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AS FONTES DO DIREITO COMUNITÁRIO UNIÃO EUROPÉIA E MERCOSUL

5. Fontes Derivadas

5.3 Atos Comunitários

Nesta senda, por força dos Tratados Constitutivos, nascem os Atos Comunitários, “Fontes Derivadas” do Direito Comunitário, bem como os órgãos competentes para tal, no caso da UE, segundo o Tratado da Comunidade Européia, alterado pelo Tratado de Maastricht, foi determinado:

“Artigo 4º

- um Parlamento Europeu; - um Conselho;

- um Tribunal de Justiça; - um Tribunal de Contas.

Cada Instituição atuará dentro dos limites das atribuições que lhe são conferidas pelo presente Tratado.

2. O Conselho e a Comissão serão assistidos por um Comitê Econômico e Social e por um Comitê das Regiões, com funções consultivas.”

DISPOSIÇÕES COMUNS A VÁRIAS INSTITUIÇÕES

“Artigo 189º Para desempenho das suas atribuições e nos termos do presente Tratado, o Parlamento Europeu em conjunto com o Conselho, o Conselho e a Comissão adotam regulamentos e diretivas, tomam decisões e formulam recomendações ou pareceres.

O regulamento tem caráter geral. É obrigatório em todos os seus elementos e diretamente aplicável em todos os Estados-membros.

A diretiva vincula o Estado-membro destinatário quanto ao resultado a alcançar, deixando, no entanto, às instâncias nacionais a competência quanto à forma e aos meios.

A decisão é obrigatória em todos os seus elementos para os destinatários que designar.

As recomendações e os pareceres não são vinculativos.”

Existem alguns princípios no tocante a atos comunitários:

- Princípio da não intervenção dos instrumentos normativos; - Princípio da legalidade;

- Princípios da hierarquia dos atos comunitários; - Princípio da publicidade;

As Fontes Jurídicas do Mercosul encontram-se sob o comando do artigo 41 do anexo ao decreto que promulga o protocolo adicional ao Tratado de Assunção sobre a estrutura Institucional do Mercosul - Protocolo de Ouro-Preto - MRE, que assim dispõe:

Artigo 41

As fontes jurídicas do Mercosul são:

I - o Tratado de Assunção, seus protocolos e os instrumentos adicionais ou complementares;

II - os acordos celebrados no âmbito do Tratado de Assunção e seus protocolos; III - as Decisões do Conselho do Mercado Comum, as Resoluções do Grupo Mercado Comum e as Diretrizes da Comissão de Comércio do Mercosul, adotadas desde a entrada em vigor do Tratado de Assunção.

Desse modo verificamos no artigo supra, inciso III, as Fontes Derivadas do Mercosul, posteriormente regulamentadas no mesmo protocolo nos seguintes artigos:

Artigo 9 - O Conselho do Mercado Comum manifestar-se-á mediante Decisões, as quais serão obrigatórias para os Estados Partes.

Artigo 15 - O Grupo Mercado Comum manifestar-se-á mediante Resolução as quais serão obrigatórias para os Estados Partes.

Artigo 20 - A Comissão de Comércio do Mercosul manifestar-se-á mediante Diretrizes ou Propostas. As Diretrizes serão obrigatórias para os Estados Partes.

As citadas normas, “fontes derivadas do Mercosul”, tem caráter obrigatório para todos os Estados-Membros, neste sentido o disposto o art. 42 do citado Protocolo:

Artigo 42 - As normas emanadas dos órgãos do Mercosul previstos no Artigo 2 deste Protocolo terão caráter obrigatório e deverão, quando necessário, ser

incorporadas aos ordenamentos jurídicos nacionais mediante os procedimentos previstos pela legislação de cada país.

5.3.1 Regulamento

O Regulamento tem caráter geral; isto significa que a Norma Regulamentar Comunitária impõe obrigações e confere direitos de forma geral e abstrata a todos os membros da comunidade. O Regulamento tem caráter de Lei interna para os membros da comunidade, já que insere-se direta e automaticamente no ordenamento jurídico interno, prevalecendo e derrogando normas contrárias.

No tocante ao Direito Comunitário da União Européia, os regulamentos são equiparados às Leis, pois emanam de um organismo supranacional, tem caráter geral e obrigatório em todos seus elementos e são aplicáveis diretamente a todos os Estados-Membros.

(art. 189 do Tratado CE) - tem caráter geral;

- é obrigatório em todos seus elementos; - é diretamente aplicável.

Os regulamentos são publicados no Jornal Oficial da Comunidade e entram em vigor na data por eles fixada, ou na falta desta, no 20º dia subseqüente ao da publicação, inserindo-se diretamente no ordenamento jurídico interno, tornando inaplicáveis as disposições nacionais contrárias.

Observa-se também, a existência de dois tipos de Regulamentos: de base e de execução. Os primeiros derivam diretamente dos Tratados; já os demais destinam-se a dar execução aos primeiros. Desta classificação nasce a hierarquia entre os Regulamentos: o Regulamento de execução é subordinado ao de base.

Os Regulamentos não são fontes jurídicas do Mercosul.

5.3.2 Diretiva

"A Diretiva é um ato jurídico original, imaginado pelos autores dos Tratados, em ordem a permitir uma atribuição de competências aos Estados- membros, que tinham já aceitado certa abdicação no tocante aos regulamentos. Assume um destacado relevo na construção do Direito Comunitário, como instrumento de coerência e unidade do processo de construção européia, assim declarado na Ata Final do Tratado de Maastricht, a que referimo-nos anteriormente"24.

No âmbito da União Européia, as Diretivas encontram-se, normatizadas no art. 189 do Tratado da CE, não tendo caráter geral, é obrigatória e o destinatário pode escolher os meios e formas mais adequados para alcançar, no direito interno, o objetivo da diretiva.

Diferentemente dos Regulamentos as diretivas são apenas notificadas e não necessariamente publicadas. Entretanto, nada impede a sua publicação. O Protocolo de Ouro Preto, em seu art. 20, estabelece as diretivas no Mercosul, que deverão ser incorporados ao ordenamento jurídico interno, quando necessário.

5.3.3 Decisão

A Decisão para a União Européia (art. 189, Tratado da CE), em princípio não teria alcance geral, sendo destinada às pessoas jurídicas ou físicas, entidades de direito Público ou Privado; porém, em caráter obrigatório, impondo inclusive sanção pelo seu descumprimento, difere da diretiva que tem

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como destinatário o Estado, sendo que a decisão consiste na aplicação das normas a casos particulares, sejam pessoas coletivas ou indivíduos.

Também tem aplicação direta, imediata e obrigatória no Mercosul, mas seu destinatário são os Estados-membros; encontra-se normatizada no art. 9º, do Protocolo de Ouro Preto.

5.3.4 Resolução

É a forma jurídica utilizada pelo grupo Mercado Comum (Art. 15, Protocolo de Ouro Preto); não é encontrada na União Européia, onde é obrigatória, mas, com liberdade de meio e forma de aplicação no direito interno.

A Resolução é a forma jurídica na qual se manifesta o “Grupo do Mercado Comum”, autoridade executiva da comunidade, determinando as medidas necessárias para o cumprimento das decisões adotadas pelo Conselho do Mercado Comum, bem como das resoluções em matéria financeira entre outras.

5.3.5 Recomendação e Parecer

"Son declaraciones unilaterales efectuadas en forma interna o interorgánica, y realizadas en ejercicio de una función administrativa que producen efectos, jurídicos en forma indirecta. Surgen de la vinculación de diversos órganos entre sí. Carecen de eficacia jurídica directa e inmediata"25.

As Recomendações e Pareceres, são declarações unilaterais realizadas no exercício de uma função administrativa, vinculando órgãos entre si.

Na União Européia, não geram normas jurídicas propriamente ditas, pois é ausente o elemento coercitivo do direito; mas, é fonte formal do

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direito comunitário, no sentido stricto sensu, já que, atua como elemento de interpretação do Direito Comunitário.

(art. 189, Tratado CE) - não tem caráter geral; - não são vinculativos.

No Mercosul, o Protocolo de Ouro Preto normatiza esta forma jurídica como “proposta e recomendação” nos artigos 20, 26 e 29, do citado Diploma Legal, que igualmente aos Estatutos da União Européia carecem de força obrigatória.