comunidade que dele faz uso, permitindo, por fim, estudar os fenômenos de mudança linguística. Podemos dizer que uma variável linguística se define pelas seguintes características: 1) é um elemento do sistema linguístico 2) é controlado por uma única regra 3) comporta pelo menos duas formas variantes 4) suas formas variantes são passíveis de contagem [...](PAGOTTO, 2004, pág. 50). Sob orientação da citação de Pagotto (2004), entendemos que a variável linguística traz sob si uma concepção de língua caracterizada pela heterogeneidade e, por esta forma de constitutividade interna, há a possibilidade de variação e mudança que são realizadas linguisticamente em determinado ambiente social..

(23) 22. As variantes linguísticas podem possuir valor ou significação social diferente,. ou seja,. podem ser avaliadas diferentemente por falantes que não. compartilhem as mesmas normas. É comum que haja uma variante mais prestigiada que outras. Essa variante de prestígio é, normalmente, associada a um falante ou grupo social de status mais alto. Isso pode fazer com que falantes de outras variedades procurem imitar a variante de prestígio, ocasionando uma variação linguística, que pode ou não levar à mudança na língua. Labov afirma que. não se pode entender o desenvolvimento de uma mudança linguística sem levar em conta a vida social da comunidade em que ela ocorre, ou, dizendo de outro modo, as pressões sociais estão operando continuamente sobre a língua, não de algum ponto remoto no passado, mas como uma força social imanente agindo no presente vivo (LABOV, [1972] 2008, p. 21).. Já que o valor social das variantes linguísticas é heterogêneo, há, também, variantes estigmatizadas pela sociedade. Numa sociedade de classes, as diferenças linguísticas nem sempre são bem aceitas. Normalmente, usos que se distanciam da variedade de prestígio são discriminados e seus falantes também. Sendo assim, variação linguística e avaliação social estão relacionadas. Comumente, variantes utilizadas por falantes da parte inferior da pirâmide social são altamente discriminadas, mas, à medida que essas variantes migram para outras classes e chegam à classe dominante, o preconceito deixa de existir, a esse fenômeno Bortoni-Ricardo chama de regras graduais ou traços graduais. Tal fenômeno se aplica quando variáveis características de um ponto do continuum (rural – urbano, oralidade – letramento, menos monitorado – mais monitorado) passam a ser usadas também no outro ponto (cf. BORTONI RICARDO, 2004, regras graduais). Variantes conservadoras e inovadores disputam seu lugar na língua, passando por restrições e/ou estigma até que uma prevaleça sobre a outra e gere mudança ou, simplesmente, as duas convivam em constante variação. As variantes inovadoras são as que, na maioria das vezes, recebem uma marca social negativa, fazendo com que o falante tenha que encontrar estratégias para evitá-la. A variação pode resultar em mudança linguística – fenômeno de caráter universal e não aleatório. Embora seja fácil perceber que as línguas sofrem constantes modificações, não é simples identificar as causas de uma mudança e como ela ocorre..

(24) 23. Labov aponta três problemas envolvidos na explicação da mudança linguística: “a origem das variações linguísticas; a difusão e propagação das mudanças linguísticas; e a regularidade da mudança linguística” (LABOV, 2008, p. 19). Afirma, ainda, o autor que a propagação de novos usos linguísticos está na origem de uma mudança e, depois disso, há somente uma continuação do padrão. WLH (2006), ao destacar que a comunidade de fala é heterogênea, não consideram como objeto de descrição linguística o idioleto. Isso traz implicações para a nova teoria linguística. Conforme afirma Lucchesi (2004), o objeto de análise linguística, na perspectiva de WLH, é a gramática da comunidade de fala. A comunidade de fala, numa perspectiva sociolinguística, é um objeto essencialmente heterogêneo. O que não quer dizer que a variação seja livre. Todo e qualquer processo de variação é condicionado por fatores internos e externos à língua, por isso, nessa abordagem teórica, falamos em heterogeneidade estruturada ou ordenada. Essa visão do objeto linguístico, proposta por WLH, segundo Lucchesi, exigia que se integrasse. o conjunto da relações sociais, culturais e ideológicas nas quais a língua se atualiza. E, para dar conta da heterogeneidade e pluralidade dessa realidade sociocultural, a língua devia ser formalizada, não como um sistema homogêneo e unitário, mas como um sistema heterogêneo e plural (LUCCHESI, 2004, p. 171).. Um fenômeno empírico fundamental para sustentar essa concepção de língua é a possibilidade de o falante ajustar sua competência linguística à heterogeneidade da língua e atuar sobre o sistema heterogêneo, selecionando, entre variantes concorrentes, de forma consciente ou não, uma forma linguística a depender da situação e de sua intenção. A linguagem sofre grande influência de aspectos sociais e culturais dos sujeitos, bem como de suas crenças, que são, de certa forma, também direcionadas por questões sociais. Os sujeitos falantes possuem também uma dimensão subjetiva que se reflete diretamente na linguagem. Sob esse aspecto, nas últimas décadas os estudos voltados para as avaliações linguísticas ganharam grande representatividade. A contribuição. dos estudos de WLH ([1968],. 2006) no campo da. sociolinguística representou a possibilidade de analisar fatos linguísticos com base em alguns postulados: (i) a língua funciona enquanto muda, ou seja, se mostra na sociedade.

(25) 24. de forma heterogênea sem que isso ofereça comprometimento a seu funcionamento em si; (ii) o processo de variação é inerente ao sistema linguístico, que se apresenta heterogêneo, formado por regras e sistematizado em unidades variáveis; (iii) a mudança linguística representa um processo de atualização da língua que procede de variações no decorrer da história. As mudanças decorrem de variações, no entanto as variações não implicam necessariamente mudança; (iv) a variação não é um processo acidental. A análise dos condicionamentos estruturais e sociais da variação permite compreender e revelar os mecanismos que produziram as mudanças que afetam o sistema da língua. Partindo do pressuposto de que toda norma tem uma organização e, portanto, tem uma gramática, seria incoerente afirmar que analfabetos ou falantes de variedades populares não sabem gramática. Estando os enunciados linguísticos inseridos em determinada variedade, não podemos avaliá-los a partir das regras de outra variedade. O que acontece é que há falantes que não dominam determinadas normas linguísticas, e não falantes que não sabem a gramática de sua língua. As discussões sobre preconceito e prestígio linguístico, além de outros temas referentes à variação e mudança são embasados por meio dos cinco problemas empíricos tratados por WLH ([1968], 2006): os condicionamentos ou restrições, a transição, o encaixamento, a implementação e a avaliação linguística. O problema das restrições ou dos condicionamentos diz respeito às condições que favorecem ou restringem as mudanças em uma língua, e também ao conjunto de suas mudanças possíveis. Esse problema pode conduzir a teoria à ideia de que as mudanças seguem princípios gerais/universais, como acreditou Labov (LABOV, 1982, p. 26-27 apud LUCCHESI, 2004, p. 173). Porém, posteriormente, o próprio Labov observa que essa ideia pode nos conduzir a incompatibilidades com a visão histórica da abordagem da mudança. Buscar restrições universais seria buscar por uma faculdade da linguagem isolada, que não se sustenta através das pesquisas feitas até então, logo, a questão dos princípios universais acabou sendo desconsiderada por Labov. O problema da transição diz respeito ao percurso percorrido pela mudança, esclarecendo o pesquisador quanto ao processo por meio do qual a mudança ocorre, se esse processo ocorre em estágios discretos ou em um continuum. Partindo do pressuposto de que a mudança se dá no decorrer de um continuum, seria possível superar tanto a concepção estrutural da mudança linguística quanto a concepção estruturalista da língua..

(26) 25. O problema do encaixamento refere-se à inserção da mudança no sistema linguístico ao qual ela afeta, à natureza e à extensão dessa inserção/encaixamento. Ou seja, diz respeito à concepção da própria estrutura linguística e da mudança dentro dela; e mais, a mudança deve ser concebida mediante relações internas ao sistema ou através da interação entre esse sistema e a estrutura social da comunidade de fala? Nessa perspectiva teórica,. o. problema do encaixamento se desmembra em dois: o. encaixamento na estrutura linguística e o encaixamento na estrutura social, sendo esse último um grande avanço do modelo sociolinguístico. O problema da implementação é apresentado por Lucchesi, retomado de Labov, por meio da seguinte questão: “Por que uma dada mudança ocorreu em um momento e em um lugar determinados, e não em outro momento e/ou lugar?” (LUCCHESI, 2004, p. 179). Numa abordagem sociolinguística, a explicação da mudança está relacionada à descrição dos seus mecanismos de implementação. Finalmente, o problema da avaliação nos leva a observar o papel do falante em relação à própria língua e às mudanças que nela ocorrem. As reações subjetivas dos falantes tanto podem interferir no curso da realização de uma mudança, quanto podem fazê-la retroagir. Isso porque, além dos elementos distintivos e funcionais, os elementos variáveis da estrutura da língua também atingem o nível da consciência dos falantes. As variantes de determinado fenômeno variável são avaliadas socialmente, adquirindo, assim, sua significação social, seu valor social. A questão aqui levantada é a de determinar o quanto essa avaliação subjetiva afeta a mudança linguística. Para que se perceba, empiricamente, a avaliação dos falantes a determinados elementos linguísticos, são aplicados testes específicos a esse fim. É interessante observar que, num estágio final, há uma consciência grande da mudança e, na maioria das vezes, as reações diante das formas inovadoras são negativas. Essas formas são comumente associadas a atributos sociais negativos. Em relação ao nível de consciência do falante sobre a mudança, as variantes podem se classificar em indicadores, marcadores ou estereótipos. Os indicadores são as variantes “sobre as quais há pouca força de avaliação, podendo haver diferenciação social de uso dessas formas correlacionada à idade, à região ou grupo social, mas não quanto a motivações estilísticas.” (Coelho et. al., 2015, p.67) São exemplos de indicadores a monotongação dos ditongos [ej] em peixe e [ow] em couve. Os marcadores “exibem diferenças de classe e estratificação estilística. [...] Os falantes são mais conscientes da variação na comunidade de fala.” (Tagliamonte, 2012, p.28). Seu uso costuma não ser estigmatizado, “mas está correlacionado a variáveis estilísticas.

(27) 26. (grau de intimidade, por exemplo) e sociais (como a faixa etária dos falantes)” (Coelho et. al., 2015, p.66). As variantes nós e a gente são exemplos de marcadores. Já os estereótipos são “variáveis linguísticas que são amplamente reconhecidas. Elas se tornam objeto de discussão na comunidade.” (Tagliamonte, 2012, p. 28) “São traços marcados de forma consciente. Alguns deles podem ser estigmatizados socialmente, o que pode conduzir à mudança linguística rápida e à extinção da forma estigmatizada.” (Coelho et. al. p. 66) A monotongação do ditongo [ja] em análise é um exemplo de estereótipo linguístico. Os testes de atitude podem ser melhor aplicados a marcadores e, mais ainda, a estereótipos.. 2.2 ATITUDES LINGUÍSTICAS – CONCEITOS. Sobre as avaliações que os falantes fazem em relação aos modos de falar do outro, ouvimos, constantemente, que determinada pessoa fala mal, fala errado, fala bem, fala melhor etc. Ainda escutamos que em um determinado lugar se fala melhor, em outro se fala arrastado, em outro se fala cantado... Essas questões estão diretamente interligadas às nossas atitudes linguísticas. A Sociolinguística, enquanto ciência que busca, por meio de aspectos também sociais, explicações para a variação e a mudança linguísticas, recorre a outras ciências para o esclarecimento acerca de determinados usos linguísticos. No caso de pesquisas sobre atitudes linguísticas, desde Weinreich, Labov e Herzog (1968) requisita-se à Psicologia Social tanto para a explicação do tema quanto para propor metodologias de observação e medição dessas atitudes. Segundo Rodrigues (2009, p.13) “Psicologia Social é o estudo científico da influência recíproca entre as pessoas (interação social) e do processo cognitivo gerado por esta interação (pensamento social)”. Muitos são os conceitos de atitude encontrados na literatura da Psicologia Social. Lima ([1993] 2004, p. 188), exemplifica essa multiplicidade de definições sob diferentes perspectivas teóricas: Por atitudes entendemos um processo de consciência individual que determina actividades reais ou possíveis do indivíduo no mundo social. – Thomas e Znaniecki, 1915, p.22.

(28) 27 Atitude é um estado de preparação mental ou neural, organizado através da experiência e exercendo uma influência dinâmica sobre as respostas individuais a todos os objectos ou situações com que se relaciona. – G. W. Allport, 1935. Atitude face a um objecto consiste no conjunto de scripts relativos a esse objecto. Esta perspectiva combinada com uma teoria abrangente acerca da formação e da selecção dos scripts daria o significado funcional ao conceito de atitude que outras definições não possuem. – Abelson, 1976, p. 41. Atitudes são predisposições para responder a determinada classe de estímulos com determinada classe de respostas. – Rosenberg e Hovlend, 1960, p.3 A variável dependente nos estudos de dissonância cognitiva é, com muito poucas excepções, a afirmação de autodescrição de atitudes ou crenças. Mas como é que se adquirem estes comportamentos autodescritivos? A afirmação de determinada atitude pode ser vista como uma inferência a partir da observação do seu próprio comportamento a das variáveis situacionais em que ocorre. Desta forma, as afirmações de um indivíduo são funcionalmente equivalentes às que qualquer observador exterior poderia fazer sobre ele. Quando a resposta à pergunta “Gosta de pão de milho?” é Acho que sim, visto que estou sempre a comê-lo, parece desnecessário invocar uma fonte de conhecimento pessoal privilegiada para dar conta da resposta”. – Bem, 1967, PP. 75-78. As atitudes são vistas geralmente como predisposições comportamentais adquiridas introduzidas na análise do comportamento social para dar conta das variações de comportamento em situações aparentemente iguais. Como estados de preparação latente para agir de determinada forma, representam os resíduos de experiência passada que orientam, enviesam ou de qualquer outro modo influenciam o comportamento. Por definição, as atitudes não podem ser medidas directamente, mas têm de ser inferidas do comportamento. – Jos Jaspers, 1986, p.22. Atitude é uma predisposição para responder de forma favorável ou desfavorável a um objecto, pessoa, instituição ou acontecimento. – I. Ajzen, 1988, p.4. (Lima, [1993] 2004, p. 188).. Ainda segundo a autora, a literatura consagrou a definição que Eagly e Chaiken (1993) propõem em “The Psychology of Attitudes” devido ao seu caráter sistemático e analítico sobre o tema. Eagly e Chaiken (1993, p.1) definem atitude como “tendência psicológica que se expressa numa avaliação favorável ou desfavorável de uma entidade específica”. Nessa perspectiva, as atitudes não seriam diretamente observáveis, mas sim inferidas a partir da observação dos comportamentos, sejam eles verbais ou outros. Lima ([1993] 2004) destaca o julgamento avaliativo como expressão das atitudes e ressalta que esse é um dos poucos pontos consensuais nas definições de atitude. Esse julgamento avaliativo possui três características: direção, intensidade e acessibilidade..

(29) 28. A direção se refere à possibilidade de sermos favoráveis ou desfavoráveis a determinado assunto, objeto ou ser; a intensidade pode ser pensada, inclusive, dentro de uma mesma direção, seriam as posições extremadas vs. posições fracas; e a acessibilidade diz respeito, quando o sujeito se depara com o objeto da atitude, à possibilidade de sua ativação na memória ser automática ou não. Essas respostas avaliativas, além de possuírem as características citadas, podem se expressar em três modalidades distintas: cognitiva, afetiva e comportamental. O componente cognitivo da atitude diz respeito a crenças, ideias, opiniões, pensamentos que expressam uma avaliação mais positiva ou menos do objeto da atitude. O componente afetivo se refere a emoções e sentimentos suscitados pelo objeto da atitude. O componente comportamental diz respeito tanto ao comportamento quanto às intenções comportamentais manifestos. Rodrigues (2009) afirma que a formação de atitudes é uma consequência do processo de tomada de conhecimento do ambiente social que nos circunda. Sobre os diversos conceitos registrados na literatura,. o. autor sintetiza como. elementos. essencialmente característicos das atitudes os seguintes pontos: “(a) uma organização duradoura de crenças e cognições em geral; (b) uma carga afetiva pró ou contra um objeto social; (c) uma predisposição à ação” (RODRIGUES, 2009, p.81). Assim, conceitua atitude como sendo “uma organização duradoura de crenças e cognições em geral, dotada de carga afetiva pró ou contra um objeto social definido, que predispõe a uma ação coerente com as cognições e afetos relativos a este objeto” (RODRIGUES, 2009, p.81). Tarallo (1997, p.14), refere-se às atitudes como “armas usadas pelos residentes para demarcar seu espaço, sua identidade cultural, seu perfil de comunidade, de grupo social separado.” Conforme Tarallo, a atitude linguística, favorável ou desfavorável, do falante o remete a uma identidade que o diferencia dos demais grupos. Lambert e Lambert (1975) definem de forma mais completa e clara o conceito de atitude que embasa seus testes quando investigaram a avaliação de canadenses falantes de francês e inglês, em relação à sua própria língua: Uma atitude é uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir a pessoas, grupos, problemas sociais ou, de modo mais geral, a qualquer acontecimento no ambiente. Os componentes essenciais de atitudes são pensamentos e crenças, sentimentos e emoções, bem como tendências para reagir. Podemos dizer que uma atitude se forma quando tais componentes estão de tal modo inter-relacionados que as.

(30) 29 tendências de reação e os sentimentos específicos se tornam coerentemente associados ao objeto da atitude (p. 100).. Lambert e Lambert, no início da década de 1960, para a análise das atitudes, gravavam dois textos de um mesmo falante bilíngue, cada um em uma língua (francês e inglês) e os apresentava a um grupo de pessoas como textos produzidos por pessoas diferentes. O grupo ouvia os textos e recebia a orientação de descrever os falantes, através das vozes, em relação à altura, à beleza física, à aptidão para dirigir, ao senso de humor, à inteligência, à religiosidade, à confiança em si, à confiabilidade, à jovialidade, à bondade, à ambição, à sociabilidade, ao caráter e à simpatia. Os resultados mostraram que, primeiramente, o grupo não percebeu que os textos eram de um mesmo falante; depois, que o grupo não avaliava as vozes, e, sim, as línguas. Esse teste foi muito interessante, pois nos confirmou que somos avaliados pela língua que utilizamos. A partir disso, podemos inferir que também somos avaliados pela variedade linguística utilizada. A definição de atitude de Lambert e Lambert nos auxilia na compreensão do termo, apresentando-nos a relação estrita entre atitude, crença e avaliação, pois esses conceitos podem ser facilmente confundidos devido a essa relação existente entre eles, assim como eventualmente podem ser utilizados como sinônimos. Tentaremos, então, deixar claro o que entendemos por cada um deles e quais são suas relações. Santos (1996) afirma que Crença seria uma convicção íntima, uma opinião que se adota com fé e certeza. Para deixar bem claro que se trata de uma apropriação do objeto sem uma percepção clara, sem análise, sem validade científica ou filosófica; que se trata, enfim, de uma forma de assentimento objetivamente insuficiente, já foi usado na literatura linguística o nome superstição (p. 8).. Seria a partir de nossas crenças sobre os usos linguísticos, sobre que construções seriam boas ou ruins que temos determinadas atitudes em relação e elas, pois, ainda conforme Lambert e Lambert (1975), nossas crenças são componentes das nossas atitudes. Lambert e Lambert também apontam os sentimentos como componentes afetivos das atitudes, ou seja, a avaliação – que pode ser positiva ou negativa. Santos (1996) diz que o termo atitude, num sentido amplo, teria três componentes: o afetivo, o cognitivo e o conativo, sendo que o componente afetivo responderia pela avaliação. A.

(31) 30. avaliação seria o componente alvo do interesse de pesquisas sobre atitude; por isso, algumas vezes, temos esses dois termos como sinônimos nesta pesquisa. Para Cyranka (2007, p. 20), pesquisadora de atitudes linguísticas de alunos de escolas públicas, o estudo das atitudes linguísticas está relacionado ao da avaliação linguística, isto é, ao exame dos julgamentos dos falantes em relação à língua ou ao dialeto utilizado por seu interlocutor, estando subentendidas aí as mudanças implementadas, ou em implementação na língua, em relação à variedade considerada padrão. Os componentes dessas atitudes são o que pensam, sentem e como reagem os falantes expostos aos estímulos linguísticos que lhe são apresentados.. A autora considera que as atitudes são determinadas pelas crenças linguísticas socialmente construídas. Hora (2012), em uma de suas pesquisas sobre o tema, define atitude como sendo uma orientação avaliativa para um objeto social de algum tipo, quer seja um língua, ou uma nova política governamental etc. E assim, como uma ‘disposição’, uma atitude pode ser vista como tendo um grau de estabilidade que permite-lhe ser identificada (HORA, 2012, p.3).. Segundo o autor, o modo como pensamos sobre as línguas é influenciado pela ideia da existência de uma língua padrão. Ele afirma que línguas muito conhecidas como o Inglês, o Francês, o Espanhol e o Português são línguas de cultura da língua padrão. Nesse tipo de cultura, posições ideológicas de poder dominariam as atitudes linguísticas do falante sem que este tivesse consciência dessas posições ideológicas. Quando pensamos em uma língua padrão, referimo-nos a uma variedade uniforme, homogênea, desde aspectos fonético-fonológicos a aspectos sintáticos ou semânticos. Uma língua, portanto, invariável, imutável. A ideologia do padrão seria, então, constituída por fatores externos ao próprio processo de padronização. Logicamente, essa uniformidade só pode ser concebida num nível de abstração da língua, pois, na prática, esse ideal não se concretiza. Nas línguas da cultura do padrão, acredita-se que há formas variantes mais certas que outras, ou seja, em fenômenos variáveis, uma variante é aceita como legítima enquanto outras são consideradas erradas, sendo, assim, rejeitadas. Grupos sociais.

(32) 31. menos favorecidos acabam sendo discriminados por utilizarem as variantes “erradas” ou não-padrão. No processo de seleção do que faz parte ou não da língua-padrão, a noção de prestígio é muito importante. O prestígio tem relação direta com o status social do falante. Comumente, se confere prestígio às variantes presentes nas falas da população de classe alta, deixando clara a influência de fatores socioeconômicos na seleção de uma ou outra variante. Contrariamente a essas formas linguísticas prestigiadas, há as formas estigmatizadas, normalmente formas linguísticas rejeitadas no processo de escolarização e de uso das camadas mais pobres da sociedade. Concordando com Hora (2012), percebemos que a padronização linguística é umas das grandes responsáveis, se não a maior, pelas reações dos falantes em relação a uma língua, consequentemente, grande responsável pelo preconceito linguístico (cf. Bagno, 2002).. 2.3 A INTERPRETÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA DOS DITONGOS, HIATOS E MONOTONGOS. Esta seção. tem como. objetivo. apresentar os ditongos crescentes que. possibilitam, nesta pesquisa, a monotongação alvo das atitudes linguísticas focalizadas. Ao tratar sobre ditongos, abordamos também a sílaba, seus tipos, e o reconhecimento dos segmentos passíveis de preencher essas posições. Ainda engloba essa discussão o entendimento sobre verdadeiros ditongos e sobre a variação entre ditongos crescentes e hiatos, com base em gramáticos tradicionais e em linguistas.. Também apresentamos. alguns resultados de pesquisas que apresentam o uso da variante monotongada de ditongos crescentes. Inicialmente, destacamos as perspectivas de quatro gramáticos: Luft (2002), Rocha Lima (2010), Cunha e Cintra (2008) e Bechara (2003) sobre a conceituação de sílaba e de ditongo, e sobre o status do ditongo crescente. Luft (2002) inicia sua apresentação dos ditongos com a definição de Câmara Júnior (1964 apud Luft, 2002, p. 221) "Grupo vocálico pronunciado na mesma sílaba e constituído de vogal silábica ou base, e de uma vogal auxiliar assilábica, que em.

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