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Capítulo 2 – Enquadramento teórico

2.3 Potencialidades da Internet ao serviço da Educação Matemática

2.3.2 A Internet como fonte de comunicação

2.3.2.1 Comunicação assíncrona

No que diz respeito à comunicação assíncrona é de realçar o correio electrónico, os blogues e os grupos de discussão, pois estas ferramentas podem ter grande utilidade educativa (Cruz, 2004).

2.3.2.1.1 Correio electrónico

O correio electrónico (e-mail) evidenciou-se como uma das formas privilegiadas de comunicação na sociedade da informação (Garcias, 1996). É uma ferramenta que permite compor, enviar e receber mensagens, com ou sem anexos, de uma caixa de correio electrónico, para outra ou várias (APDSI, 2005; Wikipédia, 2006e). Pode ser aplicado aos sistemas que utilizam a Internet, através do protocolo Simple Mail Transfer Protocol (SMTP), ou dentro de uma rede privada (Intranet) (APDSI, 2005; Wikipédia, 2006e).

O conteúdo de uma caixa de correio electrónico pode ser sequencialmente transferido para um computador, pelo uso de programas que utilizam o Post Office Protocol (POP3); ou, caso se utilize um Webmail, a partir de qualquer computador, em qualquer momento, se pode ler e escrever mensagens de correio electrónico através do browser (Wikipédia, 2006f). Alguns exemplos de servidores de Webmail gratuitos são, por exemplo, o Hotmail (http://www.hotmail.com) que é um dos mais utilizados a nível internacional (Wikipédia, 2006f) e o Mega Mail (http://www.megamail.pt) que foi criado pelo MCT sendo recomendado pela UARTE (UARTE, s.d.).

Como possibilita a comunicação em diferido, a partilha de informação escrita e outros tipos de ficheiros, revelou-se assim como uma ferramenta muito útil na educação (Garcias, 1996). Tem ganho cada vez mais importância na educação pois promove a comunicação e colaboração entre alunos, professores e comunidade educativa (Andres, 1995; Garcias, 1996). Segundo Garcias (1996) a utilização do correio electrónico tem várias vantagens: i) não depende do facto de se encontrar no momento o receptor, como acontece com o telefone; ii) o tempo entre a emissão e a recepção é quase instantâneo; iii) os participantes encontram-se num ciberespaço educativo sem limites de participação; iv) não necessita de um espaço ou tempo concreto para realizar as comunicações, podendo

estas ser realizadas a partir de qualquer computador com ligação à Internet e entre actividades; v) a comunicação pode ser realizada em grupos ou individualmente.

2.3.2.1.2 Blogues

Outra ferramenta, com utilização em contexto escolar é o blogue (Gomes, 2005), pois tem por base um funcionamento que promove uma autoria múltipla, permitindo que existam vários responsáveis pela colocação de mensagens (posts) para além da possibilidade de comentar mensagens já colocadas (Gomes, 2005). Assim, os blogues podem constituir-se como espaços de comunicação com participação de membros da comunidade ou de especialistas de uma determinada área (Gomes, 2005).

2.3.2.1.3 Grupos de discussão

Grande potencialidade educativa têm também os fóruns ou grupos de discussão (newsgroups) (Ponte e Oliveira, 2001). São ferramentas para páginas Web destinadas a promover debates através de mensagens publicadas abordando uma mesma questão (APDSI, 2005; Wikipédia, 2006g). Representam um sistema de partilha de informação e de colaboração, que podem servir-se tanto das formas de comunicação síncronas como assíncronas e podem promover a interacção de alunos, professores e outras pessoas interessadas num dado assunto (Garcias, 1996; Ponte e Oliveira, 2001).

2.3.2.1.4 Vantagens e limitações

No que diz respeito à utilização da comunicação assíncrona é possível destacar algumas vantagens e limitações (Cruz, 2004). As vantagens incluem a flexibilidade, por não requerer a disponibilidade simultânea, e a possibilidade de reflexão cuidada antes de

cada intervenção (Cruz, 2004). As limitações são ao nível da actualização da informação, a sua fiabilidade e a identificação dos intervenientes (Cruz, 2004).

2.3.2.2 Comunicação síncrona

A comunicação síncrona, além de permitir a troca de informação em directo, também pode permitir a troca de ficheiros (Ponte, Varandas e Oliveira, 2003). Destacam- se os programas de comunicação por texto, por voz e a videoconferência (Cruz, 2004).

2.3.2.2.1 Conversação por texto na Internet

Uma forma de comunicação síncrona permitida pela Internet é a de diálogo através de mensagens de texto, realizando-se assim conversação na Web, também conhecida por chat (Cruz, 2004). É possível realizar conversas pela Internet através de: i) sítios Web para conversação (Webchat), como por exemplo o Blá Blá (http://bla.aeiou.pt); ii) programas de conversa interactiva na Internet, com base no protocolo Internet Relay Chat (IRC), como é o caso do mIRC; iii) programas de mensagens instantâneas, como o ICQ ou o Messenger (Wikipédia, 2006h).

As conversas estão focalizadas em áreas de interesse, salas ou canais, que são específicas. Podem envolver especialistas que comunicam com os intervenientes na conversa e a podem moderar (APDSI, 2005).

A utilização das funcionalidades de conversação na Internet, na sala de aula, é muito importante por permitir a interacção em directo, sem a necessidade de os intervenientes estarem fisicamente frente a frente, facilitando a comunicação e a colaboração, tendo isso muita utilidade na educação (Hardin, 2000; Ponte, Varandas e Oliveira, 2003).

2.3.2.2.2 Conversação por voz na Internet

Além da comunicação por mensagens de texto, alguns programas de mensagens instantâneas, como o Messenger permitem conversação em áudio utilizando a saída de som, colunas ou auscultadores, e um microfone ligado ao computador (Wikipédia, 2006i).

Outra possibilidade que a Internet possui de comunicação por voz é a técnica de Voice over IP ou Voz sobre IP (VoIP), sendo a voz integrada com os dados transmitidos por pacotes numa rede, utilizando o protocolo IP (APDSI, 2005). Um exemplo de programa que permite fazer chamadas de VoIP, gratuitas para qualquer parte do mundo é o Skype (Guimarães, 2005).

2.3.2.2.3 Videoconferência

A comunicação por vídeo através da Internet, ou videoconferência, surgiu mais recentemente, como consequência da evolução das tecnologias e aumento das capacidades de tráfego de informação da Internet (Cruz, 2004). Tem vantagens sobre os outros tipos de conversação porque a interactividade da comunicação vai além da escrita, podendo ser falada e acompanhada de imagem vídeo em tempo real (Trentin e Hölbig, 1996).

A utilização educativa da videoconferência permite que um aluno não deixe de estar em contacto visual directo com os seus colegas e os seus professores devido a barreiras geográficas, tal como afirmam Trentin e Hölbig (1996). Permite também a realização de aulas em directo às quais os alunos poderiam aceder a partir de casa usando apenas tecnologia que é actualmente muito comum, nomeadamente câmaras e microfones ligados a um computador com acesso rápido à Internet (Trentin e Hölbig, 1996).

Segundo Garcia (1997) a videoconferência pode ser utilizada na partilha de conhecimentos e experiências científicas, fazendo-se conferências com especialistas em tempo real. Assim, dá-se aos alunos a hipótese de emitir múltiplas opiniões, apresentar hipóteses alternativas, representar os resultados em diversas formas, debater ideias em fóruns interactivos, promovendo a resolução de problemas (Garcia; 1997).

Actualmente há programas, para computadores ligados à Internet, como o Messenger que possibilitam a videoconferência sem grande literacia informática

(Guimarães, 2005). Tendo o programa instalado, possuindo saída e entrada de som, por exemplo auscultadores e microfone, apenas faz falta uma câmara que capte imagens e as transfira para o computador ou para a Internet, uma Webcam (Guimarães, 2005).

Para Cruz (2004) a vantagem de programas como o Messenger, o Netmeeting é a de permitir a restrição de troca de mensagens a pessoas autorizadas numa lista pessoal, na qual estão mencionadas as que se encontram conectadas à Internet. Se este recurso for aliado à possibilidade de troca de arquivos, permite que se realizem encontros virtuais espontâneos ou que alunos interajam com professores ou outras escolas (Cruz, 2004).

2.3.2.2.3 Vantagens e limitações

Segundo Cruz (2004) a comunicação síncrona apresenta uma riqueza de interacção entre os participantes. Os alunos podem ter acesso a mecanismos de trabalho colaborativo, partilhando e trabalhando na mesma aplicação através da Internet, enquanto decorre uma comunicação por texto, áudio, ou videoconferência (Cruz, 2004). No entanto, este tipo de comunicação necessita de equipamento com capacidade para suportar os programas e uma ligação à Internet com largura de banda suficiente (Cruz, 2004). Além disso, caso ocorram problemas técnicos com a ligação ou o equipamento multimédia, a comunicação pára (Cruz, 2004).

As potencialidades de comunicação permitidas pela Internet podem promover a formação de comunidades virtuais (Ponte e Oliveira, 2001). Estas comunidades virtuais existentes na Internet, em que pessoas com interesses comuns, como por exemplo a Educação Matemática, podem interagir, partilhar informação e mesmo publicá-la de uma forma muito mais rápida que a tradicional, trazem para os intervenientes no processo de aprendizagem a possibilidade de acesso a informação actualizada, proveniente de especialistas (Bentes, 1999; Ponte e Oliveira, 2001).

Facilitando e estimulando as interacções entre as pessoas, a Internet representa um suporte do desenvolvimento humano nas dimensões pessoal, social, cultural, lúdica, cívica e profissional (Ponte Varandas e Oliveira, 2003).