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Comunicação, Mídias e Linguagens: práticas e reflexões

“Fora Dilma” e “Fora Temer”: A mídia e a polarização política no contexto atual da sociedade brasileira

Beatriz Silva Curti1 Caroline Salvi Brandão2 Ana Maria Brochado de Mendonca Chaves3

Palavras-chave: mídia; contexto político; sociedade brasileira.

Diante do atual cenário político brasileiro, tornou-se possível observar um processo polarização da sociedade decorrente de um acentuado antagonismo ideológico. Nota-se ainda que tal processo torna-se mais evidente com a crescente participação da população na esfera pública. Entretanto deve-se salientar que na maioria das vezes tal envolvimento não ultrapassa o âmbito da emissão de opiniões, as quais notadamente se revestem de caráter hostil e maniqueísta e acontecem predominantemente por meio das redes sociais. Este engajamento dos indivíduos pode encontrar justificativa na disseminação da informação por intermédio da mídia hegemônica Percebe-se que os grupos discordantes criam identidades com determinadas expressões, as quais são legitimadas e difundidas por meio da comunicação em massa. Pretende-se observar a relação entre o fenômeno da polarização e as notícias selecionadas, neste sentido almeja-se encontrar indícios da parcialidade das reportagens que apresentaram os termos “Fora Dilma” e “Fora Temer”, presentes em três dos maiores sites de notícia brasileiros (UOL, G1 e Terra), no período de um ano que antecede ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Para a realização da pesquisa, utilizou-se a ferramenta de busca avançada do Google, com os filtros de data e ocorrência apenas no título. Como resultado parcial, obteve-se o número de 48 notícias com o termo “Fora Temer” e 6 com os dizeres “Fora Dilma”. Diante dos dados apresentados será feita uma análise de conteúdo a partir da hipótese da existência de um paradoxo entre os acontecimentos políticos e os fatos noticiados.

1 Bibliotecária na PUC Minas com MBA em Gestão Avançada de Pessoas. E-mail: biacurti@gmail.com. 2 Estudante de Graduação 7º semestre do Curso de Direito. E-mail: carols_brandao@hotmail.com. 3 Professora da PUC Minas e Mestre em Educação USP. E-mail: ambmchaves@uol.com.br.

A influência e o impacto da mídia nas crianças de 4 a 9 anos: a percepção dos pais

Alessa Marynara Silva4

Palavras-chave: Publicidade infantil; mídia; crianças; influência; pais e educadores.

Trata-se de um estudo sobre “A Influência e o Impacto de Mídia nas Crianças de 4 a 9 anos: a percepção dos pais”, cujo objetivo é analisar a percepção dos pais em relação à influência e o impacto da mídia nas crianças de 4 a 9 anos, e seus comportamentos como possíveis reflexos consequentes dos conteúdos midiáticos aos quais eles têm acesso. A partir do objetivo geral, foram elaborados os específicos: contextualizar a mídia e suas abordagens; entender a influência da mídia nessa faixa etária e posteriormente com uma compreensão da mídia formadora de padrões e estereótipos culturais. A tecnologia avançou muito, então vivemos um momento no qual a maior parte da população tem ao alcance de suas mãos algum veículo de comunicação, o tempo todo, propiciando uma influência muito grande desse conteúdo e dessas mensagens na vida das pessoas. A partir da revisão da literatura, percebe-se que as crianças não são capazes de discernir o propósito dos meios de comunicação social e distinguir as informações da programação televisiva que podem mudar seu modo de pensar, agir e se relacionar com o mundo. O desenvolvimento desse estudo procura entender as formas de influência midiática, mostrando como se dá a relação entre os meios de comunicação e os receptores dessa faixa etária. Na sequência, foram aplicados questionários a um grupo de vinte pais no sentido de verificar se há influência da mídia na formação ou no desenvolvimento das crianças. Após a coleta e organização dos dados, percebe-se que há compreensão dos pais confirmando a influência da mídia tanto em relação às questões do consumismo, padrões de beleza quanto nos estereótipos e estratégias de marketing que afetam crianças. Destaca-se com esse estudo, a educação como um recurso ao consumo consciente, despertando sempre os educandos à criticidade, e também os pais e toda a sociedade como mediadores do processo do desenvolvimento infantil, atentos aos conteúdos dos veículos de comunicação.

A cartografia do afeto: São Paulo e Arte Urbana

Camila Geracelly Xavier Rodrigues dos Santos5

Palavras-chave: São Paulo; Arte Urbana; lugar; afeto; comunicação; cartografia.

A pesquisa investiga a arte urbana e sua intervenção no processo de comunicação da cidade. Partindo desse objetivo, a pesquisa analisa o conceito de Arte Urbana, suas origens, evoluções e sua possível revisão ou desconstrução, tento como objeto de estudo a Cidade de São Paulo. Investiga-se as características comunicativas da arte urbana e suas possibilidades de intervenção. Nesse sentido e como decorrência, objetiva-se traçar uma cartografia afetiva da cidade. Através de apropriações estéticas e estésicas da cidade, considera-se como hipótese que a arte pode adicionar dimensões sensíveis aos espaços transformando-os em lugares de afeto, modificando o ambiente urbano e tornando o uso público e privado da cidade um ser mutante hibrido. Modificam-se os fluxos comunicacionais entre a cidade e seus usuários e se reconfiguram visibilidades descobrindo o que estava invisível à percepção. Adotando a estratégia metodológica da deriva proposta por Guy Debord, observa-se e analisa-se a cidade como um corpo vivo permeado de horizontes sensíveis que permitem apreender órgãos e artérias da cidade, ao mesmo tempo em que traçam redes ou raízes de significações. Para tanto, devemos entender a arte urbana como a arte desprovida de aura, desconstruindo seus estereótipos para a construção de um conceito que amplie as suas possibilidades. O projeto apresentado não trabalha uma teoria aplicada, mas fluindo entre teorias, resgata-se conceitos que possibilitam a ampliação do conhecimento sobre a cidade e a arte que conserva. A proposta é criar um fluxo teórico entre vários autores a fim de criar uma cartografia do afeto da cidade de São Paulo tendo como objeto sua arte urbana. A pesquisa flui entre as teorias propostas por pesquisadores que investigam a arte, a cidade e a comunicação, como David Harvey, SaskiaSassen, Richard Sennett, Milton Santos, Walter Benjamim, Lucrécia Ferrara, DidHuberman, Augustin Berque, Hans Belting, Jacques Rancière, Pierre Bourdieu, Siegfried Zielinski, AbyWarburg, Guy Debord,

Gilbert Simondon, Merleau-Ponty, Paul Valéry, Algirdas Greimas, Carlo Giulio Argan e Ernest Gombrich.

5 Doutoranda em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC. Mestra em Teoria e Crítica de Arte pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto – PT. E-mail: camila.geracelly@gmail.com.

500 anos da Utopia de Thomas More na grande mídia brasileira

Gleyton Trindade6

Palavras-chave: Utopia; mídia; liberalismo; republicanismo.

O ano de 2016 marcou a celebração dos 500 anos de publicação da Utopia de Thomas More, obra de reconhecida importância e impacto na própria conformação da literatura filosófica e política no mundo ocidental. Por isto mesmo, eventos comemorativos à data ocorreram em várias universidades ao redor do mundo, especialmente no mundo anglo saxão. No caso do Brasil, grandes meios de mídia promoveram debates sobre a importância e atualidade da obra clássica de Thomas More buscando repensar seu lugar no mundo contemporâneo. Chama a atenção o fato de que tais eventos patrocinados pelos grandes órgãos de mídia do país terminaram por adotar um discurso bastante crítico em relação a Utopia, denunciando seus pretensos fundamentos “totalitários” e sua suposta defesa de uma sociedade do “controle total”. Neste trabalho, pretendemos identificar as raízes liberais e mesmo libertárias de tal leitura da Utopia, centradas na acusação do “perfeccionismo” e no “anti-historicismo” supostamente presentes na Utopia. Do nosso ponto de vista, tal leitura liberal de More não faria jus aos grandes dilemas políticos enfrentados por sua obra apontados pelas leituras republicanas mais contemporâneas. Desse ponto de vista, os eventos realizados pela mídia brasileira revelariam muito mais sobre as matrizes ideológicas profundamente liberais e avessas à vida pública a partir das quais os profissionais de mídia se informam no Brasil do que propriamente sobre a clássica obra que completa seus cinco séculos neste ano.

Cultura da autonomia e as redes sociais na consolidação da cidadania

Maria Fabiana Lansac7

Palavras-chave: Mídias Sociais; cultura democrática; espaço de autonomia; política

pública; coesão social.

Políticas públicas de incentivo à cultura e sua relação com as expressões individuais que são estabelecidas através de conexões por meio de mídias sociais serão analisadas com base em eventos culturais que incentivam o uso de espaços públicos e colaboram para consolidar a cultura da autonomia no Brasil. Esta relação é apresentada através de aspectos encontrados no processo de consolidação e desdobramento da Virada Cultural executada pelo Governo do Estado de São Paulo desde 2005 e pelas grandes manifestações de ordem política ocorridas a partir do Movimento Passe Livre – MPL em 2013, considerando o uso tecnológico como fator inerente a transformação de espaços públicos em espaços de autonomia dentro de contexto político e cultural. A base teórica do artigo será fundamentada no pensamento de dois autores principais: Manuel Castells e Isaura Botelho. O primeiro autor trata da conceituação da “Cultura da Autonomia” (CASTELLS; 2013) com ênfase para a politização das redes sociais e também no advento da popularização do acesso rede informacional que o autor denomina de “Galáxia de Internet” (CASTELLS; 2003). A autora fundamenta aspetos da cultura democrática em contraponto à democratização da cultura, seja em sua dimensão antropológica ou erudita, apresentando considerações relevantes sobre aspectos da implementação de políticas públicas culturais e sobre a influência dos atores políticos, sociais e econômicos que estão envolvidos neste processo (BOTELHO; 2001). Complementando o embasamento teórico serão considerados artigos que tratam da dispersão irregular de áreas públicas decorrente do fenômeno de metropolização no Brasil e como isto colabora para a acentuação da desigualdade social (BENFATTI, et al; 2010) sendo que este mesmo fenômeno também foi observado em diversos países da América Latina trazendo com grandes impactos negativos para a população (KAZTMAN e RIBEIRO; 2008). Para embasamento do texto proposto serão utilizados dados quantitativos e análises publicadas por órgãos governamentais e institutos de pesquisa sobre as políticas públicas culturais e sobre as manifestações populares ocorridas desde 2001 quando teve início a implementação da Virada Cultural na cidade de São Paulo (OLIVEIRA; 2009) até as manifestações populares de natureza política

7 Doutoranda do Programa de Pós Graduação em Urbanismo – PUC-Campinas; Mestre em Urbanismo do Programa de Pós Graduação em Urbanismo – PUC-Campinas; Professor PucPCaldas, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. E-mail: bialansac@gmail.com.

recentemente e que abrangeram todo o território nacional (CASTELLS; 2013). Entendendo que os valores culturais e os canais participativos favorecem que se estabeleça uma coesão social que corrobora com o fortalecimento do sentimento de pertencimento de um indivíduo em um grupo social ou em uma comunidade. Na sociedade contemporânea, cada vez mais dependente da tecnologia de informação e comunicação, observa-se um fenômeno que trata da manifestação de valores individuais que são expostos em mídias sociais e nestas o indivíduo encontra com maior facilidade outros indivíduos que compactuam os mesmos valores, embora estes indivíduos estejam dispersos no meio físico, suas convicções se fortalecem no meio virtual. Quando estes valores individuais se tornam consensuais, configuram comunidades ou grupos. Com o crescimento destas comunidades em número de integrantes e também pelo fortalecimento do consenso conceitual, estes valores fundamentais passam a ter uma dimensão política, fazendo com que destas ideias transponham as fronteiras tecnológicas e sejam manifestadas de forma física. Esta transposição pode ser observada pela apropriação de espaços públicos pela população como uma forma tradicional de consolidação do pensamento cidadão em ação social e política. Neste ponto se observa a consolidação da cultura da autonomia, pertencente a dimensão teórica, porém, através da apropriação de espaços públicos ou de uso coletivo, de dimensão física, estas as áreas utilizadas pela população de forma coletiva e orquestrada, passam a ser consideradas como espaços de autonomia, legitimando ou buscando a legitimação do pensamento consensual. Este fenômeno contemporâneo da cultura da autonomia, aliado às práticas democráticas de incentivo à coesão social e mais inclusivas no âmbito da cidadania e do respeito aos fundamentos culturais do indivíduo, serão analisados com maior profundidade pelo artigo apresentado, baseado na ampliação do acesso e disseminação de novas tecnologias de informação e de comunicação como instrumento facilitador das manifestações populares que colaboram com o fortalecimento do sentimento de pertencimento do indivíduo em comunidade e também sua cidadania. Referências Bibliográficas: BENFATTI, D.M., QUEIROGA, E.F., SILVA, J.M. Transformações da

Metrópole Contemporânea: Novas Dinâmicas Espaciais, Esfera da Vida Pública e Sistema de Espaços Livres. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. V12,

n.2, pp.29-43, maio 2009. BOTELHHO, I. As dimensões da cultura e o lugar das

políticas públicas. São Paulo em Perspectiva, 15(2) 2001, pp. 73-83. Disponível em:

www.scielo.br/pdf/ssp/v15n2/8580.pdf. Acesso em 05/09/2016. CASTELLS, M. A Galáxia da Internet: Reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro, Zahar, 2003. CASTELLS, M. Redes de Indignação e Esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013. KAZTMAN, R., RIBEIRO, L.C.Q. Metrópoles e sociabilidade: os impactos das transformações socioterritoriais das grandes cidades na coesão social dos países da América Latina. Rio de Janeiro:

Cadernos Metrópole 20 pp.241-261, 2ºSem. 2008. Disponível em:

file:///C:/Users/Usuario/Documents/Doutorado/ARTIGOS%20FAB/Referencia/8706-21150-1-SM.pdf Acesso em 10/10/2016. OLIVEIRA. M.C.V. Culturas, públicos, processos de aprendizado: possibilidades e lógicas plurais. Políticas Culturais em

Revista, 2(2), pp.122-136, 2009. Disponível em:

publicos,%20processos%20de%20aprendizado%20-%20possibilidades%20e%20logicas%20plurais%20-%20MCVO.pdf. Acesso em: 10/10/2016.

A notícia como definidora do tempo – e o indivíduo em relação a isso

Marcos Beck Bohn8

Palavras-chave: Notícia; televisão; tempo; memória; autonomia.

Esta pesquisa examina o grau de interferência da notícia audiovisual na percepção humana da passagem do tempo. Em um ambiente onde os organismos midiáticos definem suas próprias escalas temporais, novas relações temporais podem se estabelecer entre o telespectador e as notícias consumidas. Bastante mutáveis e eventualmente nada similares entre si, tais intervalos de tempo delimitados externamente interagem com a linha do tempo interna do sujeito. Assim, o presente trabalho busca empreender uma reflexão interdisciplinar sobre (i) o modo de delimitação e consolidação do tempo pela notícia, (ii) o modo como oscila – avança e recua, acelera e atrasa – o tempo da notícia, e, por fim, (iii) sobre uma eventual descontinuidade entre o tempo da notícia e o tempo subjetivo do indivíduo. Como base teórica, parte-se da filosofia de Henry Bergson e de sua descrição do modo humano de organização da recordação e da memória: através de paradas virtuais no tempo passado. Compreendemos e apreendemos o tempo através de uma representação linear, sendo nossas lembranças constituídas por registros fixos no tempo unidimensional e anterior de nossa memória. As definições de tempo e memória, por sua vez, são desenvolvidas a partir de uma perspectiva geral e sistêmica, portanto, ontológica – notadamente, a de Mario Bunge. Assim, a memória é vista como fundamental para a manutenção da autonomia do indivíduo. Já o conceito de tempo é considerado a partir da percepção humana primordial que o sustenta e cria, aquela de

antes de e depois de algum evento (conforme Kenneth G. Denbigh). O tempo, aqui, é o

tempo irreversível da fenomenologia (conforme Ilya Prigogine e Isabelle Stengers). Quanto aos eventos, podem vir a ser retratados pelas notícias, constituindo assim um novo evento, desta vez audiovisual, em que uma representação de fatos é elaborada sobre uma representação do tempo, continuamente recriando e reforçando a lógica humana linear de retrospecção. Considera-se, entretanto, que a intensidade do fluxo noticioso possa estar além da capacidade de processamento interna do indivíduo, gerando até mesmo um descompasso em nosso processo perceptivo. A investigação analisa a íntegra de um telejornal, especificamente no que tange aos intervalos de tempo estabelecidos em cada notícia separadamente. Até o presente momento, tal análise

8 Jornalista, Master of Arts em Transnational Communications and Global Media pelo Goldsmiths College da Universidade de Londres, Mestre e Doutorando em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. E-mail: marcosbohn@hotmail.com.

indica ser possível tomar como procedente a hipótese de que o fluxo noticioso contemporâneo, ao interagir com as paradas virtuais da recordação subjetiva do indivíduo, pode alterar sua memória, interferindo em sua autonomia.

A comunicação empresarial e a relação de dominação significada no consenso

Maria Isabel Braga Souza9

Palavras-chave: Comunicação empresarial; estratégias de comunicação; sujeito;

análise de discurso.

Buscamos apontar alguns efeitos de sentido que atravessam as relações entre sujeitos e instituições, refletindo o modo como os materiais de comunicação empresarial se constituem enquanto interlocução da empresa com seu público, organizando os sentidos que estão em circulação, instituindo relações e padrões em espaços discursivos específicos para que essas formulações possam se significar, produzindo consenso e evitando conflitos. Esse efeito de coerência no discurso é uma forma de poder, já que o político também se faz presente na relação entre o que é dito e os sentidos que se farão compreender. Trazendo essa reflexão para os discursos empresariais, podemos entender os mecanismos de funcionamento desses enunciados que materializam o posicionamento da empresa e outras posturas que podem ser consideradas mecanismos de regulação. Ancoramos este trabalho na Análise de Discurso de linha francesa, fundamentado, principalmente, nos estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. Nos discursos das empresas vemos representada a atual conjuntura do capitalismo manipulatório, que busca moldar o trabalhador para que ele, inserido neste sistema, dê resultados que corroborem com o que dele é esperado enquanto força de trabalho. A busca pelo controle de atitudes e comportamentos pelas empresas é representada nos discursos com sentidos de valores e expectativas, de crescimento profissional, de ação e reação, causa e consequência, uma estratégia que faz com que essas delimitações se tornem evidentes para o trabalhador que está atravessado pela memória de que o bom funcionário faz carreira, é dedicado, que agindo assim ele (se) significa na sociedade de maneira ímpar e atinge seus objetivos pessoais e profissionais. O modo como a empresa denomina seu trabalhador, para não dizer, ou dizer, funcionário, colaborador ou outra denominação, remete a uma classificação desta mão-de-obra como parte integrante da empresa e transferir para ela suas obrigações enquanto força de trabalho produtiva, responsável pelos resultados da organização, pelos seus próprios resultados enquanto mão-de-obra, e resultados da vida pessoal, o ser humano, que tem suas outras especificidades também influenciadas pelo trabalho. Na contemporaneidade, as empresas buscam materializar os seus valores que devem ser interpretados e seguidos

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Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Universidade do Vale do Sapucaí. E-mail: isabelsouza.jornalista@gmail.com.

por aqueles que compõem a sua força de trabalho, fazendo com que estes sujeitos, em sua posição sujeito trabalhador, multipliquem estes ideais de gestão corporativa. Para análise do discurso empresarial selecionamos recortes de alguns dos textos produzidos pela multinacional Alcoa Alumínio S/A. A empresa está presente em mais de trinta países e possui cerca de 60 mil funcionários. No Brasil se instalou em 1965, possui escritórios, unidades de exploração e empreendimentos em nove diferentes Estados, atuando na produção do metal, desde a extração da bauxita até sua transformação em diversos produtos. Um primeiro aspecto a se destacar nos materiais de comunicação, é que a empresa nomeia seus funcionários, independentemente da posição hierárquica que ocupam, como “Alcoanos”. Analisando o uso dessa regularidade nos textos produzidos para o público interno e externo da empresa, percebemos que há um esforço para nivelar os trabalhadores, de modo que todos os vinculados a mesma empresa tenham atitudes,

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