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1 ELUCIDAÇÕES ACERCA DOS SUJEITOS PESQUISADOS E CENÁRIO

1.1 O CONCEITO DE EDUCAÇÃO

A palavra educação possui conceitos diversos. Para chegarmos aos conceitos é importante compreender a etimologia da palavra. Assim, podemos dizer que a palavra Educação tem origem em termos latinos, tais como os verbos educare e

educere, tendo o primeiro o significado de orientar, nutrir, decidir num sentido

externo, levando o indivíduo de um ponto onde ele se encontra para outro que se deseja alcançar; e o segundo, refere-se a promover o surgimento de dentro para fora das potencialidades que o indivíduo possui (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005; SAMPAIO; SANTOS; MESQUIDA, 2002).

Estamos acostumados com o significado de educare, favorecendo o estabelecimento de currículos e programas de ensino, mas precisamos resgatar o outro. Por não se tratar de uma disciplina, a Educação Ambiental permite inovações metodológicas na direção do educere – tirar de dentro – por ser necessariamente motivada pela paixão, pela delícia do conhecimento e da prática voltados para a dimensão complexa da manutenção da vida (CONSUMO SUSTENTÁVEL, 2005). A metodologia de formação continuada de educadores ambientais está no duplo sentido etimológico da palavra latina para educação.

Em sentido mais amplo, Educação pode ser entendida como tudo aquilo que pode ser feito para desenvolver o ser humano e, no sentido estrito, representa a instrução e o desenvolvimento de competências e habilidades. Desde o surgimento da Filosofia a questão da formação do ser humano, e consequentemente a

Educação, era objeto de estudo, onde diversos autores se debruçaram para explicar

tal processo, entre os quais podemos destacar Sócrates, Platão, Aristóteles, Francis Bacon, John Locke, Jean Jacques Rousseau, Immanuel Kant, Jean Piaget e Paulo Freire.

Ainda sobre o tema "desenvolvimento do ser humano", entendemos que isto é impossível sem despertar, inicialmente, o senso crítico. A partir daí é que podemos pensar em uma profunda transformação da sociedade, a qual, de acordo com as leituras de Paulo Freire, é dividida em classes, na qual os privilégios de uma minoria impedem a maioria de usufruir os bens produzidos. Assim, Freire se refere a dois tipos de pedagogia: (1) a Pedagogia dos Dominantes, na qual a educação existe

como prática de dominação; e (2), e a Pedagogia do Oprimido, na qual a educação surge como prática de liberdade (VIANA, 2006). Acreditamos que o movimento de libertação deve advir dos próprios oprimidos. Não basta que os oprimidos tenham consciência crítica de opressão. É necessário e urgente que estejam disposto a transformar a realidade!

Trazendo as leituras de Freire para o âmbito da ação docente, vislumbramos um professor capaz de coordenar a ação educativa, um aluno como agente sujeito participante, uma escola com currículo de cultura e uma sala de aula como espaço de diálogo. É em função desses pressupostos que queremos participar das reflexões para a construção da escola que oferece uma educação em que as pessoas vão se completando ao longo da vida, uma educação capaz de ouvir as pessoas, participando dessa realidade, discutindo-a, e colocando como perspectiva a possibilidade de mudar a realidade.

1.1.1 Os pilares da educação e os diferentes conhecimentos

Os processos educativos têm o objetivo de fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo dinâmico e complexo e, ao mesmo tempo, a bússola que permita navegar através dele. Entretanto, via de regra, o ensino formal orienta-se, essencialmente, se não exclusivamente, para o aprender a conhecer e, em menor escala, para o aprender a fazer. Entretanto,

[...] cada um dos “quatro pilares do conhecimento” deve ser objeto de atenção igual por parte do ensino estruturado, a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo como no prático, para o indivíduo enquanto pessoa e membro da sociedade (DELORS, 1998, p.89).

Os quatro pilares da educação compõem-se dos seguintes saberes: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a viver juntos e aprender a ser. Aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes (DELORS, 1998).

Estes quatro pilares ficaram eternizados no Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. No mesmo ano, Antoni Zabala (1998) publica uma obra em que aborda os conteúdos em três categorias: conceituais; procedimentais; atitudinais. Estas categorias vinculam-se fortemente aos pilares estabelecidos por Jacques Delors, permitindo-nos traçar uma analogia entre estes pilares e os conteúdos conceituais (saber), procedimentais (fazer) e atitudinais (ser e conviver).

Para Zabala (1998) o autor, os conteúdos conceituais referem-se à construção ativa de capacidades intelectuais para operar símbolos, imagens, ideias e representações que permitam organizar as realidades. Os conteúdos procedimentais referem-se ao fazer com que os alunos construam instrumentos para analisar, por si mesmos, os resultados que obtém e os processos que colocam em ação para atingir as metas que se propõem e os conteúdos atitudinais referem-se à formação de atitudes e valores em relação à informação recebida, visando à intervenção do aluno em sua realidade.

Para o autor, a aprendizagem dos conceitos e princípios são termos abstratos. Os conceitos se referem ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm características comuns, e os princípios se referem às mudanças que se produzem num fato, objeto ou situação em relação a outros fatos, objetos ou situações e que normalmente descrevem relações de causa-efeito. Já a aprendizagem dos conteúdos procedimentais - inclui entre outras coisas a regras, as técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as estratégias, os procedimentos - é um conjunto de ações ordenadas e com um fim, quer dizer, dirigidas para a reação de um objetivo. Ler, desenhar, observar, calcular, dentre outros. Por fim, a aprendizagem dos conteúdos atitudinais engloba uma série de conteúdos que por sua vez podemos agrupar em valores, atitudes e normas.

Estes conhecimentos estão intimamente relacionados com a proposta de formação continuada da presente pesquisa, visto que preconizamos um saber teórico-prático contextualizado e a convivência com o semiárido, sendo necessário então compreender-se e aceitar-se como parte deste ambiente.

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