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ÂNGELA VIEIRA-
Coordenadora de Educação IDAAM-POSGRADO Prof. Mestra em Educação e Psicóloga- CRP 0687-
20ª região
.TRABALHO DE CONCLUSAO DE CURSO – TCC CURSO: DOCENCIA DO ENSINO SUPERIOR ALUNO: ELISANGELA GOMES DA SILVA
TURMA: DC 74A ANO: 2018
TEMA: SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I
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COORDENAÇAO DE EDUCAÇÃO PROJETO BÁSICO PARA TCC ALUNO: ELISÂNGELA GOMES DA SILVA
TURMA: DC74A ANO: 2018 SUMÁRIO
PAG.
INTRODUÇÃO... 03
1-O QUE É PLANO DE ENSINO? ... 04
2-IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO... 06
3-PLANO DE ENSINO... 07
4-SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I ... 10
4.1-MODULO I - OS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO... 10
4.1.1 – Conceito de Sociologia ... 10
4.1.2 – Conceito de Educação ...
...
134.1.3 – Conceito de Sociologia da Educação... 17
4.2-MDULO II - CULTURA E EDUCAÇÃO... 22
4.2.1 – Caráter histórico do processo educativo... 22
4.2.2 – Educação como processo social... 24
4.2.3 – Enfoque sócio antropológico da personalidade... 28
4.2.4 – Conceito de cultura... 30
4.2.5 – Cultura e personalidade... 35
4.3-MODULO III - O PARADIGMA DO CONSENSO NA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO.... 39
4.3.1 – O funcionalismo ... 39
4.3.2 – O funcionalismo e a educação... 42
4.3.3 – A contribuição de Durkheim... 46
4.4- MODULO IV - O PARADIGMA DO CONFLITO... 50
4.4.1 – Enfoques marxistas... 51
4.4.2 – O neomarxismo na Sociologia da Educação... 55
4.4.3 – A contribuição de Louis Althusser... 55
4.4.4 – A visão de Bourdieu e Passerom... 57
4.4.5 – A abordagem sociológica de Gramsci... 60
4.4.7 – A contribuição de Paulo Freire... 62 5-BIBLIOGRAGIAS BÁSICAS UTILIZADAS:
5.1- ALTUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos do Estado. 7ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
5.3 - BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editora Vega, 1978.
5.4 - FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
5.6 - _____________. Educação como prática da liberdade. 23ed. Rio de Janeiro, 1999.
5.7 - GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 3ed. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1979.
5.8 - SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução a Sociologia da Educação. 3. ed; rev. ampl. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2015.
3 INTRODUÇÃO
A Sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais que ocorrem em relação ao ensino e à aprendizagem. Tanto os processos institucionais e organizacionais, nos quais a sociedade se baseia para prover educação a seus integrantes, como as relações sociais que marcam o desenvolvimento dos indivíduos nestes processos, são analisados por esta disciplina.
A Sociologia da Educação oportuniza aos seus pesquisadores e estudiosos compreender que a educação se dá no contexto de uma sociedade que, por sua vez, é também resultante da educação. Também oportuniza compreender e caracterizar a inter-relação ser humano/sociedade/educação à luz de diferentes teorias sociológicas. O estudo de sociedade nos oferece diferentes ferramentas importantes nesta análise.
O conhecimento de como diferentes culturas se reproduzem e educam seus indivíduos permite uma aproximação dos processos estruturais que compõem a educação de uma forma mais ampla. A sociologia da educação é a extensão da sociologia que estuda a realidade sócio educacional.
O presente trabalho trata dos fundamentos teóricos da Sociologia da Educação, nele enunciamos o conceito de Sociologia; a relação entre cultura e educação, enfocando o caráter do processo educativo; a educação como processo social e a visão sócio antropológica da personalidade. Apresentamos também uma discussão acerca do paradigma do consenso e do conflito, abordando as contribuições do funcionalismo e do marxismo em educação. Nessas abordagens comentamos os estudos de Durkheim, Louis Althusser, Antônio Gramsci, Bourdieu e Passerom.
Esses conjuntos de textos têm como objetivo mostrar aos acadêmicos que se dedicam ao estudo da Sociologia da Educação as várias concepções sociológicas que influenciam o processo educacional.
Devemos alertar que esse trabalho se constitui em elementos preliminares para aqueles que querem aprofundarem-se nos estudos e pesquisas em Sociologia da Educação.
4 1 - O QUE É PLANO DE ENSINO?
Como o próprio nome indica, um plano de ensino nada mais é do que um planejamento no qual o professor interliga os objetivos, os conteúdos e as metas que pretende atingir com os alunos em determinada disciplina. Um plano de ensino bem elaborado possui o poder de facilitar a vida do professor durante o ano/semestre, organizando suas atividades de modo a atingir as metas estabelecidas para aquela disciplina. E embora pareça simples colocar no papel tudo o que se pretende na disciplina ministrada, fazer um plano de ensino, na maioria das vezes gera muitas dúvidas sobre o quê colocar e onde colocar as informações, principalmente para as pessoas que na graduação não tiveram contato com disciplinas pedagógicas. O planejamento tem como ponto inicial a reflexão do “o quê“, “para quê“, “como” e “com o quê” ensinar, e sobre os resultados das ações empreendidas. As respostas a essas questões resultam em objetivos, conteúdos, metodologia, e formas de avaliação.
Os objetivos são os propósitos da ação. Funcionam como horizonte e alicerce da prática. São expressos por meio de verbos no infinitivo que traduzem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperadas dos alunos. Indicam propósitos amplos, denominados objetivos gerais, os quais se referem à formação de atitudes, convicções e valores ao longo do curso; e objetivos específicos, que sinalizam propósitos com resultados mais rápidos, observáveis pelo professor a cada aula.
Os conteúdos abrangem os conceitos e assuntos que serão trabalhados durante a disciplina. Recomenda-se que a organização curricular acompanhe um crescimento das dificuldades conceituais e a integração dos conteúdos a fim de promover um saber que seja articulado, interdisciplinar.
A metodologia trata dos recursos que serão necessários para promover os objetivos e
conteúdos e dessa forma precisa haver coerência entre os mesmos. Para a escolha do recurso
didático leva-se em conta questões como: Os recursos são condizentes com os objetivos, com
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a natureza do conteúdo que se trabalha, com o perfil dos alunos, com as atividades propostas e o tempo disponível?
E por fim, a avaliação, onde conceitos, atitudes e habilidades a serem demonstrados pelos alunos serão avaliados a fim de verificar se os objetivos foram alcançados. Para tal é necessário estabelecer critérios de avaliação onde se tenha claro o que se pretende avaliar e de que forma. Didaticamente falando, a melhor maneira de se medir o aprendizado é uma avaliação abrangente que avalie o indivíduo como um todo, não só a habilidade de reter conhecimento, mas também de processá-lo, (re) construí-lo, e utilizá-lo em outras situações.
Antes de elaborarmos o plano, é preciso verificar antes o que seguinte:
6 2 – IMPORTÂNCIA DO PLANO DE ENSINO
A partir da pesquisa, percebemos que para o professor desenvolver bem suas aulas, para que a aprendizagem aconteça e que o processo de avaliação seja eficaz é necessário que haja um planejamento condizente com aquilo que ele deseja trabalhar. Podemos afirmar que o planejamento é de extrema importância para que o professor possa pensar na avaliação, promover o desenvolvimento do aluno, haja vista que, esse processo significa que todo trabalho deve ser planejado, com qualidade, de forma que o planejamento e a avaliação estejam diretamente direcionados para a construção do conhecimento do educando. Entretanto, sabemos que é necessário o professor ter conhecimento daquilo que vai ensinar, como vai ensinar, para quem vai ensinar e buscar ações para que as metas sejam desenvolvidas, no intuito de atingir os objetivos estabelecidos
”[...]sempre que se buscam determinados fins, relacionam-se alguns meios necessários para atingi-los. Isto de certa forma é planejamento (DALMÁS, 1994, P. 23). Dessa forma, planejar é o ato de organizar ações a fim de que estas sejam bem elaboradas e aplicadas com eficiência, se possível, nos momentos relacionados da ação ou com quem se age. Por isso, para planejar bem é necessário conhecer para quem se está planejando, no caso, o professor deve conhecer a turma com que trabalha e mais, o aluno com quem trabalha.
Quanto mais se conhece, melhor se planeja e se obtêm melhores resultados. Para Luckesi, (2011, p. 125), “Planejar significa traçar objetivos, e buscar meios para atingi-los”.
Logo, entendemos que, para que haja planejamento são necessárias ações organizadas entre si,
às quais correspondem ao desejo de alcançar resultados satisfatórios em relação aos objetivos
traçados. Em relação a isso, HOLANDA apud Luckesi (2011, p.19) afirma que: Podemos
definir o planejamento como a aplicação sistemática do conhecimento humano para prever e
avaliar cursos de ação alternativos, com vista a tomada de decisões adequadas e racionais, que
sirvam de base para a ação futura. Planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito, ou
seja, um plano é uma linha de ação pré-estabelecida.
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PLANO E ENSINO
CURSO PEDAGOGIA
DISCIPLINA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO I
PROFESSOR ELISÂNGELA GOMES DA SILVA
Nº DE CRÉDITOS
4 CARGA HORÁRIA 80 HORAS
MARCO REFERENCIAL
PERFIL DOEGRESSO
O egresso do curso de Pedagogia poderá atuar como professor na Educação Infantil, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em Cursos Normal de nível Médio e em Cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar. Além disso, o pedagogo poderá atuar nas áreas de gestão educacional, coordenação e supervisão pedagógica e na orientação educacional de processos educativos nos diferentes níveis da educação básica e em contextos educativos não-escolares.
CONTEXTUAL I
ZAÇÃO DA DISCIPLINAA sociologia da educação é uma disciplina que estuda os processos sociais que ocorrem em relação ao ensino e à aprendizagem. Tanto os processos institucionais e organizacionais, nos quais a sociedade se baseia para prover educação a seus integrantes, como as relações sociais que marcam o desenvolvimento dos indivíduos nestes processos, são analisados por esta disciplina.
EMENTA Sociologia; Sociologia da Educação; Cultura e Educação; Enfoques Teóricos em Sociologia da Educação.
MARCO OPERACIONAL
OBJETIVOGERAL DA DISCIPLINA
Refletir sobre a experiência educacional sob condições historicamente determinadas. Possibilitando ao aluno compreender a educação como elemento determinado e determinante da sociedade. Identificando assim a função social da Educação no contexto das sociedades modernas.
MÉTODOS
- As aulas serão ministradas através de metodologias que promovam a participação do aluno, inserindo-o como protagonista nos processos de ensinar e aprender.
- Nessa perspectiva, serão desenvolvidas atividades que estimulem a reflexão crítica sobre os conhecimentos aprendidos e a curiosidade investigativa sobre os fatos do cotidiano o qual está inserido. No decorrer das aulas serão propostas atividades em grupo, como o intuito de promover a capacidade de trabalhar em equipe, propiciando o respeito às diferenças individuais, multiculturais e étnicas.
- No decorrer do semestre, serão realizadas aulas semipresenciais, através de atividades que propiciarão ao aluno refletir sobre os conhecimentos trabalhados na disciplina. As atividades semipresenciais propostas serão acompanhadas pelo professor que irá proporcionar momentos no qual o aluno irá debater, refletir e
apresentar suas interpretações sobre as mesmas.
- Para efetivação dessa proposta serão trabalhadas diversas técnicas e métodos de ensino como: aulas expositivas e dialogadas, seminários, trabalhos em grupo e atividades no qual o aluno irá elaborar, estudar, investigar, produzir trabalhos acadêmicos (resumos, resenhas, fichamentos e projeto de pesquisa) desenvolvendo no mesmo a autonomia intelectual e o interesse pelo conhecimento científico.
RECURSOS - Utilização de recursos instrumentais (quadro branco, livro, apostila);
- Utilização de recursos de mídia (projetor de imagem, notebook, internet);
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- Utilização de recursos para promover interação (dinâmica de grupo, estudos em grupo, trabalho de pesquisa em grupo).
UND
ASSUNTO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
I UNIDADE I: - Os fundamentos sociológicos da Educação 1.1 Conceito de Sociologia
1.2 Conceito de Educação
1.3 Conceito de Sociologia da Educação II UNIDADE II: - Cultura e Educação
2.1 Caráter histórico do processo educativo 2.2 Educação como processo social
2.3 Enfoque sócio antropológico da personalidade 2.4 Conceito de cultura
2.5 Cultura e personalidade
III UNIDADE III: - O paradigma do consenso na Sociologia da Educação 3.1 O funcionalismo
3.2 O funcionalismo e Educação 3.3 A contribuição de Durkheim
IV UNIDADE IV: - O paradigma do conflito 4.1 Enfoques marxistas
4.2 O neomarxismo na Sociologia da Educação 4.3 A contribuição de Louis Althusser
4.4 A visão de Bourdieu e Passerom 4.5 A abordagem sociológica de Gramsci 4.6 A contribuição de Paulo Freire
AVALIAÇÃO
a) PARCIAL 1- Sistematizações escritas, (1.0)
b) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 1 – Prova individual escrita; (6.0) c) PARCIAL 2 – Trabalho de pesquisa escrito realizado em campo, (2.0) d) AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL 2 – Socialização Oral (1.0) OBSERVAÇÃO:
-Avaliação acontecerá de forma processual e final, considerando:
-A qualidade da participação nos encontros em sala de aula, na apresentação de trabalhos, interação nas discussões e atividades propostas.
-Produção de textos dissertativos e sistematização de pesquisas feitas.
- Capacidade de olhar reflexivo sobre o cotidiano, demonstrado pelas leituras feitas e experiências vivenciadas, relacionando concepções pedagógicas com a prática observada e vivenciada.
REFERÊNCIAS BÁSICAS
ALTUSSER, L. P. Aparelhos Ideológicos do Estado. 7ed. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean-Claude. A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Lisboa: Editora Vega, 1978.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
_____________. Educação como prática da liberdade. 23ed. Rio de Janeiro, 1999.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. 3ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979.
SOUZA, João Valdir Alves de. Introdução a Sociologia da Educação. 3. ed;
rev. ampl. Belo Horizonte: Autentica Editora, 2015.
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REFERÊNCIASCOMPLEMEN TARES
AQUINO et al. História das Sociedades: das sociedades modernas às atuais. Ao livro técnico: Rio de Janeiro, 1982.
BRUNO. Lúcia. Educação e Trabalho no Capitalismo Contemporâneo. São Paulo: Ed. Atlas, 1996.
CUNHA, Luís Antonio. A educação e desenvolvimento social no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Francisco Alves, 1978.
DEMO, Pedro. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. Ed. São Paulo:
Cortez, 2006.
FERRETTI. Celso João et al. Novas tecnologias. Trabalho e Educação.
Petrópolis — RJ: Ed. Vozes, 1994.
GALLIANO, A. Guilherme. Introdução à Sociologia. São Paulo: Herbra, 1986.
GENTILI. Pablo (org.). Pedagogia da exclusão — crítica ao neoliberalismo em educação. Petrópolis-RJ: Ed. Vozes, 1995.
GOMES, Cândido. Educação em perspectiva sociológica. São Paulo:
EPU,1985.
LIBANEO. José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Ed.
Loyola, 1993.
FONTES DA INTERNET
LINK:https://idaam.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/97885821768 70/pages/5
10 4 – SOCIOLOGIA DAEDUCAÇÃO I
NOTA DE AULA 1 - 4.1 – OS FUNDAMENTOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
4.1.1 – Conceito de Sociologia
"A Sociologia representa a autoconsciência científica de uma realidade social."
Hans Freyer O termo sociologia foi usado pela primeira vez, no sentido pelo qual ainda hoje o conhecemos, por Augusto Comte, para designar, segundo o eminente pensador francês, a ciência da sociedade. São inúmeras as definições que encontramos nos manuais de Sociologia, desde as mais restritivas, como aquela que propõe Durkheim, para quem a Sociologia "é o estudo das instituições sociais, de sua génese, de seu funcionamento", até as mais abrangentes, como a de Park, para quem a Sociologia "é a ciência do comportamento coletivo".
Podemos dizer também, que Sociologia é a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade.
É uma ciência que pertence ao grupo das ciências sociais e humanas. O objeto de estudo da
sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas
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internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais.
A sociologia estuda as relações de formalidade presentes na vida e nas sociedades.
Como é relativa aos fatos e à realidade, não determina regras dos estados sociais e das particularidades da conduta humana, porque esse é objetivo da filosofia e ética social. A palavra "sociologia" foi criada por A. Comte, mas o conceito surgiu através do pensamento social e filosófico do iluminismo (por exemplo: em Montesquieu e Hobbes) e no idealismo alemão (por exemplo: Hegel).
A sociologia abrange várias áreas, existindo sociologia comunitária, sociologia econômica, sociologia financeira, sociologia política, sociologia jurídica, sociologia do trabalho, sociologia familiar, etc.
Através das pesquisas sobre os fenômenos que se repetem nas interações sociais, os sociólogos observam os padrões comuns para formularem teorias sobre os fatos sociais. Os métodos de estudo da sociologia envolvem técnicas qualitativas (descrição detalhada de situações e comportamentos) e quantitativas (análise estatística).
Divulgada pelo Professor Costa Pinto, parece-nos uma definição muito operacional aquela que aponta a Sociologia como "o estudo científico da formação, da organização e da transformação da sociedade humana". Fica aí perfeitamente claro que a preocupação da Sociologia não se esgota no fato social, tal como ele se apresenta na sua realidade manifesta, mas que, para bem entendê-la, é preciso ir às próprias raízes da relação social, não apenas entre os homens, mas até mesmo entre os animais que apresentam alguma manifestação de vida coletiva, na certeza de que, ao conhecermos como se originou uma forma qualquer de interação. Estaremos entendendo muitos dos seus desdobramentos sucessivos (Os métodos histórico e evolucionista, por exemplo, dão grande ênfase a esta reconstituição, no plano teórico, dos processos sociais).
Também o segundo ponto da definição acima - o que se refere à organização da
sociedade humana - é importante de ser considerado, visto que ele se refere àqueles aspectos
da interação social que resultam de todo um sistema de ações e reações interindividuais e
intergrupais e que se expressam nas diferentes ordenações societárias, tais como grupos,
instituições, formas de sociabilidade, etc.
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Finalmente, o último elemento da definição - as transformações - nos lembram de que a vida em sociedade só pode ser apreendida por nós, em seu sentido mais profundo, se tivermos presente que esta vida está permanentemente se modificando e que entender e tentar explicar o sentido de tais modificações é tarefa precípua do sociólogo.
Principalmente no Brasil, onde vivemos um período de intensas e rápidas transformações, em todos os níveis de nossa realidade, não pode escapar à sensibilidade dos estudiosos dos problemas sociais a importância de entender o caráter dinâmico das relações sociais e em que medida nosso próprio desempenho como educadores podem contribuir para retardá-las ou acelerá-las, no sentido do pleno desenvolvimento do país.
Os professores, e muito principalmente os professores primários, têm sido sempre apontados como um dos grupos profissionais de mais acentuadas tendências conservadoras.
Este conservadorismo que pode, em parte, ser explicado pela própria natureza de sua tarefa específica - "transmitir às gerações mais jovens o acervo cultural das gerações mais velhas", garantindo as condições de continuidade da vida social - pode também, em parte, ter sua explicação no relativo descaso de nossos cursos de formação de professores em dar a seus alunos uma base filossociológica que lhes permita apreender o sentido profundo de sua missão cultural. Nossas escolas - principalmente nossas escolas normais, em sua maioria - têm-se preocupado até agora em ensinar aos jovens mais as disciplinas relacionadas com as técnicas didáticas, propriamente ditas, do que as disciplinas voltadas para a fundamentação teórica da educação.
Isto explica por que chegamos atualmente ao ponto de encontrar, em todo este nosso
imenso Brasil, inúmeros professores considerados como possuidores de um alto gabarito na
aplicação dos mais modernos métodos de aprendizagem e que muitas vezes são incapazes de
formular uma apreciação crítica razoável acerca do sistema educacional, enquanto instituição
integrada no contexto global da sociedade. E, o que é mais grave, muitas vezes tais
professores, por terem obtido prestígio no campo da aplicação daquelas técnicas pedagógicas,
são chamados a opinar ou até a decidir a respeito de medidas importantes, envolvendo
aspectos de nossa política educacional. O que então se ouve ou se lê é quase sempre a
manifestação mais completa de uma absoluta ingenuidade, quando não de um
desconhecimento total dos problemas básicos da educação no Brasil.
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Esta inoperância das escolas normais em transmitir a seus alunos uma base filosófica c sociológica compatível com a importância de seu trabalho futuro, ao mesmo tempo que demonstra uma razoável capacidade de introduzi-los na aprendizagem das técnicas didáticas mais modernas, leva-nos a concluir que, em muitas de nossas escolas de formação, os futuros professores aprendem como ensinar, mas não aprendem por que e, sobretudo, para que ensinar.
4.1.2 – Conceito de Educação
Do ponto de vista sociológico, a educação pode ser definida como "a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas ainda não amadurecidas para a vida social" ou, em outras palavras, "educação é a socialização da criança" (Durkheim).
Assim entendida, fica evidente o significado e a importância da educação para a vida do grupo, pois é ela, em última análise, que garante as condições de coesão, de renovação e da própria sobrevivência da sociedade.
Informal, espontânea, até mesmo inconsciente, nos grupos pré-letrados, à medida que a complexidade da vida social aumenta, a educação vai adquirindo importância cada vez maior, de tal sorte que nenhuma coletividade humana dos tempos modernos deixa de lhe reservar um papel de fundamental relevo no quadro de suas instituições.
Em culturas altamente complexas, como as que caracterizam as sociedades
contemporâneas, é à educação que compete à tarefa superior de criar as condições capazes de
evitar que esta complexidade acabe por destruir e eliminar a própria sociedade. São as
instituições educacionais, através de todas as suas manifestações concretas, que estabelecem e
regulamentam os mecanismos de transferência cultural, de especialização de hierarquias, das
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formas de conhecimento socialmente úteis, do domínio das técnicas de ação social, enfim de todo este verdadeiro universo cultural que constitui o conjunto dos conhecimentos que o homem moderno domina.
Em tais condições, há cada vez menos lugar para a improvisação, para o autodidatismo para o "aprender a fazer, fazendo", ao mesmo tempo que tendem a ser cada vez maiores as exigências, principalmente no mercado de trabalho, em termos de conhecimentos teóricos bem fundamentados, para que se atribua a alguém a responsabilidade de uma tarefa especializada. Mesmo os trabalhos desqualificados socialmente, que em outros tempos podiam ser feitos, praticamente, por qualquer indivíduo, sem maiores exigências, hoje implicam em algum tipo de conhecimento que apenas a "escola da vida" não é mais capaz de dar. A passagem pelos bancos escolares assume um caráter cada vez mais compulsivo, para todos aqueles que pretendem conquistar seu lugar ao sol.
O prestigio da educação formal, a crença de que, para merecer crédito por parte da sociedade, é necessário que a criança passe pela escola, seja qual for sua origem de classe, eis alguns princípios aceitos como axiomas, na sociedade moderna. Mesmo aqueles que não tiveram, quando crianças, oportunidade de ir à escola e que mesmo assim conquistaram seu espaço na sociedade, não põem em dúvida o valor da escola. Por mais rebelde que seja a criança e por mais que ela resista à pressão social quanto à obrigação de frequentar a escola, mais cedo ou mais tarde ela passará pelos bancos escolares, como todas as crianças de sua geração.
Para entender um pouco mais sobre como Durkheim entendia o que era educação
Durkheim, é necessário explicar que ele se esforça para declarar a autonomia e a
especificidade da sociologia e para isso a distingue da Psicologia e da Filosofia. [...] Para ele,
a sociologia é uma ciência autônoma e distinta das demais e isso se revela principalmente no
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seu objeto de estudo, bem como se distingue da Filosofia em razão de sua objetividade e pelo fato de se remeter ao empírico (VIANA, 2006, p. 31).
Diante dessas colocações, Durkheim define como objeto de seus estudos e, consequentemente, segundo ele como objeto de estudo da sociologia, os fatos sociais. Para ele, os fatos sociais devem ser definidos como: [...]toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independentemente de suas manifestações individuais (DURKHEIM, 2007, p. 13, grifos dele).
Portanto para Durkheim, o sociólogo deve ter como norte de suas pesquisas os fatos sociais, levando em consideração suas três características essenciais e tratando eles como coisas e, além disso, tendo o cuidado de estar sempre assumindo uma posição de neutralidade diante do fenômeno estudado. Tudo isso deve ser feito levando em consideração a consciência coletiva dos indivíduos. A consciência coletiva deve ser compreendida como “o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade”
(DURKHEIM, op. cit., p. 50).
Nesse sentido, como esse autor pensava a educação? Para Durkheim (2012) a sociedade que já se encontra constituída antes mesmo de nascer, elabora um certo ideal do que deve ser o homem correto, ou seja, um tipo de homem pautado naquilo que a sociedade acha que deve ser o tipo moral, físico e intelectual capaz de ser o mesmo para todos os indivíduos presentes na coletividade e capaz de ser diferenciado segundo “os meios singulares que toda sociedade compreender em seu seio” (p. 52). Para ele, todas as crianças que nascem em uma determinada sociedade e começam a fazer parte de um processo de socialização, precisam aprender duas coisas: um certo corpo de valores e crenças que são comuns a toda a sociedade e um certo corpo de valores e crenças que são específicos de sua classe, família ou profissão.
A educação começa a ganhar a sentido e Durkheim vai dizer que: A sociedade só pode
viver se existir uma homogeneidade suficiente entre seus membros; a educação perpetua e
fortalece esta homogeneidade gravando previamente na alma da criança as semelhanças
essenciais exigidas pela vida coletiva. No entanto, por outro lado, qualquer cooperação seria
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impossível sem uma certa diversidade; a educação assegura a persistência desta necessária diversidade diversificando-se e especializando a si mesma (p. 53).
Durkheim não faz pouco caso das consciências particulares dos indivíduos. É preciso compreender que ele estava em busca de uma teoria e de um método autônomos para a sociologia e por isso defendia a ideia de que o sociólogo deveria se preocupar com a questão das consciências coletivas, ou seja, de como esse conjunto de crenças e de sentimentos que são comuns a todos os membros da sociedade regulam e criam comportamentos, códigos e uma postura sobre aquilo que é certo e aquilo que é errado para o bom funcionamento da sociedade.
A educação para Durkheim tem como principal função a formação do ser social, ou seja, a formação de um ser coletivo capaz de participar do processo de socialização. Para ele a educação tem duas funções: uma função homogeneizadora e uma função diferenciadora. É homogeneizadora no sentido de formação do cidadão, do ser social em geral, ou seja, de ensinar a todo o indivíduo que é membro de uma determinada sociedade os valores, costumes, leis, direitos e deveres dos cidadãos; é diferenciadora no sentido de ensinar o seu papel social enquanto membro de uma determinada classe ou grupo social, ou seja, ensinar o seu trabalho, a sua função.
A educação representa a expressão da consciência coletiva dos indivíduos e, portanto,
estudá-la e pesquisá-la é também fazer uma análise dos sentimentos comuns e das
necessidades sociais da coletividade.
17 4.1.3 – Conceito de Sociologia da Educação
Como acabamos de ver, no início deste módulo, a Sociologia tem por objetivo de estudo a vida dos homens em sociedade, em suas inter-relações, bem como as criações culturais que nela têm origem. Por outro lado, a educação com o processo social através do qual a sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural, sendo esta transmissão a garantia de continuidade da espécie humana, enquanto tal.
A partir destas duas definições, não é difícil deduzir-se a importância que tem, no conjunto das ciências humanas, a Sociologia Educacional, que estuda a sociedade do ângulo dos seus processos educativos. Cabe a esta disciplina analisar ampla e profundamente o quadro em que se processa a vida dos grupamentos humanos e compreender, a partir de uma visão global, de que fornia se relacionam os fins que um determinado sistema educacional se propõe obter e os meios de que lança mão para tanto.
A Sociologia da Educação desvendará os sucessivos véus que cobrem a realidade, para ver, em toda sua objetividade, até que ponto as necessidades sociais básicas estão ou não sendo atendidas com eficácia; cabe, enfim, a ela apontar, dentro do quadro das opções que se colocam concretamente a cada contexto, quais as soluções mais viáveis para a superação dos obstáculos que se opõem, constantemente, ao funcionamento regular das instituições sociais.
Professores, políticos, assistentes sociais, pais de família, todos os grupos ou
categorias profissionais que de algum modo atuam em sociedade, estão obrigados a conhecer,
nas condições da vida moderna, pelo menos os princípios básicos da Sociologia Educacional.
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Desde o encaminhamento profissional dos filhos ou dos alunos, até o planejamento de um sistema de educação global, será no corpo de conhecimentos organizados por esta disciplina que iremos encontrar respostas a muitas de nossas mais ansiosas indagações.
Para tanto, é preciso que estejamos em condições de distinguir claramente qual o campo de estudo e o objeto da Sociologia da Educação, a fim de que não a confundamos com a Filosofia da Educação ou com o mero conhecimento empírico da realidade educacional, o que pode acontecer sem o domínio de um quadro de referências que nos permita analisar e compreender esta realidade à luz de categorias científicas.
Sociologia da Educação é como é nomeada a disciplina que dedica-se a estudar os processos sociais de ensino e aprendizagem, abrangendo os aspectos também organizacionais e institucionais que permeiam o desenvolvimento da educação, bem como as relações sociais que compreendem os indivíduos inseridos neste meio e nestes processos.
Enquanto vertente da própria Sociologia, a Sociologia da Educação visa estudar a realidade sócio educacional, os ambientes onde há os processos educativos, mas, além disso, busca compreender os processos de socialização que se desenvolvem também nesse meio, a partir de relações que não se dão apenas entre professores e alunos, visto que inúmeros outros sujeitos estão envolvidos neste processo: a saber, a existência de diretores, coordenadores, supervisores, inspetores, pedagogos e mesmo os pais dos estudantes.
Os maiores intelectuais da Sociologia da Educação no mundo
Os principais nomes da fundação da chamada Sociologia da Educação são Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, entre outros. No entanto Émile Durkheim é o pioneiro na sistematização de obras tratando dessa temática, a exemplo de obras como “Educação e Sociologia”, “A Educação Pedagógica na França” e “Educação Moral”.
A Sociologia Educacional, para ser bem compreendida, pressupõe uma razoável formação teórica no campo das ciências sociais e, em particular, da própria Sociologia geral.
O estudo daquela especialidade a partir dela mesma, como é feito muitas vezes, tanto
em escolas normais como em cursos superiores de Pedagogia, responde pelo despreparo
existente entre grande número de professores que terminam seus cursos conhecendo alguma
coisa relacionada com Sociologia Educacional, podendo citar uns poucos autores que
escreveram acerca da matéria, conhecendo algumas definições mínimas lidas nos manuais,
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mas sem condições de "ver" o fenómeno educação integrado no processo social total, sem uma visão crítica que lhes permita discernir os aspectos fundamentais de sua profissão; enfim, tendo da educação uma visão parcial, incompleta, desligada do contexto e, portanto, insuficiente enquanto instrumento de ação.
É através do processo educativo que se concretiza a resposta ao desafio da sociedade industrial e que se toma possível manter o equilíbrio entre as necessidades cada vez mais urgentes de especialização profissional, de um lado, e de formação de quadros políticos suficientemente preparados para assumir a liderança social, de outro.
Contudo, a educação não se esgota nestas duas tarefas primordiais. Ela vai mais longe, quando se propõe a comunicar e transferir às jovens gerações os valores culturais e éticos que formam o substrato espiritual da sociedade humana, voltada para a conquista, no plano universal, de condições de convivência para todos. É também a Educação o veículo mais adequado à transmissão do "projeto nacional" de qualquer sociedade moderna.
São tantas as funções que, espera-se sejam cumpridas pela educação, que esta já não se pode limitar às instituições especificamente educacionais. Daí a importância de se estudar também, além da escola, da universidade, todas as demais instituições que, embora não estejam diretamente vinculadas à educação, desempenham papel de magna importância na socialização das gerações mais jovens; a família, as organizações religiosas e políticas, os veículos de comunicação de massa também têm uma palavra a dizer e não podemos deixar de ouvi-los. Mais do que nunca, comprova-se a veracidade do postulado segundo o qual "a Educação só pode ser entendida como integrando uma totalidade cultural, nunca como um fenómeno isolado".
A Sociologia da Educação e o contexto social
Não só para este sociólogo, mas para todos os pesquisadores dessa área, permite-se a oportunidade de pensar e compreender que a educação se dá num contexto social, e que essa sociedade por sua vez também se forma a partir da educação e dos processos educativos. Este pensamento é reflexo da crença de que os homens são produtos da sociedade e de maneira semelhante a sociedade também é um produto dos homens.
A própria Sociologia surgiu no intento de se compreender a forma como as relações
sociais se configuravam. Isso eclodiu especialmente com a instauração do sistema capitalista e
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seu desenvolvimento a partir das revoluções industriais, que modificaram drasticamente as estruturas dessas relações.
Isso nos faz acreditar que a importância da sociologia para a profissão docente se da justamente na possibilidade de oferecer recursos para que esses educadores possam instrumentalizar-se desse repertorio para desenvolver análises da sociedade e desse modo ajudá-los a compreender o próprio lugar da educação na sociedade e também compreender as relações das instituições educacionais com as demais instituições que constituem a sociedade, bem como família, igreja, trabalho, etc.
A educação, observada pelos sociólogos, não deixa de ser também um agente da manutenção da ordem social. Assim, compreende-se recorrentemente que a escola e o processo educacional são essencial para a sobrevivência a perpetuação as próprias sociedades.
Transmissão de conhecimentos sim, mas não somente disso são feitas essas relações. Mais do que os conteúdos básicos, de alguma maneira a escola perpetua as relações sociais e de trabalho presentes na sociedade, acabando por ensinar a viver em sociedade. No entanto, não cabe aqui juízo de valor quanto à forma como isso se apresenta na sociedade atual.
Mas a Sociologia da Educação visa realizar análises muito mais abrangentes. Ela não trata somente das relações sociais e de poder perpetuadas no ambiente escolar, e nem somente da necessidade da educação para a manutenção da sociedade. Essa disciplina e campo do conhecimento dedica-se também à análise de outros pormenores do ambiente escolar, como por exemplo os fatores que podem interferir nos resultados escolares.
Boas ou más notas, comportamentos ditos adequados ou não, disciplina ou indisciplina, etc. Estes e muitos outros conceitos e temáticas são estudados a partir da Sociologia da Educação. Compreende-se que estes resultados não dizem respeito somente à capacidade individual ou inteligência do indivíduo estudante (recorrentemente ressalta-se a importância de compreender-se a individualidade desses sujeitos), mas uma série de outros fatores influem nestes resultados.
É então que se percebe mais uma vez a interação do ambiente escolar com outros
segmentos da sociedade, isso por que estes diferentes fatores têm sim influência nestes
chamados resultados, que por sua vez também são formas falhas de buscar classificar
indivíduos tão diversos, com capacidades tão múltiplas, impossíveis de serem enquadrados
em notas ou conceitos tão fechados.
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A Sociologia e sua relação com outras disciplinas
Um dos mais graves equívocos cometidos pelas escolas de formação de professores, no Brasil, desde muito tempo, tem sido a falta de entrosamento, de correlação, entre as diferentes disciplinas que compõem o currículo escolar.
A grande maioria dos professores que hoje trabalham nos diversos setores da educação nacional ressentiu-se desta falha durante o período de sua formação especializada e de seu desempenho profissional e aqueles que mais tarde se converteram em professores de escolas normais, por sua vez, continuaram incidindo no mesmo erro, agravando ainda mais a situação.
Cada mestre organizava seu programa, preparava suas aulas, desincumbia-se de suas tarefas, desconhecendo totalmente o trabalho dos demais colegas. Isto, não obstante o velho chavão, tantas vezes repetido, de que as disciplinas do currículo não se devem apresentar como compartimentos estanques, isolados entre si.
Na realidade, fatores os mais diversos podem ser responsabilizados por esta quase generalizada ausência de inter-relação entre as matérias do currículo escolar: nossa falta de tradição em trabalhos de equipe, a vaidade e o vezo de muitos professores que não queriam admitir que sua disciplina precisasse da contribuição de outras para se afirmar; o excesso de encargos do professor, forçando-o a ir à escola apenas para dar suas aulas. Finalmente, mas não o fator menos importante, a falta de embasamento filosófico de grande parte de nós.
EXERCÍCIO DO MÓDULO I
Unidade I. Os fundamentos sociológicos da educação 1ª) O que é Sociologia e o que é Educação?
2ª ) Quais as contribuições que a Sociologia da Educação
pode oferecer para a compreensão cientifica do processo educativo e das instituições
educacionais?
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NOTA DE AULA 2 – 4.2 CULTURA E EDUCAÇÃO
4.2.1. Caráter histórico do processo educativo
Nas sociedades modernas, a consciência cada vez mais clara que se tem da importância da educação como fator de desenvolvimento, acompanha de perto a progressiva complexidade das formas de relação social e a necessidade, cada vez mais urgente, de agilização dos recursos materiais e humanos que se devem combinar a fim de que se possa efetivar plenamente o processo educacional.
Não é por coincidência que todas as nações contemporâneas veem na educação um dos alicerces fundamentais de seu corpo social, ao lado da base económica e disputando com esta as honras de posição-chave na infraestrutura da sociedade, responsáveis, ambas, pela funcionalidade plena de todas as outras instituições que a ela se superpõem.
Hoje é ponto pacífico em qualquer teoria do desenvolvimento que, nas condições da
sociedade de nossos dias, cada vez mais voltada para a ciência e para a tecnologia, cabe à
Educação, enquanto instituição básica, criar as condições mínimas que permitirão o pleno
desenvolvimento de todos os fatores sociais implicados no desenvolvimento integral daquela
sociedade.
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A educação na sociologia contemporânea
Nos anos 60 e 70 a sociologia da educação recebeu um enorme impulso com as pesquisas de Pierre Bourdieu que buscou analisar a relação entre escola e reprodução social:
ele escreveu "Os estudantes e o ensino" em 1968 e " A reprodução" em 1970, este junto com Jean-Claude Passerom. Ele também analisou o sistema universitário em "Homo academicus" (1984). Esse autor demonstrou como o processo de socialização imprime nos alunos um habitus primário que tende a se reproduzir em suas práticas sociais.
Na Escola as camadas de baixa renda acabam se defrontando com um habitus diferente, o que acaba desestimulando e dificultando o aprendizado. Em outros termos, na escola o educando encontra um capital cultural diferente daquele herdado na família. Ao mostrar os mecanismos sócio culturais da exclusão social a teoria de Pierre Bourdieu recebeu a denominação de crítico-reprodutivista. O tema das desigualdades escolares aparece também na obra de Roger Establet e Bernard Lahire.
Algumas linhas de pensamento dedicaram-se também a entender os processos de socialização em uma perspectiva microssociológica, ou seja, a partir do cotidiano dos indivíduos e de suas ações sociais: no centro dessa abordagem estão as interações sociais e o estudo dos grupos sociais, seja o meio familiar, seja o meio escolar, grupos de amigos, etc.
Um dos principais representantes desse tipo de análise é George Herbert Mead. Em Mind, Self, and Society (1932) ele estuda os processos de formação da subjetividade (Self) a partir da capacidade dos indivíduos de se representarem no lugar do outro (Outro generalizado) em atividades como jogos e recreações infantis. Embora seu estudo seja adotado também pela psicologia social, a análise das relações entre mente e sociedade também faz parte dos estudos sociológicos.
Nos Estados Unidos é especialmente importante a pesquisa de James S. Coleman e na Inglaterra um dos principais nomes é Basil Bernstein. Michael Apple e Henry Giroux são alguns autores que propõem uma análise crítica dos currículos escolares.
Também as pesquisas de Michel Foucault e sua análise da microfísica do poder e
da biopolítica tem uma enorme importância na pesquisa social em educação. A pesquisa
sobre gênero e os temas do racismo e da desigualdade social são também fundamentais nessa
área de estudos.
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