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O estudo utilizou como estratégia de pesquisa a análise de dados contábeis secundários a partir da técnica de Análise por Envoltória de Dados (DEA), através da qual foram construídos os índices de eficiência das cooperativas de crédito, analisadas no nível organizacional.

A base de dados inicial é composta pelas cooperativas de crédito componentes do banco de dados do Banco Central do Brasil que apresentaram operações em todo o período de 2007 a 2014, totalizando 1.068 cooperativas de crédito. Apesar da pesquisa ter por objetivo a avaliação da eficiência na perspectiva da geração de benefícios ao cooperado, não se teve acesso aos dados dos cooperados, de modo que a avaliação é feita a partir dos dados contábeis das organizações cooperativas, porém que são capazes de representar a geração destes benefícios aos cooperados.

A partir da base de dados inicial de 1.068 cooperativas foram eliminadas aquelas que não possuíam as informações necessárias para o cálculo dos indicadores selecionados para todo o período, a fim de se obter uma amostra balanceada com dados em painel. Nessa etapa, com a exclusão de 282 cooperativas restou uma amostra técnica de 786 organizações.

Posteriormente, foram eliminadas aquelas cooperativas que apresentavam características de outlier em algum momento do período, a partir da análise do intervalo interquartil. A técnica do intervalo interquartil foi utilizada devido à característica de não normalidade dos dados analisados da amostra em estudo (ver Apêndice B). Nessa etapa foi eliminado um total de 433 cooperativas, as quais foram classificadas como prováveis outliers. Isso resultou na obtenção da amostra final de 353 cooperativas de crédito, para o período de 8 anos, totalizando 2.824 observações com dados longitudinais válidas para a análise de regressão.

Destaca-se que a quantidade de cooperativas excluídas a partir da análise de outliers é muito representativa, no entanto, para fins desta pesquisa, não foi investigado de forma mais aprofundada quais fatores possam ser os responsáveis pelo resultado apresentado. Ainda assim, acredita-se que poderia haver alguma relação desse resultado com o tamanho das cooperativas. A eliminação das cooperativas identificadas como prováveis outliers ocorreu no sentido de não prejudicar os resultados das regressões com dados em painel e de adequar a amostra ao uso da técnica de Análise por Envoltória de Dados, a qual é sensível a esse tipo de observação. Esse fator limita a pesquisa no sentido de que os resultados serão referentes apenas à faixa de

cooperativas da amostra final após a eliminação dos prováveis outliers, cujas estatísticas descritivas dos principais conjuntos de contas são apresentadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 - Estatísticas descritivas da amostra final

Estatísticas Realizável LP Circulante e Permanente Total Geral do Ativo Circulante e Exigível a Longo Prazo

Média 36.875.141 1.693.577 142.942.817 30.567.926 Erro padrão 944.294 39.815 3.693.680 814.592 Mediana 17.923.504 960.131 69.056.252 14.939.763 Modo 5.691.862 458.249 21.053.521 4.683.889 Desvio padrão 47.403.171 1.998.699 185.421.285 40.892.194 Curtose 7 12 9 8 Assimetria 2 3 3 3 Intervalo 297.379.135 16.275.197 1.304.621.556 269.232.152 Mínimo 1.049.212 11.067 3.555.562 769.226 Máximo 298.428.347 16.286.264 1.308.177.118 270.001.377 Contagem 2.520 2.520 2.520 2.520

Estatísticas Patrimônio Líquido Total Geral do Passivo Contas de Resultado Credoras Contas de Resultado Devedoras

Média 7.510.165 142.942.817 8.934.135 (7.895.433) Erro padrão 176.748 3.693.680 225.332 206.839 Mediana 3.782.303 69.056.252 4.412.254 (3.668.153) Modo 1.446.413 21.053.521 1.542.729 (1.418.559) Desvio padrão 8.872.691 185.421.285 11.311.600 10.383.243 Curtose 5 9 7 8 Assimetria 2 3 2 (2) Intervalo 48.263.798 1.304.621.556 73.743.605 69.487.083 Mínimo 145.570 3.555.562 81.555 (69.582.106) Máximo 48.409.368 1.308.177.118 73.825.161 (95.023) Contagem 2.520 2.520 2.520 2.520

Fonte: Resultados da pesquisa

Após a elaboração das regressões, para viabilizar a rodagem da DEA, foram excluídas da amostra cinco cooperativas por apresentarem valores negativos para a variável Resultado Bruto da Intermediação Financeira em pelo menos um dos anos analisados. Esse tratamento foi utilizado pelo fato de a análise envoltória de dados não trabalhar com valores negativos. Existem algumas formas de contornar essa limitação, e autores como Portela, Thanassoulis e Simpson (2004) e Freaza, Guedes e Gomes (2006) abordam os mesmos na aplicação especial a bancos.

Uma primeira alternativa à exclusão destas cooperativas seria uma transformação das variáveis negativas em positivas (FREAZA; GUEDES; GOMES, 2006; PASTOR, 1996), o que exige a utilização da tecnologia VRS (PORTELA; THANASSOULIS; SIMPSON, 2004), sendo que os modelos que possuem a propriedade colocada são o BCC clássico e o modelo aditivo (LOVELL; PASTOR, 1995; PASTOR, 1996). Uma segunda alternativa seria a

utilização do modelo aditivo, o qual permite quaisquer valores de inputs e de outputs irrestritamente (PASTOR, 1996).

Caso seja utilizado o modelo BCC, Pastor (1996) coloca que, se o interesse é na redução de inputs (outputs) pode-se mudar apenas os outputs (inputs), de modo que a solução do modelo não será afetada. Assim, qualquer tipo de valor de outputs (inputs) é válido e cada DMU precisa de pelo menos um input (output) positivo, o restante sendo obrigatoriamente não negativo. Segundo o autor, mantida a mesma situação, se forem alterados também os valores de inputs (outputs), a fim de tornar todos os valores positivos, ou seja, se forem alteradas variáveis tanto do lado dos inputs quanto do lado dos outputs, apenas a classificação das DMU’s como eficientes ou não eficientes permanecerá inalterada, enquanto os escores de eficiência são mantidos. Um tratamento simétrico se aplica quando o interesse é pelo aumento de outputs.

Optando-se por se manter a utilização dos modelos clássicos de DEA e considerando que a variável que precisaria sofrer a alteração é uma variável output, o que obrigaria à utilização do modelo DEA como orientação para inputs e que não está de acordo com o objetivo do trabalho, que utiliza a orientação para outputs, optou-se pela exclusão das cooperativas da amostra, já que, conforme Freaza, Guedes e Gomes (2006) se o número de unidades sob avaliação é grande a simples exclusão das unidades que tenham valores negativos em recursos e produtos.

Em seguida, 33 cooperativas também foram retiradas da análise por apresentarem valores 0 para a variável Participação da Receita de Prestação de Serviços, o que inviabilizaria a aplicação do modelo 2, dado que pelo menos uma variável output e pelo menos uma variável

input deve ter valor positivo e diferente de 0.

O processo de composição da amostra é resumido da Tabela 3.2, a seguir:

Tabela 3.2 - Composição da amostra Amostra inicial de cooperativas de crédito

Cooperativas de crédito da base de dados do Banco Central com operações em todo o período 1.068 (-) Cooperativas sem dados disponíveis para cálculo dos indicadores (282)

(=) Amostra inicial balanceada para a aplicação de dados em painel 786

(-) Cooperativas com características de outlier (433)

(=) Amostra após a eliminação de outliers 353

(-) Cooperativas que apresentaram valores negativos (5)

(-) Cooperativas que apresentaram valor 0 (zero) para a variável Participação da Receita de

Prestação de Serviços (33)

(=) Amostra final para a avaliação de eficiência 315

Fonte: Resultados da pesquisa

Ressalta-se que não foi dado, para fins dessa pesquisa, um tratamento específico às cooperativas que possam ter sofrido incorporações, que tenham descontinuado sua atividade ou

que tenham mudado seu perfil para o de livre admissão durante o período em análise. Aponta- se, desta forma, esse fator como limitador da pesquisa.

Na seção que segue, está apresentada a etapa de seleção dos inputs dos modelos e a discussão das variáveis selecionadas.