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PARTE I – MARCO TEÓRICO

CAPÍTULO 5 – MODELO CONCEITUAL E HIPÓTESES DE PESQUISA

2. Componentes do modelo

Na construção do modelo conceitual desta pesquisa, parte-se do entendimento de que o processo de compras e contratações públicas constitui um serviço prestado à organização pública que o conduz, sendo passível de representação como um conjunto de vetores de características e de competências, em consonância com a concepção de serviço para Gallouj e Weinstein (1997).

Considera-se o desempenho do processo em estudo como seu nível de realização que otimiza o atendimento a seus clientes internos, em função dos resultados e impactos resultantes (HRONEC, 1994; MWITA, 2000), bem como se identificam como suas dimensões a celeridade do rito, a qualidade do material adquirido ou do serviço contratado, a transparência do procedimento e o preço econômico, em conformidade com a discussão conduzida no Capítulo 1.

Eis que o desempenho processual, assim descrito, pode ser remetido às características finais ou do serviço, conforme o modelo de Gallouj e Weinstein (1997), haja vista representarem as propriedades do serviço, os valores de uso e as utilidades fornecidas ao cliente.

Desse modo, guiando-se pelos componentes vetoriais do serviço de compra / contratação pública, identificados no Capítulo 4 (Quadro 24), é possível a adaptação do modelo de Gallouj e Weinstein (1997) ao objeto de estudo, conforme representado na Figura 11.

Fonte: elaborado pelo autor, com base em Gallouj e Weinstein (1997).

O marco teórico permitiu entender a inovação como uma mudança em um ou mais termos dos vetores de características ou de competência (GALLOUJ, 2007), podendo dar-se por evolução, surgimento ou desaparecimento, dissociação, variação, entre outros. Nesse sentido, uma visão temporalmente dinâmica do modelo de serviços representado na Figura 11 pode desvelar inovações no processo de aquisições ou contratações públicas. Já uma ótica estática, centrada nas características finais ou do serviço, retrata o desempenho processual.

Sendo as práticas de gestão manifestações da cultura da organização, o modelo conceitual se vale, ainda, das categorias identificadas por Souza (2009) com base nos estudos

Conhecimento sobre etapas do processo (C’1) Capacidade de preenchimento do termo de referência (C’2) Características técnicas materiais e imateriais

Capacidade de orçamentação (celeridade) (C1) Capacidade de orçamentação (precisão) (C2) Capacidade de elaboração de minutas de editais

e contratos (celeridade) (C3)

Capacidade de elaboração de minutas de editais e contratos (precisão) (C4)

Capacidade de conduzirem análises jurídicas (uniformidade) (C6)

Celeridade das compras de materiais (Y1) Celeridade das contratações de serviços (Y2) Durabilidade dos materiais adquiridos (Y3) Atendimento dos materiais adquiridos às

necessidades do órgão (Y4)

Atendimento dos serviços contratados às necessidades do órgão (Y5)

Adoção de critérios de sustentabilidade (Y6) Transparência do processo (Y7)

 Preço dos materiais / serviços adquiridos ou contratados (Y8)

Funcionalidades de sistema de TIC de suporte ao processo (T1) Normas e regulamentos (T2) Competências do cliente Características do serviço ou finais Competências diretas do prestador

Figura 11. O processo de compras e contratações públicas como vetores de características e

competências

Competências diretas do prestador

de D’Iribarne (1989), descritas no Capítulo 2, e representadas na Figura 12. As categorias foram descritas no mesmo capítulo (Quadro 5).

Figura 12. Categorias de práticas organizacionais

Fonte: elaborado pelo autor.

Desse modo, o modelo teórico desta pesquisa é formado por três conceitos principais: cultura (manifestada por práticas), inovação e desempenho, associados conforme disposição na Figura 13.

Figura 13. Conceitos associados no modelo teórico.

Fonte: elaborado pelo autor.

Prática

Senso de dever Relações de autoridade Definição de responsabilidades Regulação Recompensas e punições Qualidade da cooperação Percepção de controle

CULTURA

A inovação, no modelo conceitual, foi abordada a partir do modelo de prestação de serviços de Gallouj e Weinstein (1997), de sorte que passa a contemplar os vetores de características e de competências necessárias à execução do processo de aquisições de bens e contratações de serviços no setor público.

Em seguida, serão apresentadas as dimensões e as variáveis inerentes aos conceitos do modelo conceitual.

2.1. Dimensões e variáveis do modelo conceitual e as variáveis sociodemográficas

As dimensões e as variáveis associadas aos conceitos relacionados no modelo teórico e as variáveis sociodemográficas e funcionais são as constantes dos Quadros 26 a 29.

Quadro 26. Dimensões e variáveis associadas às práticas organizacionais

Dimensão Variável

Senso de dever

Envolvimento dos profissionais no trabalho pelo desafio de solucionar problemas e cumprir metas

Trabalho das equipes direcionado ao alcance de resultados Prazer dos profissionais nas tarefas que realizam

Comprometimento dos profissionais com seu trabalho

Estímulo do ambiente para que os profissionais sejam mais efetivos no trabalho Envolvimento dos profissionais no trabalho visando ao alcance de resultados Respeito mútuo dos profissionais

Relações de autoridade

Relacionamento dos profissionais no trabalho por meio de laços de amizade Flexibilidade nas relações entre os diferentes níveis hierárquicos

Livre comunicação dos profissionais sobre suas atividades com distintos níveis de chefia

Seleção dos profissionais de acordo com as competências necessárias à execução das tarefas

Delegação de autoridade das chefias aos profissionais

Definição de responsabilidades

Desempenho das práticas de gestão de acordo com regras definidas a priori pela organização, independentemente dos interesses individuais

Priorização dos interesses pessoais aos organizacionais, pelos profissionais Continuidade do planejamento das tarefas

Clareza dos critérios na divisão das tarefas

Participação dos profissionais na elaboração das regras de operacionalização do trabalho

Valorização dos profissionais no trabalho

Regulação

Resistência dos profissionais às mudanças determinadas pela organização

Distância com relação aos demais profissionais, estabelecida a partir da linguagem utilizada pelas chefias

Interferência direta pelas chefias na forma de trabalhar dos profissionais Realização de tarefas e ações por meio de acordos e arranjos (maneira informal) Solução formal de conflitos, utilizando-se as regras da organização

Recompensas e punições

Investimento contínuo nos profissionais para o desenvolvimento de competências Atendimento às expectativas dos profissionais pelas recompensas concedidas pela organização

Recompensa aos profissionais pelo bom desempenho no trabalho Punição aos profissionais pelo baixo desempenho no trabalho

Qualidade da

Dimensão Variável

Envolvimento de todos os profissionais da seção / unidade / setor no planejamento das atividades

Encorajamento pela organização da cooperação entre as diferentes áreas de trabalho Sentimento dos profissionais como pertencentes a uma equipe

Realização das tarefas (atividades) por meio das equipes

Integração do trabalho das distintas unidades (departamentos) da organização

Percepção de controle

Definição do ritmo de trabalho das equipes pelos profissionais que as constituem Controle, pela organização, dos horários de trabalho

Promoção dos profissionais de acordo com critérios estabelecidos nas normas da organização

Respeito das escalas de trabalho pelas chefias Cumprimento do prazo para a execução das tarefas

Aceitação, pelos profissionais, dos critérios de controle da execução das tarefas Imparcialidade na avaliação dos profissionais

Aceitação, pelos profissionais, do controle de seus desempenhos Fonte: adaptado pelo autor a partir da Escala de Manifestações Culturais (SOUZA, 2009).

Quadro 27. Dimensões e variáveis associadas à inovação no processo de compras e

contratações públicas

Dimensão Variável

Competências do cliente (C’)

Mudança no conhecimento sobre o processo de compra ou contratação

Mudança na capacidade de preenchimento do termo de referência ou do projeto básico

Competências diretas do prestador

(C)

Mudança na capacidade de orçamentação (celeridade) Mudança na capacidade de orçamentação (precisão)

Mudança na capacidade de elaboração de minutas de instrumentos convocatórios e contratuais (celeridade)

Mudança na capacidade de elaboração de minutas de instrumentos convocatórios e contratuais (precisão)

Mudança na capacidade de conduzir análises jurídicas (uniformidade)

Características técnicas materiais e

imateriais

Mudança nas funcionalidades de sistemas de tecnologia da informação e comunicação que dão suporte às compras e contratações públicas

Mudança em normas, regulamentos, manuais, instruções

Características do serviço ou finais (Y)

Mudança na celeridade da compra de materiais Mudança na celeridade da contratação de serviços Mudança na durabilidade dos materiais adquiridos

Mudança no atendimento dos materiais adquiridos às necessidades do órgão Mudança no atendimento dos serviços contratados às necessidades do órgão Mudança na adoção de critérios de sustentabilidade

Mudança na transparência do processo

Mudança nos preços dos materiais / serviços adquiridos ou contratados Fonte: elaborado pelo autor.

Quadro 28. Dimensões e variáveis associadas ao desempenho no processo de compras e

contratações públicas

Dimensão Variável

Celeridade Celeridade da compra de materiais

Celeridade da contratação de serviços

Qualidade

Durabilidade dos materiais adquiridos

Atendimento dos materiais adquiridos às necessidades do órgão Atendimento dos serviços contratados às necessidades do órgão

Sustentabilidade Adoção de critérios de sustentabilidade

Transparência Transparência do processo

Preço Preço do produto (bem / serviço) adquirido / contratado Fonte: elaborado pelo autor.

Quadro 29. Variáveis sociodemográficas e funcionais

Variável

Sexo Idade (anos)

Papel exercido no processo de compra / contratação Tempo de atuação no processo de compra / contratação

Escolaridade

Fonte: elaborado pelo autor.