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CONCEITO DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO

4 PROCESSO DE CRIAÇÃO DA SUDENE

5.2 CONCEITO DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO

A convivência com o semiárido representa um conceito que visa dar novas perspectivas para a região semiárida, criando melhores condições de vida para a população sertaneja. Nessa perspectiva requer que o homem se adapte ao meio em que vive de forma a harmonizar as relações homem-natureza. Esta proposta está em oposição à anterior de enfrentamento à natureza.

O segredo da convivência está em compreender como o clima funciona e adequar-se a ele, não se trata mais de “acabar com a seca”, mas de adaptar-se de forma inteligente. É preciso interferir no ambiente, é claro, mas respeitando as leis de um ecossistema que, embora frágil, tem riqueza surpreendentes. (MALVEZZI, 2007, p. 26).

A abordagem do desenvolvimento vem se modificando, diante disso, utiliza-se do seguinte referencial:

Apresentando um discurso renovador e comprovando, com seus experimentos, a possibilidade de um desenvolvimento sustentável com base na convivência com o Semi-Árido brasileiro. O Semi-Árido passa a ser concebido enquanto um espaço no qual é possível construir ou resgatar relações de convivência entre os seres humanos e a natureza, com base na sustentabilidade ambiental e combinando a qualidade de vida das famílias sertanejas com o incentivo às atividades econômicas apropriadas. (SILVA, 2008, p.24).

Diante dessa perspectiva de alternativa de desenvolvimento sendo capaz de promover a melhoria das condições econômicas, a justiça social e o respeito ao uso dos recursos ambientais tendo como pressuposto a melhor adaptação das pessoas às condições daquele meio. Com isso, pode-se chamar essa “convivência”, como uma forma de “desenvolvimento sustentável” para a região semi-árida, por ser capaz de agregar desenvolvimento humano, melhoria na qualidade de vida, e a sustentabilidade ambiental.

Ao se tratar do desenvolvimento sustentável no semiárido é preciso considerar as características da região como o clima, aspectos sociais e a pobreza, diante disso,

A implementação do desenvolvimento sustentável para a região semi-árida nordestina, sem dúvida, constitui um grande desafio para a sua população e órgãos envolvidos. Desafio, por se tratar de uma região onde estão presentes a pobreza, desertificação, êxodo rural, condições climáticas adversas, e que só poderá ser compreendida se forem considerados todos esses aspectos. (FALCÃO, 2005, p.16).

Este é um ambiente complexo por se ter além de questões climáticas; desigualdades sociais, baixos índices de desenvolvimento humano, concentração fundiária, que são problemas que se

acentuam ainda mais.O que torna relevante o

(...) estabelecimento de um aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da natureza em benefício das populações locais, levando-as a incorporar a preocupação com a conservação da biodiversidade aos seus próprios interesses, como um componente da estratégia de desenvolvimento. (SACHS, 2000, p.53 apud SILVA, 2007, p.477-478).

Josué de Castro aponta como principal causa para que a seca seja encarada como calamidade conforme Silva(2008) no regime inadequado da estrutura agrária na região, a concentração de terra, expresso no latifúndio e nos minifúndios, sendo esta a causa central do problema.

A convivência com o meio ambiente é um imperativo fundamental para o aproveitamento apropriado dos recursos naturais, com a ação humana buscando conciliar ou corrigir as tendências negativas sem agravá-las. Para garantir sua perpetuidade, a população necessita aprender a viver em harmonia com o código da natureza do seu meio, buscando a adaptação ao seu habitat, e não a partir de uma relação de estranhamento, de destruição ou combate. (SILVA, 2008, p.108).

Outra relação que se tem no discurso da convivência com o semiárido é a relação com o local, valorizando suas potencialidades e sua diversidade cultural formando uma identidade do território e um aprendizado a partir da relação entre o sujeito e as experiências adquiridas de acordo com a realidade do Semiárido brasileiro.

Na intenção de demonstrar os principais elementos que servem para a especificação dos mecanismos necessários que compõem os requisitos a serem atendidos pelas instituições que se propõem serem capazes de atuar na promoção da sustentabilidade do desenvolvimento através da convivência com o semiárido, segue que,

Para que a convivência com o semiárido seja sustentável do ponto de vista econômico, as tecnologias propostas têm que ser de baixo custo e de replicação fácil pelas famílias agricultoras da região. Para que seja sustentável do ponto de vista ambiental, essas tecnologias devem ser respeitosas do meio ambiente. Finalmente, para que haja convivência socialmente sustentável, essas mesmas tecnologias devem ser fruto de um processo pedagógico e político que aproveite o saber das famílias produtoras e dialoguem com elas, permitindo-lhes apropriarem-se do mesmo e difundi- lo de forma autônoma. (...). Portanto, fica claro que os aspectos

organizativos e educativos estão intimamente interligados com os aspectos tecnológicos. (DUQUE, 2008, p. 137).

A convivência é antes de tudo conviver com as características e limitações da natureza (CHACON, 2007). O sucesso dessas práticas está na aproximação entre comunidades, poder público e as entidades/organizações da sociedade civil com o objetivo de garantir condições mínimas de vida das famílias das comunidades rurais do Semiárido. No Semiárido

(...) foi construída uma cultura de resistência e solidariedade, que ajudou o sertanejo a transcender as adversidades, especialmente aqueles ligados à sua própria organização social e à sua relação com o meio ambiente, especialmente no que se refere ao acesso ou a não à água. Chacon (2007, p.31)

É essa compreensão da realidade do semiárido que se faz necessária na realização de políticas que tenham o objetivo de desenvolver de forma sustentável.

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