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Filosofia e Psicologia: questões da subjetividade

Virtualidade e subjetividade contemporânea: contribuições da fenomenologia à luz de Heidegger

Guilherme de Souza Beraldo 25 Kátia Maria Pacheco Saraiva 26

A Internet chegou para ficar isso é inegável. Como submetermo-nos a ela sem questionamento e reflexão? A internet está sendo uma revolução cultural tão poderosa para a humanidade como foi a invenção da imprensa por Gutenberg. Sua velocidade e possibilidades espantosas podem sugerir visões de perda de pilares básicos na cultura como a que entendemos até agora, mas também sugere riquezas infinitas. Como psicólogos, precisamos acompanhar, participar, opinar e investigar os fenômenos que ocorrem neste campo. Antes de temermos, condenarmos ou aderirmos cegamente ao fenômeno virtual, nos cabe perguntar antes de responder, pensar antes de classificar. O mundo virtual é um mundo fantástico, mas reconhecer o papel da virtualidade na experiência humana não significa esquecer as outras facetas do viver ou tentar viver qualquer uma delas de forma descontextualizada. Em toda e qualquer dimensão a ser percorrida, há um Eu que a percorre e este Eu não se desconecta das dimensões restantes. O real, o sonho, o virtual existem e precisam coexistir para enriquecer as dimensões restantes das relações humanas. Deste modo, o virtual não é assunto somente para a informática. O virtual não está apartado da vida e da psicologia e podem ser entendidos como áreas de interlocução possível onde experiências e objetos são desfeitos e refeitos. O virtual, deste modo, não é um campo estranho que aliena o sujeito de si mesmo, nem um mundo falso ou mentiroso; ou o é, tanto quanto a experiência cotidiana pode ser. Independente de estarmos diante de uma tela de computador, o que surge ali é um modo como compartilhar uma realidade, deixando vir à tona, a um só tempo, a verdade e a mentira, o real e o ilusório. As humanidades digitais eram um campo relativamente marginal até o final do século XX, mas agora têm sido considerada por muitos pesquisadores, de diferentes formações, como parte essencial do conhecimento humanístico contemporâneo. Esta mudança de visão tem em suas bases o reconhecimento de que a sociedade se encontra cada vez mais organizada em rede e que, cada dia mais, as pessoas se utilizam de novas ferramentas de rede em seu cotidiano e que a internet constitui uma representação de práticas e interações sociais

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Mestrando do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC Minas. Psicólogo pela PUC Minas. E-mail: gsberaldo@gmail.com.

26 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC Minas. Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-RJ. Especialista em capacitação de profissionais de trabalho Intergeracional pela Universidade de Granada- Espanha. E-mail: katiasaraiva2011@gmail.com.

jamais imaginadas, demonstrando assim a complexidade que é a vida on-line. Pierre Lévy, ao estudar o fenômeno virtual, propõe-se a analisar e ilustrar um processo de transformação num modo de ser num outro. Em vez de ser definida pela sua atualidade ou concretude, no virtual a identidade dirige-se a um campo de interrogações, de uma série de identidades possíveis, orientadas para um devir, um poder vir a ser. Ora, assim como navegar na Web, escrever um livro, inventar uma nova receita, tudo isso, igualmente, nos permite sermos criativos e ultrapassar o espaço físico e a cronologia do relógio ou do calendário. Neste sentido a experiência virtual é também uma experiência criativa. Quando ouvimos falar sobre o “mundo” virtual podemos compreender o que se quer dizer com isso, ou seja, tudo aquilo que se relaciona com os mais recentes meios de comunicação, em especial a internet. No entanto, a partir da perspectiva fenomenológica proposta por Heidegger, “mundo” é tudo aquilo que se abre em perspectiva para o ser do Dasein. Compreendido como o ente que coloca em questão o seu ser, o Dasein é convocado ontologicamente a dar conta da produção de sentidos para sua existência, que é restrita pelo tempo. Neste sentido, aquele que se coloca em relação com o virtual não é um outro Eu, mas sim aquilo que nós mesmos somos e que está constantemente em jogo. O acesso a infinitos “mundos” proporcionado pelo advento da internet amplia o alcance das possibilidades humanas no que diz respeito à aquisição de conhecimento e mesmo de novas relações sociais. No entanto, este novo “mundo” é o mesmo no qual estamos desde sempre lançados. Enquanto construção humana, a internet e a virtualidade são desdobramentos de uma realidade, e neste sentido não estão constituídas fora do que Heidegger compreende como a mundanidade do mundo. Significa dizer que a imaterialidade do virtual não anula a perspectiva de que o Dasein se encontra sempre no mundo e se constitui a partir deste. Não há, assim, uma “outra realidade” presente no virtual, mas sim um novo modo de se relacionar com o mundo que está aí desde sempre. Quando tomamos a possibilidade de relações sociais travadas por meio do virtual, devemos ter em conta que a impessoalidade muitas vezes presente na comunicação por esses meios pode potencializar a relação de ente-a-mão que o Dasein venha a travar com o outro. A relação desta natureza desqualifica o outro na sua condição existencial, tornando-o simplesmente mais um ente intramundano. É na relação de cuidado do Dasein que ele se liga ao outro enquanto ser de possibilidades, caracterizado pela sua indeterminação. Assim, pode-se pensar que o virtual tem capacidade para permitir novas trocas sociais, porém a questão do cuidado pode-se perder na impessoalidade da comunicação virtual. Também podemos problematizar a permeabilidade da chamada Mass Media por meio da virtualidade. Aumentando sua capacidade de “formar opinião”, os grandes meios de comunicação vêm se tornando agentes uniformizadores da “opinião pública”. Esse fenômeno aponta para uma captura do Dasein pelo falatório, dificultando a colocação por si mesmo do sentido do ser.

A imagem entre representação e precessão

André Dias de Andrade27

Palavras-chave: Fenomenologia; virada icônica; Merleau-Ponty.

Mostramos como as noções de “representação” e “precessão”, bem como o debate que elas ensejam, permitem restaurar a originalidade e atualidade da filosofia de Maurice Merleau-Ponty. Para tanto, após uma exposição a respeito daquilo que constitui a denominada virada "icônica" ou "pictórica", atinente ao pensamento filosófico, sociológico e estético das últimas décadas e promulgada primeiramente por W. J. T. Mitchell e G. Boehm no início dos anos 1990, é possível reconstruir de maneira rigorosa o sentido deste redescobrimento e retorno à imagem. Trata-se, após tal contextualização, de desenvolver a hipótese de que uma ideia basilar da imagem já se faz presente em algumas das teses do fenomenólogo francês, na medida em que ele constrói uma teoria da visão não tributária do paradigma representacionista clássico, mas pensa a realidade da imagem por si mesma. É manifesto, a partir de então, que o visível e a visão não são feitos de coisas ou se prestam à coisas, das quais sua figuração seria um aspecto secundário - antes, a visibilidade ou dimensão imagética fundamental do mundo é compreendida como um fazer ver, e sua compreensão como um

pensamento segundo a imagem, em que não há uma significação ou texto

pré-estabelecido a respeito do qual a imagem seria a tradução mais ou menos perfeita. Vincular Merleau-Ponty à iconic turn ou entrever o germe desta nos seus escritos, não configura então um diagnóstico de época, mediante o qual constatamos que nossa vida está cada vez mais assolada por imagens e pelo consumo destas - na esteira de uma "era da iconofagia" tal como aponta Baitello (2005) -, mas assumir que toda experiência possui a característica e a marca da iconicidade; logo, trata-se de proceder a um verdadeiro primado da imagem. Propusemos, em nossa pesquisa, o diálogo entre a fenomenologia e as novas investigações em torno do estatuto da imagem, uma vez que mais aquém das categorias propostas nas últimas duas décadas a fim de dar conta desta virada, tais como a de "sintomatologia" da imagem (ALLOA, 2010), seu aspecto "subjuntivo" e "não-indicial" (GAMBONI, 2004) e a reabilitação e generalização dos conceitos específicos da estética para a totalidade de nossa experiencia (JAMESON, 1995), cremos encontrar já na ideia de "precessão" uma chave para pensar de for a positiva a imagem. Se a experiência da imagem não é a de um encontro – que pressupõe

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Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). E-mail: andre8ada@gmail.com.

o abismo – entre signo e significação, mas de um ver-com, de um ver-mediante a imagem, tal como fica claros nos escritos merleau-pontianos, a imagem me olha e pensa por mim tanto quanto eu a observo. Nesse sentido ela promove uma verdeira abertura e revelação do mundo, ela é meio de acesso a este e não sua duplicação - de modo que há uma "textura imaginária" (ou imagética) do real (MERLEAU-PONTY, 1960). Assim, segue-se nossa hipótese: está anunciada já em Merleau-Ponty a derrocada da subsequente virada linguística (linguistic turn; RORTY, 1967) dos anos 1960, na medida em que compreendemos ali o germe da virada icônica (iconic turn) que viria a ser explicitamente elaborada nos anos 1990? Cremos verificar tal hipótese com o auxílio do conceito de precessão e através da análise de um exemplo profícuo quanto a isso, presente em O olho e o espírito, sobre como o real enquanto tecido imagético e consagrado à visibilidade promove uma "frequentação", anterior à linguagem propriamente dita, entre os entes do mundo; trata-se do reflexo dos objetos na superfície de uma piscina, que não os representa mas faz vê-los de uma outra maneira que diretamente, mediante a essência viva e imagética da água, do mesmo modo que nossa imagem especular não se reduz à explicação que a física e a ótica lhe fornecem, mas antes dizem algo a respeito deste aspecto fundamental de nossa experiência que é "ver algo". É isso que significa ver-com as imagens, em regime de precessão, e não ver "apesar" delas; apesar da água, do espelho, do ecrã etc. A imagem me assombra e sou possuído por ela mais do que a possuo como se a contempla-se à distância, por meio do véu da representação. Há uma “autoridade” da imagem que é, na verdade, sua condição de precessão – o fato dela “preceder a si mesma” e apresentar, junto da figuração, sua chave de leitura própria; por conseguinte, rompe-se com o representacionismo em direção a uma nova ontologia da imagem.

A concepção de justiça na Alegoria da Caverna de Platão: uma comparação das interpretações kelseana e heideggeriana.

Fernanda Israel Pio28 Bruno Fraga Pistinizi29 Virgílio Diniz Carvalho Gonçalves30

Palavras-chave: Alegoria da Caverna; Kelsen; Heidegger; Justiça.

O problema de pesquisa que norteia o trabalho trata das diferenças e semelhanças entre as interpretações de justiça de Hans Kelsen em A Ilusão da Jusiça e de Martin Heidegger em A teoria platônica da verdade, com relação à alegoria da caverna narrada em A República de Platão. A pesquisa se desenvolveu como trabalho de conclusão do curso de graduação em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, no primeiro semestre do ano de 2016, sob orientação do Professor Mestre Bruno Fraga Pistinizi e coorientação do Professor Mestre Virgílio Diniz Carvalho Gonçalves. Foi utilizado o método dedutivo, com a leitura e fichamento de citação da obra platônica, seguida do estudo e fichamento de citação das obras de Kelsen e Heidegger, compreensão auxiliada por manuais de filosofia do Direito e de introdução ao pensamento dos autores estudados. O texto se desenvolve em quatro capítulos. O primeiro se propõe a expor uma leitura livre da alegoria da caverna, o segundo trata do Juspositivismo de Kelsen, subdividido em três seções, que tratam da vida e da obra do autor, do Positivismo e da interpretação da alegoria. O terceiro capítulo se desenvolve da mesma maneira que o segundo, Heidegger, vida e obra, da Fenomenologia e da interpretação da alegoria. O quarto capítulo traz reflexões conclusivas. A Alegoria da Caverna é introduzida pela personagem de Sócrates no texto de A República. Descreve um cenário em que homens algemados desde a infância no interior de uma caverna, tendo apenas a possibilidade de ver as sombras do mundo exterior reproduzidas na parede da caverna, para eles, portanto, o real são as sombras. Um prisioneiro, no entanto, é liberto e arrastado para fora da caverna, sendo obrigado a se adaptar à luminosidade e à percepção da realidade para além das sombras. Após essa adaptação se segue um movimento inverso, o liberto retorna às sombras e novamente sofre um processo de adaptação dos olhos, além de ser desacreditado ao dividir sua experiência com os prisioneiros que temem perder a visão ao sair da caverna. Pudemos observar na

28 Graduanda do curso de Direito da PUC Minas, campus de Poços de Caldas. E-mail: fernandaisraelpio@hotmail.com.

29Mestre em Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e Doutorando do Departamento de Ciências Sociais da PUC São Paulo. E-mail: brunofraga@pucpcaldas.br.

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Mestre pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e professor do Programa de Graduação da PUC Minas, Poços de Caldas. E-mail: virgilio@pucpcaldas.br.

interpretação de Kelsen uma “restrição” do campo de análise, tomando como essencial o que considera o objetivo único da alegoria: apontar para onde o homem deve direcionar seu espírito a fim de que aja corretamente em assuntos públicos e privados. Para ele, na alegoria as correspondências estabelecidas são em relação ao Bem e o justo, criticando o estabelecimento de ideias para coisas “baixas”, do mundo material, ou seja, quando se fala de ideia, fala-se puramente de valores. Kelsen identifica uma guinada da doutrina das ideias rumo à ontologia. Afirma que há uma modificação do caráter da ideia que deixa de se vincular exclusivamente à norma e passa a se relacionar com uma forma de explicação do mundo. Heidegger, por sua vez, trata das transições como ponto central para a reflexão. Essas transições se referem à adaptação dos olhos do prisioneiro durante seu trânsito para fora da caverna e posterior retorno. Relaciona tal fenômeno com o conceito de Paideia, “formação”. Ele afirma que no texto platônico há uma mudança na essência da verdade. Heidegger considera a verdade e seu modo de mutação como pressuposto para a formação, busca recuperar a compreensão dos primeiros pensadores gregos, e relaciona o termo à desvelamento. Afirma que a partir da alegoria ocorre uma modificação no conceito de verdade, que passa a se fundamentar na razão e no intelecto, afastando-se da ontologia. Concluímos que as interpretações têm pontos em comum, quais sejam: a percepção da guinada na ideia para Kelsen que se relaciona à mudança na essência da verdade pontuada por Heidegger; a modificação ou guinada, para os dois se dá em função de um direcionamento do olhar, ou na forma de explicação do mundo, elementos de certa forma similares; a identificação de características positivistas na narrativa platônica e o intento em distanciar-se da metafísica. Quanto às diferenças podemos ressaltar: a nomeação por Kelsen dos elementos ideia e norma que correspondem à verdade e ente, respectivamente, na interpretação de Heidegger; a concepção de justiça que para Kelsen se relaciona à legitimidade e à ideia e, para Heidegger, se relaciona à verdade como desvelamento; a reincidência de Kelsen à metafísica, mesmo tendo desenvolvido um argumento contrário, por relacionar a Justiça à legalidade e consequentemente à norma que tem caráter metafísico, “erro” não cometido em Heidegger que ao nosso ver estabelece uma crítica à metafísica, relaciona a Justiça à verdade e consequentemente ao ente, que não tem característica metafísica e retorna a reflexão à ontologia e à fenomenologia. Percebemos dessa forma, uma crítica ao posicionamento da verdade e da ideia na razão humana que é denominada “direcionamento do olhar” por Heidegger e a “forma de explicação do mundo” para Kelsen. Neste “erro” ambos não incorrem. Kelsen, no entanto se curva à metafísica por ter posicionado a norma de caráter metafísico onde Heidegger posiciona o ente. Justiça, portanto, para Kelsen se relaciona à legalidade e à norma, Para Heidegger, justiça se relaciona com verdade que por sua vez é identificada como desvelamento. Referências: HANS, Kelsen. A Ilusão da Justiça, tradução de Sérgio Tellaroni. 3. ed. Editora Martins Fontes, São Paulo 2000. HEIDEGGER, Martin. Marcas no Caminho, tradução de Enio Paulo Gichini e Ernildo Stein. Editora Vozes. São Paulo, 2008. HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Tradução de Márcia de Sá

Cavalcante. Editoras Vozes. 1988. MAMAN, Jeannette Antonios. Ao encontro de Heidegger: a noção de ser-no-mundo. Revista da Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo. [S.l.], v. 102, p. 611-615, jan. 2007. ISSN 2318-8235. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/67772/70380>. PLATÃO. A República,

introdução, tradução e notas de Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa:

Oliva Sabuco: análise da contribuição do seu pensamento para a psicossomática

Elenice Maria Caixeta31

Palavras-chave: Oliva Sabuco; psicossomática; corpo e alma.

O objetivo deste trabalho é analisar a contribuição do pensamento de Oliva Sabuco para a psicossomática32. Desta forma, utilizaremos como fonte fragmentos da principal obra de Oliva Sabuco, como o título: “Nova Filosofia da natureza humana não conhecida e não alcançada pelos antigos filósofos que melhora a vida humana e a saúde” (1587), e também discussões teóricas de autores que analisa o pensamento de Oliva. Assim, a pesquisa adota o método da análise historiográfica como forma de se construir um conhecimento cientificamente conduzido. Historiografia, conforme o sentido que aqui empregaremos, significa o exame da escrita, dos métodos e das interpretações produzidas pelo conjunto dos historiadores. Desta forma, a historiografia se volta para a produção dos variados discursos históricos. Ela reflete sobre os historiadores e suas obras, considerando sempre sua historicidade, ou seja, sua relação com o tempo e o espaço em que foram produzidas. Oliva Sabuco de Nantes Barrera (1562-1620) foi uma importante filósofa do Renascimento espanhol e pioneira na medicina psicossomática, que teve como professor o humanista e gramático Pedro Simón Abril. No início do século XX a autoria da obra citada acima foi questionada, José Marco Hidalgo traz a conhecimento documentos de Miguel Sabuco, pai de Oliva Sabuco, alegando ser de sua autoria a obra, mas o fato relevante é que o privilégio da publicação na época foi concedido a sua filha. No entanto, a obra de Oliva Sabuco discute a importância do autoconhecimento do sujeito humano, pra que este entenda a si mesmo e a sua natureza, bem como aprender sobre as causas naturais do por que a vida, a morte ou doenças. No período vivido por Oliva era comum à filosofia relacionar-se com a medicina e a medicina coma a filosofia, no entanto Oliva propunha uma renovação do conhecimento médico da época, dominado até então pelo galenismo. Em seus colóquios, Oliva apresenta suas ideias filosóficas-médicas, ressaltando uma fisiologia de preeminência cerebral, em que o homem pode ser visto como uma árvore de cabeça para baixo, ou seja, a raiz humana seria o cerebro. Assim, Oliva partilhando de ideias de Platão ressalta que paixões imoderadas pertubam a harmonia entre o corpo e a alma, pois a harmonia da saúde se estabelece no cérebro. Neste sentido, ela defende a importância do afeto sobre a saúde, ressaltando que as paixões podem matar ou deixar doenças no corpo. As

31 Mestranda do Programa de Pós-graduação em História Ibérica – PPGHI da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL. E-mail: elenice_caixeta@yahoo.com - Pesquisa desenvolvida na disciplina: A Filosofia na Península Ibérica Medieval, ministrada pelo Professor Paulo César de Oliveira.

32 Cerchiari apud Cardoso (1995, p.5) “O termo psicossomático, na expressão mais comum, pode reportar-se tanto ao quesito da origem psicológica de determinadas doenças orgânicas, quanto às repercussões afetivas do estado de doença física no indivíduo, como até confundir-se com simulação e hipocondria, onde toma um sentido negativo” (CERCHIARI, 2000).

paixões fazem parte do sistema psíquico, externa ao corpo, no entanto natural a ele. Nesta concepção, Deus deu as paixões aos homens como impulsos para conservação de sua natureza. Assim, a alma nasce com algumas inclinações, que são: alegria, desejo, esperança, amor, alegria, dor, medo, vergonha, raiva, etc. Inclinações que são inerentes à alma, e afeta o corpo e a alma, porém são acionados por algo exterior, que são as ações vinculadas à vontade e ao livre arbítrio, mas que também podem se torna vícios. Desta forma, as paixões humanas muitas vezes arrastaram para perseguir o que faz sentir bem e não o que o entendimento julga como correto. Portanto, concluimos por

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