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Capítulo 2 – Enquadramento teórico

2.3 Potencialidades da Internet ao serviço da Educação Matemática

2.3.1 A Internet como fonte de informação

A Internet revela-se como uma importante forma de articulação entre o local e o global; tendo por base uma linguagem que acolhe simultaneamente a escrita, a imagem, o som e o vídeo, unidos por múltiplas ligações (links), ou seja, uma linguagem hipermédia; eliminando o atrito espaço-temporal, permitindo uma mobilidade num espaço que não é físico, o “ciberespaço” (Ponte, 2000).

O “ciberespaço” é então mais do que um depósito de informação, em que a própria perde o seu carácter estático e adquire uma dinâmica de mudança constante, alterando-se, crescendo e permitindo aos seus criadores a sua apropriação de forma transformadora (Ponte, 2000). Alguns autores já o denominaram como “Espaço do Saber” (Silva, 2001). Também é um lugar propiciador de dinâmica social, em que se podem formar comunidades de elementos com interesses comuns que interagem entre si (Ponte e Oliveira, 2001).

Numa actividade de investigação matemática, ou na resolução de um problema, pode surgir a necessidade de procurar determinado tipo de informações (Guimarães, 2005). Com a Internet é possível aceder a informação disponibilizada nas mais diversas línguas (Simões, 2005). A informação pode ser encontrada em documentos de texto interligados (hipertexto); em documentos hipermédia, que incluem os de hipertexto, possuindo ainda imagens, sons e vídeo; ou em elementos multimédia que, incluindo os documentos hipermédia, são uma poderosa combinação de texto, gráficos, animação, som e vídeo sob controlo do computador (Simões, 2005). Pode-se então organizar e aceder à informação de qualquer ponto de acesso à Internet e de uma forma não linear, podendo a pesquisa ser mais personalizada, não sendo necessário analisar a informação acessória a que os livros obrigam (Brigas e Reis, 1999). Há uma interacção do utilizador com os documentos da Web, pois a cada clique no rato este escolhe a próxima informação a visitar (Carvalho, 2004).

Qualquer pessoa pode publicar na Web (Carvalho, 2004; Simões, 2005). Qualquer pessoa pode divulgar a informação que pretende na Web, construindo uma página pessoal (Simões, 2005). Quem cria e faz a manutenção de um determinado sítio Web é o responsável pelo tipo, qualidade e actualização da informação disponibilizada, o administrador Web ou Webmaster (Simões, 2005). Mas, para construir sítios Web não é necessário ter muitos conhecimentos de desenho gráfico de páginas (Webdesign), sendo no entanto necessário saber trabalhar com um editor de HTML e um programa de FTP (Simões, 2005).

Outro tipo de sítio Web muito utilizado para disponibilizar informação pessoal é o blogue, também conhecido por Weblog ou blog (APDSI, 2005; Gomes, 2005; Guimarães, 2005). Um Weblog é um sítio Web criado com o objectivo de partilhar informações, através da colocação de mensagens (posts) constituídas por textos, imagens, ou links para outros sítios de interesse (APDSI, 2005; Gomes, 2005). As mensagens são normalmente apresentadas de forma cronológica, surgindo as mensagens mais recentes em primeiro lugar (Gomes, 2005). Para Gomes (2005) o sucesso dos blogues está associado ao facto destes constituírem espaços de publicação na Web que não implicam conhecimentos de construção de sítios Web nem custos para os criadores. Há sítios Web que disponibilizam sistemas de criação, gestão e alojamento gratuito, como por exemplo o Blogs do Sapo (http://blogs.sapo.pt) (Gomes, 2005) e isso revela-se como uma forma de utilização democrática da Internet (Coentrão, 2004 citado por Simões, 2005). É possível verificar

perspectiva de “diário electrónico” e outros visando a difusão da informação com ou sem intuitos comerciais (Gomes, 2005).

Segundo Carvalho (2004) há tantas facilidades na publicação de informação para a Web, que talvez seja essa a razão pela qual ela tem crescido tanto e de se poder encontrar de tudo.

Para pesquisar informação na Web pode-se recorrer a motores de pesquisa, motores de metapesquisa e a directórios (Carvalho, 2004). Os motores de pesquisa, como por exemplo o Google (http://www.google.com), percorrem toda a Web, ou os sítios que querem ser encontrados, procurando as palavras-chave inseridas pelo utilizador (Carvalho, 2004). Os motores de metapesquisa (metasearch), como por exemplo o Metacrawler (http://metacrawler.com), fazem uma pesquisa simultaneamente em vários motores, apresentando apenas uma pequena parte dos dados obtidos nos motores que consultam (Carvalho, 2004). Os directórios, como por exemplo o Yahoo (http://www.yahoo.com) ou o Sapo (http://www.sapo.pt), resultam de uma organização dos sítios Web por temas, pois após seleccionar um tópico geral, vai-se deparando com temas cada vez mais específicos até se listarem os sites (Carvalho, 2004). Em qualquer das opções de pesquisa feita pelo utilizador, o resultado é um conjunto de endereços (URL) de sítios Web nos quais pode clicar e consultar a informação pretendida (Carvalho, 2004). Quando se pesquisa informação na Web através de motores de pesquisa, deve-se ser específico, evitando termos genéricos, e persistente, combinando diferentes palavras-chave (Carvalho, 2004).

Uma vez que a diversidade de informação disponível é muita, também o é a qualidade (Carvalho, 2004; Simões, 2005). Os critérios a ter em conta para avaliar a qualidade da informação encontrada dependem de vários aspectos, mas em primeiro lugar do tipo de informação que se pretende (Carvalho, 2004; Simões, 2005). Para avaliar a credibilidade de um Sítio Web podem-se analisar vários aspectos como a autoria, o domínio de alojamento, as referências bibliográficas, as ligações a outros sítios Web, a data da criação e da última actualização (Carvalho, 2004; Simões, 2005).

Na Internet é possível encontrar sítios Web nacionais e estrangeiros úteis para a Educação Matemática que contêm: i) aspectos interessantes da Matemática, aspectos históricos e problemas recentes; ii) propostas de tarefas, nomeadamente problemas, investigações ou simples curiosidades; iii) ideias para a sala de aula, relatos de experiências; iv) exemplos de tarefas para os alunos, planos de aula e materiais que podem ser adaptados para os alunos; v) informações e/ou discussões sobre temas de natureza curricular que podem ser de grande interesse para um leque mais ou menos alargado de

utilizadores; vi) programas (software) com fins educativos; vii) notícias sobre encontros e outros acontecimentos (Ponte, Varandas e Oliveira, 2003). Na sua maioria, estes sítios Web possuem, eles próprios, uma secção com ligações (links) que permitem explorar materiais semelhantes ou relacionados com a mesma temática (Ponte e Oliveira, 2000).

O facto de Museus, bibliotecas e outras instituições de arquivo e investigação digitalizarem e disponibilizarem na Internet os seus recursos, oferece aos professores e alunos a oportunidade de lidarem com informação que só era disponível a alguns e que além de ser real também é ou pode ser actualizada (Honey e Hawkins, 1996).

A Internet permite também a divulgação de produções próprias, tanto do professor como dos alunos, quer sejam textos, imagens, sequências vídeo, pequenos programas (applets) ou documentos de texto e/ou hipertexto (Hardin e Ziebarth, 2000; Ponte, Varandas e Oliveira, 2003).

Alguns autores (Brigas e Reis, 1999; Armstrong e Casement, 2000) alertam para o facto de que a de organização da informação que se verifica na Web pode levar a que um aluno inicie a sua pesquisa por um tema e após duas ou três ligações está noutro totalmente distinto. Por isso, é importante o apoio do professor (Ponte, Varandas e Oliveira, 2003).