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CAPÍTULO 3. A Satisfação Social como Suporte Social

3.2 Componentes e Dimensões do Suporte Social

Os componentes e as dimensões do Suporte Social têm um impacto diferente nos indivíduos, estando no entanto interligados entre si (Ribeiro, 2004). Este autor considerando cinco componentes de Suporte Social que são os seguintes:

§ Componente constitucional – esta componente refere-se ás necessidades e à congruência entre elas e ao suporte existente.

§ Componente relacional – refere-se ao estatuto familiar, ao estatuto profissional e à participação em organizações sociais.

§ Componente funcional – refere-se ao suporte disponível que o indivíduo tem, ao tipo desse suporte (emocional, material, informacional) e à qualidade e quantidade de suporte.

§ Componente estrutural – diz respeito à proximidade física, à frequência dos contactos, à proximidade psicológica e ao nível da relação.

§ Componente satisfação – refere-se à ajuda que é fornecida e à sua satisfação.

Relativamente ás dimensões existe algumas que se têm revelado ter um papel valioso para o bem-estar da pessoa. São elas:

§ Tamanho da rede social – refere-se ao número de pessoas abrangidas pela rede de suporte social.

§ Frequência de contactos – refere-se ao número de vezes que o indivíduo contacta com os membros da rede social.

§ Existência de relações sociais – diz respeito tanto ás relações particulares, como o casamento, como ás gerais, que são aquelas que se desenvolvem na pertença a um grupo social (ex: igreja, clube, etc.).

§ Tipo e quantidade de suporte – refere-se ao tipo e à quantidade de suporte que as pessoas que compõem as redes sociais disponibilizam.

§ Necessidade de suporte – designa a necessidade de suporte que é manifestada pelo indivíduo.

§ Dependência – designa a dimensão em que o indivíduo pode confiar na rede social de suporte.

§ Congruência – designa a dimensão em que o suporte social disponível se equipara com a que a pessoa necessita.

§ Reciprocidade – refere-se ao suporte social recebido e aquele que é fornecido.

§ Utilização – diz respeito à extensão das redes sociais a que o indivíduo recorre quando necessita.

§ Proximidade – diz respeito à extensão da proximidade que o indivíduo sente em relação ás pessoas que disponibilizam suporte social.

§ Satisfação – designa a utilidade e o tipo de ajuda que são sentidos pela pessoa face ao suporte social.

Num estudo efectuado em que foram cruzadas várias medidas susceptíveis de avaliar as diferentes dimensões de Suporte Social, revelou que para a população portuguesa, a família é a fonte de Suporte Social mais valorizada (Tojal et al. , 2005).

3.3

Suporte Social e Saúde dos Indivíduos

Actualmente enfatiza-se a importância do Suporte Social no decrescimento dos efeitos nocivos do stress, assim como no bem-estar e qualidade de vida do indivíduo saudável ou doente (Santos et al., 2003a).

Ribeiro (2004) realizou um estudo a 609 inquiridos com objectivo de conhecer quais os suportes sociais a que estes atribuíam maior ordem de grandeza para a sua satisfação social. Abordou aspectos como o número de amigos, frequência de contactos e intensidade dos mesmos, a existência ou não de amigos íntimos e a existência de redes sociais, mesmo que seja com amigos. Concluiu haver uma forte correlação entre suporte social/saúde, suporte social /bem-estar e suporte social/mal-estar.

Um outro estudo realizado acerca do suporte social dos indivíduos e do papel que possui enquanto moderador do impacto das condições de trabalho

concluiu que existe uma relação entre suporte social e as queixas somáticas dos indivíduos.

Existe uma forte correlação entre Suporte Social e o estado de saúde dos indivíduos, contudo persiste a dúvida acerca de que forma um, influência o outro. O Suporte Social e a saúde podem ser englobados em quatro categorias:

§ A perda de Suporte Social é deveras stressante para os indivíduos Estes autores consideram que quem tem suporte social e por alguma razão o perde, então o stress surge;

§ Os indivíduos que não têm Suporte Social é para eles uma condição geradora de stress – ou seja, a ausência de suporte social é por si só a causadora do stress;

§ O Suporte Social é considerado benéfico para os indivíduos – O suporte social torna as pessoas mais fortes e em melhor estado para conseguirem enfrentar as adversidades que a vida pode trazer, neste sentido o suporte social é visto como um recurso dos indivíduos quer em situações de stress, quer na ausência delas;

§ O Suporte Social actua como uma protecção contra o mal-estar que é gerado pelo stress – O suporte social é entendido aqui como moderador do stress, ou seja, o suporte social impede que o stress afecte negativamente os indivíduos, e por outro lado, uma vez que o stress afecta toda a gente, na presença do suporte social os efeitos nefastos do stress são reduzidos.

Actualmente vários autores consideram a existência de uma relação directa entre o nível de Suporte Social e o risco de padecer de diversas doenças. O stress poderá reduzir rapidamente e de uma forma bastante significativa a eficácia do sistema imunitário, aumentando assim a probabilidade de doença. Da mesma forma, o Suporte Social pode funcionar como factor protector, na medida em que é capaz de reduzir o risco de doença e aumentar a sensação de felicidade e bem- estar de um indivíduo. Dito de outra forma, o efeito negativo que o stress pode causar sobre a saúde e o bem-estar de um indivíduo, é menos violento em indivíduos que possuam um forte Suporte Social, comparativamente com aqueles

que o possuem deficitário. Este efeito atenuador é designado por efeito de amortecedor de Suporte Social.

Na prática clínica observa-se com frequência, o efeito positivo da atenção suplementar dispensada aos doentes, em termos de bem-estar e reabilitação física, o que leva a acreditar que o apoio emocional pode substituir ou compensar a perda resultante da doença (Coelho & Ribeiro, 2000).

Vários estudos efectuados na década de 80 revelaram a enorme importância do Suporte Social na adaptação à doença oncológica, evidenciando que os doentes com níveis superiores de Suporte Social Percebido apresentavam processos de adaptação mais positivos (Santos et al., 2003a).

Também num estudo efectuado por Berkman e Syme (1979) e citado por Tojal et al. (2005), a 4700 homens e mulheres num período de 9 anos, em que avaliarem o nível de Suporte Social, revelou que um aumento do nível de Suporte Social predizia uma diminuição na taxa de mortalidade.

Ainda outro estudo realizado por Lynch (1977) e citado pelo mesmo autor, acerca da relação entre o estado civil dos indivíduos e a taxa de mortalidade destes devido a doenças coronárias, concluiu ter havido uma suposição implícita de o casamento ser uma fonte eficaz de suporte social, dada serem os casados os que apresentavam taxas de mortalidade inferiores aos viúvos, divorciados ou solteiros.

Poderemos concluir que para os indivíduos que possuem um forte Suporte Social, este funciona como que um recurso ou uma protecção dos impactos negativos que o stress ou outras doenças podem provocar, assim como está também relacionado com o bem-estar e uma diminuição dos efeitos prejudicais do stress.

No próximo capítulo abordamos a supervisão clínica em enfermagem. Iniciamos pela explanação do conceito de supervisão dado ser transversal a todas as áreas, e depois direccionamos para a supervisão clínica.