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ÂNGELA VIEIRA- Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP ª região.

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ÂNGELA VIEIRA-

Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP 0687-

20ª região

.

TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO – TCC CURSO: DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR ALUNO: ELISANGELA GOMES DA SILVA

TURMA: DC 74A ANO: 2018

TEMA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I

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COORDENAÇAO DE EDUCAÇÃO PROJETO BÁSICO PARA TCC ALUNO: ELISÂNGELA GOMES DA SILVA

TURMA: DC74A ANO: 2018 SUMÁRIO

PAG.

INTRODUÇÃO... 03

1-O QUE É PLANO DE ENSINO? ... 04

2-IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO... 06

3-PLANO DE ENSINO... 07

4-SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I ... 10

4.1-MODULO I - OS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO... 10

4.1.1 – Conceito de Sociologia ... 10

4.1.2 – Conceito de Educação ...

...

13

4.1.3 – Conceito de Sociologia da Educação... 17

4.2-MDULO II - CULTURA E EDUCAÇÃO... 22

4.2.1 – Caráter histórico do processo educativo... 22

4.2.2 – Educação como processo social... 24

4.2.3 – Enfoque sócio antropológico da personalidade... 28

4.2.4 – Conceito de cultura... 30

4.2.5 – Cultura e personalidade... 35

4.3-MODULO III - O PARADIGMA DO CONSENSO NA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO.... 39

4.3.1 – O funcionalismo ... 39

4.3.2 – O funcionalismo e a educação... 42

4.3.3 – A contribuição de Durkheim... 46

4.4- MODULO IV - O PARADIGMA DO CONFLITO... 50

4.4.1 – Enfoques marxistas... 51

4.4.2 – O neomarxismo na Sociologia da Educação... 55

4.4.3 – A contribuição de Louis Althusser... 55

4.4.4 – A visão de Bourdieu e Passerom... 57

4.4.5 – A abordagem sociológica de Gramsci... 60

4.4.7 – A contribuição de Paulo Freire... 62 5-BIBLIOGRAGIAS BÁSICAS UTILIZADAS:

5.1- ALTUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos do Estado. 7ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

5.3 - BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editora Vega, 1978.

5.4 - FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

5.6 - _____________. Educação como prática da liberdade. 23ed. Rio de Janeiro, 1999.

5.7 - GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 3ed. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1979.

5.8 - SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução a Sociologia da Educação. 3. ed; rev. ampl. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2015.

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3 INTRODUÇÃO

A Sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais que ocorrem em relação ao ensino e à aprendizagem. Tanto os processos institucionais e organizacionais, nos quais a sociedade se baseia para prover educação a seus integrantes, como as relações sociais que marcam o desenvolvimento dos indivíduos nestes processos, são analisados por esta disciplina.

A Sociologia da Educação oportuniza aos seus pesquisadores e estudiosos compreender que a educação se dá no contexto de uma sociedade que, por sua vez, é também resultante da educação. Também oportuniza compreender e caracterizar a inter-relação ser humano/sociedade/educação à luz de diferentes teorias sociológicas. O estudo de sociedade nos oferece diferentes ferramentas importantes nesta análise.

O conhecimento de como diferentes culturas se reproduzem e educam seus indivíduos permite uma aproximação dos processos estruturais que compõem a educação de uma forma mais ampla. A sociologia da educação é a extensão da sociologia que estuda a realidade sócio educacional.

O presente trabalho trata dos fundamentos teóricos da Sociologia da Educação, nele enunciamos o conceito de Sociologia; a relação entre cultura e educação, enfocando o caráter do processo educativo; a educação como processo social e a visão sócio antropológica da personalidade. Apresentamos também uma discussão acerca do paradigma do consenso e do conflito, abordando as contribuições do funcionalismo e do marxismo em educação. Nessas abordagens comentamos os estudos de Durkheim, Louis Althusser, Antônio Gramsci, Bourdieu e Passerom.

Esses conjuntos de textos têm como objetivo mostrar aos acadêmicos que se dedicam ao estudo da Sociologia da Educação as várias concepções sociológicas que influenciam o processo educacional.

Devemos alertar que esse trabalho se constitui em elementos preliminares para aqueles que querem aprofundarem-se nos estudos e pesquisas em Sociologia da Educação.

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4 1 - O QUE É PLANO DE ENSINO?

Como o próprio nome indica, um plano de ensino nada mais é do que um planejamento no qual o professor interliga os objetivos, os conteúdos e as metas que pretende atingir com os alunos em determinada disciplina. Um plano de ensino bem elaborado possui o poder de facilitar a vida do professor durante o ano/semestre, organizando suas atividades de modo a atingir as metas estabelecidas para aquela disciplina. E embora pareça simples colocar no papel tudo o que se pretende na disciplina ministrada, fazer um plano de ensino, na maioria das vezes gera muitas dúvidas sobre o quê colocar e onde colocar as informações, principalmente para as pessoas que na graduação não tiveram contato com disciplinas pedagógicas. O planejamento tem como ponto inicial a reflexão do “o quê“, “para quê“, “como” e “com o quê” ensinar, e sobre os resultados das ações empreendidas. As respostas a essas questões resultam em objetivos, conteúdos, metodologia, e formas de avaliação.

Os objetivos são os propósitos da ação. Funcionam como horizonte e alicerce da prática. São expressos por meio de verbos no infinitivo que traduzem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperadas dos alunos. Indicam propósitos amplos, denominados objetivos gerais, os quais se referem à formação de atitudes, convicções e valores ao longo do curso; e objetivos específicos, que sinalizam propósitos com resultados mais rápidos, observáveis pelo professor a cada aula.

Os conteúdos abrangem os conceitos e assuntos que serão trabalhados durante a disciplina. Recomenda-se que a organização curricular acompanhe um crescimento das dificuldades conceituais e a integração dos conteúdos a fim de promover um saber que seja articulado, interdisciplinar.

A metodologia trata dos recursos que serão necessários para promover os objetivos e

conteúdos e dessa forma precisa haver coerência entre os mesmos. Para a escolha do recurso

didático leva-se em conta questões como: Os recursos são condizentes com os objetivos, com

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5

a natureza do conteúdo que se trabalha, com o perfil dos alunos, com as atividades propostas e o tempo disponível?

E por fim, a avaliação, onde conceitos, atitudes e habilidades a serem demonstrados pelos alunos serão avaliados a fim de verificar se os objetivos foram alcançados. Para tal é necessário estabelecer critérios de avaliação onde se tenha claro o que se pretende avaliar e de que forma. Didaticamente falando, a melhor maneira de se medir o aprendizado é uma avaliação abrangente que avalie o indivíduo como um todo, não só a habilidade de reter conhecimento, mas também de processá-lo, (re) construí-lo, e utilizá-lo em outras situações.

Antes de elaborarmos o plano, é preciso verificar antes o que seguinte:

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6 2 – IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO

A partir da pesquisa, percebemos que para o professor desenvolver bem suas aulas, para que a aprendizagem aconteça e que o processo de avaliação seja eficaz é necessário que haja um planejamento condizente com aquilo que ele deseja trabalhar. Podemos afirmar que o planejamento é de extrema importância para que o professor possa pensar na avaliação, promover o desenvolvimento do aluno, haja vista que, esse processo significa que todo trabalho deve ser planejado, com qualidade, de forma que o planejamento e a avaliação estejam diretamente direcionados para a construção do conhecimento do educando. Entretanto, sabemos que é necessário o professor ter conhecimento daquilo que vai ensinar, como vai ensinar, para quem vai ensinar e buscar ações para que as metas sejam desenvolvidas, no intuito de atingir os objetivos estabelecidos

”[...]sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma é planejamento (DALMÁS, 1994, P. 23). Dessa forma, planejar é o ato de organizar ações a fim de que estas sejam bem elaboradas e aplicadas com eficiência, se possível, nos momentos relacionados da ação ou com quem se age. Por isso, para planejar bem é necessário conhecer para quem se está planejando, no caso, o professor deve conhecer a turma com que trabalha e mais, o aluno com quem trabalha.

Quanto mais se conhece, melhor se planeja e se obtêm melhores resultados. Para Luckesi, (2011, p. 125), “Planejar significa traçar objetivos, e buscar meios para atingi-los”.

Logo, entendemos que, para que haja planejamento são necessárias ações organizadas entre si,

às quais correspondem ao desejo de alcançar resultados satisfatórios em relação aos objetivos

traçados. Em relação a isso, HOLANDA apud Luckesi (2011, p.19) afirma que: Podemos

definir o planejamento como a aplicação sistemática do conhecimento humano para prever e

avaliar cursos de ação alternativos, com vista a tomada de decisões adequadas e racionais, que

sirvam de base para a ação futura. Planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito, ou

seja, um plano é uma linha de ação pré-estabelecida.

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PLANO E ENSINO

CURSO PEDAGOGIA

DISCIPLINA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I

PROFESSOR ELISÂNGELA GOMES DA SILVA

Nº DE CRÉDITOS

4 CARGA HORÁRIA 80 HORAS

MARCO REFERENCIAL

PERFIL DO

EGRESSO

O egresso do curso de Pedagogia poderá atuar como professor na Educação Infantil, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Cursos Normal de nível Médio e em Cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar. Além disso, o pedagogo poderá atuar nas áreas de gestão educacional, coordenação e supervisão pedagógica e na orientação educacional de processos educativos nos diferentes níveis da educação básica e em contextos educativos não-escolares.

CONTEXTUAL I

ZAÇÃO DA DISCIPLINA

A sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais que ocorrem em relação ao ensino e à aprendizagem. Tanto os processos institucionais e organizacionais, nos quais a sociedade se baseia para prover educação a seus integrantes, como as relações sociais que marcam o desenvolvimento dos indivíduos nestes processos, são analisados por esta disciplina.

EMENTA Sociologia; Sociologia da Educação; Cultura e Educação; Enfoques Teóricos em Sociologia da Educação.

MARCO OPERACIONAL

OBJETIVO

GERAL DA DISCIPLINA

Refletir sobre a experiência educacional sob condições historicamente determinadas. Possibilitando ao aluno compreender a educação como elemento determinado e determinante da sociedade. Identificando assim a função social da Educação no contexto das sociedades modernas.

MÉTODOS

- As aulas serão ministradas através de metodologias que promovam a participação do aluno, inserindo-o como protagonista nos processos de ensinar e aprender.

- Nessa perspectiva, serão desenvolvidas atividades que estimulem a reflexão crítica sobre os conhecimentos aprendidos e a curiosidade investigativa sobre os fatos do cotidiano o qual está inserido. No decorrer das aulas serão propostas atividades em grupo, como o intuito de promover a capacidade de trabalhar em equipe, propiciando o respeito às diferenças individuais, multiculturais e étnicas.

- No decorrer do semestre, serão realizadas aulas semipresenciais, através de atividades que propiciarão ao aluno refletir sobre os conhecimentos trabalhados na disciplina. As atividades semipresenciais propostas serão acompanhadas pelo professor que irá proporcionar momentos no qual o aluno irá debater, refletir e

apresentar suas interpretações sobre as mesmas.

- Para efetivação dessa proposta serão trabalhadas diversas técnicas e métodos de ensino como: aulas expositivas e dialogadas, seminários, trabalhos em grupo e atividades no qual o aluno irá elaborar, estudar, investigar, produzir trabalhos acadêmicos (resumos, resenhas, fichamentos e projeto de pesquisa) desenvolvendo no mesmo a autonomia intelectual e o interesse pelo conhecimento científico.

RECURSOS - Utilização de recursos instrumentais (quadro branco, livro, apostila);

- Utilização de recursos de mídia (projetor de imagem, notebook, internet);

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- Utilização de recursos para promover interação (dinâmica de grupo, estudos em grupo, trabalho de pesquisa em grupo).

UND

ASSUNTO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I UNIDADE I: - Os fundamentos sociológicos da Educação 1.1 Conceito de Sociologia

1.2 Conceito de Educação

1.3 Conceito de Sociologia da Educação II UNIDADE II: - Cultura e Educação

2.1 Caráter histórico do processo educativo 2.2 Educação como processo social

2.3 Enfoque sócio antropológico da personalidade 2.4 Conceito de cultura

2.5 Cultura e personalidade

III UNIDADE III: - O paradigma do consenso na Sociologia da Educação 3.1 O funcionalismo

3.2 O funcionalismo e Educação 3.3 A contribuição de Durkheim

IV UNIDADE IV: - O paradigma do conflito 4.1 Enfoques marxistas

4.2 O neomarxismo na Sociologia da Educação 4.3 A contribuição de Louis Althusser

4.4 A visão de Bourdieu e Passerom 4.5 A abordagem sociológica de Gramsci 4.6 A contribuição de Paulo Freire

AVALIAÇÃO

a) PARCIAL 1- Sistematizações escritas, (1.0)

b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 – Prova individual escrita; (6.0) c) PARCIAL 2 – Trabalho de pesquisa escrito realizado em campo, (2.0) d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 – Socialização Oral (1.0) OBSERVAÇÃO:

-Avaliação acontecerá de forma processual e final, considerando:

-A qualidade da participação nos encontros em sala de aula, na apresentação de trabalhos, interação nas discussões e atividades propostas.

-Produção de textos dissertativos e sistematização de pesquisas feitas.

- Capacidade de olhar reflexivo sobre o cotidiano, demonstrado pelas leituras feitas e experiências vivenciadas, relacionando concepções pedagógicas com a prática observada e vivenciada.

REFERÊNCIAS BÁSICAS

ALTUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos do Estado. 7ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editora Vega, 1978.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.

_____________. Educação como prática da liberdade. 23ed. Rio de Janeiro, 1999.

GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 3ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.

SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução a Sociologia da Educação. 3. ed;

rev. ampl. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2015.

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REFERÊNCIAS

COMPLEMEN TARES

AQUINO et al. História das Sociedades: das sociedades modernas às atuais. Ao livro técnico: Rio de Janeiro, 1982.

BRUNO. Lúcia. Educação e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo. São Paulo: Ed. Atlas, 1996.

CUNHA, Luís Antonio. A educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1978.

DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo:

Cortez, 2006.

FERRETTI. Celso João et al. Novas tecnologias. Trabalho e Educação.

Petrópolis — RJ: Ed. Vozes, 1994.

GALLIANO, A. Guilherme. Introdução à Sociologia. São Paulo: Herbra, 1986.

GENTILI. Pablo (org.). Pedagogia da exclusão — crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis-RJ: Ed. Vozes, 1995.

GOMES, Cândido. Educação em perspectiva sociológica. São Paulo:

EPU,1985.

LIBANEO. José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Ed.

Loyola, 1993.

FONTES DA INTERNET

LINK:https://idaam.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/97885821768 70/pages/5

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10 4 – SOCIOLOGIA DAEDUCAÇÃO I

NOTA DE AULA 1 - 4.1 – OS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO

4.1.1 – Conceito de Sociologia

"A Sociologia representa a autoconsciência científica de uma realidade social."

Hans Freyer O termo sociologia foi usado pela primeira vez, no sentido pelo qual ainda hoje o conhecemos, por Augusto Comte, para designar, segundo o eminente pensador francês, a ciência da sociedade. São inúmeras as definições que encontramos nos manuais de Sociologia, desde as mais restritivas, como aquela que propõe Durkheim, para quem a Sociologia "é o estudo das instituições sociais, de sua génese, de seu funcionamento", até as mais abrangentes, como a de Park, para quem a Sociologia "é a ciência do comportamento coletivo".

Podemos dizer também, que Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade.

É uma ciência que pertence ao grupo das ciências sociais e humanas. O objeto de estudo da

sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas

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internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais.

A sociologia estuda as relações de formalidade presentes na vida e nas sociedades.

Como é relativa aos fatos e à realidade, não determina regras dos estados sociais e das particularidades da conduta humana, porque esse é objetivo da filosofia e ética social. A palavra "sociologia" foi criada por A. Comte, mas o conceito surgiu através do pensamento social e filosófico do iluminismo (por exemplo: em Montesquieu e Hobbes) e no idealismo alemão (por exemplo: Hegel).

A sociologia abrange várias áreas, existindo sociologia comunitária, sociologia econômica, sociologia financeira, sociologia política, sociologia jurídica, sociologia do trabalho, sociologia familiar, etc.

Através das pesquisas sobre os fenômenos que se repetem nas interações sociais, os sociólogos observam os padrões comuns para formularem teorias sobre os fatos sociais. Os métodos de estudo da sociologia envolvem técnicas qualitativas (descrição detalhada de situações e comportamentos) e quantitativas (análise estatística).

Divulgada pelo Professor Costa Pinto, parece-nos uma definição muito operacional aquela que aponta a Sociologia como "o estudo científico da formação, da organização e da transformação da sociedade humana". Fica aí perfeitamente claro que a preocupação da Sociologia não se esgota no fato social, tal como ele se apresenta na sua realidade manifesta, mas que, para bem entendê-la, é preciso ir às próprias raízes da relação social, não apenas entre os homens, mas até mesmo entre os animais que apresentam alguma manifestação de vida coletiva, na certeza de que, ao conhecermos como se originou uma forma qualquer de interação. Estaremos entendendo muitos dos seus desdobramentos sucessivos (Os métodos histórico e evolucionista, por exemplo, dão grande ênfase a esta reconstituição, no plano teórico, dos processos sociais).

Também o segundo ponto da definição acima - o que se refere à organização da

sociedade humana - é importante de ser considerado, visto que ele se refere àqueles aspectos

da interação social que resultam de todo um sistema de ações e reações interindividuais e

intergrupais e que se expressam nas diferentes ordenações societárias, tais como grupos,

instituições, formas de sociabilidade, etc.

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Finalmente, o último elemento da definição - as transformações - nos lembram de que a vida em sociedade só pode ser apreendida por nós, em seu sentido mais profundo, se tivermos presente que esta vida está permanentemente se modificando e que entender e tentar explicar o sentido de tais modificações é tarefa precípua do sociólogo.

Principalmente no Brasil, onde vivemos um período de intensas e rápidas transformações, em todos os níveis de nossa realidade, não pode escapar à sensibilidade dos estudiosos dos problemas sociais a importância de entender o caráter dinâmico das relações sociais e em que medida nosso próprio desempenho como educadores podem contribuir para retardá-las ou acelerá-las, no sentido do pleno desenvolvimento do país.

Os professores, e muito principalmente os professores primários, têm sido sempre apontados como um dos grupos profissionais de mais acentuadas tendências conservadoras.

Este conservadorismo que pode, em parte, ser explicado pela própria natureza de sua tarefa específica - "transmitir às gerações mais jovens o acervo cultural das gerações mais velhas", garantindo as condições de continuidade da vida social - pode também, em parte, ter sua explicação no relativo descaso de nossos cursos de formação de professores em dar a seus alunos uma base filossociológica que lhes permita apreender o sentido profundo de sua missão cultural. Nossas escolas - principalmente nossas escolas normais, em sua maioria - têm-se preocupado até agora em ensinar aos jovens mais as disciplinas relacionadas com as técnicas didáticas, propriamente ditas, do que as disciplinas voltadas para a fundamentação teórica da educação.

Isto explica por que chegamos atualmente ao ponto de encontrar, em todo este nosso

imenso Brasil, inúmeros professores considerados como possuidores de um alto gabarito na

aplicação dos mais modernos métodos de aprendizagem e que muitas vezes são incapazes de

formular uma apreciação crítica razoável acerca do sistema educacional, enquanto instituição

integrada no contexto global da sociedade. E, o que é mais grave, muitas vezes tais

professores, por terem obtido prestígio no campo da aplicação daquelas técnicas pedagógicas,

são chamados a opinar ou até a decidir a respeito de medidas importantes, envolvendo

aspectos de nossa política educacional. O que então se ouve ou se lê é quase sempre a

manifestação mais completa de uma absoluta ingenuidade, quando não de um

desconhecimento total dos problemas básicos da educação no Brasil.

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Esta inoperância das escolas normais em transmitir a seus alunos uma base filosófica c sociológica compatível com a importância de seu trabalho futuro, ao mesmo tempo que demonstra uma razoável capacidade de introduzi-los na aprendizagem das técnicas didáticas mais modernas, leva-nos a concluir que, em muitas de nossas escolas de formação, os futuros professores aprendem como ensinar, mas não aprendem por que e, sobretudo, para que ensinar.

4.1.2 – Conceito de Educação

Do ponto de vista sociológico, a educação pode ser definida como "a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas ainda não amadurecidas para a vida social" ou, em outras palavras, "educação é a socialização da criança" (Durkheim).

Assim entendida, fica evidente o significado e a importância da educação para a vida do grupo, pois é ela, em última análise, que garante as condições de coesão, de renovação e da própria sobrevivência da sociedade.

Informal, espontânea, até mesmo inconsciente, nos grupos pré-letrados, à medida que a complexidade da vida social aumenta, a educação vai adquirindo importância cada vez maior, de tal sorte que nenhuma coletividade humana dos tempos modernos deixa de lhe reservar um papel de fundamental relevo no quadro de suas instituições.

Em culturas altamente complexas, como as que caracterizam as sociedades

contemporâneas, é à educação que compete à tarefa superior de criar as condições capazes de

evitar que esta complexidade acabe por destruir e eliminar a própria sociedade. São as

instituições educacionais, através de todas as suas manifestações concretas, que estabelecem e

regulamentam os mecanismos de transferência cultural, de especialização de hierarquias, das

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formas de conhecimento socialmente úteis, do domínio das técnicas de ação social, enfim de todo este verdadeiro universo cultural que constitui o conjunto dos conhecimentos que o homem moderno domina.

Em tais condições, há cada vez menos lugar para a improvisação, para o autodidatismo para o "aprender a fazer, fazendo", ao mesmo tempo que tendem a ser cada vez maiores as exigências, principalmente no mercado de trabalho, em termos de conhecimentos teóricos bem fundamentados, para que se atribua a alguém a responsabilidade de uma tarefa especializada. Mesmo os trabalhos desqualificados socialmente, que em outros tempos podiam ser feitos, praticamente, por qualquer indivíduo, sem maiores exigências, hoje implicam em algum tipo de conhecimento que apenas a "escola da vida" não é mais capaz de dar. A passagem pelos bancos escolares assume um caráter cada vez mais compulsivo, para todos aqueles que pretendem conquistar seu lugar ao sol.

O prestigio da educação formal, a crença de que, para merecer crédito por parte da sociedade, é necessário que a criança passe pela escola, seja qual for sua origem de classe, eis alguns princípios aceitos como axiomas, na sociedade moderna. Mesmo aqueles que não tiveram, quando crianças, oportunidade de ir à escola e que mesmo assim conquistaram seu espaço na sociedade, não põem em dúvida o valor da escola. Por mais rebelde que seja a criança e por mais que ela resista à pressão social quanto à obrigação de frequentar a escola, mais cedo ou mais tarde ela passará pelos bancos escolares, como todas as crianças de sua geração.

Para entender um pouco mais sobre como Durkheim entendia o que era educação

Durkheim, é necessário explicar que ele se esforça para declarar a autonomia e a

especificidade da sociologia e para isso a distingue da Psicologia e da Filosofia. [...] Para ele,

a sociologia é uma ciência autônoma e distinta das demais e isso se revela principalmente no

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seu objeto de estudo, bem como se distingue da Filosofia em razão de sua objetividade e pelo fato de se remeter ao empírico (VIANA, 2006, p. 31).

Diante dessas colocações, Durkheim define como objeto de seus estudos e, consequentemente, segundo ele como objeto de estudo da sociologia, os fatos sociais. Para ele, os fatos sociais devem ser definidos como: [...]toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independentemente de suas manifestações individuais (DURKHEIM, 2007, p. 13, grifos dele).

Portanto para Durkheim, o sociólogo deve ter como norte de suas pesquisas os fatos sociais, levando em consideração suas três características essenciais e tratando eles como coisas e, além disso, tendo o cuidado de estar sempre assumindo uma posição de neutralidade diante do fenômeno estudado. Tudo isso deve ser feito levando em consideração a consciência coletiva dos indivíduos. A consciência coletiva deve ser compreendida como “o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade”

(DURKHEIM, op. cit., p. 50).

Nesse sentido, como esse autor pensava a educação? Para Durkheim (2012) a sociedade que já se encontra constituída antes mesmo de nascer, elabora um certo ideal do que deve ser o homem correto, ou seja, um tipo de homem pautado naquilo que a sociedade acha que deve ser o tipo moral, físico e intelectual capaz de ser o mesmo para todos os indivíduos presentes na coletividade e capaz de ser diferenciado segundo “os meios singulares que toda sociedade compreender em seu seio” (p. 52). Para ele, todas as crianças que nascem em uma determinada sociedade e começam a fazer parte de um processo de socialização, precisam aprender duas coisas: um certo corpo de valores e crenças que são comuns a toda a sociedade e um certo corpo de valores e crenças que são específicos de sua classe, família ou profissão.

A educação começa a ganhar a sentido e Durkheim vai dizer que: A sociedade só pode

viver se existir uma homogeneidade suficiente entre seus membros; a educação perpetua e

fortalece esta homogeneidade gravando previamente na alma da criança as semelhanças

essenciais exigidas pela vida coletiva. No entanto, por outro lado, qualquer cooperação seria

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impossível sem uma certa diversidade; a educação assegura a persistência desta necessária diversidade diversificando-se e especializando a si mesma (p. 53).

Durkheim não faz pouco caso das consciências particulares dos indivíduos. É preciso compreender que ele estava em busca de uma teoria e de um método autônomos para a sociologia e por isso defendia a ideia de que o sociólogo deveria se preocupar com a questão das consciências coletivas, ou seja, de como esse conjunto de crenças e de sentimentos que são comuns a todos os membros da sociedade regulam e criam comportamentos, códigos e uma postura sobre aquilo que é certo e aquilo que é errado para o bom funcionamento da sociedade.

A educação para Durkheim tem como principal função a formação do ser social, ou seja, a formação de um ser coletivo capaz de participar do processo de socialização. Para ele a educação tem duas funções: uma função homogeneizadora e uma função diferenciadora. É homogeneizadora no sentido de formação do cidadão, do ser social em geral, ou seja, de ensinar a todo o indivíduo que é membro de uma determinada sociedade os valores, costumes, leis, direitos e deveres dos cidadãos; é diferenciadora no sentido de ensinar o seu papel social enquanto membro de uma determinada classe ou grupo social, ou seja, ensinar o seu trabalho, a sua função.

A educação representa a expressão da consciência coletiva dos indivíduos e, portanto,

estudá-la e pesquisá-la é também fazer uma análise dos sentimentos comuns e das

necessidades sociais da coletividade.

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17 4.1.3 – Conceito de Sociologia da Educação

Como acabamos de ver, no início deste módulo, a Sociologia tem por objetivo de estudo a vida dos homens em sociedade, em suas inter-relações, bem como as criações culturais que nela têm origem. Por outro lado, a educação com o processo social através do qual a sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural, sendo esta transmissão a garantia de continuidade da espécie humana, enquanto tal.

A partir destas duas definições, não é difícil deduzir-se a importância que tem, no conjunto das ciências humanas, a Sociologia Educacional, que estuda a sociedade do ângulo dos seus processos educativos. Cabe a esta disciplina analisar ampla e profundamente o quadro em que se processa a vida dos grupamentos humanos e compreender, a partir de uma visão global, de que fornia se relacionam os fins que um determinado sistema educacional se propõe obter e os meios de que lança mão para tanto.

A Sociologia da Educação desvendará os sucessivos véus que cobrem a realidade, para ver, em toda sua objetividade, até que ponto as necessidades sociais básicas estão ou não sendo atendidas com eficácia; cabe, enfim, a ela apontar, dentro do quadro das opções que se colocam concretamente a cada contexto, quais as soluções mais viáveis para a superação dos obstáculos que se opõem, constantemente, ao funcionamento regular das instituições sociais.

Professores, políticos, assistentes sociais, pais de família, todos os grupos ou

categorias profissionais que de algum modo atuam em sociedade, estão obrigados a conhecer,

nas condições da vida moderna, pelo menos os princípios básicos da Sociologia Educacional.

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Desde o encaminhamento profissional dos filhos ou dos alunos, até o planejamento de um sistema de educação global, será no corpo de conhecimentos organizados por esta disciplina que iremos encontrar respostas a muitas de nossas mais ansiosas indagações.

Para tanto, é preciso que estejamos em condições de distinguir claramente qual o campo de estudo e o objeto da Sociologia da Educação, a fim de que não a confundamos com a Filosofia da Educação ou com o mero conhecimento empírico da realidade educacional, o que pode acontecer sem o domínio de um quadro de referências que nos permita analisar e compreender esta realidade à luz de categorias científicas.

Sociologia da Educação é como é nomeada a disciplina que dedica-se a estudar os processos sociais de ensino e aprendizagem, abrangendo os aspectos também organizacionais e institucionais que permeiam o desenvolvimento da educação, bem como as relações sociais que compreendem os indivíduos inseridos neste meio e nestes processos.

Enquanto vertente da própria Sociologia, a Sociologia da Educação visa estudar a realidade sócio educacional, os ambientes onde há os processos educativos, mas, além disso, busca compreender os processos de socialização que se desenvolvem também nesse meio, a partir de relações que não se dão apenas entre professores e alunos, visto que inúmeros outros sujeitos estão envolvidos neste processo: a saber, a existência de diretores, coordenadores, supervisores, inspetores, pedagogos e mesmo os pais dos estudantes.

Os maiores intelectuais da Sociologia da Educação no mundo

Os principais nomes da fundação da chamada Sociologia da Educação são Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, entre outros. No entanto Émile Durkheim é o pioneiro na sistematização de obras tratando dessa temática, a exemplo de obras como “Educação e Sociologia”, “A Educação Pedagógica na França” e “Educação Moral”.

A Sociologia Educacional, para ser bem compreendida, pressupõe uma razoável formação teórica no campo das ciências sociais e, em particular, da própria Sociologia geral.

O estudo daquela especialidade a partir dela mesma, como é feito muitas vezes, tanto

em escolas normais como em cursos superiores de Pedagogia, responde pelo despreparo

existente entre grande número de professores que terminam seus cursos conhecendo alguma

coisa relacionada com Sociologia Educacional, podendo citar uns poucos autores que

escreveram acerca da matéria, conhecendo algumas definições mínimas lidas nos manuais,

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mas sem condições de "ver" o fenómeno educação integrado no processo social total, sem uma visão crítica que lhes permita discernir os aspectos fundamentais de sua profissão; enfim, tendo da educação uma visão parcial, incompleta, desligada do contexto e, portanto, insuficiente enquanto instrumento de ação.

É através do processo educativo que se concretiza a resposta ao desafio da sociedade industrial e que se toma possível manter o equilíbrio entre as necessidades cada vez mais urgentes de especialização profissional, de um lado, e de formação de quadros políticos suficientemente preparados para assumir a liderança social, de outro.

Contudo, a educação não se esgota nestas duas tarefas primordiais. Ela vai mais longe, quando se propõe a comunicar e transferir às jovens gerações os valores culturais e éticos que formam o substrato espiritual da sociedade humana, voltada para a conquista, no plano universal, de condições de convivência para todos. É também a Educação o veículo mais adequado à transmissão do "projeto nacional" de qualquer sociedade moderna.

São tantas as funções que, espera-se sejam cumpridas pela educação, que esta já não se pode limitar às instituições especificamente educacionais. Daí a importância de se estudar também, além da escola, da universidade, todas as demais instituições que, embora não estejam diretamente vinculadas à educação, desempenham papel de magna importância na socialização das gerações mais jovens; a família, as organizações religiosas e políticas, os veículos de comunicação de massa também têm uma palavra a dizer e não podemos deixar de ouvi-los. Mais do que nunca, comprova-se a veracidade do postulado segundo o qual "a Educação só pode ser entendida como integrando uma totalidade cultural, nunca como um fenómeno isolado".

A Sociologia da Educação e o contexto social

Não só para este sociólogo, mas para todos os pesquisadores dessa área, permite-se a oportunidade de pensar e compreender que a educação se dá num contexto social, e que essa sociedade por sua vez também se forma a partir da educação e dos processos educativos. Este pensamento é reflexo da crença de que os homens são produtos da sociedade e de maneira semelhante a sociedade também é um produto dos homens.

A própria Sociologia surgiu no intento de se compreender a forma como as relações

sociais se configuravam. Isso eclodiu especialmente com a instauração do sistema capitalista e

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seu desenvolvimento a partir das revoluções industriais, que modificaram drasticamente as estruturas dessas relações.

Isso nos faz acreditar que a importância da sociologia para a profissão docente se da justamente na possibilidade de oferecer recursos para que esses educadores possam instrumentalizar-se desse repertorio para desenvolver análises da sociedade e desse modo ajudá-los a compreender o próprio lugar da educação na sociedade e também compreender as relações das instituições educacionais com as demais instituições que constituem a sociedade, bem como família, igreja, trabalho, etc.

A educação, observada pelos sociólogos, não deixa de ser também um agente da manutenção da ordem social. Assim, compreende-se recorrentemente que a escola e o processo educacional são essencial para a sobrevivência a perpetuação as próprias sociedades.

Transmissão de conhecimentos sim, mas não somente disso são feitas essas relações. Mais do que os conteúdos básicos, de alguma maneira a escola perpetua as relações sociais e de trabalho presentes na sociedade, acabando por ensinar a viver em sociedade. No entanto, não cabe aqui juízo de valor quanto à forma como isso se apresenta na sociedade atual.

Mas a Sociologia da Educação visa realizar análises muito mais abrangentes. Ela não trata somente das relações sociais e de poder perpetuadas no ambiente escolar, e nem somente da necessidade da educação para a manutenção da sociedade. Essa disciplina e campo do conhecimento dedica-se também à análise de outros pormenores do ambiente escolar, como por exemplo os fatores que podem interferir nos resultados escolares.

Boas ou más notas, comportamentos ditos adequados ou não, disciplina ou indisciplina, etc. Estes e muitos outros conceitos e temáticas são estudados a partir da Sociologia da Educação. Compreende-se que estes resultados não dizem respeito somente à capacidade individual ou inteligência do indivíduo estudante (recorrentemente ressalta-se a importância de compreender-se a individualidade desses sujeitos), mas uma série de outros fatores influem nestes resultados.

É então que se percebe mais uma vez a interação do ambiente escolar com outros

segmentos da sociedade, isso por que estes diferentes fatores têm sim influência nestes

chamados resultados, que por sua vez também são formas falhas de buscar classificar

indivíduos tão diversos, com capacidades tão múltiplas, impossíveis de serem enquadrados

em notas ou conceitos tão fechados.

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A Sociologia e sua relação com outras disciplinas

Um dos mais graves equívocos cometidos pelas escolas de formação de professores, no Brasil, desde muito tempo, tem sido a falta de entrosamento, de correlação, entre as diferentes disciplinas que compõem o currículo escolar.

A grande maioria dos professores que hoje trabalham nos diversos setores da educação nacional ressentiu-se desta falha durante o período de sua formação especializada e de seu desempenho profissional e aqueles que mais tarde se converteram em professores de escolas normais, por sua vez, continuaram incidindo no mesmo erro, agravando ainda mais a situação.

Cada mestre organizava seu programa, preparava suas aulas, desincumbia-se de suas tarefas, desconhecendo totalmente o trabalho dos demais colegas. Isto, não obstante o velho chavão, tantas vezes repetido, de que as disciplinas do currículo não se devem apresentar como compartimentos estanques, isolados entre si.

Na realidade, fatores os mais diversos podem ser responsabilizados por esta quase generalizada ausência de inter-relação entre as matérias do currículo escolar: nossa falta de tradição em trabalhos de equipe, a vaidade e o vezo de muitos professores que não queriam admitir que sua disciplina precisasse da contribuição de outras para se afirmar; o excesso de encargos do professor, forçando-o a ir à escola apenas para dar suas aulas. Finalmente, mas não o fator menos importante, a falta de embasamento filosófico de grande parte de nós.

EXERCÍCIO DO MÓDULO I

Unidade I. Os fundamentos sociológicos da educação 1ª) O que é Sociologia e o que é Educação?

2ª ) Quais as contribuições que a Sociologia da Educação

pode oferecer para a compreensão cientifica do processo educativo e das instituições

educacionais?

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NOTA DE AULA 2 – 4.2 CULTURA E EDUCAÇÃO

4.2.1. Caráter histórico do processo educativo

Nas sociedades modernas, a consciência cada vez mais clara que se tem da importância da educação como fator de desenvolvimento, acompanha de perto a progressiva complexidade das formas de relação social e a necessidade, cada vez mais urgente, de agilização dos recursos materiais e humanos que se devem combinar a fim de que se possa efetivar plenamente o processo educacional.

Não é por coincidência que todas as nações contemporâneas veem na educação um dos alicerces fundamentais de seu corpo social, ao lado da base económica e disputando com esta as honras de posição-chave na infraestrutura da sociedade, responsáveis, ambas, pela funcionalidade plena de todas as outras instituições que a ela se superpõem.

Hoje é ponto pacífico em qualquer teoria do desenvolvimento que, nas condições da

sociedade de nossos dias, cada vez mais voltada para a ciência e para a tecnologia, cabe à

Educação, enquanto instituição básica, criar as condições mínimas que permitirão o pleno

desenvolvimento de todos os fatores sociais implicados no desenvolvimento integral daquela

sociedade.

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A educação na sociologia contemporânea

Nos anos 60 e 70 a sociologia da educação recebeu um enorme impulso com as pesquisas de Pierre Bourdieu que buscou analisar a relação entre escola e reprodução social:

ele escreveu "Os estudantes e o ensino" em 1968 e " A reprodução" em 1970, este junto com Jean-Claude Passerom. Ele também analisou o sistema universitário em "Homo academicus" (1984). Esse autor demonstrou como o processo de socialização imprime nos alunos um habitus primário que tende a se reproduzir em suas práticas sociais.

Na Escola as camadas de baixa renda acabam se defrontando com um habitus diferente, o que acaba desestimulando e dificultando o aprendizado. Em outros termos, na escola o educando encontra um capital cultural diferente daquele herdado na família. Ao mostrar os mecanismos sócio culturais da exclusão social a teoria de Pierre Bourdieu recebeu a denominação de crítico-reprodutivista. O tema das desigualdades escolares aparece também na obra de Roger Establet e Bernard Lahire.

Algumas linhas de pensamento dedicaram-se também a entender os processos de socialização em uma perspectiva microssociológica, ou seja, a partir do cotidiano dos indivíduos e de suas ações sociais: no centro dessa abordagem estão as interações sociais e o estudo dos grupos sociais, seja o meio familiar, seja o meio escolar, grupos de amigos, etc.

Um dos principais representantes desse tipo de análise é George Herbert Mead. Em Mind, Self, and Society (1932) ele estuda os processos de formação da subjetividade (Self) a partir da capacidade dos indivíduos de se representarem no lugar do outro (Outro generalizado) em atividades como jogos e recreações infantis. Embora seu estudo seja adotado também pela psicologia social, a análise das relações entre mente e sociedade também faz parte dos estudos sociológicos.

Nos Estados Unidos é especialmente importante a pesquisa de James S. Coleman e na Inglaterra um dos principais nomes é Basil Bernstein. Michael Apple e Henry Giroux são alguns autores que propõem uma análise crítica dos currículos escolares.

Também as pesquisas de Michel Foucault e sua análise da microfísica do poder e

da biopolítica tem uma enorme importância na pesquisa social em educação. A pesquisa

sobre gênero e os temas do racismo e da desigualdade social são também fundamentais nessa

área de estudos.

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Sociologia da educação no Brasil

No Brasil, um dos pioneiros na Sociologia da Educação foi Fernando Azevedo, signatário do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova em 1932, responsável pela Reforma do Ensino no então Distrito Federal (1927). Foi ainda um dos intelectuais responsáveis pela fundação da Universidade de São Paulo - USP em 1934. A disciplina também recebeu importantes contribuições de Florestan Fernandes.

Atualmente existem grupos organizados de pesquisadores em sociologia da educação em entidades científicas como a ANPOCS e a SBS (Sociedade Brasileira de Sociologia).

Nessas entidades são formados grupos de trabalho que estudam a realidade social da educação no Brasil. Atualmente alguns dos principais estudiosos são Carlos Benedito Martins (Universidade de Brasília) e Clarissa Baeta Neves (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

4.2.2. Educação como processo social

O caráter do homem não é um mero dado biográfico, mas uma conquista histórica que se repete a cada dia, com cada ser humano que, saltando para a vida, precisa antes de mais nada aprender a viver.

Distinto do que ocorre com os animais que, ao nascer, já trazem em embrião todas as reações que os capacitam a sobreviver autarquicamente no meio natural, o recém-nascido humano se caracteriza por uma extrema fragilidade e pela incapacidade de reação a um ambiente (ainda que ligeiramente) hostil ou indiferente.

Todos nós já tivemos ocasião de nos deliciar acompanhando os movimentos de um

animal recém-nascido, principalmente daqueles classificados como inferiores na escala

animal. Sua autonomia de ação, sua independência em relação à mãe (que em geral ele nem

conhece), servem para nos lembrar como é distinto o comportamento humano e mesmo o de

alguns animais mais ou menos "humanizados" por longa convivência com o homem, como é

o caso dos pequenos animais domésticos de raça, ou mesmo dos cavalos de corrida que

exigem uma assistência quase semelhante à que se dá a muitas crianças.

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O homem, ao nascer, se distingue por sua extrema fragilidade e pela sua absoluta dependência em relação ao grupo que o cerca, como também pelo tempo exageradamente prolongado de sua infância, a mais longa já observada entre qualquer espécie animal conhecida.

Os casos registrados e devidamente estudados de meninos lobos, isto é, de seres humanos cuja infância transcorreu longe do convívio de seus semelhantes (geralmente criaram-se com os animais da selva), têm servido para esclarecer muitos pontos até então obscuros acerca da "natureza humana", mostrando, inclusive, o caráter não biológico de nossa

"natureza social". Tais crianças apresentam, com certa constância, algumas manifestações que ajudaram a reformular velhas crenças e conceitos equivocados a respeito de particularidades do ser humano, quando posto em confronto com outros seres da escala biológica.

Verificou-se, por exemplo, que atos considerados elementares e mesmo instintivos, como andar, rir, chorar, apresentavam-se entre estas crianças, com características inteiramente incomuns, tendendo a uma semelhança maior com os animais em cujo meio se criaram, do que com os outros seres de sua própria espécie. Também em relação a manifestações de sentimentos e de emoções, tais crianças demonstravam uma total indiferença para com os outros homens, mostrando-nos que a afetividade é algo socialmente construído e não biologicamente determinado.

Ao nascer, a criança traz apenas potencialidades que poderão ou não ser desenvolvidas e atualizadas, ao longo de todo o processo vital. Por exemplo, seu aparelho vocal apresenta uma conformação tal que o faz susceptível de emitir sons articulados, desde que um modo qualquer de emissão lhe seja ensinado (de propósito ou não) pelo grupo.

A manifestação do pensamento através de símbolos (palavras, gestos, linguagem, escrita) também não é instintiva, espontânea, mas algo que a criança aprende, a partir dos primeiros meses de vida, na convivência social. O ato de caminhar ereto sobre os membros inferiores - para nós uma manifestação natural da hominalidade da criança - também é uma simples imitação, por parte dela, de uma forma de andar que é comum entre os homens, mas que não lhes é de modo algum instintiva, tanto que os meninos-lobos andam sobre os quatro membros ou se arrastam, como veem os animais fazerem.

Todas estas considerações feitas acima têm por objetivo acentuar a importância do papel da educação no processo de socialização do ser humano, dado que o homem não é

"naturalmente" social, mas esta sociabilidade é projetada. inculcada nele pelo meio cultural,

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que vai explorar as potencialidades, as virtualidades - estas sim, especificamente humanas - do jovem ser que se prepara para participar da vida do grupo.

Socialização, neste sentido, pode ser definida como o processo sociopsicológico que objetiva a formação da personalidade individual, através da interação social com outros indivíduos e grupos. Quando esta socialização adquire caráter de franca intencionalidade e se faz através de processos formais, socialmente sancionados, falamos em educação.

O caráter imperativo da socialização, como processo permanente, na sociedade humana, deriva do caráter não hereditário da cultura social. Enquanto os mecanismos biológicos de adaptação ao meio natural, de sobrevivência e de procriação da espécie humana são transmitidos através dos gens e, em grande medida, estão fora do controle humano, os mecanismos de adaptação ao meio social, de convivência, não sendo passíveis desta transmissão, devem ser ensinados constantemente, a cada novo ser que surge para a vida de grupo. Esta tarefa, empreendida há milhares de anos, ininterruptamente, pelas gerações mais velhas é que responde pela continuidade e pela manutenção da sociedade humana e que tem garantido a sobrevivência de nossa espécie na face da Terra.

Modernamente, é uma tese aceita mesmo nos círculos da chamada sociologia conservadora a de que a educação é a mola detonadora do desenvolvimento que caminha simultaneamente com o crescimento económico e com as mudanças ocorridas nos demais patamares da estrutura social. No plano prático, a compreensão clara desta relação é da maior importância, no sentido de que só ela evitará uma posição ingénua e até certo ponto nociva, por parte de muitos dirigentes e líderes, no campo da educação, que repetem, ainda hoje, as mesmas afirmações de 40 ou 50 anos atrás, segundo as quais as reformas de base devem começar pela educação. Como, dentro desta fórmula, jamais conseguiremos os recursos materiais e humanos necessários às reformas educacionais mais urgentes, continuaremos, obviamente, por longo tempo ainda, a sonhar com o dia, o ano, ou o século em que será possível "salvar o Brasil pela Educação".

Sabemos todos que reformas reais não se efetivam com sonhos. O que acabamos de afirmar poderia ser sintetizado no slogan: Desenvolvimento e educação para o desenvolvimento.

A bibliografia que se vem produzindo nos últimos anos a respeito dos aspectos

econômicos, políticos e sociais da educação e de sua importância no planejamento para o

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desenvolvimento, mostra-nos como os teóricos modernos das ciências sociais tem necessidade de equacionar as condições em que se deve processar, na prática, a modernização das instituições educacionais.

Émile Durkheim é o primeiro a ter uma Sociologia da Educação sistematizada em obras como Educação e Sociologia, A Evolução Pedagógica na França e Educação Moral.

Segundo Durkheim, a sociologia da educação serviria para os futuros professores para uma nova moral laica e racionalista, sem influência religiosa. Ele lançou as bases da teoria da socialização, processo pelo qual, passando pela família, escola e outras agências sociais, o indivíduo torna-se um ser social.

A socialização é um processo que ocorre por toda a vida do indivíduo, mas é claro que na escola ela ocorre de forma sistemática e organizada. Nesse sentido a sociologia da educação é mais ampla do que o estudo da escola (sociologia do ensino) na medida em que esta faz parte de um dos momentos da aprendizagem social e cultural. A sociologia da educação distingue, pois, entre a socialização primária e secundária.

Seguindo essa visão, Talcott Parsons defendeu que através do processo de socialização o indivíduo aprende a desempenhar determinados papéis sociais e que o processo de aprendizado correspondia a formação de uma determinada personalidade. Através da educação o indivíduo internaliza as normas sociais e forma uma determinada identidade social. Tanto Durkheim quanto Parsons tentam mostrar como a educação é um processo que molda os seres sociais e é necessária para a reprodução da vida social: ela é uma necessidade funcional.

A escola é considerada uma instituição social responsável pela educação formal e representa um desdobramento da família (educação informal). O sistema escolar nasce da complexidade da sociedade e é resultado da divisão do trabalho, ou seja, é um desdobramento da diferenciação e da especialização social.

Já na interpretação crítica o processo de aprendizagem e a escola situam-se entre as

fontes da superestrutura (da camada mais superficial da sociedade, formada por exemplo

pelos pensamentos e sentimentos que circulam na sociedade) e da infraestrutura da sociedade

(que é a camada mais básica), e estão apoiados nela. A infra-estrutura consiste no modo como

se organiza a produção dos bens econômicos em uma sociedade, e o modo de acesso da

população a esses bens faz parte dessa organização. Portanto do ponto de vista crítico as

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questões de política econômica, diretamente ligadas às condições de sustento material dos indivíduos e às desigualdades, divisões e conflitos que ocorrem na sociedade, afetam direta ou indiretamente todas as outras questões em uma sociedade, inclusive as questões educacionais.

É na escola e nos processos de aprendizagem em geral que são produzidas as ideias ou ideologias correspondentes aos distintos modos de produção. Na realidade atual a escola serve às necessidades do capitalismo. Seguindo, portanto, as teses de Karl Marx e Friedrich Engels, os estudiosos marxistas analisam a escola como o lugar na qual são gestadas as visões que legitimam sistemas de exploração, alienação e dominação.

É o caso de Louis Althusser com sua tese de que a escola é um aparelho ideológico do Estado. Outros teóricos ligados ao marxismo, como Antonio Gramsci, por sua vez, preferem entender a escola como o lugar em que pode ser produzida uma contra-ideologia ou uma nova hegemonia. Outras correntes do criticismo são contra esta concepção, pois veem a redução da escola a mero aparelho ideológico o que anula o discurso de possibilidade e esperança, salientando que as teorias reprodutivistas cumprem um papel fundamental, na medida em que libertam a pedagogia do espaço meramente escolar, relacionando escola/educação com os aspectos políticos, econômicos e sociais, visto que a escola não se explica por si.

No interior da corrente crítica, portanto, existe um debate sobre o papel reprodutor ou transformador da escola. A teoria crítica tem enorme influência no Brasil e é adotada por diversos nomes do pensamento pedagógico como é o caso de Paulo Freire, fundador dessa escola.

4.2.3. Enfoque sócio antropológico da personalidade

O antropólogo Ralph Linton (1960), na introdução de seu livro Cultura e

Personalidade chama nossa atenção para a importância da colaboração entre a Psicologia, a

Antropologia e a Sociologia, quando se quer compreender de maneira satisfatória as relações

entre cultura e personalidade, isto é, quando se pretende estabelecer, com critérios científicos,

a maneira pela qual o meio social em que vive o homem influencia a organização da

personalidade do indivíduo, e, reciprocamente, como este passa a atuar sobre o meio,

transformando-o ou conservando-o, numa palavra, fazendo história.

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Do ponto de vista da Teoria da Educação, tentar compreender como aqueles dois conceitos se interpenetram e se implicam mutuamente, através de um enfoque unilateral, se feito somente à luz de uma daquelas disciplinas, nos condenaria de antemão ao insucesso de uma visão parcial ou mesmo deformadora da realidade.

Diz Ralph Linton (1960) textualmente: "O problema fundamental, que hoje em dia é enfrentado por aqueles que investigam a realidade, reside no grau em que os fatores ambientais condicionam os estratos mais profundos da personalidade”.

Principalmente para os professores e educadores, de um modo geral, é da maior importância um conhecimento sistemático dos estudos realizados pelos antropólogos culturais, nos quadros das chamadas "sociedades primitivas", visto que naqueles estudos poderemos encontrar respostas a muitas de nossas justas e pertinentes indagações a respeito dos fatores sociais e culturais que interferem na formação da personalidade do indivíduo.

A ênfase sobre o tríplice enfoque (sócio-psíquico-antropológico) do conceito de personalidade surgiu inicialmente como uma resposta aos adeptos mais radicais da escola psicanalista, para a qual a personalidade de cada indivíduo podia ser suficientemente entendida e explicada a partir do estudo das suas relações com a família, na primeira infância, principalmente com o pai e com a mãe, mostrando a maioria daqueles psicólogos evidente descaso pelas condições da sociedade global em que tal família estava inserida.

Alguns dos discípulos de Freud logo reconheceram os perigos deste psieologismo extremado e devemos a Adler, Jung e, mais recentemente, a Karen Homey e Erich Fromm a preocupação em enfatizar também os fatores socioculturais. Com efeito, envolvendo e transcendendo o ambiente familiar em que se desenvolve a personalidade da criança, tais fatores podem explicar, de modo muito satisfatório, as origens de grande número de comportamentos que o indivíduo assume em sociedade. Igualmente antropólogos como Abram Kardiner, Bronislau Mali-nowsky e Ralph Linton preocuparam-se em estudar a personalidade através de uma perspectiva social e cultural mais ampla, sem abrir mão, é claro, da perspectiva psicológica.

Esta maneira interdisciplinar de considerar os fatores globais influentes sobre a

personalidade e que a condicionam realmente, abandonou aos poucos aquele psieologismo

que se limitava a estudar o indivíduo a partir de seu grupo familiar, supondo ser possível

conhecê-lo integralmente na moldura reduzida da família que, de maneira nenhuma,

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representa, como tantas vezes se repetiu erroneamente, uma miniatura da sociedade. Mas, de outro lado, também é necessário nos referirmos a um enfoque, tão viciado quanto este que acabamos de denunciar e que se limitava a remeter à herança biológica toda a responsabilidade pela formação da personalidade do indivíduo.

Dele, ainda hoje, nos sobram resíduos palpáveis nos ditos populares conservados pela tradição oral: "filho de peixe, peixe é", ou "tal pai, tal filho" ou "o que é bom já nasce feito", bem como em certo tipo de conversa coloquial em que se repetem "histórias" conhecidas de filhos adotivos que, cedo ou tarde, confirmaram "sua origem baixa", negando toda e qualquer influência do meio, para só realçar os fatores hereditários negativos

O ponto de equilíbrio entre estes enfoques deformadores da realidade parece surgir a partir do momento que conseguimos relacionar entre si os fatores de natureza psíquica, biológica e social, e em que, isentos de partir de preconceitos, nos colocamos em condições de ver a personalidade como um fenômeno total que exprime necessária e inevitavelmente a confluência destas três ordens de fatores, cada um deles igualmente importante mas nenhum ditando a palavra final e definitiva sobre o assunto.

O educador consciente deve mostrar-se particularmente cauteloso toda vez que lhe couber emitir opinião acerca de problemas relacionados com a personalidade de seus educandos, principalmente se não dispuser de amplos conhecimentos a respeito dos fatores de natureza social e psíquica que condicionam suas relações com a família e com o grupo, bem como não possuir informações seguras de seus antecedentes familiares. Devemos ter sempre em mente que a verdade científica nunca se nos apresenta de modo claro e transparente.

4.2.4. Conceito de cultura

Um povo que perde a sua cultura perde sua alma, fica sem identidade. Hoje, os meios de comunicação estão entre os principais transmissores da cultura de um país. Lógico que, como pano de fundo está todo um conjunto cultural, oferecendo uma maneira diferente de se viver, em resumo, um padrão cultural diferente.

O termo cultura tem sido tratado, muitas vezes, como o campo de saberes peculiares e

de base científica. Classificando cultura como tudo que o homem faz, vamos encontrar

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incluída a maneira de falar (língua), a maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar, de se interagir, etc.

No Brasil, tão vasto, tão amplo, com tantas expressões diferentes, com distintas maneiras de ser, de viver, de conviver e de fé múltipla, que vão se modificando de lugar para lugar, e a todo o momento, não podemos falar de uma única cultura, mas de culturas plurais que o formam. Será que já paramos para pensar, por exemplo, quantas nações existem inseridas no nosso contexto? São abrangentes culturas, culturas indígenas, africanas, quantas culturas plurais nós temos? A nossa realidade é formada por muitos povos europeus, cada um com suas tradições, línguas, procedimentos, modos de ser e crer, e que se misturaram aos distintos povos indígenas e africanos e ajudaram a formar um país plural e de diversas culturas.

O folclore (folk-lore-saber do povo), denomina um campo de estudos identificado como “antiguidades populares” ou “literatura popular” e utiliza a cultura de maneira primordial, referindo-se de forma geral à tradição de um determinado grupo, aos traços característicos de um povo ou de uma região, sendo também chamados de legítimos.

Esse enfoque leva muitas vezes a uma interpretação desarticulada ou errônea do que seja cultura. Aprendizados escolares como a “semana do folclore” ou “festa junina”, quando escolhem apenas estudar costumes, fábulas, danças e comidas típicas são inspiradas nesse enfoque de cultura. Há muitas maneiras de dizer o que é cultura. Para alguns é sinônimo de conhecimento letrado, erudição. Para outros, cultura é expressão artística. Há quem considere cultura um certo tipo de educação, fineza, bom caráter.

Ralph Linton (1960) conceitua cultura partindo da afirmação de que ela "é a forma de

viver em sociedade". Costuma-se apresentar a cultura como tudo aquilo que o homem faz ou

pensa, ou sente enquanto membro de um grupo, isto é, enquanto participa de qualquer forma

de existência coletiva. Ora, todas as manifestações que aí têm lugar, com exceção de um

número muito reduzido de reflexos instintivos e, portanto, biológicos, são aprendidas pelo

homem em contato com outros seres humanos, os quais lhes transmitem progressivamente os

padrões de conduta vigentes no grupo. Tal transmissão visa preparar o novo parceiro para a

vida social, adaptando-o para a convivência com os homens, através de processos conscientes,

muitas vezes formais, criados e desenvolvidos pelo próprio grupo.

Referências

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