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2 O TRIBUNAL DO JÚRI NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO

2.8 A SENTENÇA

A sentença é proferida com base no resultado da votação do rol de quesitos e demais preceitos legais. Assim preceitua o art. 492 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Veja-se:

Art. 492. Em seguida, o presidente proferirá sentença que: I – no caso de condenação:

b) considerará as circunstâncias agravantes ou atenuantes alegadas nos debates;

c) imporá os aumentos ou diminuições da pena, em atenção às causas admitidas pelo júri;

d) observará as demais disposições do art. 387 deste Código;

e) mandará o acusado recolher-se ou recomendá-lo-á à prisão em que se encontra, se presentes os requisitos da prisão preventiva;

f) estabelecerá os efeitos genéricos e específicos da condenação; II – no caso de absolvição:

a) mandará colocar em liberdade o acusado se por outro motivo não estiver preso;

b) revogará as medidas restritivas provisoriamente decretadas; c) imporá, se for o caso, a medida de segurança cabível.

§ 1º Se houver desclassificação da infração para outra, de competência do juiz singular, ao presidente do Tribunal do Júri caberá proferir sentença em seguida, aplicando-se, quando o delito resultante da nova tipificação for considerado pela lei como infração penal de menor potencial ofensivo, o disposto nos arts. 69 e seguintes da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.

§ 2º Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando- se, no que couber, o disposto no § 1º deste artigo.

Após, o Magistrado retorna ao plenário do Júri e, com o acusado na frente dele, convida os presentes para, de pé, ouvirem a leitura da sentença prolatada. Concluída a leitura, após a ciência do acusado, da Defesa e Ministério Público, o Magistrado encerra a reunião.

No entanto, o tema em apreço “Tribunal do Júri”, é de grande discussão entre os doutrinadores brasileiros, vez que não se encontra no rol taxativa do art. 92 da Carta Constitucional, que preceitua as competências do Poder Judiciário, além de as decisões proferidas pelo Poder Judiciário necessitarem de motivação e as decisões do Tribunal do Júri serem de convicção pessoal do Jurado, podendo até mesmo serem contrárias às provas carreadas no feito.

Portanto, uma controvérsia, vez que conforme consta o art. 593, III, d, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) que prevê que os recursos contra decisões do reportado Instituto são apreciados pelo Tribunal de Justiça, e o Tribunal só aprecia decisões oriundas da Justiça de 1º Graus, salvo os processos com competência originária. O Tribunal do Júri é um órgão do Poder Judiciário e ao Judiciário cabe motivar todas as decisões, conforme dispõe o inciso IX ao artigo 93 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) que:

Art 93 [...]

X – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes [...]

Assim, o Tribunal do Júri, ante as garantias Constitucionais da Plenitude da Defesa e Soberania dos Veredictos preceituados no art. 5º da Carta Magna (BRASIL, 1988), a ele não é necessário motivar suas decisões, eis que se trata de livre convencimento do jurado. Neste sentido, afirma Nucci (2010, p. 728):

Majoritariamente, entende-se ser o Júri órgão do Judiciário, embora lhe seja reconhecida a especialidade. Não consta do rol do art. 92 da Constituição Federal, embora o sistema judiciário o acolha em outros dispositivos, tornando-a parte integrante do Poder Judiciário. São fundamentos disso: a) o Tribunal do Júri é composto de um Juiz Presidente (togado) e de vinte e cinco jurados, dos quais sete tomam assento no Conselho de Sentença. O magistrado togado não poderia tomar parte em um órgão meramente político, sem qualquer vínculo com o judiciário, o que é vedado não somente pela Constituição, mas também pela Lei Orgânica da Magistratura Nacional: b) o art. 78, I, do CPP determina que “no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri”, vindo a demonstrar que se trata de órgão do Judiciário; c) o art. 593, III, d, do CPP, prevê a possibilidade de recurso contra as decisões proferidas pelo júri ao tribunal de Justiça, não tendo qualquer cabimento considerar que um “órgão político” pudesse ter suas decisões revistas, em grau de apelação, por um órgão judiciário; d) a inserção do júri no capítulo dos direitos e garantias individuais atende muito mais à vontade política do constituinte de considerá-lo clausula pétrea do que a finalidade de excluí-lo do Poder Judiciário; e) a Constituição Estadual de São Paulo, como a de outros Estados da Federação, prevê, taxativamente, ser ele órgão do Judiciário (art. 54, III).

No mesmo sentido, afirma D’Angelo (2008, p. 26):

Examinando, em longos e eruditos textos, a situação do Poder Judiciário no Brasil, seus autores, em nenhum momento, em nenhuma linha, em nenhuma palavra, referiram-se ao Tribunal do Júri. São impressionantes os números estatísticos, as considerações e análises feitas ao sistema judiciário sem que se destine a menor referência à instituição popular. Aliás, por uma questão de amor à verdade, diga-se que em um gráfico demonstrativo de cronograma do Poder Judiciário, num pequeno círculo, existe referência ao “órgão” [...] Não parece aceitável, ainda, que o rol do art. 92 da Constituição Federal seja exaustivo. Admitir que o sejam seria vulnerar o texto constitucional com criação, até mesmo em leis inconstitucionais, de novos órgãos do Poder Judiciário. O mesmo efeito seria produzido se admitida sua ampliação por exercício de hermenêutica de outros dispositivos constitucionais.

A Carta Magna Brasileira, mais precisamente no art. 5º, XXXVIII, “d” (BRASIL, 1988) estabeleceu competência mínima para julgados os crimes dolosos contra a vida, no entanto, tal dispositivo não é regra absoluta, eis que em caso de prerrogativa de função, o feito será remetido à instância superior competente para processar e julgar, perdendo assim a competência do Tribunal do Júri. Nesse sentido, Lenza (2008, p. 624) afirma:

[...] sempre que houver instituição de competência especial por prerrogativa de função no texto maior (CF/88), haverá afastamento da norma geral. È o que acontece nos arts. 29,” X” (Prefeito julgado pelo TJ); 96, III (Juízes e Promotores – TJ); 102, I, “b” e “c” (o crime comum engloba o crime doloso contra a vida); 105, I, “a”, e 108, I.

Assim, autoridade com prerrogativas nos art. 29, “x”, art. 102, I, “b” e “c”, 105, I, “a” e 108, I da Carta Magna (BRASIL, 1988), possuem foro privilegiado para julgamento em crimes comuns, que inclui os delitos dolosos contra a vida, que são julgados pelos Tribunais de Justiça dos Estados, Superior Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça ou Tribunais Regionais Federais em face do cargo que ocupa.

3 O JURI POPULAR NA COMARCA DE CACOAL

A Comarca de Cacoal é situada na parte central do Estado de Rondônia e possui jurisdição sobre os municípios de Cacoal e Ministro Andreazza, sendo uma comarca de 2ª estância e são compostas por 04 Varas Cíveis, 02 Varas Criminais e 01 Vara do Juizado Especial Cível e Criminal, sendo certo que 1ª Vara Criminal possui competência do Júri Popular, como preceitua o art. 108-D, I “a” do Código de Organização Judiciária do Estado de Rondônia. (RONDÔNIA, 1993). Veja-se:

Art. 108-D. Na Comarca de Cacoal, a prestação jurisdicional será realizada por meio de: (Acrescentado pela Lei Complementar n. 245,de 18 de junho de 2001 - D.O.E. de 18/6/2001 - Efeitos a partir de 18/6/2001). I - 2 (duas) vara criminais de competência genérica, 1ª (primeira) e 2a (segunda), cabendo cumulativamente:

a) à primeira vara processar e instruir os feitos dos crimes dolosos contra a vida, organizar e presidir o Tribunal do Júri;

A Comarca de Cacoal realizou no ano de 2009, 02 sessões do Júri Popular, sendo a primeira no 1º semestre (entre os meses de abril e junho) a segunda, no 2º semestre (entre os meses de outubro e novembro), como pode ser observado nos Diários da Justiça do Estado de Rondônia, nº 087/2009 e 158/2009, cuja cópia segue anexa.

Conforme informações obtidas junto à 1ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal/RO, durante o ano de 2009, foram realizadas 42 reuniões do Tribunal do Júri Popular. Para servir no Tribunal do Júri referente ao ano de 2009, foi publicado no Diário da Justiça n. 222/2008, de 26/11/2008, o rol com nomes de 500 jurados. Em alguns dos jurados constava a informação de seu endereço, profissão ou empresa/órgão empregador.

O art. 425, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) preceitua a necessidade de alistamento de 80 a 400 jurados para as Comarcas com menos de 100.000 habitante e, conforme informações disponível em (http://www.seplan.ro.gov.br/imagens-editor/Cacoal.pdf, no dia 20/09/2011), Cacoal possuía no ano de 2010, 78.574 habitantes. Assim, o número de jurados alistados até superou o mínimo legal exigido.

Além da necessidade de alistamento dos jurados, necessário se faz também que estes representem toda a sociedade, que ali estejam representantes das diversa classes sociais, conforme preceitua o art. 425, §2º, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Veja-se:

Art. 425 [...]

§ 2o O juiz presidente requisitará às autoridades locais, associações de classe e de bairro, entidades associativas e culturais, instituições de ensino em geral, universidades, sindicatos, repartições públicas e outros núcleos comunitários a indicação de pessoas que reúnam as condições para exercer a função de jurado.

Assim, o quesito preceituado no dispositivo legal acima reportado, não está sendo cumprindo, vez que as informações obtidas junto a 1ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal/RO, “a listagem de jurados é atualizada anualmente”, no entanto, tal atualização é feita apenas com ofícios a faculdades e órgãos públicos, excluindo assim as demais classe da sociedade e republicando a mesma listagem de jurados. Nesse sentido, Nassif, (2008, p. 42), afirma:

[...] o jurado é arregimentado entre funcionários públicos, de escolas, autarquias, bancos, etc, formando uma massa representativa da classe média que, mesmo que em vias de proletarização haja vista, estabelecida no círculo nuclear urbano, estáveis em seus empregos e profissões, sem uma profunda visão da sociedade periférica das cidades e do meio rural. Apreciando a listagem geral do ano de 2009, que publicou as profissões de alguns dos jurados e ou apenas fez menção ao órgão/instituição em que o mesmo labora e na maioria dos casos, apenas o endereço, observa-se na reportada listagem, que a maioria dos integrantes é servidor público, em especial da área da educação. Verifica-se ainda alguns comerciantes, comerciários e bancários.

No entanto, apreciando o endereço publicado juntamente com o rol de jurados, apenas 01 jurado é proveniente da zona rural. Assim, constata-se que o preceito Constitucional da plenitude da defesa ficou prejudicado, ante a formação do Conselho de Sentença de Cacoal/RO, como afirma Nassif (2008) e outros, por uma classe média operária da zona urbana, cuja lista de jurados foram obtidas junto às instituições públicas ou de cunho público, existentes na zona urbana do município, sendo certo que a sociedade residente na Comarca de Cacoal não está ali representada, está ali apenas alguns setores, como os universitários, funcionários públicos, comerciantes, comerciários, bancários e apenas 01 jurado proveniente da zona rural.

O Tribunal do Júri Popular é Instituto de Soberania Popular e está encravado nas Cláusulas Pétreas Constitucionais, mais precisamente no art. 5º, XXXVIII, e seus incisos “a”, “b”, “c” e “d”, (BRASIL, 1988) quais sejam, a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e a competência mínima para julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

Tal Soberania Constitucional garante que o acusado de ter praticado delito doloso contra a vida seja julgado por seus pares e que tal julgamento seja sem que os julgadores motivem suas decisões, motivo este obrigatório aos julgamentos realizado pelo Poder Judiciário Brasileiro, sendo aquela baseada em sua livre convicção e ditames legais, conforme compromisso firmado nos termos do art. 472 do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941). Nesse sentido Franco (apud NASSIF, 2008, p. 31) afirma:

[...] ao longo da história, como regra, a instituição “é, ao mesmo tempo, não só uma garantia individual, como um direito do cidadão. Garantia individual, porque ninguém nega, ainda nos dias de hoje, e apesar das transformações das concepções democráticas, o direito de ser o acusado julgado pelos seus semelhantes, direito individual, porque todos reconhecem ao acusado o direito de ser julgado acima das normas inflexíveis e rígidas da lei, a que um juiz togado está obrigado, julgando, de acordo com as condições locais, as normas dos padrões morais da sociedade ou coletividade em que vive e onde cometeu o crime”, com o que hoje comenta James Tubenchalak, mantendo-se da mesma esteira da cinquentenário lição do saudoso doutrinador: “[...] alinhá-lo entre as garantias individuais, ou na parte do Poder Judiciário, não é mera questão de semântica, como pode parecer à primeira vista, pois a democracia participativa implica, entre outras coisas, atuação popular, diretamente em relação aos”. Três”. Poderes, o que consubstancia, sem dúvida, um direito a ser garantido na Carta Magna [...]” (1991, p. 9).

Assim, o Tribunal do Júri é uma Instituição democrática onde o povo exerce sua soberania plena e o que se observa é que na Comarca de Cacoal o povo não exerce tal soberania, ante sua não convocação para compor a listagem geral de jurados, como preceitua o art. 425 e seus parágrafos, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941).

Nesse sentido, Ramos (apud NASSIF, 2008, p. 33) afirma que “[...] o povo pode, eventualmente, exercer sua soberania através de três instrumentos dispostos constitucionalmente: o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular”. (grifo nosso). E continua Nassif (2008, p. 33):

Tenho a ousadia de acrescentar à tríade instrumental destacada pelo autor paranaense o Tribunal do Júri, como uma das mais legítimas manifestações da soberania popular [...] que pelo conteúdo normativo da carta (art. 5º, XXXVIII, alíneas), o povo julga seu concidadão acusado de prática para tirar, visando a tirar dolosamente a vida de outrem, resultando da força da intervenção popular no julgamento, a polêmica “soberania de veredicto”. Ainda que por amostragem, está representado no Conselho de Sentença e é ele que decide sobre a reprovável ou justificável ação violenta do acusado, vencidas as questões de competência.

Portanto, o exercício legal preceituado no art. 436, e do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), é pleno exercício da Soberania Constitucional exercida pelo

povo. Vejamos Nassif, (2008, p. 33), que afirma “[...] o povo com autonomia, sem muita distância do desempenho das autoridades eleitas ou não que fazem em seu nome, exerce o poder que é legítimo e é dele próprio emanado.” (grifo nosso)

No mesmo sentido, Pessanha (apud NASSIF, 2008, p. 34):

O júri se antecipou no tempo, pagando alto preço por significar o começo da participação popular direta na distribuição da justiça. Expurga de alguns vícios, decorrentes de sua constituição, trarão o povo em missão pedagógica, para a justiça, compreendendo melhor a difícil ciência de julgar [...]

Assim, para que tal Soberania seja exercida em sua plenitude, necessário se faz que, ao compor a listagem de jurados, os requisitos legais preceituados no art. 425, §2º do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) sejam cumpridos na integra. Nesse sentido, SILVA (2009, p. 201) afirma:

A captação e a seleção desse rol são as medidas mais importante para a formação de Conselhos de Sentença com componentes íntegros, preparados e cientes do relevante papel cívico que desempenham, refletindo diretamente na qualidade dos julgamentos. A participação da sociedade nesse segmento de julgamento democrático do Judiciário traz em si também uma indicação do grau de maturidade e civilidade daquele núcleo social [...] uma boa e eficaz seleção de jurados implicará em tranqüilidade no desenvolvimento das atividades, seja pela seriedade com que os cidadãos convocados irão se comportar, bem como pela boa prestação de serviços público imprescindível para a administração da Justiça.

O que se observa é que tal soberania não é exercida na Comarca de Cacoal/RO em sua plenitude, eis que conforme informações da listagem geral do ano de 2009 e questionário aplicado junto à 1ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal/RO, a listagem de jurados são atualizadas anualmente, no entanto, somente é oficiada aos órgãos públicos e faculdades. Portanto, a sociedade da Comarca de Cacoal não está ali representada. Eis que a mesma é formada por diversos segmentos, como comerciantes, comerciários, agricultores, pecuaristas, empresários, profissionais autônomos, funcionários públicos e não somente de estudantes universitários e ou servidores públicos.

A forma como é realizada a composição da listagem geral de jurados na Comarca de Cacoal/RO “fere de morte” os princípios basilares do Instituto do Júri Popular, eis que somente os representantes da classe média operária e estudantes universitários são chamados a comporem a listagem de jurados e por consequência, somente a eles é permitido proferir decisões no Instituto do Júri Popular da Comarca de Cacoal/RO.

Apreciando a listagem geral de jurados da Comarca de Cacoal/RO para o ano de 2009, para servir na 1ª sessão do ano de 2009, que se realizou entre os dias 01 e 30 de junho, foi publicado no Diário da Justiça n. 087/2009, de 13/05/2009 a listagem de 25 jurados e 10 suplentes. Dos 25 jurados e 10 suplentes que foram sorteados para servir na 1ª sessão do ano de 2009, 33 deles continuam a figurar na listagem geral do ano de 2010 e 22 na listagem de 2011.

Já para a 2ª sessão do ano de 2009, que realizou entre os dias 01 e 31 de outubro, foi publicado no Diário da Justiça n. 15/2009, de 26/08/2009, a listagem de 25 jurados e 12 suplentes. Dos 25 jurados e 12 suplentes que foram convocados para servirem na 2ª sessão do ano de 2009, 03 deles continuam a figurar na listagem geral de 2010 e 03 na listagem 2011.

O art. 425, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) assim preceitua: Art. 425. Anualmente serão alistados pelo presidente do Tribunal do Júri de 800 (oitocentos) a 1.500 (um mil e quinhentos) jurados nas comarcas de mais de 1.000.000 (um milhão) de habitantes, de 300 (trezentos) a 700 (setecentos) nas comarcas de mais de 100.000 (cem mil) habitantes e de 80 (oitenta) a 400 (quatrocentos) nas comarcas de menor população.

Apreciando a listagem de jurados da Comarca de Cacoal e as informações prestadas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Cacoal/RO, observa-se que o procedimento preceituado no art. 425, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941) deixou se de ser cumprido, vez que simplesmente é atualizada a listagem e até mesmo jurados que serviram em uma sessão do Júri do ano de 2009 continuam a figurar em listagens do ano 2010 e 2011, constituindo assim a figura do “jurado profissional”. Nesse sentido, Nucci (2010, p. 759), afirma:

[...] na prática, muitos juízes preferem reeditar a lista dos jurados, ano após ano, terminando por estabelecer a figura do jurado profissional. Como já referido, não é ideal manter alguém muito tempo atuando no júri, sem renovação, uma vez que os vícios e prejulgamentos podem terminar prejudicando a ideal imparcialidade exigida do jurado [...]

A “figura do jurado profissional”, é muito prejudicial ao Instituto do Júri Popular, vez que o cidadão adquire experiências e suas decisões não mais figuram em seu livre convencimento e sim nos princípios basilares do direito, que adquire com o dia a dia dos debates do Tribunal do Júri.

Além de ferir o Princípio basilar do Instituto Tribunal do Júri, que é o de ser julgado por seus pares, a prática adotada na Comarca de Cacoal também fere o dispositivo legal preceituado no art. 426 e seus parágrafos, do Código de Processo

Penal (BRASIL, 1941). Veja-se o art. 426, § 4º, do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941):

Art. 426 A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do tribunal do Júri.

[...]

§ 4º O jurado que tiver integrado o Conselho de Sentença nos 12 (doze) meses que antecederem à publicação da lista geral fica dela excluído. Outro dispositivo legal que está sendo descumprido é o preceituado no art. 426 caput do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941), que preceitua a necessidade de publicação da listagem geral de jurados até o dia 10 de outubro de cada ano, pela imprensa e divulgar editais afixados à porta do Tribunal do Júri, além da obrigatoriedade de constar às respectivas profissões, objetivando a publicidade dos nomes para que, eventual impugnação possa ser interposta pelo Ministério Publico, de ofício ou mesmo qualquer do povo, proporcionando assim tempo razoável e que até o dia 10 de novembro possa ocorrer sua publicação definitiva, como preceituado no parágrafo primeiro do reportado artigo. Veja-se:

Art. 426. A lista geral dos jurados, com indicação das respectivas profissões, será publicada pela imprensa até o dia 10 de outubro de cada ano e divulgada em editais afixados à porta do Tribunal do Júri.

§1º A lista poderá ser alterada, de ofício ou mediante reclamação de qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva.

No entanto, o que se observa é que na lista constam apenas as profissões de alguns jurados, outros órgão/empresa empregadora ou apenas o nome e a maioria apenas o endereço residencial, que no momento procedimental, é desnecessário. Mais uma vez, a Comarca de Cacoal/RO deixa de cumprir o dispositivo legal preceitua o art. 437, VI do Código de Processo Penal (BRASIL, 1941): Veja-se:

Art. 437. Estão isentos do serviço do júri:

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