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2 O TRIBUNAL DO JÚRI NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO

2.4 COMPOSIÇÃO DO JÚRI

Conforme preceitua o art. 447, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), o Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, que é o presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, sendo certo, que 7 (sete) constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.

No entanto, para instalação da sessão, conforme preceitua o art. 463, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), com a presença de 15 (quinze) jurados. O Magistrado declarará abertos os trabalhos da sessão de julgamento, anunciando o processo pelo qual será submetida à apreciação do Conselho. A função de jurado é considerada serviço público relevante. Veja-se o art. 439, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

O art. 448, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) preceitua rol de impedimento, Veja-se:

Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: I – marido e mulher;

II – ascendente e descendente; III – sogro e genro ou nora;

IV – irmãos e cunhados, durante o cunhado; V – tio e sobrinho;

§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar.

§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados.

Assim, conforme rol acima, jurados que se enquadrarem em um dos incisos, devem declinar seu impedimento, oportunidade em que serão dispensados do serviço, naquela sessão, sob pena de nulidade do ato. Veja-se o que diz Nucci (2010, p. 772):

Antes do sorteio, o juiz advertirá os jurados presentes dos impedimentos e das suspeições (art. 446, CPP), para que, se for o caso, quando chamado, o sorteado decline afirmando a sua situação de incompatibilidade [...]

Necessário também, estarem no plenário o Representante do Ministério Público e a Defesa. Caso o Representante do Ministério Público não esteja presente, o Magistrado estará impossibilitado de iniciar o julgamento, eis que inexiste a figura do Promotor ad hoc, ante o Princípio Constitucional preceituado no art. 5º, LII, que assim preceitua:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LII- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

[...]

Assim, o Magistrado fica impedido de nomear um Promotor ad hoc para proceder no julgamento. Nesse sentido Nucci (2010, p. 768), diz:

O não comparecimento do membro do Ministério Público impossibilita a realização do julgamento... Havendo falta sem razão plausível, o fato dever ser comunicado ao Procurador-Geral, nos termos do parágrafo único do art. 455 do CPP [...]

Igualmente se ausente o Defensor do acusado, o Magistrado também não pode iniciar o julgamento. Nesse sentido Nucci (2010, p. 769), diz:

Não comparecendo o defensor constituído, sem motivo

fundamentado, o magistrado, sendo obrigado a adiar o julgamento, deve nomear outro profissional para patrocinar os interesses do réu, declarando indefeso [...]

Já a ausência do acusado, justificada ou não, não traz prejuízo ao julgamento, nos termos do art. 457, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), veja-se:

Art. 457. O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.

[...]

Nesse sentido Nucci (2010, p. 770), diz:

O não comparecimento do réu, justificado ou não, deixa de provocar o adiamento da sessão e a decretação da sua prisão cautelar. O réu solto pode estar presente ou não em seu julgamento em plenário.

No entanto, em relação ao acusado preso, o Estado possui a obrigação de conduzi-lo até o Plenário do Tribunal. Caso tal medida não seja realizada, o julgamento deverá ser adiado e marcado para a primeira data disponível. Assim preceitua o art. 457, § 2º, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Veja-se:

Art. 457 [...]

§ 2º Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor.

Nesse sentido Nucci (2010, p. 770), diz:

Quanto ao réu preso, trata-se de obrigação do Estado conduzi-lo até o recinto do fórum. Se tal medida não for tomada, o julgamento deve ser adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião (art. 457, § 2º, CPP). É viável que tanto o acusado quanto o defensor faça requerimento expresso solicitando a dispensa de comparecimento em plenário, o que deve ser atendido.

Assim, depois de confirmada a presença do representante do Ministério Público, defesa e, se o caso, do acusado, se por ventura esteja preso e não tenha solicitado a dispensa, o Magistrado inicia o sorteio dos jurados para composição do Conselho de Sentença, que somente iniciará se confirmada a presença de, no mínimo 15 jurados, dentre os 25 que compõem a lista. Assim preceitua o art. 463, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Veja-se:

Art. 463. Comparecendo, pelo menos 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalado os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento. [...]

Prosseguindo nos trabalhos em plenário, o Oficial de Justiça, nos termos do § 1º do art. 463 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) faz o pregão, anunciando o processo e o nome do acusado que será julgado naquela sessão. Veja-se:

Art. 463 Comparecendo pelo menos 15 (quinze) jurados, o Juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento.

§1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos. §2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a constituição do número legal.

Tanto a defesa, como o representante do Ministério Público, conforme preceitua o art. 468, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), possuem a garantia legal em recusar até 03 jurados, sem necessidade de motivação. Tal recusa visa formar um Conselho de sentença que aparentemente atenda sua expectativa. Veja-se o art. 468 do Código de Processo Penal. (BRASIL, 194):

Art. 468. À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz presidente as lerá, e a defesa e, depois o Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. Composto o Conselho de Sentença, que é a presença de 07 jurados, o Magistrado, nos termos do art. 472, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), determina a todos os jurados que levantem, oportunidade em que fará o juramento. Veja-se o art. 472 do Código de Processo Penal. (BRASIL, 1941).

Art. 472. Formado o Conselho de Sentença, o presidente, levantando- se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir a Vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça.

Os jurados, nominalmente chamados pelo presidente responderão: Assim o prometo

Parágrafo único: O jurado, em seguida, receberá cópia da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissíveis a acusação e do relatório do processo.

Os jurados, como são considerados juízes leigos, estão compromissados a decidirem de acordo com sua consciência e os ditames da Justiça, ficando desobrigados a motivar suas decisões, que é obrigação dos Magistrados togados. Nesse sentido, Nucci (2010, p. 776), afirma:

[...] Não se fala em decidir de acordo com os ditames legais, justamente porque os jurados são leigos e não tem qualquer obrigação de conhecer o ordenamento jurídico. Assim, o objetivo do Tribunal Popular é promover uma particular forma de justiça, aquela que brota da sensibilidade e da razão do homem comum, não letrado em Direito, disposto a respeitar o que sua consciência lhe dita, com imparcialidade. Por isso, mais uma vez deve-se ressaltar, não há cabimento para anular-se o julgamento, quando os jurados tomam decisões de bom senso, embora discordamos da jurisprudência predominante [...]

O Tribunal do Júri Popular tem como princípio o julgamento pelo grau de reprovação ou aprovação da sociedade em face ao fato. O jurado, diferente do Juiz togado, não necessita motivar sua decisão, eis.que um dos princípios basilares do

Instituto é o livre convencimento dos jurados e não as frias palavras da Lei que obriga o Magistrado a motivar suas decisões, sob pena de sua decisão ser declarada nula,em face ao descumprimento ao disposto no art. 93, IX da Carta Constitucional. (BRASIL, 1988).

2.5 Produção de provas testemunhais, interrogatório do réu, leitura de relatórios e

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