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GRÁFICOS PÁG Gráfico 1 Indicadores de Governança Mundial (Worldwide Governance

COMPRAS PÚBLICAS BÉLGICA 15,22 LUXEMBURGO 15,

DINAMARCA 18,76 HOLANDA 21,46 ALEMANHA 17,03 ÁUSTRIA 16,46 GRÉCIA 12,62 PORTUGAL 13,26 ESPANHA 13,02 FINLÂNDIA 16,45 FRANÇA 16,62 SUÉCIA 20,49

IRLANDA 13,30 REINO UNIDO 18,43

ITÁLIA 11,88

Fonte: EC 2004 apud Nyril et al (2007)

Os dados acima demonstram que a utilização de compras públicas pelos países da Comunidade Europeia, embora represente um percentual significativo do PIB respectivo, o nível de comprometimento na economia é bastante variado, alterando entre 21,46% na Holanda e 11,88% na Itália.

Contudo, na pesquisa realizada sobre o assunto, não se percebe a utilização usual de compras públicas voltadas para o incentivo de inovações naqueles países.

Nyiri et al. (2007: 30) destacam que nos Programas de Reformas Nacionais (NRPs), produzidos por cada Estado-Membro da União Europeia no final de 2005, as compras públicas são mencionadas apenas no que diz respeito à promoção da concorrência e mercados abertos.

E Edquist (2009:8) lembra que, nos 15 países da EU (antes da ampliação), embora as encomendas representassem uma fonte importante de demanda de empresas em setores como a construção, saúde, material de defesa, energia e transportes, 16% delas são encomendas públicas regulares, ou seja, produtos normais comprados na prateleira.

O grande obstáculo para a prática das encomendas públicas na EU, segundo o autor, está no sistema de regras atuais sobre o assunto que possuem, em geral, duas ideologias contrárias: uma orientada para o livre mercado, que enfatiza a necessidade de aplicar critérios exclusivamente comerciais, por ocasião da adjudicação do contrato e outra de cunho intervencionista, que as considera um instrumento para a realização de objetivos econômicos e sociais, mais do que a mera eficiência no uso do dinheiro público.

À exceção da Holanda, Suécia e do Reino Unido (UK), os países membros da União Europeia ainda não incorporaram a encomenda pública tecnológica às suas práticas econômicas, tal como tratada neste estudo:

À nível nacional, enquanto compras estão passando por uma modernização importante em toda a Europa, muito poucos países europeus (como o Reino Unido e Holanda) têm programas específicos ou o foco sobre o uso de compras públicas para a promoção da inovação. Naqueles países, pode-se observar políticas interessantes, como a coordenação entre compras e políticas de inovação e o estímulo à integração em setores como saúde e educação. (NYIRI et al., 2007: 37).

No Reino Unido, uma recente política de inovação do Governo contida no “Documento Branco” publicado pelo Department for Innovation, Universities & Skills – DIUS em Março de 2008, estabelece que cada Departamento Governamental daqueles países incluiria um Plano de Encomenda de Inovação – IPP (Innovation Procurement Plan) como parte de sua estratégia comercial, definindo a forma como irão estimular a inovação através de práticas de encomendas inovativas.

Para auxiliar cada um desses órgãos a elaborar aquele IPP, o Departamento de Negócios, Inovação e Habilidades (Department for Business, Innovation and Skills– BIS elaborou um Guia (BIS, 2008) para fornecedores e compradores de encomenda inovativa.

A utilização da encomenda pública como um estímulo à inovação também pode ser vista mais comumente nos Estados Unidos (USA) e em alguns países asiáticos, cujas políticas públicas influenciam essa prática. O setor de defesa no primeiro, por exemplo, tem um significativo papel na consolidação de indústrias de ICT (Tecnologia da Comunicação e Informação), através das encomendas, que começou na década de 60, quando o programa de míssil estimulou a indústria de semicondutores:

Pode-se argumentar que, nos USA, o material de defesa de Encomenda Pública de Inovação – PPI pode ser o mais importante instrumento de política de inovação, embora não seja chamado política de inovação (mas de política de defesa). O IPP tem sido fundamental para o desenvolvimento de componentes eletrônicos, hardware de computador, software de computador, aviões, Internet, etc. Daí que a Encomenda Pública de Inovação (IPP ) de defesa teve enormes implicações para os processos de inovação civis. (EDQUIST, 2009:9).

Por sua vez, na Korea, o governo desempenha um papel forte na introdução de novos serviços de telecomunicação, como as novas tecnologias sem fio.

O instrumento encomenda pública naqueles países representa um avanço na competitividade global, em relação aos membros da União Europeia:

Em comparação com os Estados Unidos e principais países asiáticos, como o Japão e a Coréia, PTP (Encomenda Pública Tecnológica) na Europa é sub utilizado como um meio de incentivar a pesquisa e a inovação em ICT. Com o aumento de competição global (...), o fato é que a pouca atenção dada à política PTP através dos estados membros da UE parece ser a principal fraqueza europeia. (NYIRI ET AL., 2007:7)

1.4 Agentes implementadores de Políticas Públicas no SNI - Atuação das Agências de Fomento, Institutos de Pesquisas e Organizações Sociais

O papel do Estado brasileiro no sistema nacional de inovação como instrumento de fomento a P&D também se materializa mediante as suas agências responsáveis pelo fomento à pesquisa científica, tecnológica e de inovação.

Para melhor identificar essa forma de atuação e por questões de corte metodológico, neste estudo as agências de fomento serão representadas à nível federal, pela FINEP e CNPq; na esfera estadual, pelas agências de fomento Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT.

A seleção daquelas agências estaduais se deve às vertentes extremas em que se situam: uma (FAPESP), com 50 anos de atividade constitui uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país, e a outra (FAPEMAT), relativamente nova, com pouco mais de 10 anos de instalação, sediada num estado (Mato Grosso) no qual o incentivo à ciência, tecnologia e inovação (CT&I) é um assunto que começa a se desenvolver, ocupando aos poucos um espaço nas principais instituições de ensino.

Também será objeto de investigação a execução de políticas públicas de CT&I pelos institutos federais de pesquisas e pelas organizações sociais, estas últimas por meio de contrato de gestão.

O exame da atuação desses órgãos será orientado para identificar a origem dos recursos geridos pelos agentes implementadores e a forma utilizada para a escolha dos beneficiários dos incentivos e para a geração de subsídios na gestão de programas e projetos estratégicos em CT&I, no intuito de começar a delinear os limites do controle externo nessa área.

Com esse propósito, foram utilizados como ferramentas metodológicas a busca de dados nas páginas daquelas agências na internet e o exame dos relatórios de gestão anual elaborados pelos próprios administradores daqueles órgãos e dos relatórios de auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas competente.

1.4.1. FINEP

Considerada um relevante instrumento da Política de C&T no Brasil, a Financiadora de Estudos e Projeto – Finep foi constituída pelo Decreto nº 61.056 de 24 de julho de 1967 e é vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), nos termos do Decreto-Lei nº 1.361, de 1º de janeiro de 1995, atuando em consonância com a política daquela Pasta e em articulação com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); enquanto o CNPq apoia prioritariamente pessoas físicas, por meio de bolsas e auxílios, a FINEP apoia ações de C,T&I de instituições públicas e privadas.

Criada com a personalidade jurídica de empresa pública de direito privado a Finep integra o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – SNCTI e tem como missão promover e financiar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa e outras instituições públicas ou privadas, mobilizando recursos financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento econômico e social do País.

Para operacionalizar as suas atividades, o quadro efetivo da Finep é composto por empregados que integram o Plano de Carreiras e Remuneração – PCR e por aqueles que optaram pelo não enquadramento no PCR, permanecendo no Plano de Cargos e Salários – PCS.

De acordo com dados obtidos no Relatório de Gestão 2012 emitido pela Finep (Finep, 2013a:107), a Entidade possui em seu quadro permanente 717 empregados. Naquela gestão, o Órgão contou, ainda, com 12 servidores detentores de cargo em comissão, não efetivos.

Uma forma de atuação da Finep pode ser vista nos convênios mantidos com entidades congêneres em três países5: na Espanha, com o CDTI (Centro para o Desenvolvimento Tecnológico e Industrial); na França, com a Agência de Inovação OSÉO6; na Alemanha, com a DFG (Deutsche Forschungsgemeinschaft)7 e a Fraunhofer8.

Recentemente, no dia 07 de maio de 2009, a Finep assinou com a agência francesa de inovação, OSEO, um acordo de cooperação tecnológica, com duração inicial de cinco anos, tendo dentre os objetivos a promoção de parcerias entre empresas brasileiras e francesas, prioritariamente as pequenas e médias – PMEs, fornecendo apoio a projetos inovadores, conjuntos de desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços e também o financiamento para promover o aumento da competitividade das empresas e sua internacionalização.

Além disso, a Finep também é o organismo gestor no Brasil do programa CYTED - IBEROEKA, juntamente com outras 20 instituições de países ibero-americanos, iniciativa internacional de cooperação de caráter multilateral, criada no âmbito do Programa Ibero-americana de Ciência y Tecnologia para el Desarrollo - CYTED, destinada a promover a cooperação empresarial entre países ibero-americanos, no campo da inovação e desenvolvimento tecnológico, oferecendo oportunidades de parceiros para projetos inovadores entre empresas dos países participantes.

5 Informação disponível em

http://www.finep.gov.br/cooperacao_internacional/cooperacao_ini.asp?codSessaoOqueeFINEP=5 6

Entidade Pública Francesa. Atividades exercidas pela Oséo: assistência para a inovação, a garantia de financiamento bancário, financiamento em parceria. Disponível em: http://www.oseo.fr/

7 Fundação de Pesquisa Alemã. Disponível em: http://www.dfg.de/

8 Fraunhofer-Gesellschaft, é uma Organização Internacional de Pesquisa que mantém mais de 80 unidades, incluindo institutos Fraunhofer, em 40 diferentes localizações na Alemanha. Disponível em:

Participam desse acordo 21 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai, Venezuela e República Dominicana.

Tendo como finalidade a de apoiar estudos, projetos e programas de interesse para o desenvolvimento econômico, social, científico e tecnológico do País em consonância com as metas e prioridades setoriais do Governo Federal, a atuação da Finep se divide basicamente em dois tipos: Financiamentos reembolsáveis (realizados com recursos próprios ou de outras fontes) e financiamentos não-reembolsáveis (feitos com recursos formados preponderantemente pelos Fundos Setoriais de C,T&I).

A Tabela 1.1 retrata as atividades realizadas pela Finep, tendo como referência as gestões 2007 e 2010, para efeito de análise da evolução de suas atividades.

Tabela 1.1 - Operações realizadas pela FINEP em 2007/2010

NATUREZA OFERTA DEMANDA APROVAÇÃO