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5. TRAJETÓRIA AVALIATIVA E ATRIBUIÇÕES DAS CPA

5.1 Atribuições da CPA: a teoria e a prática

5.1.1 Síntese sobre as atribuições assumidas pelas comissões

De modo geral, pode-se afirmar que a função básica desempenhada pelas CPAs entrevistadas não foge ao descrito nas orientações elaboradas pela Conaes, sendo possível citar as seguintes atribuições em comum: planejamento do processo de avaliação interna e definição de instrumentos avaliativos, elaboração de relatórios e participação nos processos de avaliação externa. No entanto, é possível perceber que há alguma variação no escopo de atribuições assumidas, ocorrendo diferenças entre o que está previsto no conjunto de atribuições elencado em seus regulamentos e o que de fato ocorre no dia a dia das universidades.

Tal fato talvez esteja relacionado à distância temporal entre a elaboração do documento que regulamenta suas atividades e o momento atual vivenciado pelas instituições, uma vez que na maioria dos casos, este documento foi elaborado entre os anos de 2004 e 2005, por ocasião da implantação do Sinaes, sem a participação dos atuais membros das comissões próprias de avaliação. Além disso, o conjunto de modificações

ocorridas nas políticas de avaliação da educação superior de lá para cá, pode ter contribuído para que as CPAs passassem a exercer novas atividades, ampliando ou diminuindo o rol de responsabilidades previstas em seus regulamentos.

No caso da CPA da IES A, a comissão parece ter como ponto forte sua relação com a gestão, o que implica na ampliação de seu escopo de atividades para abarcar ações de assessoria a diversas áreas da universidade, incluindo a participação de seus membros em comissões não relacionadas à temática da avaliação interna. Há diferença significativa entre as ações previstas em seu regulamento e as que de fato são executadas pela CPA, que possui grande visibilidade institucional e parece ter encontrado o “caminho das pedras” para a execução de seu trabalho, com papel e importância bem definidos.

A CPA da IES B apesar de apresentar em seu regulamento escopo amplo de atividades, em sua rotina diária o foco incide sobre a aplicação de questionários, a elaboração de relatórios e a sensibilização da comunidade acadêmica, funções básicas previstas pela legislação pertinente e que não fogem às atividades que se espera de uma CPA. Cabe ressaltar porém, que no caso especifico desta universidade, a comissão própria de avaliação teve suas atividades interrompidas por longo tempo, sendo possível perceber uma tentativa de resgate do histórico avaliativo e de consolidação de nova cultura de avaliação na instituição, dificultado pela crise financeira e administrativa atual.

A CPA da IES C embora não disponibilize regulamento em seu site institucional, os relatos do coordenador quanto às atividades da comissão mostram coerência com as ações registradas em seus relatórios. As atividades da comissão própria de avaliação parecem ser realizadas com o foco central de contribuir para a gestão universitária, incluindo a supervisão do trabalho das comissões de carreira docente e a preocupação em acompanhar os resultados da universidade em rankings nacionais e internacionais que não guardam relação com as avaliações previstas pelo Sinaes. Observa-se que esta preocupação com a visão do mercado sobre a atuação universitária foi destacada pela única instituição privada da amostra.

Na IES D, a CPA apresenta caráter investigativo empreendendo ações de pesquisa e se organizando em grupos de estudo, agrupando, sistematizando, analisando e divulgando dados obtidos em avaliações empreendidas por diversas instâncias universitárias. Além disso, tem forte atuação no acompanhamento das metas do PDI e das visitas de avaliação in loco. Embora a fala de alguns de seus membros, os relatórios

produzidos e seu regulamento evidenciem haver um grupo de trabalho bem estruturado, atuante e com atribuições bem definidas, a coordenadora da CPA sente falta de documentos mais objetivos, que definam com clareza quais as funções da comissão própria de avaliação.

Já a CPA da IES E tem pouca clareza sobre o que de fato seria seu papel e sobre quais aspectos fariam ou não parte do escopo avaliativo da comissão. Embora tenha realizado estudo buscando compreender de que forma CPAs de outras universidades atuam, como subsídio para elaboração de seu regulamento, a comissão própria de avaliação ainda questiona suas atribuições e seu papel dentro da universidade. Porém,seus membros compreendem que devem aplicar instrumentos avaliativos, elaborar relatórios e realizar análises sobre o PDI.

A análise das falas dos coordenadores e dos regulamentos internos, permite inferir que parte da variação apresentada pode estar relacionada à clareza ou não do que seria atribuição da CPA, ao tipo de relação estabelecida entre a comissão própria de avaliação e a comunidade acadêmica, incluindo a gestão, à percepção do que é e do que representa a avaliação institucional, bem como ao histórico de constituição da CPA em cada universidade.

Quanto a este último aspecto, todas as comissões entrevistadas possuem experiências de avaliação interna vinculadas ao PAIUB. Oliveira et al (2008) por meio de análise realizada no relatório de autoavaliação de 14 (quatorze) universidades, cita que aquelas com histórico de avaliação anterior à implementação do Sinaes possuem maior autonomia avaliativa, adaptando parte de seus projetos às orientações legais. Tal fato, embora tenha ocorrido em algumas das CPAS investigadas (IES A, IES C, IES D) não se repetiu em sua totalidade neste estudo.

No capítulo seguinte serão analisadas as formas como essas CPAs se organizam para dar cumprimento às suas atribuições.