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3 CULTURA ORGANIZACIONAL E VALORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

3.1 Conceitos de Cultura e Organização

A palavra Cultura vem do verbo latim "colere", que significa cuidar, tratar, proteger, respeitar, referindo-se a algo ou ao espírito. Em geral esse significa era abordado diante do cultivo de terra, transformando com os tempos seu significado para o sentido de cultivo do espírito.

A palavra cultura está atrelada às ciências sociais, no tocante a seu significado nas relações sociais e históricas, assim traduz a idéia do comportamento adquirido socialmente pelo individuo ou grupo, havendo ainda outras interpretações, seja pela multiplicidade de áreas que tomam a cultura como base ou ainda assumidos pelo linguajar popular. Nas palavras de Pereira (2004, p.27):

Cultura é uma palavra chave nas ciências sociais. Refere-se ao comportamento aprendido pelo homem e adquirido por via da experiência, em oposição ao comportamento de base instintiva. Na linguagem vulgar, cultura tem outros significados. Por exemplo: diz-se que quem adquiriu cultura acadêmica é um “homem culto”, em sentido antropológico, todo homem tem cultura.

A cultura adota um sentido de resultado da interação humana em determinado grupo indo além do sentido físico, como segue Pereira (2004, p. 27)):

A cultura é causa e conseqüência da interação de pessoas internamente a uma fronteira, esta não deve ser concebida como física ou geográfica, mas como uma criação do sentimento subjetivo e coletivo de pertença.

Esta interação humana em grupo produz a cultura, criando em conjunto uma peculiaridade no modo de vida do grupo. Como define Pereira (2004, p. 28):

Quando se fala de uma cultura, referimo-nos a maneira de viver de um povo, a configuração de padrões mais ou menos estereotipados de comportamento aprendidos (padrões de cultura), que são transmitidos de geração em geração, por meio de processos de aprendizagem mais ou menos institucionalizados.

A cultura não fica restrita a alguns indivíduos dentro de um grupo social, mas si disseminado entre todos os componentes, seja explicita ou implicitamente. Dessa forma, o processo de aprendizagem contribui na disseminação de uma cultura, compartilhando-a entre os demais indivíduos, significa um processo de socialização assumido por todos ou que causam uma busca pela adequação individual ao sentido de cultura do seu grupo.

Na definição de Srour (1998, p. 174):

A cultura é aprendida, transmitida e partilhada. Não decorre de uma herança biológica ou genética, porém resulta de uma aprendizagem socialmente condicionada. É disso que se trata quando falamos de socialização ou de endoculturação: os agentes sociais adquirem os códigos coletivos e os internalizam, tornam-se produtos do meio sociocultural em que crescem; conforma-se aos padrões culturais, e, com isso, submetem-se a um processo de integração ou de adaptação social.

A esse processo de integração com a cultura, podemos associar sentido de identificação com seu grupo social, ou seja, sua busca pela adaptação à comunidade/grupo. Para Motta e Caldas (1997, p. 27):

Para alguns, a cultura é a forma pela qual uma comunidade satisfaz suas necessidades materiais e psicossociais. Implícita nessa idéia está a noção de ambiente como fonte de sobrevivência "e crescimento. Para outros, a cultura é a adaptação em si, é a forma pela qual uma comunidade define seu perfil em função da necessidade de adaptação ao meio ambiente.

Vale ressaltar a contribuição brasileira de Sergio Buarque de Holanda (1975, p. 74) para complementação da idéia de cultura:

Conjunto de valores, hábitos, influências sociais e costumes reunidos ao longo do tempo, de um processo de uma sociedade. Cultura é tudo que com o passar do tempo se incorpora na vida dos indivíduos, impregnando o seu cotidiano.

A partir da compreensão do significado múltiplo de cultura na sociedade, é estabelecido uma ponte de ligação com o ambiente organizacional.

A cultura de um grupo está presente no perfil de um individuo, dessa maneira, quando se analisa a presença humana nas organizações, por conseqüência se trabalha a idéia da presença da cultura nas organizações.

Ainda não há atenção a Cultura Organizacional em si, mas sim reafirma-se a presença da cultura impregnada em cada componente humano de uma estrutura organizacional.

É possível intensificar essa presença ao fazer uma sobreposição de culturas, como valida o exemplo de Pereira (2004, p. 61):

Quando a pessoa consegue emprego numa empresa multinacional “originária de outra cultura nacional”, gera um processo de socialização mútua. À pessoa são exigidos certos comportamentos estranhos (estrangeiros) e alienantes (alheios). A pessoa adapta-se, mas a organização também se adapta, em ambos os casos por força das conseqüências dos comportamentos.

Na experiência citada por Pereira, fica claro o sentido de adequação sugerido pela cultura de uma sociedade, a busca pela identidade através de uma cultura. Neste caso o individuo possui a sua própria cultura, porém, frente a um ambiente organizacional de cultura diferente, salienta-se o processo de adaptação cultural, neste caso, mútuo.

A adaptação surge necessária para a harmonia da organização, mas isso não é via de regra, ou nas palavras de Pereira (2004, p. 61): “há pessoas que abandonam a multinacional e há multinacional que mudam de país”

Caso haja a adaptação, Pereira (2004, p. 53) esclarece o processo que decorre:

Para os que ficam várias formas de adaptação – que não só uma – são possíveis, Chama-se adaptação primária ao ajustamento consciente e

desejado (em termos subjetivos), e esforçadamente cooperante (em termos objetivos), dos motivos da pessoa ao propósito da organização. Chamam-se adaptações secundárias as várias formas de ajustamento que visam apenas manter o posto de trabalho e outros benefícios marginais.

Ainda que o envolvimento da cultura no sentido antropológico com a cultura no âmbito organizacional seja debatido e questionado em algumas literaturas que discutem sua associação, aqui sugere-se a compreensão e existência de duas culturas quando focado o ambiente organizacional: a cultura do individuo, ou seja, aquela que ele assume e seu grupo social e a cultura organizacional, entendendo-a como a cultura no seu ambiente de trabalho.

Ainda nesta superposição, Robbins (2002, p. 215) complementa que “por mais forte que seja a Cultura Organizacional na modelagem do comportamento dos funcionários, a cultura do país sempre será mais influente”.

Havendo uma análise detalhada a respeito de cultura, ainda resta a expectativa etimológica da nomenclatura “Cultura Organizacional”, sabendo o que é cultura, agora resta dúvida sobre o que é organização, numa tentativa epistemológica organização vem da ação de organizar, para Bartoli (1991, p. 12) ”distribuição formal de responsabilidades”.

Para Bernardes (1993, p. 21) as organizações são manifestações concretas de instituições e uma associação de pessoas com papéis e tarefas especificas.

Portanto, podemos definir organização com a institucionalização de um grupo no qual são definidas tarefas e papéis em busca de um objetivo comum.

Unindo as composições, ha um prisma fragmentado sob a Cultura Organizacional, podendo partir agora para a compreensão formal e definições do termo, bem como seu alcance no ambiente que se detêm.