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2011 RAMOS - A INAPLICABILIDADE DOS ARTIGOS 425 2 E 436 1 DO CODIGO DE PROCESSO PENAL NA FORMACAO DO CONSELHO DE SENTENCA DO TRIBUNAL DO JURI EM CACOAL-RO

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR

CAMPUS DE CACOAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE DIREITO

JERDSON RAIEL RAMOS

A (IN) APLICABILIDADE DOS ARTIGOS 425 §2º E 436 §1º DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL NA FORMAÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA DO

TRIBUNAL DO JÚRI EM CACOAL/RO

Trabalho de Conclusão de Curso Monografia

Cacoal-RO 2011

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A (IN) APLICABILIDADE DOS ARTIGOS 425 §2º E 436 §1º DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL NA FORMAÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA DO

TRIBUNAL DO JÚRI EM CACOAL/RO

Por:

JERDSON RAIEL RAMOS

Monografia apresentada à Universidade Federal de Rondônia – UNIR, Campus Cacoal, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel elaborada sob a orientação da Professora MSc. Viviani Gianine Nikitenko.

Cacoal - RO 2011

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR

CAMPUS DE CACOAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DO CURSO DE DIREITO

A monografia intitulada “A (in) Aplicabilidade dos artigos 425 §2º e 436 §1º do código de processo penal na formação do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri em Cacoal/RO”, elaborada pelo acadêmico Jerdson Raiel Ramos, foi avaliado e julgado aprovado pela banca examinadora formada por:

_________________________________________________________ Professora MSc. Viviani Gianine Nikitenko – Orientadora - UNIR

_________________________________________________________ Professor MSc. José de Moraes - Membro - UNIR

_________________________________________________________ Professora Especialista Ana Clara Cabral de Sousa Cunha

- Membro - UNIR

Cacoal/RO 2011

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Aos meus amados pais, Natividade e Maria Tereza, primeiros e perenes mestres, por me ensinarem o valor inestimável dos estudos.

À minha querida esposa Ivone e meus queridos filhos Jacson e Janequely pela paciência e incentivo a nossa vitória.

Aos meus irmãos Jerfson, Julceir, sobrinhos e demais familiares, minha gratidão pelo incentivo e cumplicidade.

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Agradeço a Deus, por tornar tudo possível.

A professora e orientadora, Mestre Viviani, por seu auxílio em minha trajetória na Universidade e, de forma especial, na realização deste estudo.

Aos professores do Curso de Direito da Universidade Federal de Rondônia, Campus Cacoal, que me iluminam e, pedaço em pedaço, descrevem meus primeiros passos no apaixonante universo do Direito.

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“Se tudo perdeu o Brasil, se nada absolutamente lhe resta, uma coisa nos fica ainda agora que vale mais que tudo: ainda possuímos JUSTIÇA, ainda nos restam juízes”. (grifo nosso)

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RESUMO

RAMOS, Jerdson Raiel. A (in) aplicabilidade dos artigos 425 §2º e 436 §1º do código de processo penal na formação do Conselho de Sentença do Tribunal do Júri em Cacoal/RO. 80 folhas. Trabalho de Conclusão de Curso: Universidade Federal de Rondônia – Campus de Cacoal – 2011.

O presente trabalho monográfico versa sobre o Instituto Tribunal do Júri Popular, mais precisamente sobre o cumprimento dos dispositivos legais preceituados no Código de Processo Penal e Princípios Constitucionais. Para tanto, valerá do método de procedimento, com aplicação de questionário junto a 1ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal/RO. No decorrer do trabalho, abordará a origem e evolução e variações em alguns países, como Inglaterra, França, Estados Unidos e Brasil. Estudará com maior profundidade o Tribunal do Júri Popular no Brasil, abordando sua origem no ordenamento, evolução através do tempo, sua competência e procedimentos legais preceituados no Código de Processo Penal e Princípios Constitucionais. Abordará, ao final, o Instituto Popular na Comarca de Cacoal, dando ênfase ao procedimento adotado, comparando com os dispositivos legais e Constitucionais, tendo como objetivo a análise da listagem geral de jurados convocados para servirem durante o ano de 2009, apreciando em especial as listagens dos jurados convocados para compor os Conselhos de Sentença dos anos de 2009, 2010 e 2011 na Comarca de Cacoal/RO.

Palavras-chave: Direito Processual Penal. Tribunal do Júri. Conselho de Sentença.

Democracia. Comarca de Cacoal/RO.

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ABSTRACT

RAMOS, Jerdson Raiel. The 425 § 1st and 436 § 1st articles (un) applicability on

Criminal Procedure Code on the Adjudication Council formation at Cacoal/RO Jury’s Court. 80 folhas. Course Conclusion Work: Rondônia Federal University –

Cacoal Campus – 2011.

The present monographic work talks about the Court of the Popular Jury Institute, mainly on the fulfilment of legal devices written in the Criminal Procedure Code and Constitutional Principles. For this, it will use the procedure method, with a questionnaire application to 1ª Criminal Court in Cacoal/RO district. In elapsing, it will approach on the origin, evolution and variations in some countries, as England, France, United States and BrazilIn a deeper study on the Popular Jury Court in Brazil, approaching on its origin on the law, evolution through the years, its ability and legal procedures written in Criminal Procedure Code and Constitutional Principles. It will also approach, at the end, the Popular Institute in the Judicial of Cacoal, district emphasising the adopted procedures, comparing the legal devices and Constitutional dispositive, having as objective the general listing analysis of juries convoked during the year of 2009,specially appreciating the convoked juries to compose the Adjudication Council of 2009, 2010 and 2011 in the Judicial Cacoal/RO district .

Key-words: Criminal Procedure Law. Jury’s Court. Adjudication Council. Democracy.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO …... 10

1 O INSTITUTO TRIBUNAL DO JÚRI ... 12

1.1 ORIGEM DA PALAVRA ... 12

1.2 O SURGIMENTO DO INSTITUTO DO TRIBUNAL DO JÚRI POPULAR NO MUNDO ... 12

1.2.1 O Júri no Inglaterra ...14

1.2.2 O Júri na França ...15

1.2.3 O Júri nos Estados Unidos ...15

1.3 O TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL ...16

1.3.1 A Evolução Constitucional do Tribunal do Júri no Brasil ... 16

1.3.2 O Tribunal do Júri na CF/88 e seus Princípios ...18

1.3.2.1 Competência para julgar crimes contra a vida ... 20

1.3.2.1.1 Homicídio ... 21

1.3.2.1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ... 22

1.3.2.1.3 Infanticídio ... 23

1.3.2.1.4 Aborto ... 24

1.4. O SIGILO NAS VOTAÇÕES, A PLENITUDE DE DEFESA E A SOBERANIA DOS VEREDICTOS ... 25

1.4.1 O sigilo nas votações ... 25

1.4.2 A plenitude de defesa ... 26

1.4.3 A soberania dos veredictos ... 27

2 O TRIBUNAL DO JÚRI NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO .. 29

2.1 ALISTAMENTO DOS JURADOS ... 29

2.2 PUBLICAÇÕES DAS LISTAS ... 32

2.3 PREPARAÇÃO DO PLENÁRIO ... 33

2.4 COMPOSIÇÃO DO JÚRI ... 34

2.5 PRODUÇÃO DE PROVAS TESTEMUNHAIS, INTERROGATÓRIO DO RÉU E LEITURA DE RELATÓRIOS E PEÇAS ... 38

2.6 DEBATES ... 40

2.7 A SALA SECRETA ... 42

2.8 A SENTENÇA ... 43

(10)

CONCLUSÃO ... 55

REFERÊNCIAS ... 57

OBRAS CONSULTADAS ... 59

APÊNDICE - Questionário aplicado à 2ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal ... 60

ANEXO A – Cópias das páginas 89/95 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 222/2008, de 26/11/2008 ... 61

ANEXO B - Cópias das páginas 155/156 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 087/2009, de 13/05/2009 ... 68

ANEXO C - Cópias das páginas 254/255 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 158/2009, de 26/08/2009 ... 70

ANEXO D - Cópias das páginas 214/218 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 224/2009, de 03/12/2009 ... 72

ANEXO E - Cópia da página 233 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 068/2010, de 14/04/2010 ... 76

ANEXO F - Cópias das páginas 216/219 do Diário da Justiça do Estado de Rondônia n. 223/2010, de 06/12/2010 ... 77

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INTRODUÇÃO

O Tribunal do Júri é um instrumento de soberania popular e encontra-se encravado no art. 5º, XXXVIII da Carta Magna Constitucional, além dos preceitos procedimentais constante nos art. 422 e seguintes, do Código de Processo Penal.

O primeiro registro existente sobre o Instituto Popular data de 1215, na Inglaterra, no entanto, como afirma Nucci (2010), são de origens vagas e indefinidas, perdem-se na noite dos tempos.

No mundo, vários países como Inglaterra, França, Estados Unidos, África do Sul, Bélgica, Noruega, Colômbia, México, Brasil e partes da Suíça adotam o Instituto Popular, no entanto, com diferentes competência e organização que, diferentemente do Brasil, além de delitos criminais, também julgam delitos cíveis.

No Brasil, para organização do Tribunal do Júri Popular, necessário se faz o cumprimento do disposto nos artigos 422 e seguintes do Código de Processo Penal, além de respeitar os Princípios Constitucionais preceituados no art. 5º, XXXVIII da Carta Constitucional.

No art. 5º, XXXVIII da Carta Magna, consta o rol de Princípios de sustentabilidade do Instituto, quais sejam: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania da defesa e a competência mínima para julgar os crimes dolosos contra a vida.

No entanto, para que o Instituto Democrático atinja sua plenitude, necessário se faz o cumprimento de todos os dispostos legais, em especial o disposto no art. 425, § 2º do Código de Processo Penal e Princípios Constitucionais preceituados no art. 5º, XXXVIII da Carta Magna Brasileira.

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Observa-se que na Comarca de Cacoal/RO deixa-se de cumprir os preceitos legais dos art. 425 e seguintes do Código de Processo Penal no momento da elaboração da listagem geral de jurados, sendo certo o prejuízo causado à sociedade, eis que, forma-se um conselho de sentença elitizado pela classe média operária e estudantes convocados junto às instituições de ensino superior existentes na Comarca.

Para tanto, apreciará a listagem geral de jurados para servir no Instituto Tribunal do Júri da Comarca de Cacoal/RO para o ano de 2009 e lista de jurados dos anos de 2009, 2010 e 2011, observará o cumprimento dos Princípios Constitucionais preceituados no art. 5º, XXXVIII e os artigos 422 e seguintes do Código de Processo Penal, que estão sendo descumpridos na composição e atualização da listagem geral de jurados para formação do Conselho de Sentença do Júri Popular, vez que tais listagens são atualizadas apenas com nomes de servidores públicos e acadêmicos, desconsiderando os demais integrantes da sociedade Cacoalense.

Objetiva o presente estudo monográfico estudar e discutir os objetivos do Instituto do Júri Popular, desde sua origem, evolução, avanços e retrocessos, apontando os dispositivos legais que norteiam o Instituto e os prejuízos causados à sociedade em face de seu não cumprimento junto à Comarca de Cacoal/RO.

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1 O INSTITUTO TRIBUNAL DO JÚRI

O Instituto do Júri Popular é procedimento judicial com garantias Constitucionais da participação do povo, o que tem causado grandes embates jurídicos em torno do tema.

Trata-se de Instituto soberano e de grande valia à sociedade, que aprecia e julga os tipos penais de sua competência, quais sejam, os preceituados nos artigos 121 a 126 do Código Penal (BRASIL, 1940), sem a necessidade de motivar suas decisões, ante a soberania preceituada pela Carta Magna Brasileira.

O Instituto existe em diversas partes do mundo, no entanto, em cada lugar com sua particularidade em face de seus costumes e competência legal.

1.1 ORIGEM DA PALAVRA

O Dicionário Jurídico Piragibe (2007, p. 681) assim o define:

Júri – Palavra derivada do inglês JURY, que, por sua vez, tem origem etimológica no latim de JUS, URIS = justiça de JURARE – jurar. [...] pois a instituição esta ligada ao juramento que antigamente se fazia, e que agora, entre nós, é substituído pelo compromisso dos jurados de examinar com imparcialidade a causa e proferir a decisão de acordo com a sua consciência e os ditames da justiça. Corpo judiciário composto de um juiz de direito, que é o seu presidente sem voto, e de um determinado número de cidadãos (jurados), que podem ser leigos em Direito, e dentre os quais se sorteiam os que constituirão o conselho de sentença para o julgamento de fatos de sua competência [...].

No entanto, apesar da palavra possuir origem no latim e derivação do inglês, a origem do Instituto é imprecisa e possui grandes variações. Observar-se-á o que dizem os estudiosos sobre o assunto, no capítulo seguinte.

1.2 O SURGIMENTO DO INSTITUTO DO TRIBUNAL DO JÚRI POPULAR NO MUNDO

O Tribunal do Júri Popular possui origem incerta. Para Nucci (2010, p. 725) nasceu na Inglaterra, no entanto, para Grego Filho 2010, D’Angelo (2008) e Silva (2009) é de origem incerta, no entanto, “não é tão antiga quanto à própria história do homem”. (grifo nosso).

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O certo é que o primeiro registro sobre a existência do Instituto denominado “Tribunal do Júri” data de 1215, com o seguinte preceito: “Ninguém poderá ser detido, preso ou despojados de seus bens, costumes e liberdades, senão em virtude de julgamento de seus pares, segundo as Leis do País”. (NUCCI, 2010, p. 725) (grifo nosso).

Por certo, que o mundo já conhecia antes disso o Tribunal do Júri Popular, ante o ocorrido, especialmente da Grécia e Roma, que, segundo Maximiliano (apud NUCCI, 2010, p. 725), [...] as origens do instituto, vagas e indefinidas, perde-se na noite dos tempos [...]. (grifo nosso).

No mesmo sentido, afirma Grego Filho (2010, p. 288) “A origem remota do Júri é atribuída aos 'centens cometis' de Roma, mas certamente a figura pode ser dada como nascida na Inglaterra, a partir de Henrique II, por volta de 1100”. (grifo nosso).

No entanto, como acima reportado, há grande imprecisão doutrinária sobre a origem do Instituto, buscando os fatos históricos registrados no mundo, encontram-se relatos de julgados por júri popular como afirma D’Angelo (2008, p. 125):

A história do júri não é tão antiga quanto o homem, porém, o é quanto à democracia [...] como ocorreu na Grécia com o Tribunal dos Heliastes ou Dicastério, o qual julgou Sócrates e o condenou a morte [...] haja vista os duzentos e oitenta e um votos contra duzentos e setenta e cinco.

No mesmo sentido afirma Silva (2009, p. 17):

Antes disso, seus primórdios já estariam arraigados em práticas de julgamentos na Grécia e Roma antigas, envolta em profunda liturgia religiosa, buscando balizar o poder temporal com aspectos da divindade para justificar o acerto das decisões [...]

Estudando a história do homem, pode-se verificar diversos relatos históricos que levar a acreditar na existência do Instituto na antiguidade, como o julgamento de Sócrates pelo Tribunal dos Heliastes ou Dicastério, que julgou e condenou-o à morte por 284 contra 265 votos, com a ingestão de cicuta ou ainda no Império Romano com o Imperador Marco Antônio e Otávio Augusto na Assembléia das Centúrias. Nesse sentido, ROCHA (apud Tucci, 1999, p. 14) afirma:

É muito além do Capitólio e do Parthenon e não nos Heliastas e Dikartas gregos como pretende a corrente hellenista que nós procuraremos a origem da instituição. As leis de Moysés, ainda que subordinando o magistrado ao sacerdote, foram, na antiguidade, as primeiras que interessaram os cidadãos nos julgamentos dos tribunaes. Muito, antes,

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portanto, de, na Grécia antiga, ser chamado o povo para decidir todas as grandes questões judiciárias, em plena praça pública, no exercício da justiça atheniense, antes da constituição desse tribunal, que era composto de cidadãos escolhidos entre os que todos os annos a sorte designava para julgarem collectivamente ou divididos em secções, muito antes da existência desses juízes populares, aos quaes, como requisitos eram apenas exigidas a idade de trinta annos, reputação ilibada e quitação plena do thesouro público; muito antes do aparecimento desse tribunal de pares, já o Deuteronômio, o Êxodo, o Levítico e os Números, na formosa e símplice linguagem do direito mosaico, nos falam do Tribunal Ordinário, do Conselho dos Anciães e do Grande Conselho. Na velha legislação mosaica encontramos nós o fundamento e a origem da instituição do Jury.

O Tribunal do Júri é instituto adotado na Bélgica, Noruega, Espanha, em algumas partes da Suíça, Áustria, África do Sul, Inglaterra, Estados Unidos, Colômbia, México e Brasil, no entanto, com diferentes competências. Nesse sentido, Grego (2009, p. 388) afirma:

No correr da história e nos diversos países, apresentou ele grandes variações de estrutura, como nos “escabinados” (tribunal misto, em que o juiz togado também vota), de origem Germânica ou Franca, e o “assessorado”, que possui origem Italiana.

Assim, em face à evolução da sociedade e do direito, cada país adotou e evoluiu o Instituto do Júri Popular a sua concepção de direito, visando o enquadramento em sua forma de promoção da Justiça Popular.

1.2.1 o Júri na Inglaterra

A Carta Magna da Inglaterra registrou o início do Júri no mundo, no ano de 1215. O corpo do Tribunal do Júri, quando criado, era composto de 12 jurados e até 1933, existia na Inglaterra o “Grand Jury”, que era composto de 12 a 24 jurados e suas decisões era por maioria, como afirma Streck (2001, p. 76).

O Tribunal do Júri Inglês, possui 02 momentos. Em um primeiro, que é formado por um grande Júri, aprecia apenas a formação de culpa, no entanto, cabe ao Magistrado decidir se envia ou não ao júri popular. Nesse sentido, afirma Grego Filho (2009, p. 388): “O júri inglês, [...] se desdobra em grande júri, que decide sobre a formação da culpa, e pequeno júri, que profere o julgamento definitivo.” (grifo nosso).

Como afirma Streck (2001, p.76), menos de 5% dos processos criminais são passiveis de apreciação do júri popular na Inglaterra. A competência do instituto se

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limita a crimes de homicídios e o estupro e outros crimes considerados graves, cabendo ao magistrado julgar a necessidade de levar o feito a júri popular ou proferir decisão.

Afirma ainda o doutrinador, que no Tribunal do Júri da Inglaterra, diferentemente dos Estados Unidos, não é necessário a unanimidade dos veredictos. Aceitam-se tranquilamente 10 x 2, 11 x 1, eis que o art. 17 da Lei de 1974 habilita o Magistrado a aceitar o veredicto por maioria, após debate do Conselho por mais de duas horas, sem adesão de todos os integrantes.

No entanto, caso o conselho não apresente decisão de maioria ou unanimidade, o Magistrado possui poder de dissolver o conselho, sem implicar absolvição do acusado, e convocar novo conselho para prosseguir. Caso o novo conselho não apresente decisão unânime ou de maioria, o Magistrado dissolve o conselho e declara prejudicado o julgamento, ante a falta de condições de julgamento da causa.

1.2.2 O Júri na França

O Instituto nasceu após a Revolução Francesa, em 1789, inspirado nas ideais do movimento, quais sejam, os ideais de liberdade e democracia, combatendo assim as idéias e métodos esposados pelos Magistrados do regime monárquico, que além de corruptos, eram vinculados aos interesses da corte. Com a criação do instituto do Júri popular, impunha-se como justo e imparcial, pois era produzido pelo povo, sem a participação de Magistrados, como afirma Nucci (2010, p. 725).

1.2.3 O Júri nos Estados Unidos

O Júri Americano, da mesma forma que o Júri Brasileiro, possui garantias constitucionais preceituado no art. 3º, seção II, item 3, que como preceitua Streck, (2001, p. 77), todos os crimes de responsabilidades são de competência do Júri Popular, sendo o julgamento realizado nos Estados Membros onde o delito foi cometido. No entanto, diferente do Júri Popular Brasileiro que possui competência mínima de julgar os crimes dolosos contra a vida, aquele possui competência para julgar outros delitos criminais.

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O sistema de administração do Instituto do Júri Popular, como afirma Streck, (2001, p. 78), é totalmente diferente do sistema Europeu. No sistema Americano, o acusado pode admitir a culpa e assim deixar de ser submetido ao Tribunal do Júri popular, oportunidade em que o Magistrado profere a competente sentença.

Preceitua ainda a Carta Magna Americana, como afirma Streck (2001, P. 78) o direito ao Júri Popular é imparcial de todos os autores de delitos criminais, e que as solenidades de julgamento devem ocorrer nos locais onde ocorreu o delito criminal.

Outro ponto que merece destaque no Instituto do Júri Popular Americano é o fato de admitir a participação de Magistrado sem formação em Direito, que são nomeados ou eleitos pelo voto. Estatísticas demonstram que de 10 a 20% das decisões proferidas pelos Magistrados sem formação jurídica são passiveis de reforma em sede de recurso pelos tribunais, o que caracteriza o valor qu e a comunidade jurídica americana atribui ao instituto popular e aos Magistrados eleitos pelo povo, como afirma Streck (2001, p. 78).

1.3 O TRIBUNAL DO JÚRI NO BRASIL

1.3.1 A evolução Constitucional do Tribunal do Júri no Brasil

Afirma Nucci (2010, p. 725) que o Instituto Tribunal do Júri foi criado no período do Brasil Imperial, pelo Decreto Lei do Príncipe Regente, em 18 de junho de 1822, com o objetivo de julgar os crimes de imprensa e era composto por 24 cidadãos, bons, honrados, inteligentes e patriotas, sendo suas decisões passivas de revisão pelo Príncipe Regente.

Na carta de 1824, o Tribunal foi contemplado no art. 151, capítulo único, do título 6 (capítulo pertinente ao Poder Judiciário), atribuindo competência para julgar causas cíveis e criminais, nos termos da Lei, conforme Nucci (2010, p. 725).

Nucci (2010, p. 726) na Constituição Republicana de 1891, o legislador não se olvidou do Instituto do Júri Popular, que foi previsto na Declaração dos Direitos, parágrafo 31 do art. 72, graças à defesa apresentada pelo jurista Rui Barbosa. Prossegue o autor enfatizando que por outro lado, o governo de Getúlio Vargas extinguiu a soberania do Júri na Carta de 1937.

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Com o Decreto n. 167/38 foi confirmado o Instituto Tribunal do Júri, no entanto, sem soberania, como preceituava o art. 96 do reportado decreto, oportunidade em que era facultada a apelação sobre o mérito, conferindo, assim, o poder de reformar a decisão do Júri pelo Tribunal de Apelação, conforme afirma Nucci (2010).

Assim, não é difícil entender o quanto essa característica teve efeitos devastadores nos julgamentos do Tribunal do Júri, transformando-o em fonte inesgotável de erros judiciários.

Nucci (2010, p. 399), afirma ser um dos casos mais famosos de erro da história do Tribunal do Júri no Brasil o caso dos irmãos Naves, no ano de 1938 em Araguari/MG. Veja-se:

O primeiro julgamento pelo Tribunal do Júri ocorreu em 25 de junho de 1938 e os acusados foram absolvidos por 6 votos a 1. Foi, no entanto, anulado, porque o Tribunal de Justiça entendeu que se tratando de autoria incerta, os quesitos haviam sido formulados de modo errôneo (fls. 73/74). O segundo julgamento aconteceu em 21 de março de 1939, Joaquim foi absolvido por 5 contra 2 e Sebastião por 6 contra 1 (fls. 106/107). A defesa, ao longo do julgamento, invocou a tortura policial que teria vitimado o réu confitente. Havendo apelo do Ministério Público e inexistindo, à época, a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais houve por bem condená-los a cumprir 25 anos e 06 meses de reclusão. Ingressaram os condenados em liberdade vigiada no dia 1º de setembro de 1946. Ficaram presos por 8 anos, 6 meses e 7 dias. Joaquim morreu em 28 de agosto de 1949. Através de revisão criminal, ajuizada em 19 de agosto de 1949, a pena foi reduzida a 16 anos e 6 meses de reclusão. Benedito, a pretensa vítima, foi encontrada viva, em 1952. Tiraram sua foto, após Sebastião ouvir boatos sobre paradeiro. Foram à Fazenda do pai de Benedito e lá o encontraram. O pretenso ofendido declarou que havia passado a noite com uma prostituta, naquela noite fatídica de seu desaparecimento, e, quando saiu, foi agredido e roubado por três homens, que teriam ficado com o dinheiro da safra vendida, pertencente a seu genitor. Por vergonha, sumiu para o Mato Grosso e depois para a Bolívia. Afinal, estava devendo ao próprio pai. Através de Revisão Criminal 1632, o Tribunal de Justiça de Minas, por suas Câmaras Reunidas, em 27 de outubro de 1953, absolveu-os. Deixando consignado que a confissão de Joaquim, segundo posteriormente ficou demonstrado, teria sido conseguida sob tortura, o mesmo se dando com sua esposa, que teria sofrido tortura psicológica. As provas que os levaram à condenação limitavam-se à confissão do réu, a problemáticos testemunhos de “ouvir dizer”, além de ter sido formada a materialidade do crime através de meros indícios, sem nenhum tipo de exame de corpo de delito e muito menos tendo havido testemunha presencial de eventual agressão desfechada pelos réus contra a falsa vítima.

A Constituição Federal de 1946 voltou a contemplar o Instituto do Júri, reinserindo-o no capítulo dos direitos e garantias individuais.

Já a Carta de 1967, no artigo 150, §18, manteve o Instituto no capítulo dos direitos e garantias individuais e com a Emenda Constitucional 1969, no art. 153,

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§18, manteve-o no lugar anteriormente contemplado. No entanto, limitou-se a atribuir competência para julgar apenas delitos dolosos contra a vida, “não falou em soberania, sigilo das votações ou plenitude de defesa fixando-se claramente, a sua competência somente para os crimes dolosos contra a vida” (NUCCI, 2010, p. 726). (grifo nosso).

O contido no inciso XXXVIII do art. 5º da vigente Constituição Federal Brasileira (BRASIL, 1988), por sua vez, manteve o Colegiado, sendo-lhe assegurados: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania das decisões e a competência em razão da matéria, ou seja, o julgamento dos crimes contra a vida, voltando assim, o princípio constitucional da Carta de 1946.

1.3.2 O Tribunal do Júri Popular na Constituição Federal de 1988

O Tribunal do Júri Popular, conforme preceitua o inciso XXXVIII do art. 5º da Carta Magna Brasileira (BRASIL, 1988), a competência de julgar os crimes dolosos contra a vida, compondo o título II, que trata dos direitos e garantias fundamentais. Veja-se o art. 5º da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade de direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:

a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos;

d) a competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

No entanto, nada impede que o legislador infraconstitucional lhe atribua outras competências. Nesse sentido, Nucci (2010, p. 729) afirma:

Assegura o art. 5º, XXXVIII, d, a competência do júri para o julgamento dos delitos dolosos contra a vida. É bem verdade que algumas posições existem sustentando se essa competência fixa, não podendo ser ampliada, embora não haja nenhuma razão plausível para tal interpretação. Note-se que o texto constitucional menciona ser assegurada a competência para os delitos dolosos contra a vida e não somente para eles.

O Instituto do Júri Popular compõe as cláusulas pétreas constitucionais preceituadas no art. 5º Constitucional (BRASIL, 1988).

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Cláusulas Pétreas são aquelas inseridas na Constituição Federal de forma a nunca serem alteradas para excluir ou diminuir os direitos adquiridos, eis que o objetivo de tais cláusulas é preservar garantias e direitos constitucionais, evitando assim sua retirada a Carta Constitucional.

No entanto, caso o legislador deseje ampliar sua competência, nenhum prejuízo causará, eis que ali preceituada “competência para julgar os crimes dolosos contra a vida” esta preservada. O legislador constituinte não limitou a competência, apenas estabeleceu competência mínima para julgar os delitos dolosos contra a vida, que estão preceituados nos art. 121 a 126 do Código Penal Brasileiro.

O art. 60 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) apresenta rol material de cláusula pétrea. Veja-se:

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: [...]

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

[...]

IV - os direitos e garantias individuais.

Como o Tribunal do Júri Popular está amparado no rol das garantias individuais preceituadas no art. 5º, XXXVIII da Carta Constitucional, logo também está amparado nas Cláusulas Pétreas Constitucionais. Nesse sentido Nucci (2010, p. 727) afirma:

Trata-se de uma garantia ao devido processo legal, este sim, uma garantia ao direito de liberdade. Assim, temos a instituição do júri, no Brasil, para constituir o meio adequado de, em sendo o caso, retirar a liberdade do homicida. Nada impede a existência de garantia da garantia, o que é perfeitamente admissível, bastante ver, a título de exemplo, que o contraditório é também garantia do devido processo legal. Insista-se: não é garantia direta da liberdade do indivíduo acusado de crime doloso contra a vida, mas sim do devido processo legal. Logo, se o júri condenar ou absolver está cumprindo, igualmente, sua função. E mesmo assim, cuida-se de garantia formal, mas não material. O júri não é considerado nos documentos internacionais de direitos humanos um direito autenticamente fundamental, como se fizesse parte dos chamados direitos supraestatais [...].

Portanto, o Tribunal do Júri Popular não possui a função de garantias da liberdade do acusado. O júri popular é um instituto de garantias à plenitude da defesa, o sigilo nas votações, a soberania aos veredictos e possui a competência mínima de julgar os crimes dolosos contra a vida, conforme preceitua o art. 5º, XXXVIII da Constituição Federal (BRASIL, 1998).

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1.3.2.1 Competência para julgar os Crimes Dolosos Contra a Vida

Desde os primórdios do mundo, há registros de mortes e punições aplicadas aos autores dos fatos criminosos. Nesse sentido, descreve Nucci (2009, p. 203):

[...] a história do homicídio é, no fundo, a mesma história do direito penal. Com efeito, em todos os tempos e civilizações e em distintas legislações, a vida do homem foi o primeiro bem tutelado, antes que os outros, desde o ponto de vista cronológico, e mais que os restantes,. Tendo em conta a importância dos distintos bens [...].

Somente os crimes dolosos contra a vida são de competência do tribunal do júri popular e estão situados na parte especial do Código Penal Brasileiro, inicia com o Título I (dos crimes contra a pessoa), capítulo I, que é compreendido pelos artigos 121 a 126. O art. 127, (BRASIL, 1940) trata de qualificador para quem comete o crime de aborto. O artigo 128 preceitua a exclusão de antijuridicidade do tipo penal. Veja-se:

Código Penal – Lei n. 2848, de 7/12/1940

Artigo Especificação

121 Matar alguém

122 Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxilio para que o faça

123 Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após

124 Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque

125 Provocar aborto, sem o consentimento da gestante 126 Provocar aborto, com o consentimento da gestante

127 As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios

empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém à morte.

128 Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário [...] Aborto no caso de gravidez resultante de estupro.

Figura 1: Crimes Contra a Vida

Fonte: Código Penal – Lei n. 2848, de 7/12/1940

No entanto os crimes previstos no capítulo acima expostos podem ocorrer de duas formas. Vejamos o art. 14, do Código Penal (BRASIL, 1940):

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Art. 14: Diz-se o crime: [...]

Tentativa

II – tentada, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstância alheias à vontade do agente.

Pena de tentativa

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuindo de um a dois terços.

Assim, na forma consumada, que é quando a ação do agente produz o resultado morte ou na forma tentada, que ocorre quando a ação foi ineficaz para produzir o resultado desejado, sendo certo que em ambas o agente responde pelo delito praticado, no entanto, na segunda situação a pena é reduzida conforme preceito legal do art. 14 do Código Penal (BRASIL, 1940).

1.3.2.1.1 Homicídio

O caput do art. 121 do Código Penal (BRASIL, 1940), tipificada como crime a conduta de “matar alguém”.

Matar alguém é causar a outrem mal injusto grave, retirando-lhe seu bem mais precioso existente, a vida.

Para tipificar a conduta delitiva preceituada no art. 121, do Código de Penal (BRASIL, 1940), a ação pode ser voluntária ou involuntária que resulta em ceifar a vida de outrem.

O crime de homicídio pode ser doloso, ou seja, quando o agente tem a intenção, tem a vontade ou assumiu o risco de produzir o resultado; ou culposo, que é aquele que por ação ou omissão produziu o resultado, mesmo que o agente não tivesse a intenção de fazê-lo, no entanto, por imperícia, imprudência ou negligência, produziu o resultado e responderá pelo resultado produzido.

No entanto, para tipificar no crime de homicídio, descrito no art. 121 do Código Penal (BRASIL, 1940), necessário se faz que a ação seja injusta. Mesmo produzindo o resultado morte, preceituam os artigos 23, 24 e 25 do Código Penal (BRASIL, 1940), a ilicitude do delito, que assim descreve. Veja-se:

Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade;

II – em legítima defesa;

III – em cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito. Excesso punível

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Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

Assim, se o agente produziu o resultado em estado de necessidade de que não possui o dever legal de enfrentar situação de perigo, não provocou o evento e ceifa vida alheia para salvar a sua ou de outrem, não tipifica no crime preceituado no art. 121 do Código Penal (BRASIL 1940). Nesse sentido, Capez, (2009, p. 274), afirma:

[...] no estado de necessidade existem dois ou mais bens jurídicos posto em perigo, de modo que a preservação de um depende da destruição dos demais. Como o agente não criou a situação de ameaça, pode escolher, dentro de um critério de razoabilidade ditado pelo senso comum [...].

Para caracterizar o estado de necessidade, o perigo tem de ser atual. Perigo eminente não caracteriza estado de necessidade. Da mesma forma, se o agente em legítima defesa, ceifa a vida de terceiro, utilizando-se de meios proporcionais ao ataque para repelir injusta agressão ou perigo eminente, está caracterizado a legítima defesa, oportunidade em que o agente não incidirá nos tipos penais legais.

O crime de homicídio, que não é de competência do tribunal do júri popular, diferencia do crime de latrocínio pelo objeto da ação. No primeiro, que é crime doloso contra a vida, o desejo do autor é ceifar a vida enquanto no segundo o desejo, que é crime contra o patrimônio, o desejo do autor é somente subtrair objeto material de valor e o ato de ceifar a vida não é intenção do agente do delito.

O delito denominado homicídio pode ser classificado como doloso simples ou qualificado, privilegiado e culposo simples ou qualificado.

O homicídio simples é aquele tipificado no caput do art. 121 do Código penal (BRASIL, 1940) e caracteriza pelo fato de inexistir qualificadora e sua reprimenda varia de 06 a 20 anos de reclusão.

Já o homicídio qualificado é aquele em que o agente, por vontade própria, utiliza-se de meios empregados e motivos determinantes demonstram a periculosidade do agente, que além de impossibilitar a defesa da vítima, torna o delito demasiadamente grave, dificultando a defesa da vítima e sua reprimenda varia de 20 a 30 anos de reclusão.

O delito homicídio privilegiado é caracterizado pelo privilégio do agente., Não é novo tipo penal, mas sim circunstâncias de diminuição de pena em face dos fatos em que o evento delituoso ocorreu.

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Conforme preceitua o art. 121, § 1º do Código Penal (BRASIL, 1940), em sendo cometido o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta agressão da vítima, o Magistrado pode reduzir de um sexto a um terço da pena. Já em se tratando de homicídio culposo, no qual o agente não teve a intenção de produzir o resultado mas que por ação, omissão ou negligência o fez, produzindo resultado antijurídico, responde pela prática delituosa.

No entanto, conforme preceitua o § 4º do art. 121 do Código Penal (BRASIL, 1940), a pena é agravada em 1/3 se o crime é resultado de inobservância de regras técnicas de profissão, arte, ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos.

1.3.2.1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio

Induzir, instigar ou prestar auxílio ao suicídio é o ato de incentivar o agente em potencial a efetivar a conduta, objetivando pôr fim à própria vida. A pena para o delito em questão é de 02 a 06 anos de reclusão, em caso do suicídio se consumar. Caso a objetivo da vítima não seja alcançado, a pena é de 01 a 03 anos de reclusão, se resultar lesão corporal de natureza grave à vítima. Veja-se o preceito legal do parágrafo único do art. 122 do Código Penal (BRASIL, 1940):

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxilio para que o faça:

Pena: [....]

Parágrafo único. A pena é duplicada: Aumento de pena

I – se o crime é praticado por motivo egoístico;

II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.

Assim, o delito em apreço também possui a forma qualificada, com o devido aumento de pena. No entanto, o Estado, por medidas políticas, de ordens étnicas, piedade, de caridade humana, renuncia o direito de punir a vítima do crime na forma tentada, eis que se teve coragem de tirar seu maior bem, pouco importa a segregação, conforme preceitua Mirabete (2001, p. 82).

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1.3.2.1.2 Infanticídio

O crime de infanticídio está previsto no art. 123 do Código Penal (BRASIL, 1940). Trata-se de crime próprio, ou seja, só pode ser cometido pela mãe e durante o estado puerperal, que, em face de distúrbios hormonais, acaba por ceifar a vida de seu filho recém nascido. Tal crime possui pena de detenção de 02 a 06 anos.

Para caracterizar o crime de infanticídio, o delito deve ser praticado pela mãe em estado puerperal. No entanto, o período de “estado puerperal” não está pacificado e configurado pela doutrina. Veja-se o que diz Mirabete (2001, p. 91) sobre o assunto:

Não fixa a lei o limite de prazo após o parto em que ocorre infanticídio e não homicídio. Almeida Jr., que se referia a um prazo preciso, de até sete dias, passou a admitir que se deve deixar a interpretação ao julgador. Bento de Faria refere-se ao prazo de oito dias, em que ocorre a queda do cordão umbilical. Flamínio Fávero também se inclina para a orientação de deixar ao julgador a apreciação. Costa e Silva afirmam que “logo após” quer dizer “enquanto perdura o estado emocional”. Damásio estende o prazo até enquanto perdurar a influência do estado puerperal. Na jurisprudência, tem-se entendido que, tem-se apretem-sentando de relativo valor probante a conclusão para a verificação do estado puerperal e assumindo relevo as demais circunstâncias que fazem gerar a forte presunção de “delicto exceptum”(RT 506/362, RJTJESP 14/391), o prazo se estende durante o estado transitório de desnormalização psíquica (RT 442/409).

Nucci (2008, p. 613) entende diferente. Veja-se o que diz:

Estado puerperal é aquele que envolve a parturiente durante a expulsão da criança do ventre materno. Há profundas alterações psíquicas e físicas, que chegam a transtornar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo [...] O puerpério é o período que se estende do início do parto até a volta da mulher às condições pré-gravidez [...] O infanticídio exige que a agressão seja cometida durante o parto ou logo após, embora sem fixar um período preciso para tal ocorrer. Deve-se pois, interpretar a expressão “logo após” com caráter de imediatidade, pois, do contrário, poderão existir abusos [...] .

Assim, o estado puerperal, uma vez comprovado o feito, é causa de excludente de ilicitude. No entanto, inexistindo o puerpério, está tipificado o infanticídio.

1.3.2.1.4 Aborto

Trata-se de tipo penal preceituado nos artigos 124, 125 e 126 do Código Penal (BRASIL, 1940). Abortar significa ceifar a vida em formação, destruir o produto

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da concepção, não necessariamente expulsá-lo do útero materno. No entanto, no ordenamento penal brasileiro, consta o art. 128 do Código Penal (BRASIL, 1940) que trata da excludente de ilicitude para a prática de aborto, veja-se:

Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico: I – Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é procedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. O aborto pode ocorrer de várias formas, pode ser espontâneo que é aquele causado naturalmente por questões relacionadas à doença da mãe, acidente que é relacionados a quedas, atropelamentos e outros acidentes, ou aquele provocado por dolo, que é o aborto criminoso.

O aborto criminoso pode ter por objetivo o não interesse pelo filho, relacionado a questões econômicas, vez que depende do salário recebido para mantença pessoal e não disponha de valores para sustentar mais um filho e até mesmo “moral” vez tratar-se de pessoa solteira e que o parceiro não possui interesse ou por manter matrimônio com outrem, faz opção em “retirar” o produto da concepção.

Existem ainda, os abortos terapêuticos que são aqueles preceituados no art. 128 do Código Penal (BRASIL, 1940), que, por recomendação médica, interrompe-se a gestação fruto de estupro ou por má formação do feto, o profissional de saúde recomenda sua interrupção, sem tipificar em crime.

1.4 O sigilo nas votações, a plenitude de defesa e a soberania dos veredictos

O Tribunal do Júri Popular possui sustentação nos princípios Constitucionais preceituados na Carta Magna Brasileira e demais preceitos legais existentes no Código Penal e Código de Processo Penal. Veja-se abaixo:

1.4.1 O sigilo nas votações

A Carta Magna Brasileira preceitua no inciso XXXVIII do art. 5º (BRASIL, 1988) o reconhecimento do Instituto Tribunal do Júri, com as garantias de plenitude

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de defesa, sigilo nas votações, soberania dos veredictos e competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, que são garantias individuais que não podem ser alteradas, vez que compõem as cláusulas pétreas Constitucionais.

Os quesitos são votados em sala secreta, na qual estão presentes o Juiz togado acompanhado de assessores, o representante do Ministério Público, defesa e os jurados. Após a leitura do quesito, e breve explanação pelo Magistrado, são distribuídas cédulas contendo a inscrição “sim” e “não” para cada um dos jurados, que de forma secreta, com base apenas em seu convencimento pessoal, vota o quesito, sem a necessidade de motivar sua decisão.

Terminada a votação, o Magistrado, com base no resultado obtido, profere a sentença, que pode ser objeto de recurso pelas partes.

1.4.2 A plenitude de defesa

O Tribunal do Júri está entre as garantias individuais preceituadas no art. 5º da Carta Magna brasileira (BRASIL,1988) por vontade do legislador. No entanto, tem por objetivo a garantia popular na decisão e não a preservação do autor do delito, encravar o Tribunal em cláusulas pétreas não foi decisão em proteger, mas sim garantir o devido processo e a plenitude de defesa.

No entanto, que sentido faz o Tribunal do Júri ali estar encravado nas garantias individuais, vez que sua função é julgar aquele que ceifou a vida de seu semelhante. Nesse sentido afirma Moraes (2008, p. 88);

[...] a plenitude da defesa encontra-se dentro do princípio maior da ampla defesa, previsto no art. 5º, LV da Constituição Federal, além disso, conforme salienta Pontes de Miranda, na plenitude da defesa, inclui-se o fato de serem os jurados tirados de todas as classes sociais e não apenas de uma ou de algumas.

Nucci (2010, p. 778) afirma:

Pensamos [...] ter o réu o direito de invocar o silêncio em função das reperguntas que julgar inadequadas feitas pela acusação. Ou, ainda, recusar-se a responder qualquer indagação feita pelo Ministério Público, querelante ou assistente. É a plenitude do seu direito de defesa.

Plenitude de defesa é algo muito mais abrangente do que ampla defesa, pois esta deriva do devido processo legal e é promovida por profissional do direito,

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observando as normas processuais e técnicas de defesa. Já aquela é promovida pelo próprio acusado, que pode invocar o que bem entender, inclusive criar situações e fatos objetivando a comoção dos jurados para atingir seu objetivo, qual seja, ser declarado inocente diante das acusações proferidas, além do fato dos jurados originarem de todas as classes sociais que compõem a sociedade local.

1.4.3 A soberania dos veredictos

Em face às garantias Constitucionais, preceituadas no art. 5º, XXXVIII, “c” (BRASIL, 1988) as decisões do Tribunal do Júri possuem soberania dos veredictos, ou seja, não pode ser reformada pelo Juiz ou pelo Tribunal de Justiça, mesmo que tal decisão seja contrária às provas carreadas no feito, oportunidade em que o Tribunal de Justiça anula a decisão e volta o feito para nova apreciação do Tribunal Popular.

Caso a decisão dos Jurados seja contra as provas do feito, o Tribunal, em sede de recurso, anula a decisão e realiza nova consulta ao Conselho de Sentença através de um novo Júri, persistindo a decisão popular, não há mais em se falar em novo julgamento.

O fato de anular a decisão não fere o Princípio Constitucional da Soberania dos Veredictos. Ofenderia a soberania caso o Tribunal entenda por mudar os termos da sentença, como ocorreu em Araguari/MG, como afirma Nucci (2010, p. 399). Vejamos:

O primeiro julgamento pelo Tribunal do Júri ocorreu em 25 de junho de 1938 e os acusados foram absolvidos por 6 votos a 1. Foi, no entanto, anulado, porque o Tribunal de Justiça entendeu que se tratando de autoria incerta, os quesitos haviam sido formulados de modo errôneo (fls. 73/74). O segundo julgamento aconteceu em 21 de março de 1939, Joaquim foi absolvido por 5 contra 2 e Sebastião por 6 contra 1 (fls. 106/107). A defesa, ao longo do julgamento, invocou a tortura policial que teria vitimado o réu confitente. Havendo apelo do Ministério Público e inexistindo, à época, a soberania dos veredictos do Tribunal do Júri, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais houve por bem condená-los a cumprir 25 anos e 06 meses de reclusão. Ingressaram os condenados em liberdade vigiada no dia 1º de setembro de 1946. Ficaram presos por 8 anos, 6 meses e 7 dias. Joaquim morreu em 28 de agosto de 1949. Através de revisão criminal, ajuizada em 19 de agosto de 1949, a pena foi reduzida a 16 anos e 6 meses de reclusão. Benedito, a pretensa vítima, foi encontrada viva, em 1952. Tiraram sua foto, após Sebastião ouvir boatos sobre paradeiro. Foram à Fazenda do pai de Benedito e lá o encontraram. O pretenso ofendido declarou que havia passado a noite com uma prostituta, naquela noite fatídica de seu

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desaparecimento, e, quando saiu, foi agredido e roubado por três homens, que teriam ficado com o dinheiro da safra vendida, pertencente a seu genitor. Por vergonha, sumiu para o Mato Grosso e depois para a Bolívia. Afinal, estava devendo ao próprio pai. Através de Revisão Criminal 1632, o Tribunal de Justiça de Minas, por suas Câmaras Reunidas, em 27 de outubro de 1953, absolveu-os. Deixando consignado que a confissão de Joaquim, segundo posteriormente ficou demonstrado, teria sido conseguida sob tortura, o mesmo se dando com sua esposa, que teria sofrido tortura psicológica. As provas que os levaram à condenação limitavam-se à confissão do réu, a problemáticos testemunhos de “ouvir dizer”, além de ter sido formada a materialidade do crime através de meros indícios, sem nenhum tipo de exame de corpo de delito e muito menos tendo havido testemunha presencial de eventual agressão desfechada pelos réus contra a falsa vítima.

No entanto, o caso em apreço não feriu a soberania do veredicto, eis que a Constituição de 1937, do regime ditatorial de Vargas havia suprimido tal preceito constitucional.

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2 O TRIBUNAL DO JÚRI POPULAR NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO

O Tribunal do Júri Popular está assentado nos Princípios Constitucionais preceituados no art. 5º, XXXVIII da Carta Magna (BRASIL, 1988) . O procedimento do Instituto possui sustentação legal no artigo 453 e seguinte do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941).

2.1 Alistamento dos jurados

A seleção e alistamento de jurados para composição do Conselho de Sentença no Júri popular são tarefas importantíssimas para que as garantias e preceitos do Instituto sejam preservados.

Preceitua o art. 436 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) ser o Júri serviço obrigatório e que o alistamento compreenderá os cidadãos maiores de 18 (dezoito) anos de notória idoneidade. No seu parágrafo primeiro, preceitua ainda que, nenhum cidadão poderá ser excluído dos trabalhos do Júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau de instrução.

Para que a sociedade seja representada e garanta o Princípio Penal e Constitucional do Instituto de que seja julgado pelos pares da sociedade, a formação da lista geral de jurados é tarefa árdua, eis que necessário buscar rol de nomes nos mais diversos e distantes locais, visando assim à composição representativa das várias classes sociais e profissionais. Nesse sentido afirma Silva (2009, p. 201):

Para a congregação do Júri exige-se, previamente, a construção de uma listagem com o acervo dos cidadãos que em cada reunião e sessão serão por força da norma constitucional [...] alçados à condição de juízes. A captação e seleção desse rol são medidas mais importantes para a formação de Conselhos de Sentenças com componentes íntegros, preparados e cientes do relevante papel cívico que desempenham, refletindo diretamente na qualidade dos julgamentos.

O art. 425 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) preceitua a necessidade de composição anual de listagem geral de jurados para formação do Conselho de Sentença do Instituto. Observe-se o preceito legal do art. 425 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

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Art. 425. Anualmente, serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor população.

No entanto, o que se observa é que tal dispositivo legal preceituado nos art. 425 e 436 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) não vem sendo cumprido. Na prática, o que ocorre é a reedição das listas de jurados e que estas são obtidas junto a órgãos públicos, instituições bancárias e comércio em geral, o que abala a estrutura do Instituto do Júri Popular, deixando de constar nas reportadas listas as classes sociais menos favorecidas, como os agricultores, profissionais liberais, associação de bairro, associações e cooperativa de produtores rurais e outros, que compõem a sociedade brasileira, mas por ela encontram-se esquecidos. Nesse sentindo, Nucci (2010, p. 759), afirma:

[...] na prática, muitos juízes preferem reeditar listas dos jurados, anos após anos, terminado por estabelecer a figura do jurado profissional”, compondo, assim, o Conselho de Sentença sem observar os requisitos legais, preceituado, no Código de Processo Penal, em seu art. 425.

O Conselho de Sentença deve ser formado por cidadãos que integram a sociedade, mas em regra, são integrantes da classe média operária brasileira, por estarem exercendo atividades públicas ou de cunho público e que por facilidade dos responsáveis, limitam-se a buscarem nomes de jurados em potenciais, somente em zona urbana e junto a órgãos públicos, instituições bancárias e comércio urbano, instituindo assim um Conselho de Sentença elitizado pela classe média. No mesmo sentido, Nassif, (2008, p. 42), afirma:

O jurado é arregimentado entre funcionários públicos, de escolas, autarquias, bancos, etc., formando uma massa representativa da classe média que, mesmo em, via de proletarização haja vista, estabelecida no círculo nuclear urbano, estáveis em seus empregos e profissões, sem aprofundada visão da sociedade periférica das cidades e do meio rural.

O Conselho de Sentença do Instituto Júri Popular deve ser composto por membros de toda sociedade, deve alcançar todas as classes sociais abrangendo os industriais, comerciante, comerciários, funcionários públicos, profissionais liberais, agricultores, etc, enfim, deve haver representantes de todas as classes sociais que compõem a sociedade, sob pena de prejuízos irreparáveis aos Princípios do Instituto

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denominado Júri Popular, que preceitua o julgamento pelos pares da sociedade, inclusive consta no art. 436 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) a obrigatoriedade de prestação de serviços junto ao Instituto do Júri Popular. Nesse sentido, Silva (2009, p. 203), afirma:

Observa-se, assim que o juiz presidente deve ter um especial cuidado na seleção dos jurados [...] para que a representatividade da sociedade no Júri seja a mais ideal, todos os setores e segmentos devem ter seus membros em atuação, o que se recomenda, por exemplo, em Comarcas compostas por mais de um município, que cidadãos de todos eles estejam na lista geral, o mesmo podendo ser dito em relação a cidades maiores ou capitais, em que os diversos bairros ou região devem ter seus integrantes selecionados.

No entanto, tal regra não é absoluta, eis que preceitua o art. 437, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), rol de isentos do serviço do Júri. Veja-se:

Art. 437, CPP:

Estão isentos do serviço do júri:

I – o Presidente da República e os Ministros de Estado; II – os Governadores e seus respectivos Secretários;

III – Os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras Distrital e Municipais;

IV – os Prefeitos Municipais;

V – os Magistrados e membros do Ministério Público e da Defensoria Pública;

VI – as autoridades e os servidores da polícia e da segurança pública; VII – os servidores do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública;

VIII – os militares em serviço ativo;

IX – os cidadãos maiores de 70 (setenta) anos que requeira dispensa; X – aqueles que a requererem, demonstrando justo impedimento.

Como a instrução em plenário, necessário se faz que o Jurado leia e tire suas conclusões em relatórios, peças processuais e demais documentos previstos no parágrafo único do art. 472 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), além de no momento da votação poder identificar a cédula “sim” e “não” sem auxilio de terceiros, o analfabeto, mesmo sendo parte integrante da sociedade, não deve ser alistado, ante o Princípio da Incomunicabilidade, que rege o Instituto. Nesse sentido, Silva (2009, p. 205), afirma:

Claro que o cidadão analfabeto ou semi-analfabeto que não tenha condições de leitura e entendimento mínimo não pode ser concebido jurado [...] a atividade do jurado torna-se impraticável, pois durante o julgamento pode ocorrer a necessidade da leitura de peças, decisões e relatórios do juiz, chegando a lei processual agora a dizer que os jurados receberão cópias de alguns desses documentos – art. 472, parágrafo único, do CPP. Até mesmo poderão os jurados lerem os quesitos na hora da votação [...] , o

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que se torna impossível para uma pessoa naquelas condições. Sequer poderá ser utilizada uma terceira pessoa como o escrivão para proceder à leitura, já que o contato com aqueles dados e informações exige uma ligação imensamente subjetiva, que é o domínio da escrita.

No entanto, em relação ao cego, nada impede que sirva perante o Instituto do Júri Popular, desde que o Tribunal disponha todas as informações necessárias, como os relatórios, cópias de documentos e demais correlacionados, escritos em Braille. Caso não seja possível tal disponibilidade, os cegos também não devem ser alistados como Jurados no Instituto do Júri Popular.

Assim, para que mais esse integrante da sociedade possa exercer sua cidadania com plenitude, o que se necessita é que os Tribunais se preparem para o ingresso de pessoas com deficiência visuais para que sirvam no Instituto. Da mesma forma, outros deficientes como os surdos, surdos-mudos não há óbice em sua participação, no entanto, precisa ser alfabetizado e o Tribunal disponibilizar um interprete para que a comunicação seja estabelecida entre o jurado e atos processuais realizados em plenário.

2.2 Publicações das listas

O art. 426 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) preceitua que a listagem de jurados com as respectivas profissões deve ser publicada até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri, possibilitando assim a quem interessar, a interposição de recursos contra integrantes da lista geral de jurados, de ofício do Magistrado ou até mesmo o próprio jurado que terá o prazo até 10 de novembro, oportunidade em que a listagem geral definitiva para as sessões do ano seguinte, será publicada, tornando-a definitiva.

Ato importantíssimo é a publicação da listagem de jurados no prazo e com suas respectivas profissões, pois assim possibilita a conferência se toda sociedade esta ali representada e caso exista divergência, possibilita a interposição de recursos para a inclusão ou exclusão de jurados, no prazo legal. Veja-se o preceito do art. 426, § 4º do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

Art. 426, CPP: A listagem geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.

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No entanto, o que vem ocorrendo na prática é a republicação das listagens de jurados, inclusive aquele que já serviram em sessões anteriores, contrariando assim os preceitos legais do art. 426, § 4º do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), que assim preceituam:

Art. 426. A lista geral de jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do júri.

[...]

§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído. [...]

No mesmo sentido, Silva (2009, p. 208), afirma:

Modificação altamente significativa foi introduzida pelo, § 4º, do art. 426 do CPP, ao mencionar que o jurado integrante de algum Conselho de Sentença, nos 12 (doze) meses que antecederam à publicação da lista, dela ficará excluída.

Mesmo com o preceito legal do art. 426 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), o que se observa é o não cumprimento de tal dispositivo. Não cumprir o disposto legal, acarreta sérios prejuízos ao Instituto, vez que aqueles que serviram em sessões de determinado ano, não pode figurar em listas gerais no exercício seguinte, sob pena da formação do “jurado profissional”, que em face às experiências jurídicas adquiridas, influencia sua decisão que tende a condenar o acusado, fere os Princípios bazilares do Instituto, pois considerando que delitos ocorridos no seio da sociedade, para um Magistrado togado, é considerado crime, ante a tipificação existe no ordenamento, que consideraria as provas carreadas no feito, proferiria sentença condenatória. Já para o jurado, em face de seu convencimento pessoal, pode entender pela sua não condenação, ante a desnecessidade de fundamentar sua decisão que somente deve ser embasada em sua livre convicção pessoal, mesmo que seja contra as provas carreadas no feito.

2.3 Preparação do Plenário

Com o advento da Lei n. 11.689/2008, novo procedimento foi instituído para o rito do Júri Popular em plenário, onde inicia-se a segunda fase processual, qual seja, a preparação do processo para julgamento. Veja-se o que diz o art. 422, Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

(35)

Art. 422: Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão do Ministério Público ou do querelante para, no prazo de 5 (cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 (cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência.

Após as manifestações, o Magistrado delibera quais as provas serão produzidas em plenário e quais serão imediatamente produzidas, conforme preceitua o art. 423 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Nos termos do art. 423, II, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), o Magistrado fará relatório sucinto do feito, que será incluso na pauta e entregue às partes e jurados.

2.4 Composição do Júri

Conforme preceitua o art. 447, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), o Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, que é o presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, sendo certo, que 7 (sete) constituirão o Conselho de Sentença em cada sessão de julgamento.

No entanto, para instalação da sessão, conforme preceitua o art. 463, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), com a presença de 15 (quinze) jurados. O Magistrado declarará abertos os trabalhos da sessão de julgamento, anunciando o processo pelo qual será submetida à apreciação do Conselho. A função de jurado é considerada serviço público relevante. Veja-se o art. 439, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

Art. 439. O exercício efetivo da função de jurado constituirá serviço público relevante, estabelecerá presunção de idoneidade moral e assegurará prisão especial, em caso de crime comum, até o julgamento definitivo.

O art. 448, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) preceitua rol de impedimento, Veja-se:

Art. 448. São impedidos de servir no mesmo Conselho: I – marido e mulher;

II – ascendente e descendente; III – sogro e genro ou nora;

IV – irmãos e cunhados, durante o cunhado; V – tio e sobrinho;

(36)

§ 1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar.

§ 2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados.

Assim, conforme rol acima, jurados que se enquadrarem em um dos incisos, devem declinar seu impedimento, oportunidade em que serão dispensados do serviço, naquela sessão, sob pena de nulidade do ato. Veja-se o que diz Nucci (2010, p. 772):

Antes do sorteio, o juiz advertirá os jurados presentes dos impedimentos e das suspeições (art. 446, CPP), para que, se for o caso, quando chamado, o sorteado decline afirmando a sua situação de incompatibilidade [...]

Necessário também, estarem no plenário o Representante do Ministério Público e a Defesa. Caso o Representante do Ministério Público não esteja presente, o Magistrado estará impossibilitado de iniciar o julgamento, eis que inexiste a figura do Promotor ad hoc, ante o Princípio Constitucional preceituado no art. 5º, LII, que assim preceitua:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantido-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

[...]

LII- Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente.

[...]

Assim, o Magistrado fica impedido de nomear um Promotor ad hoc para proceder no julgamento. Nesse sentido Nucci (2010, p. 768), diz:

O não comparecimento do membro do Ministério Público impossibilita a realização do julgamento... Havendo falta sem razão plausível, o fato dever ser comunicado ao Procurador-Geral, nos termos do parágrafo único do art. 455 do CPP [...]

Igualmente se ausente o Defensor do acusado, o Magistrado também não pode iniciar o julgamento. Nesse sentido Nucci (2010, p. 769), diz:

Não comparecendo o defensor constituído, sem motivo

fundamentado, o magistrado, sendo obrigado a adiar o julgamento, deve nomear outro profissional para patrocinar os interesses do réu, declarando indefeso [...]

Já a ausência do acusado, justificada ou não, não traz prejuízo ao julgamento, nos termos do art. 457, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), veja-se:

Referências

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