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GRÁFICOS PÁG Gráfico 1 Indicadores de Governança Mundial (Worldwide Governance

EXERCÍCIO 2011 – TRANSFERÊNCIA À FAPEMAT

1.5 Conclusões do Capítulo

Em que pese diferentes posições a respeito da associação entre a intensidade de P&D e o crescimento de um país, é certo que um ambiente favorável ao avanço da ciência e tecnologia depende de um sistema de inovação eficiente integrado, não só pelas firmas, redes de interação, agências governamentais, universidades, institutos de pesquisa, laboratórios de empresas, atividades de cientistas e engenheiros, instituições financeiras, como também por aspectos da estrutura econômica, tais como: sistema de produção, sistema de comercialização e o sistema de financiamento.

Como parte do sistema de inovação, o poder público se destaca no seu papel de ofertante de infraestrutura de apoio à inovação, formulando políticas eficientes traduzidas em leis e regulamentos que podem restringir ou incentivar a inovação.

Embora as políticas públicas brasileiras voltadas para o desenvolvimento da capacidade científica e tecnológica do país tenham começado a se delinear nas décadas de 60 a 80 (elaboração do I PND, I PBDCT, II e III PBDCT’s), esse esforço nacional ficou mais evidente a partir de 1990, com a edição da Lei n° 8.010/90, que estabeleceu a isenção de impostos de importação e sobre produtos industrializados e do adicional ao frete para produtos destinados à pesquisa científica e tecnológica.

As leis de incentivos fiscais à inovação que se seguiram, tendo como foco a importação de bens de informática, o setor industrial e o agropecuário que realizam P&D, também cuidaram de estimular o depósito de patente no INPI, medidas que visam a fortalecer e expandir a base industrial brasileira, e incentivar as parcerias entre universidades, institutos de pesquisa e empresas.

Especialmente a Lei de inovação examinada neste capítulo que, representando mais um instrumento de incentivo a esse segmento, dá ênfase à construção de ambientes especializados e cooperativos de inovação, em particular às instituições científicas e tecnológicas ICT’s, agências de fomento e setor privado e, ainda, possibilita o exercício do poder discricionário do agente publico na implementação do seu poder de compra.

Destaque para a Lei do Bem (Lei n. 11.196/2005) que simplificou os procedimentos de acesso das empresas aos benefícios de incentivos fiscais, mas que, por outro lado, ainda não foi capaz de diversificar a estrutura setorial do desenvolvimento tecnológico nacional, concentrando-se em segmentos historicamente sólidos da estrutura produtiva brasileira: petrolífero, automobilístico e aeronáutico. O fato da dedução das despesas prevista no artigo 17 referir-se ao lucro real e não ao lucro presumido (como adotado pelas pequenas empresas) pode explicar essa concentração setorial.

As previsões legais analisadas neste capítulo nada mais são do que a implementação do que consta estabelecido no § 4o do art. 218 da Constituição Federal (Brasil, 1998), transcrito no início deste trabalho, quanto à necessidade de lei apoiar e estimular as empresas que invistam em pesquisa e criação de tecnologia adequada ao País.

Contudo, são os fundos setoriais, iniciados com o CT-Petro (1997), que se firmaram como mecanismos inovadores de estímulo ao fortalecimento do sistema de C & T

nacional, colaborando com a cadeia do conhecimento entre os setores.

Como verificado, todos esses fundos setoriais representam instrumentos da política pública brasileira para estimular e fortalecer o sistema de ciência e tecnologia do país, mediante a garantia de recursos para esse fim, para a qual participam diversos segmentos. Os fundos setoriais também permitem a desconcentração das atividades de pesquisa e inovação disseminando-as para todas as regiões, além de promover maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo.

Embora seus objetivos abranjam áreas diversificadas, os fundos setoriais apresentam em comum a forma de operacionalizar seus recursos, tais como: vinculação de receitas (não podem ser transferidos entre si), plurianualidade (o apoio a ações e projetos podem ser superior a 01 ano fiscal), gestão compartilhada (Comitês Gestores são constituídos por representantes de ministérios, das agências reguladoras, da comunidade científica e do setor empresarial) e fontes de recursos diversificadas (royalties, compensação financeira, licenças, autorizações, etc.).

O estudo aqui desenvolvido demonstrou parte dos principais instrumentos que a PNCTI brasileira dispõe para propiciar um ambiente favorável à inovação e, consequentemente, promover o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológica.

Por sua vez, as entidades responsáveis pelo gerenciamento de tais instrumentos - FINEP, CNPq, FAPESP e FAPEMAT, bem como os institutos de pesquisa e as organizações sociais examinadas neste capítulo, são responsáveis pelo desempenho de, pelo menos três, das quatro estratégias estabelecidas nos artigos 218 e 219 da Constituição Federal, quais sejam: apoio à formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, estímulo às empresas que invistam em pesquisa e criação de tecnologia e pesquisa tecnológica voltada preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.

Também ficou evidente que a implementação de tais instrumentos depende, em grande parte, dos recursos captados de origens variadas, desde transferências feitas diretamente pelo governo (Estadual ou Federal) até aqueles originados de convênios feitos com outras entidades, porém todos provenientes de uma única fonte, tesouro público.

Se por um lado pareceu preocupante o fato do mecanismo da encomenda pública estabelecido no artigo 20 da Lei 10.973/2004ainda não ter sido implementado no Brasil, o estudo demonstrou também que, mesmo entre a maioria dos países da EU, esse instrumento de poder de compra governamental ainda não representa uma estratégia comumente empregada pelos demais estados-membros, podendo ser visto no Reino Unido, Suécia, Holanda, USA e em alguns países asiáticos.

As políticas públicas aqui abordadas representam a atuação do Poder Publico integrando o Sistema Nacional de Inovação, como um incentivador ao fortalecimento do sistema, disponibilizando diversos instrumentos de fomento.

Aumentar esses mecanismos é preocupação no âmbito da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – ENCTI para o período de 2012 a 2015 (MCTI, 2012a) que contempla, dentre seus principais objetivos, reduzir a defasagem tecnológica em relação aos países centrais, a partir de uma ampliação dos recursos públicos destinados ao desenvolvimento da base científica nacional e de inovação tecnológica, representando uma crucial mudança de patamar no financiamento a C,T&I no Brasil.

Para tanto, aquela ENCTI prevê que, a curto prazo, o financiamento do esforço tecnológico terá que vir do aumento das dotações orçamentárias, identificação e criação de novas fontes de provisão de recursos para a inovação, aprimoração de todo o arcabouço institucional de financiamento e garantia de uma parcela significativa e estável do orçamento público para o suporte a C,T&I com a criação de novos Fundos Setoriais, incremento de receitas de alguns dos fundos já existentes, em função de novos critérios de reorientação de receitas (como nos casos da CIDE Tecnológica), de fontes instáveis de receitas (como nos casos do Fundo Setorial Espacial e do de Transporte) e de mudanças nos marcos regulatórios (setor Mineral e setor de Petróleo e Gás Natural.

Isso significa que haverá mais investimento público de incentivo à inovação, como parte da política científica brasileira e que, tratando-se de recursos públicos, quaisquer que sejam os instrumentos de fomento à ciência, tecnologia e inovação do país, o arcabouço legal em vigor exige a observância aos princípios constitucionais de impessoalidade, moralidade, publicidade, legalidade, economicidade, cujo implemento dessa condição cabe aos Tribunais de Contas confirmar no exercício do controle externo a eles conferido pelos artigos 70 e 71 da C. F.

Por outro lado, as atividades de CT&I e P&D são permeadas de singularidades que lhes conferem um estatuto especial, cujos resultados dependem do reconhecimento de mérito e competência; e a validação externa do mérito é essencial, não podendo os Tribunais de Contas ignorar esse aspecto.

Para tanto, a aferição da contribuição ao avanço e à consolidação do conhecimento científico e desenvolvimento tecnológico deve representar um critério importante na fiscalização empreendida por aquelas entidades de controle externo.

Antes, porém, de aprofundar nessa questão, necessário examinar a inserção daqueles órgãos de controle no contexto político e administrativo, assunto que é tratado no capítulo seguinte.

CAPÍTULO 2 – O PAPEL DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE DE CONTAS NA