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NOTA DE AULA 2 – 4.2 CULTURA E EDUCAÇÃO

4.2.4. Conceito de cultura

Um povo que perde a sua cultura perde sua alma, fica sem identidade. Hoje, os meios de comunicação estão entre os principais transmissores da cultura de um país. Lógico que, como pano de fundo está todo um conjunto cultural, oferecendo uma maneira diferente de se viver, em resumo, um padrão cultural diferente.

O termo cultura tem sido tratado, muitas vezes, como o campo de saberes peculiares e de base científica. Classificando cultura como tudo que o homem faz, vamos encontrar

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incluída a maneira de falar (língua), a maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar, de se interagir, etc.

No Brasil, tão vasto, tão amplo, com tantas expressões diferentes, com distintas maneiras de ser, de viver, de conviver e de fé múltipla, que vão se modificando de lugar para lugar, e a todo o momento, não podemos falar de uma única cultura, mas de culturas plurais que o formam. Será que já paramos para pensar, por exemplo, quantas nações existem inseridas no nosso contexto? São abrangentes culturas, culturas indígenas, africanas, quantas culturas plurais nós temos? A nossa realidade é formada por muitos povos europeus, cada um com suas tradições, línguas, procedimentos, modos de ser e crer, e que se misturaram aos distintos povos indígenas e africanos e ajudaram a formar um país plural e de diversas culturas.

O folclore (folk-lore-saber do povo), denomina um campo de estudos identificado como “antiguidades populares” ou “literatura popular” e utiliza a cultura de maneira primordial, referindo-se de forma geral à tradição de um determinado grupo, aos traços característicos de um povo ou de uma região, sendo também chamados de legítimos.

Esse enfoque leva muitas vezes a uma interpretação desarticulada ou errônea do que seja cultura. Aprendizados escolares como a “semana do folclore” ou “festa junina”, quando escolhem apenas estudar costumes, fábulas, danças e comidas típicas são inspiradas nesse enfoque de cultura. Há muitas maneiras de dizer o que é cultura. Para alguns é sinônimo de conhecimento letrado, erudição. Para outros, cultura é expressão artística. Há quem considere cultura um certo tipo de educação, fineza, bom caráter.

Ralph Linton (1960) conceitua cultura partindo da afirmação de que ela "é a forma de viver em sociedade". Costuma-se apresentar a cultura como tudo aquilo que o homem faz ou pensa, ou sente enquanto membro de um grupo, isto é, enquanto participa de qualquer forma de existência coletiva. Ora, todas as manifestações que aí têm lugar, com exceção de um número muito reduzido de reflexos instintivos e, portanto, biológicos, são aprendidas pelo homem em contato com outros seres humanos, os quais lhes transmitem progressivamente os padrões de conduta vigentes no grupo. Tal transmissão visa preparar o novo parceiro para a vida social, adaptando-o para a convivência com os homens, através de processos conscientes, muitas vezes formais, criados e desenvolvidos pelo próprio grupo.

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Mas tal adaptação do homem ao grupo não é um processo unilateral; ao contrário, supõe que as necessidades básicas do indivíduo sejam também atendidas, uma vez que seu ajustamento ao meio social visa, em última instância, facul-tar-lhe as condições necessárias para que atinja seu pleno desenvolvimento e que através dos indivíduos, em conjunto, a sociedade atinja ela mesma os fins últimos para os quais se acredita que exista.

Ralph Linton (1960) conceitua cultura partindo da afirmação de que ela "é a forma de viver em sociedade". Costuma-se apresentar a cultura como tudo aquilo que o homem faz ou pensa, ou sente enquanto membro de um grupo, isto é, enquanto participa de qualquer forma de existência coletiva. Ora, todas as manifestações que aí têm lugar, com exceção de um número muito reduzido de reflexos instintivos e, portanto, biológicos, são aprendidas pelo homem em contato com outros seres humanos, os quais lhes transmitem progressivamente os padrões de conduta vigentes no grupo. Tal transmissão visa preparar o novo parceiro para a vida social, adaptando-o para a convivência com os homens, através de processos conscientes, muitas vezes formais, criados e desenvolvidos pelo próprio grupo.

Mas tal adaptação do homem ao grupo não é um processo unilateral; ao contrário, supõe que as necessidades básicas do indivíduo sejam também atendidas, uma vez que seu ajustamento ao meio social visa, em última instância, facul-tar-lhe as condições necessárias para que atinja seu pleno desenvolvimento e que através dos indivíduos, em conjunto, a sociedade atinja ela mesma os fins últimos para os quais se acredita que exista.

Significa isso que, por detrás de qualquer processo de socialização, por menos consciente que ele seja, existem sempre valores socialmente formulados que se constituem na razão de ser da própria existência do grupo, enquanto sociedade organizada. Tais valores vão se expressar através da conduta coletiva e representam um aspecto importante da totalidade de formas de pensar e de agir constitutivas da cultura.

A definição clássica de cultura continua sendo a formulada pelo antropólogo e sociólogo inglês Edward B-. Tylor (1924) afirma ser a cultura "aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro da sociedade".

A cultura pode, pois, ser entendida como o resultado de todo o esforço do homem através dos tempos, feito no sentido de dominar a natureza e pô-la a seu serviço. Assim, é cultural tudo o que não ê natural, isto é, tudo que sofreu de alguma forma a influência

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transformadora do homem. Por exemplo, uma pedra é por definição um objeto que se pode classificar como natural, isto é, que nos é dado pela natureza.

Porém, desde que o homem dela se aproprie e, a fim de melhorar sua eficácia, imprima nela qualquer marca humana (adoce suas arestas, aguce uma de suas extremidades, modele uma empunhadura), já temos um instrumento adaptado pelo homem para outros fins que não aqueles para os quais o objeto existe, logo temos agora uma criação cultural. "Neste sentido, é correto dizer-se que cultura é a soma total dos esforços do homem para ajustar-se ao ambiente e melhorar seu modo de vida".

A cultura é caracteristicamente humana na medida em que somente o homem, na escala animal, tem condições de transmitir verbalmente as suas conquistas e experiências, através de uma linguagem simbólica; esta é também uma conquista cultural. Embora entre os animais possamos encontrar espécies cujos re-esentantes dispõem de alguma forma rudimentar de comunicação simbólica, não se conhece nenhum caso em que estes animais usem tal forma para transmitir pensamentos abstratos, isto é, não ligados à realidade imediata.

Enquanto produto da vida social, a cultura só pode ser entendida dentro de um raciocínio dialético, que nos leva a ver o homem libertando-se da natureza pelo domínio progressivo da técnica e. simultaneamente, esta técnica influindo sobre o homem, afetando não só a sua mente, mas também o seu corpo. Neste sentido, qualquer separação formal entre natureza, cultura e sociedade é artificial e não nos ajuda a esclarecer as questões suscitadas pelo tema.

Quando falamos em Cultura, evidenciamos a vivência histórica de significados que um grupo conjuga e com o qual distinguem seus componentes, as linguagens com as quais se manifestam, os identificadores e as técnicas significativas, os valores, a fé e o gosto com os quais se coligam e a história que coletivamente constroem. Por esse ângulo, a cultura não se confunde com as competências que alguns têm e outros não têm, nem com descrições culturais resguardadas, muitas vezes, de forma dissimulada. Com essa atitude, a cultura é viva, flexível e plural, associando até mesmos elementos aparentemente divergentes e díspares.

O conceito de cultura se apresenta como uma análise conservadora da sociedade, da política e do ser humano. Deste modo, o conceito fica subjugado à afirmação conservadora e tradicionalista de que a ordem política presente é a única viável, visto que sua modificação vai de encontro ao patrimônio cultural herdado dos antepassados.

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Até que ponto o indivíduo pode afirmar sua autonomia diante da cultura transmitida?

Somos produto da cultura, ou tramamos de um modo autônomo e independente o nosso próprio ambiente cultural? A cultura é tudo o que o homem adiciona à natureza. Esta é com certeza a citação mais importante para instituir ou determinar a acepção de cultura. Tudo o que o homem faz na vida e que lhe não é inato ao nascimento pode ser considerado como ação de cultura. Cultura é construção.

Assim, dentro de uma mesma sociedade, distintos grupos (classes sociais, associações profissionais, etc.) podem dar significados diferentes para um mesmo acontecimento ou dado.

Portanto, desenvolvem atitudes distintas de visão e reação. A organização de significados e métodos de um grupo social é o que chamamos de cultura.

A cultura é passada de geração em geração de acordo com um processo designado por ENCULTURAÇÃO (necessidade da constituição de uma cultura nacional, que unifique o mercado e centralize o poder), passando por um outro denominado de SOCIALIZAÇÃO, que é durável na vida do homem. Não basta, portanto, ao ser humano estudar, mas é preciso, antes de tudo, escolher aquilo que estuda, de modo a se conhecer coisas úteis.

As atividades didáticas em sala de aula devem compreender, além da leitura de textos, a apreciação de materiais procedentes da mídia (televisão, jornais, revistas, vídeo, internet, etc.), proporcionando aos alunos a possibilidade de ponderação acerca dos problemas contemporâneos a partir do instrumental teórico oferecido. Ainda é necessário preparar os educadores para uma mudança de postura.

É preciso a renovação curricular e um enriquecimento geral da escola, rumo a padrões mais abertos e flexíveis de ensino e aprendizado. A comunicação terá que ser de mão dupla, não somente para garantir a possibilidade da livre expressão, mas também proporcionar o próprio processo de comunicação humana. A cultura é o alimento da educação. A Educação é transmissora da cultura.

A escola é um espaço de trocas culturais, é um lugar de propagação e interação da cultura e do conhecimento. A educação não é apenas transmissão de informações, mas ampliação da capacidade de relacionar os conteúdos e construção de interpretações pessoais.

35 4.2.5. Cultura e personalidade

Poucos conceitos padecem, na linguagem das ciências humanas e sociais, de tanta imprecisão quanto o conceito de personalidade. Constantemente temos oportunidade de ver este termo empregado como sinónimo de temperamento, caráter, ou num sentido tão vago que nos é impossível saber o que tem em mente quem o usa. Não é raro, por exemplo, ouvirmos falar em pessoas "sem personalidade" ou "com muita personalidade", como se esta fosse um bem material, passível de ser aferido em termos quantitativos como dinheiro, beleza física, etc.

Ottaway define personalidade como "o tipo de pessoa que a gente é", querendo dizer que é ela que permite nos distinguirmos uns dos outros, ao mesmo tempo que nos identificamos conosco mesmo. E através das formas de expressão de nossa personalidade que chegamos a ser conhecidos pelos que nos cercam e que estes podem formular as expectativas de comportamento que emprestam sentido à convivência social.

É por ela, inclusive, que se expressam nosso temperamento, nossas tendências, nossas atitudes em face do grupo, sendo a personalidade um somatório que inclui, simultaneamente, os aspectos somáticos, psíquicos e constitucionais que nos caracterizam. Tais componentes estão em interação tão dinâmica que só mesmo a constante pressão social, com sua função uniformizadora das condutas particulares, seria capaz de frear os conflitos que fatalmente ocorreriam se nos deixássemos guiar apenas pelos nossos impulsos, pelos nossos interesses ou pelas nossas necessidades imediatas.

No sentido antropológico, a personalidade pode ser entendida como uma configuração, um todo, que resulta da combinação ativa e permanentemente renovada do meio físico e social em que vivemos, mais os fatores individuais, hereditários ou congênitos de que somos

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portadores. Portanto, o conceito de personalidade que não levar em conta, simultaneamente, este conjunto de fatores, poderá de antemão ser considerado incompleto, falho ou parcial.

A Antropologia nos tem oferecido uma contribuição muito significativa no que diz respeito à influência do meio social na formação da personalidade, principalmente a partir de pesquisas etnológicas realizadas junto a grupos pré-letrados, vivendo, mesmo, em um grau de relativo isolamento em relação à cultura ocidental. As conclusões destes estudos têm levado à revisão de inúmeros conceitos da Psicologia clássica, como o da discutida "natureza humana"

tão largamente explorado para justificar, ou pelo menos explicar, aspectos da conduta do homem que, por se repetirem com certa constância e a partir de uma idade bem precoce, eram atribuídos a uma força invencível e invisível, que estava na própria "natureza das coisas" e, portanto, independentemente de qualquer influência do meio.

Para ficarmos apenas em um exemplo que tem estreita relação com a educação, lembraríamos os famosos estudos de Margaret Mead, realizados nas primeiras décadas do século XX, junto aos habitantes de algumas ilhas do Arquipélago da Nova Guiné, ainda não afetados pela cultura europeia. A antropóloga americana conviveu durante largo tempo com tais grupos e os resultados de suas observações, descritos em livros verdadeiramente fascinantes, trouxeram à discussão o velho tema das exatas dimensões e dos limites da

"natureza humana", enquanto característica universal e comum a todos os homens e a todas as mulheres, independentemente de qualquer conotação histórica ou cultural.

Descreve-nos Margaret Mead a existência de grupos onde os homens desempenham a maioria das funções que, entre nós, são habitualmente reservadas à mulher e vice-versa, e como esta troca das funções responde a condições específicas da vida do grupo, só podendo ser entendida e explicada quando se conhece em profundidade a estrutura e o funcionamento daquela sociedade.

Relata a existência de comunidades onde a figura do pai é o centro de toda a vida familiar e a mãe é figura de segundo plano, desprezada pelo esposo e pelos filhos, exercendo funções absolutamente secundárias, realizando-se socialmente em poucas ocasiões (é evidente que, neste caso, o complexo de Édipo toma conotações inteiramente distintas das que tem numa sociedade como a americana, por exemplo, onde a figura materna é endeusada e supervalorizada).

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Leva-nos, ainda, a citada autora, a conhecer a vida de outros grupos, onde o pudor masculino se manifesta de modo idêntico ao feminino, por força dos mecanismos rígidos de que lançam mão os seus membros mais velhos para preservar os tabus relacionados ao sexo.

Conta-nos, também, como entre os jovens habitantes das Ilhas Samoa, na fase da adolescência, não se verifica nenhum tipo de comportamento que possa ser encarado em termos de "crise" e como ali a passagem da infância para a idade adulta faz-se dentro de padrões completamente diversos dos nossos.

Um dos mais curiosos costumes que a autora registrou é o relativo à criação dos filhos entre os habitantes da Nova Guiné, onde a geração mais jovem não sofre, ao longo de toda a infância, qualquer tipo de constrangimento social, criando-se inteiramente à vontade, fazendo o que bem entende, sem obedecer a nenhuma norma disciplinar, muito ao contrário, submetendo os próprios pais e parentes aos seus caprichos e até mesmo a afrontas físicas.

Entretanto, estes "pequenos déspotas", de quem jamais alguém conseguiu obter que fizessem qualquer coisa contra sua vontade, tão logo chegados à adolescência, passavam a se enquadrar rapidamente nos cânones da vida adulta, cheia de severos tabus, de preconceitos morais para nós absurdos, de regras de conduta as mais rígidas. Este enquadramento fazia-se com um mínimo de conflito em relação ao grupo, sendo raríssimos os casos de inadaptados ou desajustados sociais; também raros os pais que se viam obrigados a recorrer à violência para conformar os filhos adolescentes aos seus próprios padrões, na fase julgada própria.

Neste último exemplo citado, o que interessa particularmente a nós, educadores, entendermos é como funcionam objetivamente os mecanismos sociais que levam os jovens a este pronto enquadramento, negando todo o passado, para eles recente, de autodeterminação, de livre-arbítrio, de plena independência em relação aos adultos. Não que pensemos na possibilidade de copiar tais modelos culturais, o que seria absurdo; mas aqui são expostos como um ponto de partida que nos permite descobrir quais as variáveis presentes em nosso contexto social que podem explicar por que, nas condições da vida civilizada, nos é cada vez mais difícil promover com êxito este ajustamento das novas gerações às exigências da vida adulta. Voltamos, aqui, a afirmar o que ficou acima dito quanto à contribuição da Antropologia à teoria da Educação. O estudo de outras culturas distintas pode nos esclarecer muitos pontos ainda obscuros a respeito da estrutura e do funcionamento das instituições educacionais da sociedade contemporânea.

38 EXERCÍCO DO MÓDULO II

Unidade II. Cultura e Educação.

1ª) Descreva a relação que existe entre cultura e educação, apresentando as diferenças de cada uma das categorias.

2ª) De que forma a cultura influencia na formação da personalidade?

3ª) Conceitue educação formal, informal e não formal.

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NOTA DE AULA 3 – 4.3 O PARADIGMA DO CONSENSO NA SOCIOLOGIA DA

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