• Nenhum resultado encontrado

evolução recente do resultado primário e de juros nominais (%PIB)

Conceitos de Dívida Pública do Brasil

Amigo(a), vamos ver agora uma síntese dos conceitos relevantes sobre dívida pública no Brasil a partir das definições adotadas pelo Banco Central do Brasil e Secretaria do Tesouro Nacional.

Dívida Pública Bruta: Dívida do setor público não-financeiro e do Banco Central com o sistema financeiro (público e privado), o setor privado não-financeiro e o resto do mundo.

Dívida Pública Líquida: Dívida Pública Bruta menos a soma dos créditos do setor público não-financeiro e do Banco Central. Deve-se mencionar ainda que, diferentemente de outros países, o conceito de dívida líquida utilizado no Brasil considera os ativos e passivos financeiros do Banco Central, incluindo, dessa forma, a base monetária. Dívida Pública Mobiliária do Governo Federal (DPMF): Total dos títulos públicos federais fora do Banco Central. Inclui, além dos títulos de emissão do Tesouro Nacional, os títulos de emissão do Banco Central. Como se trata de dívida consolidada, os títulos de emissão do Tesouro Nacional pertencentes à carteira do Banco Central não entram.

Página 43 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Dívida Pública Mobiliária do Governo Federal Interna (DPMFi):Total dos títulos públicos federais fora do Banco Central em poder do público. Inclui, além dos títulos de emissão do Tesouro Nacional, os títulos de emissão do Banco Central.

Dívida Mobiliária dos Governos Estaduais e Municipais: Total dos títulos emitidos pelos tesouros desses entes da Federação.

Dívida Externa Bruta: Soma da dívida externa bruta do setor público não-financeiro, das 3 esferas de Governo, e do Banco Central.

Dívida Externa Líquida: Dívida Externa Bruta menos as aplicações em moeda estrangeira. Como o Banco Central está incluído, as reservas internacionais do Banco Central também são consideradas como aplicações e, portanto, deduzidas do total.

Dívida Mobiliária Externa: Dívida Reestruturada (Bradies) mais Dívida Soberana (Títulos de emissão Voluntária).

Dívida Contratual Externa: BID/BIRD, Clube de Paris e Agências Governamentais.

Dívida Pública Federal: DPMFi + Dívida Mobiliária Externa + Dívida Contratual Externa

Página 44 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

26) (CESPE/SEDF/ANALISTA/2017)

necessidade de financiamento

do setor público (%PIB)

Fonte: BCB. Elaboração: STN (com adaptações).

evolução recente do resultado primário e de juros nominais (%PIB)

Fonte: BCB. Elaboração: STN (com adaptações).

Os gráficos precedentes apresentam, como percentual do produto interno bruto (PIB), a evolução das necessidades de financiamento do setor público (NFSP), do resultado primário e da despesa com juros, conforme apuração do Banco Central do Brasil. A partir dessas informações e dos conceitos de contabilidade fiscal, julgue o item seguinte.

As dívidas dos estados e dos municípios não são consideradas no cálculo da dívida bruta do governo geral (DBGG), razão pela qual o indicador não é adequado para comparar a dívida do Brasil com a de outros países, por subestimá-la.

Página 45 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Comentários

Existe um erro conceitual na questão! Quando falamos em dívida bruta do governo geral (DBGG), na verdade, estamos das 3 esferas de Governo.

Falou em “GOVERNO GERAL”, falou nas 3 esferas de Governo. Dessa forma, o mencionado indicador é adequado para comparar a dívida do Brasil com a de outros países, já que não a subestima. 27) (CESPE/TCE-PA/AUDITOR/2016) Acerca de macroeconomia, julgue o item subsequente.

O conceito de dívida bruta do governo geral abrange o total de débitos do governo federal e os débitos de responsabilidade das empresas estatais da esfera federal.

Comentários

Cuidado para não confundir Governo com Setor Público! Tecnicamente falando, quando usamos o termo “GOVERNO” as empresas Estatais NÃO estão incluídas.

Já quando falamos em “SETOR PÚBLICO” , aí sim incluímos as Estatais.

--- Existem ainda 2 conceitos de dívida pública presentes na Lei 4.320/64, também conhecida como norma geral das finanças públicas e dos orçamentos.

Vamos conhece-los, pois é comum o examinador cobrar a sua literalidade.

Página 46 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Dívida Flutuante

“Art. 92. A dívida flutuante compreende:

I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida; II - os serviços da dívida a pagar;

III - os depósitos;

IV - os débitos de tesouraria”.

Dívida Fundada

“Art. 98. A dívida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos.

Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros”.

Também a Resolução Senado Federal nº 43/01, trouxe os conceitos de dívida pública consolidada, mobiliária e dívida consolidada líquida. Confira:

Dívida pública consolidada: “montante total, apurado sem

duplicidade, das obrigações financeiras, inclusive as decorrentes de emissão de títulos, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito para amortização em prazo superior a 12 (doze) meses, dos precatórios judiciais emitidos a partir de 5 de maio de 2000 e não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos, e das operações de crédito, que, embora de prazo inferior a 12 (doze) meses, tenham constado como receitas no

Página 47 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

orçamento”;

Dívida pública mobiliária: “dívida pública representada por títulos

emitidos pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios”

Dívida consolidada líquida: “Dívida pública consolidada deduzidas as

disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres financeiros”. Deve-se considerar ainda as obrigações a pagar, posto que devam ser deduzidas das disponibilidades financeiras.

Ainda falando acerca de endividamento público, a LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal estabeleceu que o Presidente da República teria prazo de noventa dias para submeter ao Senado Federal proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada, tanto da União quanto dos Estados e Municípios, em cumprimento ao que dispõe o art. 52 da Constituição Federal.

De acordo com a LRF, Os limites globais para a dívida consolidada dos três níveis de governo serão verificados a partir de percentual da Receita Corrente Líquida - RCL, representando o nível máximo admitido para cada um deles, sendo que a verificação do seu atendimento será realizada ao final de cada quadrimestre (art. 30, § 3º e 4º), ou semestre, no caso dos Municípios com menos de 50 mil habitantes. Assim, se verificada a ultrapassagem dos seus limites ao final de um quadrimestre, a eles deverão retornar nos três quadrimestres seguintes, eliminando-se pelo menos 25% já no primeiro período. A forma prevista na LRF para o retorno ao limite legal é a geração de superávit primário para amortização da dívida, pagamento do principal até a eliminação do excesso. A relação dos Entes Federados que ultrapassarem esses limites será divulgada mensalmente pelo Ministério da Fazenda.

Página 48 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Vale destacar que a LRF não determina os limites de endividamento, nem a trajetória, ou mesmo o prazo máximo para que os entes atinjam os limites (15 anos), cabendo essas definições ao Senado Federal.

28) (CESPE/TCU/AUFC/2015) A respeito do financiamento do setor público no Brasil, julgue o item a seguir.

Para que a condição de equilíbrio da relação dívida pública/PIB ocorra, a expectativa de um menor crescimento econômico do Brasil, nos próximos anos, ceteris paribus, exige uma geração de superávits primários maiores no período.

Comentários

Se o PIB não cresce, ou seja, o denominador não aumenta, temos que reduzir o numerador via superávits maiores.

Dívida pública no Brasil: causas, efeitos, gerenciamento e evolução

Vamos traçar um histórico sobre a gestão das finanças públicas no Brasil e seu impacto na dívida pública.

Começando pela década de 70, as finanças do setor público eram norteadas por uma grande multiplicidade orçamentária. A existência do Orçamento Geral da União, o orçamento das empresas estatais, o orçamento monetário e a conta da dívida. Até o final da década as receitas e despesas das empresas estatais não haviam sido agregadas em um orçamento consolidado.

Na verdade, somente com a criação da Secretaria de Controle das Empresas Estatais (SEST) em 1979 é que o governo pôde ter um conhecimento preciso do número total de entidades estatais e fazer um orçamento geral das empresas estatais para o ano seguinte.

Página 49 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

O orçamento monetário, destinado somente ao BACEN, funcionava como uma ferramenta de controle do passivo monetário e não- monetário que era utilizado, de uma forma geral, para política cambial, subsídios, linhas de crédito, dentre outros programas. Observe que cada orçamento era aprovado por uma autoridade pública diferente e em momentos também diferentes, o que causava a total desarticulação entre as políticas econômicas implementadas pelo governo.

Como se não bastasse, havia ainda a conta da dívida que, a partir do início da década de 70, funcionou de forma autônoma e garantiu a cobertura dos juros e amortizações (serviço da dívida) sempre através da emissão de novos títulos. Esse processo ficou conhecido como o "giro da dívida interna".

Era impossível efetuar um controle eficaz da política monetária e do endividamento público sem que antes fosse realizada uma reforma que fortalecesse o Banco Central e reordenasse o controle financeiro do governo.

A dívida foi evoluindo em função de diversos fatores, inclusive, em função de si própria e do financiamento de gastos extra orçamentário. Obviamente não se soube o quanto do crescimento da dívida foi devido a cada fator.

Por fim, observa-se que a estratégia adotada pelo governo, ao longo da década de 70, foi de utilização da autoridade monetária como banco de fomento, no processo de desenvolvimento econômico, como forma de atender a meta de "crescimento com endividamento". Grandes volumes de recursos eram levantados sem elevação na carga tributária, ou seja, sem desestabilizar o regime militar vigente.

Página 50 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

A contrapartida era sempre a expansão monetária ou elevação da dívida. Com o segundo choque do petróleo em 1979, o governo deparou-se com uma crise que forçou um ajuste na economia brasileira e, consequentemente, nas finanças públicas.

Já estamos no período entre os anos de 80 e 94 que foi caracterizado por intensas divergências entre economistas. Enquanto alguns defendiam o ajuste fiscal acima de tudo, os demais não davam importância ao déficit, e buscavam o combater apenas a inércia inflacionária.

Quando foi feito o primeiro acordo com o FMI, ainda no período dos governos militares, tivemos a implementação de políticas econômicas de cunho essencialmente voltadas para o combate à inflação de demanda. Estas não alcançaram êxito na busca pela estabilidade e os teóricos que defendiam essa linha de pensamento perderam sua credibilidade.

Tivemos então a implementação de diversos planos econômicos elaborados por economistas ditos heterodoxos, os quais não tinham grande preocupação com o déficit fiscal brasileiro. Todos eles - o Plano Cruzado, Bresser, Verão, Collor I e Collor II - não obtiveram sucessos duradouros na busca pela estabilização.

O fim do ciclo militar no Brasil surgiu de uma aliança entre o PMDB (Tancredo Neves) e a Frente Liberal (José Sarney). Com a morte do presidente eleito, Sarney foi quem assumiu a função, mas não pôde desempenhá-la de forma satisfatória pois não contou com o apoio dos deputados e senadores peemedebistas.

Página 51 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

O que elevou ainda mais a fragilidade política do governo Sarney foi a eclosão de demandas populares por investimentos e gastos públicos, demandas essas que eram anteriormente sufocadas pelo regime autoritário.

Com a implementação de diversas alterações na legislação a partir de 1985 e com a promulgação da Constituição Federal de 1988, vieram diversas mudanças institucionais.

Do ponto de vista das finanças públicas, destacamos alguns pontos positivos como a extinção da conta-movimento do Banco do Brasil (autofinanciamento), a incorporação do orçamento monetário ao OGU (Orçamento Geral da União), tornando o orçamento uno , a extinção das funções de fomento do Banco Central, a criação da STN (Secretaria do Tesouro Nacional), a incorporação das despesas com pagamentos de juros da dívida ao OGU, e alguns pontos negativos, como a elevação do repasse de verbas a estados e municípios, a sobrecarga do sistema previdenciário e uma elevação no volume de receitas vinculadas.

Esse último ponto destacado provocou a redução na margem de manobra do poder executivo no que tange a alocação de recursos, o que conceituamos anteriormente como um dos problemas do federalismo fiscal.

Todos esses fatores somados aos impactos da crise externa e a ação dos heterodoxos (keynesianos) contribuíram para uma elevação no déficit já a partir de 1987, quando passou-se a observar uma combinação de níveis de arrecadação constantes e gastos públicos crescentes.

Página 52 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

29) (CESPE/SEDF/ANALISTA/2017) No que se refere às características e aos resultados dos planos de estabilização da economia brasileira a partir da década de 80 do século XX, julgue o item a seguir.

O Plano Cruzado pautou-se no diagnóstico de que a principal causa da inflação eram as cláusulas de indexação presentes na economia brasileira e resultou na adoção do congelamento de preços como parte da solução para o processo inflacionário.

Comentários

Isso! O Plano Cruzado pautou-se no diagnóstico de INFLAÇÃO INERCIAL, gerada por indexação. Infelizmente, a política de congelamento de preços como parte da solução para o processo inflacionário funcionou por muito pouco tempo.

--- A partir do governo de Fernando Collor o Brasil experimentou uma grande abertura econômica acompanhada de um processo de privatização.

Naquele momento, observou-se que embora a inflação provesse recursos para o governo, essa mesma inflação depreciava o valor dos tributos e, portanto, a própria receita pública. Esse fenômeno foi chamado "efeito-Tanzi". Ele foi amenizado no Brasil através de uma profunda indexação das obrigações tributárias.

Com a implantação do Plano Real em 1994, a condução das contas públicas passou a ter outra vertente, expurgando-se a inflação como uma das grandes responsáveis pelas distorções nos resultados das contas públicas no país.

Página 53 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

O comportamento das contas públicas no país tem se comportado de forma relativamente positiva.

Com o conjunto de medidas tomadas pelo governo federal e pelo Banco Central após a grave crise financeira vivida no fim dos anos de 1998/1999, dentre as quais o estabelecimento da delimitação dos saldos de resultado primário das contas públicas em relação ao total do Produto Interno Bruto – PIB, o regime de metas de inflação, assim como a promulgação de Lei de Responsabilidade Fiscal, o que pode, aos poucos, especialmente a partir da metade do primeiro mandato do Presidente Lula, reorientar a formação da dívida pública a partir das sucessivas ocorrências de déficits.

O estabelecimento de metas de cumprimento de resultado primário positivo (superávit) em percentual do PIB, capacitou o governo a gerar saldos para pagamentos cada vez maiores dos juros da dívida (resultado operacional), diminuindo evolução da dívida pública.

O regime de metas de inflação funcionou e ainda funciona com um parâmetro para estabelecimento de níveis máximos de variação dos preços no país.

Essa política tendeu a reduzir a necessidade de subida das taxas de juros pelo Banco Central, via apenas a sua sinalização de que, caso ocorressem picos inflacionários, a autoridade monetária encontrar-se- ia disposta a elevar a taxa de juros.

O resultado da política embasa-se apenas na confiança da ação do Bacen, quando necessário, reduzindo assim a necessidade da subida dos juros.

Página 54 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Pela análise das contas públicas, a elevação dos juros tende a aumentar as necessidades de financiamento do setor público sob o conceito operacional e consequentemente nominal, diminuindo a capacidade do governo de realizar políticas de estímulo ao crescimento via investimentos públicos.

Finalmente, a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabeleceu norma de Finanças Públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, procurou promover sensíveis melhoras nas contas públicas e consequente diminuição de déficits via prevenção de risco e desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas, especialmente através do cumprimento de metas de resultado de receitas e despesas.

30) (CESPE/SEDF/ANALISTA/2017) No que se refere às características e aos resultados dos planos de estabilização da economia brasileira a partir da década de 80 do século XX, julgue o item a seguir.

Diferentemente dos planos econômicos que o antecederam, o Plano Real conferiu menor importância à indexação no processo inflacionário brasileiro, tendo sido bem-sucedido por se pautar em um rigoroso plano de ajuste fiscal, que culminou com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Comentários

O Plano Real também deu muita importância à desindexação para frear a inflação.

Para entender o papel do Plano Real, é válido ressaltar que em 1993 a inflação atingia 2700% no país e, após a implantação da nova moeda, o valor da inflação média dos governos seguintes manteve-se em 12,6%(FHC) e 6,3% (LULA).

A principal promessa da nova moeda era, então, conter a temível inflação. Em suma, o Plano Real buscava estabilizar a inflação.

Página 55 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Oficialmente, o real tornou-se a 10ª moeda brasileira no dia 1º de julho de 1994. No entanto, o planejamento para a troca do cruzeiro real, a moeda anterior -- 2.750 cruzeiros reais (CR$) seriam convertidos em R$ 1 – para o real tinha começado um ano antes. Ficou definido que o plano seria implantado em três etapas para evitar o congelamento de preços e o aumento da inflação, como ocorrera em tentativas anteriores.

A primeira etapa foi o ajuste das contas públicas por meio de um corte no Orçamento.

Em agosto de 1993, FHC comunicou o corte de três zeros na moeda vigente, o cruzeiro (Cr$), e anunciou o lançamento do cruzeiro real (CR$ 1 = Cr$ 1.000). Era a quarta mudança monetária no Brasil em sete anos. A manobra foi uma espécie de preparação para o real, que já estava criado, mas só seria colocado em operação em julho do ano seguinte.

A segunda etapa consistiu na implantação provisória da Unidade Real de Valor (URV), que ficou em vigor de março a julho de 1994 e era uma espécie de moeda de troca, usada para converter os valores das mercadorias.

Com isso, foi possível uniformizar os reajustes de preços, de câmbio e dos salários de maneira desvinculada do cruzeiro real.

Para a população, na prática, funcionava assim: ao escolher um produto no mercado, ele estava com o preço em URV nas prateleiras, mas ao passar o caixa, o valor era convertido e pago em cruzeiros reais. Na época, a URV valia um dólar (US$) e, assim, o real também começou cotado a US$ 1.

Página 56 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

O papel da URV foi promover a dolarização da economia sem que fosse necessário abnegar a moeda nacional. A partir de 1º de julho de 1994, foi colocada em marcha a 3ª fase, a fase final do plano REAL, com um novo ministro da fazenda, Rubens Ricupero (FHC havia deixado o cargo para se candidatar à presidência da República). Chegara a hora da URV ser substituída pelo real, e para controlar a inflação, o governo passava a ter como instrumentos os juros altos e o dólar barato, com câmbio praticamente fixo.

--- Não se pode afirmar que essa série de medidas impediu por completo o crescimento da dívida pública, haja vista a série de políticas assistencialistas implementadas pelo governo central, bem como as turbulências sofridas pelo país advindas do exterior.

Não obstante, verifica-se a tendência da diminuição das NFSP no conceito nominal em relação ao PIB, passando de cerca de 10% em 2002 para cerca de 2% em 2007.

A dívida líquida do setor público brasileiro, como porcentagem do PIB, teve um comportamento explosivo desde a implantação do Plano Real, saltando de 32,5% em 1994 para mais de 57% em 2002.

Deste ano em diante, com uma série de medidas econômicas tomadas, conforme destacamos acima, a dívida líquida do setor em relação ao PIB teve um decréscimo, estando atualmente em torno de 40%.

O crescimento da relação dívida / PIB após o Plano Real ocorreu em dois momentos: até o final de 1998 e a partir de 1999.

Página 57 de 153 PORTAL SILVIO SANDE www.silviosande.com.br

Entre 1996 e 1998, o governo insistiu na política de valorização do real frente ao dólar, como mecanismo de combate à inflação. Como consequência, ocorreram déficits crescentes na balança comercial (exportações menos importações).

Para fazer frente a esses déficits, o governo se endividou em dólares, montando uma armadilha para si próprio (e para o país), caso viesse a