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Composição e formas de organização das Comissões Próprias de Avaliação

3. AS CPA: COMPOSIÇÃO, FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E PARTICIPAÇÃO

3.2 Sobre as Comissões Próprias de Avaliação participantes da pesquisa

3.2.1 Composição e formas de organização das Comissões Próprias de Avaliação

O tamanho das CPAs participantes da pesquisa é bastante variável, conforme apresentado no Quadro 2 havendo casos em que além das representações usuais (docentes, discentes, técnicos e sociedade civil), está incluída a participação de consultores externos, especialistas e equipe de apoio composta por estagiários e estatísticos.

Quadro 2- Número de membros das CPA respondentes do questionário por segmento IES Docentes Discentes Téc.Adm. Soc. Civil Outros* Total

PUC Minas 6 2 2 - - 10

PUC São Paulo 4 2 2 1 - 9

Univ. Castelo Branco 3 3 3 3 2 14

Univ.Católica de Petrópolis 4 2 2 1 2 11

Univ. de Ribeirão Preto 4 2 2 2 2 12

Univ. de Santo Amaro 2 2 2 2 2 10

Univ. do Estado do Rio de Janeiro

18 10 6 4 - 38

Univ. do Oeste Paulista 4 2 4 1 5 16

Univ. do Sagrado Coração 4 4 4 4 - 16

Univ. do Vale do Sapucaí 2 2 2 2 1 9

Univ. Federal de Alfenas 4 2 5 2 - 13

Univ. Federal de Minas Gerais 14 2 10 2 28

Univ. Federal de Uberlândia 2 1 2 2 3 10

Univ. Federal de Viçosa 12 4 5 2 - 23

Univ.Federal do ABC 4 4 4 1 - 13

Univ. Federal do Espírito Santo 2 2 2 2 1 9

Univ.Federal do Estado do Rio de Janeiro

3 5 5 - x 13

Univ. Federal do Triângulo Mineiro

3 3 3 1 1 11

Univ. Federal Fluminense 10 4 4 4 - 22

Univ. José do Rosário Vellano 3 3 3 3 - 12

Univ. Santa Cecília 12 3 3 1 19

Univ. Vale do Rio Verde 3 3 3 3 - 12 *Nesta categoria foram incluídos membros que não se enquadram nas categorias de docente, técnico administrativo, discente ou sociedade civil, a exemplo de consultores externos, egressos, estagiários, dentre outros.

Fonte: Dados da pesquisa (2017)

Interessante destacar, que não necessariamente o número de membros é diretamente proporcional ao tamanho da comunidade acadêmica que integra a universidade. Um exemplo, é o fato de a Universidade do Estado do Rio de Janeiro possuir uma CPA composta por 38 (trinta e oito) membros, enquanto a Universidade Federal de Minas Gerais possui 28 (vinte e oito) membros em sua comissão, sendo que a primeira conta com aproximadamente 2.500 (dois mil e quinhentos) professores e 26.000 (vinte e seis mil) estudantes e a segunda, conta com 2.818 (dois mil oitocentos e dezoito) docentes e 48.000 (quarenta e oito mil) estudantes.

Em algumas universidades os membros são distribuídos entre titulares e suplentes e no caso das instituições multicampi, há subcomissões que desenvolvem o trabalho de avaliação em seu campus de atuação, reunindo esporadicamente com a CPA central para a discussão de resultados e elaboração de relatórios.

Sobre a forma de composição da comissão, a indicação dos membros é a forma prevalente ocorrendo em 35% das IES que responderam ao questionário. Em seguida, estão a eleição e o convite (22% cada), a conjugação entre eleição e indicação (9%), a conjugação entre eleição e convite (4%) e a abertura de edital de inscrição (4%)18. A indicação como fator preponderante de representação envolve questões delicadas, pois segundo Silva e Gomes (2011), ela pode ocorrer por alianças político-institucionais que afetariam a institucionalidade e a legitimidade da autoavaliação.

Se pensarmos a avaliação enquanto instrumento pedagógico que ultrapassa as atividades de natureza meramente burocráticas, subsidiando a revisão de objetivos, o planejamento de estratégias e a ressignificação dos sentidos educacionais, corre-se o risco de que a prática de indicação dos responsáveis por conduzi-la comprometa o senso de ética e a corresponsabilidade envolvidos no processo.

A experiência da pesquisadora como membro de Comissão Própria de Avaliação, leva a afirmar que é fundamental que o processo avaliativo conte com a participação, o

envolvimento e o sentido de pertencimento dos diferentes segmentos acadêmicos, sentido este, ameaçado pela prática da indicação político-institucional. Dentre as práticas observadas nas IES, está o fato de que as indicações em sua maioria, ocorrem sem análise crítica e avaliação das possíveis contribuições dos indicados para o aprimoramento da autoavaliação, o que favorece a estruturação de CPAs com muitos membros, em que apenas dois ou três participam efetivamente do processo de avaliação interna. Corroboram com esta situação, os resultados encontrados pelo INEP (2009b) em estudo que realizou a análise de relatórios de autoavaliação enviados ao MEC, onde apenas 12% dos relatórios foram considerados completos, apresentando sugestões de melhoria feitas pela CPA a partir da avaliação em todas as dimensões avaliativas contempladas.

Este fato, está atrelado a outro também muito comum nas instituições: o desconhecimento por parte da comunidade acadêmica sobre quem faz parte da CPA, o real papel da comissão e de que forma suas atividades se integram às rotinas acadêmicas.

Relacionados às formas de composição, estão os critérios de seleção dos membros da CPA indicados pelos coordenadores que responderam aos questionários, quais sejam:

 Conhecimento do funcionamento da instituição.  Responsabilidade e comprometimento.

 Interesse na temática da avaliação e em participar do processo de autoavaliação.

 Disponibilidade.  Tempo de instituição.

 Envolvimento com o segmento que representa e participação nas atividades da IES.

 Interesse em melhorias institucionais.

De maior prevalência dentre os critérios apontados nos questionários, os aspectos acima elencados relacionam-se mais com o voluntariado e características pessoais dos potenciais membros da CPA do que com elementos associados à formação, experiência ou conhecimentos específicos na área de avaliação, que poderiam auxiliar no desempenho de atividades inerentes à comissão, embora não garantam a efetiva participação e contribuição para o processo.

Em algumas universidades os critérios a serem considerados variam de acordo com o segmento a ser representado, fato demonstrado na transcrição do trecho a seguir:

Para os professores, precisa ser de TI e de preferência dar aula em mais de um campus; para o aluno não ter reprovações e ser comprometido com a Instituição; para o funcionário ter formação que permite ajudar no processo e para o membro da comunidade é disponibilidade de tempo e nível de representatividade na sociedade (QUESTIONÁRIO, 2017).

Além da diferenciação dos critérios utilizados para a seleção dos membros dos diferentes segmentos, chama especial atenção o fato de a “representatividade na sociedade” ser um fator de diferenciação na seleção dos membros da sociedade civil. Tal critério, apareceu na fala de coordenadores de outras comissões próprias de avaliação e parece ser uma estratégia para dar visibilidade ao trabalho desenvolvido pela CPA interna e externamente (inclusive no momento das visitas in loco) e para conseguir o apoio da comunidade externa junto às ações desenvolvidas pela universidade.